Veja assuntos que não devem ser tema da redação do Enem

Professores revelaram temáticas que, dificilmente, surgirão no Exame. Candidatos precisam redobrar a atenção nesta reta final de preparação

por Lorena Barros sab, 15/09/2018 - 12:00

Na reta final para a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a redação pode ser um dos maiores fantasmas de alguns dos alunos. Adquirir fundamentação suficiente para todos os possíveis temas a serem abordados na prova é um desafio, mas é possível adivinhar quais temas são improváveis aos olhos do Ministério da Educação (MEC)? 

A maioria dos professores garante que, apesar de representar um espaço de até 30 linhas para exposição de ideias sobre um assunto específico, a redação não dá ao aluno um aval para debater grandes polêmicas. Temas que tendem a polarizar o público não marcaram presença nas provas anteriores e, provavelmente, não vão cair em 2018. “É muito difícil para um estudante, num intervalo de 30 linhas, construir uma tese e fundamentar um tema polêmico ao longo do texto”, explica a professora de redação Jocileide Guilhermino. 

O espaço insuficiente para debate não é o único motivo pelo qual os temas polêmicos ficam de lado na redação. O obstáculo que um assunto como esse representaria na intervenção cobrada pelo Exame também o deixa de fora. “Os temas polêmicos já são propostas de intervenção. A legalização do aborto, por exemplo, é apresentada como uma das propostas de intervenção para o quantitativo de mulheres que morrem fazendo aborto de forma clandestina”, conta a professora. 

A inclusão de assuntos polêmicos para a redação pode, também, facilitar as possibilidades do vestibulando ferir os direitos humanos, algo que imputa punição na hora da correção. Apresentar o porte de armas como forma de combater a violência, por exemplo, foge desses valores. “Por isso que ao longo desses 20 anos a gente nunca teve um tema polêmico”, pontua Jocileide.

Deixando “de fora” os temas que polarizam as opiniões, o estudante pode, especificamente para a redação, dar menos prioridade para assuntos como legalização do aborto, do porte de armas e da maconha. “O Enem nunca trouxe [para a redação] esses temas bilaterais, que estão muito em discussão atualmente. Nem para a prova nem para outros vestibulares tradicionais eles são comuns”, instrui o professor Diogo Xavier. 

Outra dica importante dada pelos professores é a de prestar atenção em temas anteriores, que têm pouca probabilidade de entrar na prova. “É interessante que o aluno analise esses temas, até para conhecer os processos aplicados de 2012 para cá. O tema feminicídio, por exemplo, já veio no Enem de 2015. Ele não deve vir de novo”, diz o professor Felipe Rodrigues.

Política não se discute?

Como a prova do Enem é realizada por um ministério do Governo Federal, alguns alunos têm dúvidas sobre a possibilidade de temas políticos serem abordados nas questões discursivas. Isso não é comum na parte discursiva do certame. “A única vez que o Enem trouxe embate desse tipo foi com o tema ‘O indivíduo frente à ética nacional’, puxando para uma questão individual, e não para política, governo nem economia”, explica o professor Diogo Xavier. 

Isso não impede, porém, que política seja abordada, com cautela, no texto do aluno, principalmente no desenvolvimento e na proposta de intervenção. “É importante que o aluno tenha o conhecimento crítico sobre o Estado, pois os temas com certeza vão ter uma crítica social, mas ele não pode falar mal do governo, principalmente das estruturas legislativas”, instrui o professor Felipe Rodrigues. 

Ao fazer propostas de intervenção, porém, o aluno deve manter atenção à linha de pensamento seguida por ele. A dica chave aqui é lembrar de vincular a proposta de intervenção à linha de raciocínio. “Vamos imaginar que o tema é evasão escolar. Se um aluno apresentou a tese de que as causas para evasão são a gravidez na adolescência e a necessidade de contribuição na renda familiar, mas na proposta de intervenção apresentou campanhas para chamar atenção da sociedade ao problema, ele tem uma falha muito grande. A campanha que ele apresentou está relacionada à temática pré estabelecida, mas não à linha de argumentação desenvolvida”, detalha a professora Jocileide.

Confria, no vídeo a seguir, mais explicações da professora Josicleide Guilhermino:

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