Classe hospitalar leva educação a crianças com câncer

Espaço incentiva aprendizado de crianças em tratamento contra câncer, promove atividades lúdicas e, junto à família, viabiliza dias menos doloridos de internação na unidade de saúde

qui, 14/02/2019 - 10:30
Rafael Bandeira/LeiaJáImagens Aulas são ministradas dentro do GAC Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

* Por Elaine Guimarães

No quinto andar do Centro de Onco-hematologia Pediátrica (Ceonhpe), do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, localizado no bairro de Santo Amaro, área central do Recife, funciona a primeira, e única, classe hospitalar de Pernambuco, batizada de Semear. De um projeto experimental, nascido em setembro de 2014 e consolidado em março de 2015, o espaço incentiva o aprendizado de crianças em tratamento contra o câncer, promove atividades lúdicas e, juntamente com a participação familiar, viabiliza dias menos doloridos de internação na unidade de saúde.

A iniciativa é uma parceria entre a Prefeitura da cidade e o Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer (GAC-PE). “Não há um tempo estipulado para a permanência das crianças e adolescentes na unidade. O tratamento de leucemia, por exemplo, não dura menos do que 28 dias. Assim, gerou-se uma inquietação no GAC, porque percebemos que as crianças e adolescentes, que estavam internados aqui, perdiam o ano letivo devido ao número de faltas nas respectivas escolas. A nossa antiga gestora foi em busca de informações para sanar esta problemática. A partir do momento que começamos a estudar sobre classe hospitalar, vimos que não precisávamos de um projeto, porque já era lei”, explica a gerente de desenvolvimento institucional Luciana Amaral.

A Semear funciona de forma diferenciada do ensino regular, ou seja, com carga-horária reduzida, flexibilidade e atendendo à necessidade individual do aluno. De acordo com levantamento divulgado em 2015, o Brasil possui cerca de 155 classes hospitalares, sendo a maioria centralizada na Região Sudeste (63).

 

Entre as sessões de quimioterapia e, em determinados casos, cirurgias, os alunos da classe hospitalar revisam e aprendem português, matemática, história, entre outros conteúdos. À frente da sala, a professora e responsável pela Semear, Cristiane Pedrosa, desenvolve, juntamente com as crianças e adolescentes, atividades e segue o planejamento escolar, conteudístico,  idealizados pelas escolas de origem dos alunos ou desenvolvidos junto à Prefeitura.

“A classe hospitalar assegura a escolarização dessas crianças que estão em período de internamento. Aqui, elas têm aula como se estivesse na escola, mas com uma diferença. Se ela estiver bem, vem para a sala. Mas, se não, vamos até o leito com todo material”, ressalta a docente.

De acordo com Cristiane, cada aluno tem um portfólio, com informações sobre atividades executadas e desenvolvimento cognitivo. “A partir desta documentação e provas escritas, enviadas pelas escolas de origem, os alunos são avaliados. Além disso, preenchemos o diário online, que possui vínculo com a prefeitura”, comenta.

A turma é composta por alunos de diferentes faixas etárias, das séries iniciais do Ensino Fundamental, ou seja, do 1º ao 5º ano. Para pais e familiares, a classe hospitalar é um aliado para o tratamento e um sopro de esperança para dias melhores. “Quando chegamos aqui em agosto de 2018, tivemos a preocupação com a escola, se Hanna perderia o ano letivo. A classe escolar é muito importante, porque, além da parte cognitiva, há interação com os outros alunos e  com as professoras”, frisa Alexandre Barbosa, que acompanha a filha Hanna no tratamento.

Questionado sobre a efetividade das aulas durante o tratamento, Alexandre é categórico. “O tratamento é bastante complexo e agressivo. Então, algo que vai fazer com que ela se distraia. Já é ruim estar em um hospital, dentro de uma enfermaria. Imagine sem ter uma interação com outras crianças, com o estudo no geral?”, realça.

Visando contemplar também adolescentes, que estão nas séries finais do Ensino Fundamental, a Semear está viabilizando, junto à prefeitura, a expansão do projeto. “Este ano, o projeto comemora quatro anos e nossa intenção é expandi-lo para contemplar as séries finais do fundamental. Muitos pacientes questionam se também vão estudar, que a sala é apenas para os pequenos. Isso foi gerando outra inquietação. A prefeitura já assinou a documentação para que isso aconteça, mas ainda não temos uma data para iniciar a expansão das turmas”, pontua Luciana.

Confira o vídeo para conhecer mais sobre a classe hospitalar Semear:

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*Essa matéria foi publicada originalmente no site institucional da UNINASSAU

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