Após viralizar, entregador deficiente arrecada R$ 30 mil

Sem uma das pernas, o jovem Carlos André, de 19 anos, faz entregas de bicicleta e tinha o sonho de ter um carro automático

por Eduarda Esteves sab, 13/04/2019 - 14:55
Reprodução/Instagram Carlos André foi fotografo após realizar uma entrega pelo Uber Eats em um apartamento na cidade de Maceió Reprodução/Instagram

Em menos de 24 horas a vida de Carlos André dos Santos Lopes, de 19 anos, virou de ponta cabeça. Natural de Maceió, em Alagoas, o jovem, que é deficiente físico, foi fotografado ao realizar a entrega de comida por um serviço de aplicativo e o registro viralizou nas redes sociais.  

Na imagem, André aparece de costas carregando a bag (bolsa térmica) do ‘Uber Eats’ e apesar da limitação física, faz as entregas de bicicleta. O registro foi publicado no Instagram pelo usuário Fellipee Amorim e logo compartilhado por milhares de internautas.

"Hoje me deparei com essa cena na portaria do meu ap, algo que nos faz pensar 1.000 coisas... quantas desculpas criamos em nossas cabeças? quantas vezes esperamos as condições perfeitas para iniciar algum projeto? Quantas vezes reclamamos da vida? São nessas horas que vemos que não temos do que reclamar!", diz um trecho da publicação.

Não foi preciso nem um dia para que a história de André chegasse aos usuários da rede social que prontamente decidiram ajudar o garoto. Após a repercussão positiva da batalha diária do entregador, ele decidiu fazer uma "vaquinha online".

O deficiente físico que faz entregas de bicicleta conseguiu arrecadar rapidamente R$ 30 mil para comprar um veículo automático e passar a fazer as entregas com mais conforto. Apesar de ter batido a meta da campanha, o site continua recebendo as doações e os interessados podem entrar neste link para que ajudar o André.

Carlos André perdeu uma das pernas aos cinco anos e foi no esporte que passou por momentos de muita vitória na vida. Foto: Reprodução/Instragram

Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, ele contou que precisou amputar a perna ainda muito jovem, aos cinco anos de idade em decorrência de um câncer grave. "Era maligno e atingiu a minha perna esquerda. Descobri a notícia após um exame e foi um choque. Tive que amputar a perna porque a doença estava muito agressiva e até fiz a quimioterapia no hospital", resumiu.

Apesar de uma série de dificuldades como deficiente físico, André nunca pensou em desistir e precisou se acostumar com a ideia de não ter uma perna ainda muito cedo. Em 2010 entrou para o mundo do esporte e foi nele que encontrou momentos de glória e muita felicidade na vida.

Ele praticou a modalidade de basquete de cadeira de rodas por muitos anos, em campeonatos nacionais e regionais. "Até ganhei troféu de um dos melhores jogadores de uma competição em Manaus, fiquei entre os cinco mais habilidosos", relembrou o jovem, orgulhoso de sua trajetória.

Em 2019, após um tempo longe da atividade esportiva, ele ficou um tempo em casa e pedalava para se distrair por Maceió e em um desses momentos de lazer observou uma grande quantidade de entregadores que faziam o serviço de bicicleta.

"Não sabia que as pessoas podiam pedir comida pelo Uber e logo após descobrir, me interessei. Pouco tempo depois vi um anúncio da empresa no Facebook e pesquisei mais se eu poderia participar também", disse.

"Eu fiquei muito surpreso pela repercussão. Não acreditava que poderia ser tão amplo e motivador por fazer minhas atividades em formas de terapia". Foto: Reprodução/Instragram

Para André, era o misto de uma atividade que pudesse praticar a fisioterapia e também ganhar um dinheiro extra. E assim ele começou a fazer entregas de bicicleta pela cidade.

Após três dias do início de seu novo trabalho, na sexta-feira (12), ele foi surpreendido com uma avalanche de mensagens em sua rede social. Ele tinha 250 seguidores e em poucas horas já colecionava mais de cinco mil pessoas no Instagram. A foto em que André aparecia comoveu não só os alagoanos, como pessoas de todo o Brasil.

"Eu fiquei muito surpreso pela repercussão. Não acreditava que poderia ser tão amplo e motivador por fazer minhas atividades em formas de terapia. Comecei a fazer isso por ter um tempo livre e a vontade de andar de bicicleta. A deficiência não me atrapalha em nada na questão do trabalho até porque eu estou fazendo algo que eu gosto que é pedalar e ainda posso complementar minha renda", contou.

O atleta e jogador de basquete não esconde a felicidade após conseguir arrecadar a quantia necessária para comprar um carro automático. "Vou poder trabalhar mais ainda e terminar meus estudos, investir na minha casa e contribuir com a minha família", pontuou André, que agradeceu a publicação do Fellipe pela oportunidade de contar um pouco de sua história.

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