Reaplicação do Enem: veja redação feita por professor

Com o tema ligado a crise financeira, 2,7 mil estudantes e mais de 40 mil Pessoas Privadas de Liberdade realizaram a prova na terça (11)

por Adige Silva qua, 12/12/2018 - 10:01
Júlio Gomes/LeiaJá Imagens/Arquivos “Formas de organização da sociedade para o enfrentamento de problemas econômicos no Brasil” foi tema da redação da reaplicação do Enem Júlio Gomes/LeiaJá Imagens/Arquivos

O professor Diogo Didier produziu um modelo de redação sobre “Formas de organização da sociedade para o enfrentamento de problemas econômicos no Brasil”. O tema foi cobrado nas provas de reaplicação do Enem e de Pessoas Privadas de Liberdade (PPL), que foi realizada na terça (11). A segunda etapa do Exame é realizada nesta quarta (12), com provas de ciências da natureza e suas tecnologias e matemática e suas tecnologias. Cerca de 2,7 mil estudantes estão inscritos para a reaplicação da prova do Enem e mais de 40 mil para o PPL.

Para Diogo Didier, o tema foi impactante, mas não difícil. “O Enem está fazendo aquela coisa de criar uma frase de efeito para assustar, mas quando começamos a ler com calma, entendemos qual intensidade do assunto”, pondera o educador. Segundo ele, assim que leu o tema, lembrou de um fato histórico, que o fera poderia citar como fato de ligação. “Quando peguei ele de cara, eu lembrei da crise de 29. Essa crise econômica poderia ser uma ponte de argumentação e até de menção, fazendo paralelo com atualidade”, explica.

Segundo o docente, o estudante poderia ter citado alternativas que estão em alta na atualidade, como é o caso dos Microempreendedores Individuais (MEI) e o fenômeno das Startups. Para Diogo, as duas maneiras são forma de organização que a sociedade encontra para tentar sair da crise financeira. Além disso, ele afirma que tem outra argumentação que não foi citada em seu modelo, mas também poderia ser abordada pelos feras. “O aluno também poderia ter citado a coisa da geração Z, ela tem esse potencial inovador de ser mais criativa em momentos de crises”, indica.

Ainda no desenvolvimento, o educador diz que ligar a economia com o fator político pode ser bem avaliado pelo corretor das provas – usando a sociedade como reflexo desse fenômeno. “A sociedade quando mexe com bolso, ela acaba criando uma consciência social um pouco maior, ou seja, ela começa a problematizar questões ligadas a corrupção, ao voto, a própria administração pública”, afirma o professor.

Confira na íntegra o modelo de redação produzido por Diogo Didier:

A Grande Depressão, também conhecida como Crise de 1929, é considerada como o pior momento econômico do século XX. Na atualidade, o fantasma da crise econômica volta a dar a sua face agora no Brasil. Em meio a um longo processo de descrédito político, advindo da secular corrupção no País. Então, para enfrentar essa instabilidade financeira, a sociedade tem buscado formas de escapar desse panorama ou criar alternativas para sobreviver à recessão.

Indubitavelmente, é o povo que sente no bolso o enfraquecimento da moeda no País. Logo, para reverter esse panorama, emerge da própria população as ideias para contornar tal crise econômica. Entre essas alternativas está o crescimento dos microempreendedores individuais. Segundo o Sebrae houve um significativo crescimento dessa prática, levando diversas pessoas a abrir o próprio negócio. Outro fenômeno marcante para o enfrentamento dos problemas econômicos no Brasil é o surgimento das Startups cujo o objetivo é desenvolver um modelo de negócio, geralmente de cunho tecnológico, frente à incerteza econômica do mercado; porém um risco feito por poucas pessoas.

Isto porque a grande parcela da sociedade ainda busca meios menos arriscados para se organizar dos problemas econômicos nacionais, um deles é poupar. A atual crise financeira do País tem obrigado a população a economizar sua verba evitando gastos desnecessários ou apostas pouco promissoras. Também é comum nessa fase de turbulência dos cofres públicos surgir uma maior consciência populacional ligada a corrupção, voto e administração de verbas públicas, temas estes que inclusive serviram de mote na última eleição para presidente do Brasil. Aliado a tudo isso, o cidadão brasileiro tornou-se polivalente exercendo diversas funções para assegurar o mínimo de grana até a crise passar.

Assim, para ampliar as rotas de fuga da atual crise, é preciso que o Procon intervenha orientando a sociedade sobre a importância da economia financeira; bem como a impreterível necessidade de acompanhar os gastos públicos por meio de uma consciência política construída por meio das escolas. Para quem deseja abrir o próprio negócio, o Sebrae deve oferecer cursos orientando e preparando mais pessoas para evitar riscos altos de falência. Logo, tal quadro mudará.

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