Jovem vende sacolé na praia para estudar em Portugal

A recifense Fernanda Almeida conseguiu ser aprovada com o resultado do Enem

por Marcele Lima sex, 22/03/2019 - 17:06
Arquivo pessoal A mãe e Fernanda investiram na venda do produto Arquivo pessoal

Entrar na universidade faz parte dos planos da maioria dos jovens que terminam o ensino médio. Hoje, além dos vestibulares das faculdades nacionais, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) serve de porta para o ingresso de alunos brasileiros em instituições do exterior. Foi isso que ocorreu com Fernanda Almeida, de 18 anos. Ela foi aprovada no curso de Comunicação Social, da Escola Superior de Educação de Viseu, em Portugal. Com aulas programadas para setembro deste ano, Fernanda agora busca arrecadar dinheiro para custear a viagem até o país europeu, além de um dinheiro para se manter fora de casa.

O caminho encontrado pela jovem moradora de Jardim São Paulo, Zona Oeste do Recife, foi aliar uma ideia da mãe com o clima da capital pernambucana. Todos os finais de semana as duas saem de casa com uma caixa de isopor cheia de sacolés e vão para as areias da Praia de Boa Viagem. Com sabores diferentes dos tradicionais, as duas oferecem aos banhistas sacolés de morango com leite, amendoim com leite, mousse de maracujá, entre outros. No primeiro dia de vendas, conseguiram terminar tudo em duas horas.

“Eu e os meus pais nos demos conta de que não tínhamos dinheiro suficiente para dar início a vida lá, com custos como passagens e afins. Fizemos os cálculos, e vendendo a R$ 4, pelos finais de semana que eu tenho, a gente pode arrecadar R$ 180\200 nos dois dias”, afirma Fernanda.

Além disso, a estudante criou na internet uma vakinha virtual, para complementar com os ganhos da venda dos sacolés. “Eu fiquei muito feliz, porque muita gente que eu nem sabia quem era estava doando. Eu ainda estou surpresa”, comenta Fernanda. O objetivo final do financiamento coletivo é R$ 12 mil e quem tiver interesse pode clicar aqui e doar qualquer valor.

Fernanda foi estudante da escola de referência de ensino médio do Porto Digital, e sempre teve como objetivo estudar comunicação fora do Brasil. “Pensar nisso me deixa numa euforia muito boa. Sempre sonhei em fazer algo que envolvesse comunicação. Eu gosto de lidar com pessoas e saber mais sobre elas, sem contar com a parte de rádio, tv e jornalismo. Eu espero que seja uma boa experiência e que eu consiga absorver tudo que a viagem me oferecer de bom ou ruim”, comenta a jovem.

Em Portugal, a estudante pretende morar inicialmente em um alojamento da Universidade. Ela espera embarcar em agosto, mas até lá vai continuar chegando cedinho à frente do Edifício Mohana, em Boa Viagem e seguir seu caminho até o Pina, vendendo seus picolés junto com a mãe.

“Acredito que apesar da pouca idade e da baixa estatura, o tamanho do meu sonho é mais alto do que a pessoa mais alta da terra. Acredito que para as pessoas buscarem o que querem, precisam confiar mais nelas e não esperar que as pessoas digam o que ela tem que fazer, no fim das contas todo mundo sabe o que é o melhor para si. Eu vou arriscar agora que eu posso, e ir em frente com toda essa oportunidade”, finaliza otimista.

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