O que é melhor para o Enem 2019: ler livros ou só resumos?

Como estratégia de estudo, professores apontam o que é mais indicado para a prova. Educadores também revelam obras que merecem a atenção dos feras

por Nathan Santos sex, 22/03/2019 - 18:08
Pixabay Para professor, é praticamente impossível ler todas as obras literárias até o Enem 2019 Pixabay

Uma das principais características do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a apresentação de questões com textos longos. Esse formato, para muitos estudantes, é sinônimo de cansaço, já que as densas leituras ao longo da prova podem tomar um percentual importante de tempo dos candidatos.

Durante a preparação para a prova, uma das estratégias que devem ser adotadas pelos concorrentes é justamente o desenvolvimento do gosto pela leitura, seja dos assuntos relacionados diretamente às questões do Exame ou fatos da atualidade. Em Linguagens, por exemplo, os estudantes podem se deparar com quesitos que abordem grandes obras literárias. Mas diante de tantos assuntos para estudar, envolvendo ainda as áreas de matemática e Natureza, é indispensável a leitura completa de livros literários ou é mais indicado direcionar a atenção apenas aos resumos das obras?

Para o professor de Linguagens e redação Diogo Xavier, como o Enem não define uma relação de livros indicados à leitura, os estudantes devem buscar obras em períodos literários mais recorrentes. O educador orienta, contudo, que os alunos escolham ao menos uma obra para ler por mês.

“Vale a pena eleger algumas obras para ler, se possível uma por mês. E que seja, antes de tudo, uma leitura de deleite. Mas é impossível ler completamente todas as obras relevantes da literatura brasileira. Nesse sentido, a leitura e os resumos se fazem importantes para guardar aspectos relevantes das obras analisadas”, ressalta Xavier. É importante ainda atentar para a produção de poesias. “Manoel Bandeira, por exemplo, é um dos mais importantes poetas brasileiros, e teve influências de diversos estilos literários ao longo de sua carreira. Vale a pena dedicar duas leituras ao seu livro de estreia, ‘A cinza das Horas’”, acrescenta o professor.

Segundo o professor de redação e Linguagens Felipe Rodrigues, é relevante que o candidato busque resumos, mas não deixe de ler por completo, ao menos, livros dos autores mais citados nas últimas cinco versões do Enem. “Como exemplo Clarice Lispector, inerente ao Modernismo: A Hora da Estrela e Perto do Coração Selvagem. Os demais, pegue grandes resumos e, principalmente, análises, como contam em alguns manuais literários. É válido lembrar que o fato da leitura e interpretação das obras, soma numa das provas contidas no Exame, a redação”, diz Rodrigues.

O professor de literatura Talles Ribeiro, em entrevista ao LeiaJá, também destacou dicas para os candidatos do Enem. Confira no vídeo a seguir:

Para ajudar os candidatos, os professores Diogo Xavier e Felipe Rodrigues prepararam resumos de obras que podem contribuir na preparação para o Enem. Confira:

Diogo Xavier

Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é marco do Realismo no Brasil. Brás Cubas, um defunto-autor (não autor defunto, como o próprio personagem explica), narra, sem compromissos com nenhuma espécie de polidez, a trajetória de sua vida, revelando o caráter, as hipocrisias, as vaidades de todas as personagens.

Assim, Brás Cubas vai contando a sua vida, começando sobre sua morte, seu enterro e seus últimos momentos terrenos. A narração é mesclada com digressões, uma característica marcante de Machado de Assis, que consiste num desvio momentâneo do assunto sobre o qual se está falando para inserir comentários. Sem contar a ideia do narrador intruso, que por vezes dialoga com os leitores. Merece destaque, a passagem de Marcela, em sua adolescência, mulher mais velha e interessada em bem materiais (Marcela amou-me durante quinze meses e dez contos de réis); Quincas Borba, protagonista de outra obra machadiana, fundador da filosofia que chamou de humanitismo; e Virginia, sua ex futura esposa que acabou virando sua amante, mostrando mais uma visão frequente no autor, a do casamento como instituição falida.

A hora da Estrela, de Clarice Lispector, foi publicada em 1977. De um lado, retrata a história da ingênua Macabéa, migrante nordestina pobre em luta pela sobrevivência na cidade grande; de outro, o drama do escritor e seu processo de criação ao retratar uma pessoa distante de seu universo socioeconômico e ser capaz de se comunicar com ela: “Tentarei tirar ouro do carvão”, diz ele. A moça alagoana, sem recursos para lidar com os códigos urbanos numa cidade do porte do Rio de Janeiro, despreparada para enfrentar a competição

Felipe Rodrigues:

Macunaíma - Mário de Andrade: publicado em 1928, traz uma linguagens romântica e moderna. A relação que se nota no livro é dos elementos constitutivos do Brasil, suas riquezas, desde o descobrimento, com o foco nos detalhes indianistas. As relações e análises da tradição, costumes diversos e atualidade indígena são essenciais para a leitura da obra.

O Crime do Padre Amaro - Eça de Queirós: com publicação definitiva em 1880, os entraves com as vertentes do naturalismo e as barreiras das questões ideológicas, baseadas nos princípios religiosos, são os maiores choques na produção literária. O fato da quebra do celibato, quebra a concepção do idealismo romântico da época, trazendo críticas sociais como ênfase; a importância da difusão do realismo-naturalismo, sem dúvidas, deve ser observada.

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