Como tornar a leitura mais atrativa para as crianças?

No mês dedicado ao livro, especialistas falam da importância da leitura ainda na infância

por Francine Nascimento qua, 24/04/2019 - 10:15
Djaneide Gomes/ SBPE Contação de histórias é uma prática que aproxima as crianças da literatura Djaneide Gomes/ SBPE

Momento do ano em que há datas significativas para a literatura nacional e internacional, o mês de abril é dedicado ao livro. Em todo o mundo, o Dia do Livro é comemorado em 22 de abril, bem como no dia 12 de abril é lembrado, aqui no Brasil, o Dia Nacional do Livro Infantil. A data celebra o nascimento do escritor paulistano Monteiro Lobato (1882-1948), autor de obras lendárias da literatura infantil brasileira como Caçadas de Pedrinho e Hans Staden, Histórias de tia Nastácia, Memórias da Emília e Peter Pan, entre outros. Reconheceu alguns dos personagens citados? Eles fizeram parte do seriado de TV chamado “O Sítio do Pica-Pau Amarelo” onde a história folclórica se consagrou e atravessou gerações. 

Assim como Monteiro Lobato, muitos outros escritores têm um espaço relevante na Contação de histórias para crianças. Ziraldo, Ruth Rocha e Cecília Meireles são alguns dos nomes que integram a literatura infantil no Brasil.

É certo que a educação está diretamente ligada ao hábito da leitura. E que ler é um dos grandes desafios educacionais. Em um país em que pouco se lê, ainda há esperanças quando se trata das crianças que têm uma maior motivação para ler um livro. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ibope em 2018 por encomenda do Instituto Pró-Livro, 42% dos adolescentes entre 11 e 13 anos são os que mais leem por gosto, seguido por crianças de 5 a 10 anos (40%).

Mas como tornar os livros ainda mais interessante para os pequenos, os incentivando a serem futuros leitores? A prática da contação de histórias pode funcionar como um grande atrativo, visto que por meio da escuta os pequenos podem ter uma visão de mundo, conhecendo outras culturas, através da literatura.

Guga Bezerra contando histórias para as crianças. Foto: Laura GalvãoGuga Bezerra é contador de histórias e gestor cultural há uma década. Ele considera que o hábito da leitura também pode ser criado junto à narração literária. “A contação de histórias é uma prática de comunicação muito antiga que fortalece o contato com a palavra desde os primeiros anos da infância. É muito importante dizer que esse momento com a criança é enriquecedor, pois potencializa o olhar social e a identidade cultural, traz conhecimentos e é um incentivo à leitura” diz o gestor, que também realiza projetos educacionais em bibliotecas públicas.

Sob o ponto de vista escolar, a pedagoga e contadora de histórias Roma Júlia acredita que a literatura precisa estar em um lugar maior dentro da sala de aula “A leitura é um momento em que a criança pode viajar e entender o mundo. A escola precisa mostrar para a criança que ler é bom e não criar um processo de obrigar a criança a ler”, defende Roma, que é profissional da educação há 12 anos.

Foi a partir da sala de aula que a pedagoga iniciou a técnica de narração literária “A sala de aula que me levou à contação de histórias. Um educador leitor pode ter alunos leitores, assim como um pai e uma mãe leitores também podem influenciar o filho a ser leitor. E assim a gente constrói uma sociedade leitora” pontua.

Buscando unir técnicas de fomento à leitura na primeira infância, Guga Bezerra e Roma Júlia listam dez maneiras eficientes para atrair à criança para a leitura:

1. Criar o hábito da leitura em família (a criança se guia pelos exemplos em casa);

2. Ler bons livros com as crianças;

3. Levar as crianças para espaços de leitura ou bibliotecas (essa é uma forma de integrar a criança no mundo dos livros);

4. Criar histórias junto à criança.

5. Soltar a imaginação na hora de contar histórias, mudando o tom de voz ou até mesmo criando expressões para os personagens;

6. Criar uma rotina com os livros, reservar dias e horários para leitura;

7. Dialogar e ouvir a criança após as leituras para descobrir o gosto literário dela;

8. Apresentar tipos variados de livros, bem como os assuntos abordados. 

9. Permitir que a criança tenha contato com os livros em diferentes formatos, fazendo a leitura ao seu modo;

10. Ouvir as histórias imaginárias da criança.

 

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