Enem: 6 assuntos que dificilmente serão tema da redação

Professores revelam pautas improváveis de aparecer na prova. Saiba quais são e economize tempo nos estudos

por Nathan Santos sex, 26/04/2019 - 12:03
Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo Redação é um dos momentos mais importantes do Enem Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo

Nos meses que antecedem a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), as apostas se intensificam: professores e candidatos não economizam palpites sobre qual será o tema da redação. Prevê a temática, contudo, é difícil; há quem diga que acertar a pauta corresponde à sorte de ganhar na loteria.

Por outro lado, muitos estudantes não atentam sobre assuntos que são praticamente impossíveis de aparecer na prova de redação. Mesmo estando em evidência nos acirrados debates sociais, alguns temas, muitas vezes apontados como polêmicos, dificilmente serão cobrados na prova. Conhecê-los pode economizar tempo e energia durante longos meses de preparação.

O LeiaJá conversou com os professores de redação Diogo Xavier e Josicleide Guilhermino. Os educadores selecionaram pautas que não devem ser tema do Enem, apresentando em detalhes suas justificativas para as escolhas. Confira:

Diogo Xavier

Porte de arma - "É um tema improvável, pois poderia dificultar bastante a vida do candidato quanto a posicionamentos que vão contra os Direitos Humanos. Além disso, com a pressão do Governo Federal sobre a abordagem da prova, poderia ser vetado sob pretexto de induzir o texto a ser contrário ao armamento populacional”.

Regulamentação do uso da maconha ou legalização do aborto – “São praticamente impossíveis, já que o Enem nunca traz temas que possibilitem abordagem bilateral (contra ou a favor). Também o Governo Federal poderia considerar uma apologia a essas práticas. Nos últimos anos, a abordagem tem sido centrada em minoriais ou grupos sociais: criança, mulher, surdo, professor. Mas, no ano passado, puxou para uma abordagem social mais ampla, em que todos os usuários da rede estão sujeitos a manipulações. De qualquer forma, o âmbito vem sendo social”.

Josicleide Guilhermino

Homofobia – “Embora a discriminação aos homossexuais seja uma constante em nosso país, por exemplo, em 2017, segundo levantamento do GGB (Grupo Gay da Bahia), o Brasil registrou 445 casos de assassinatos de homossexuais; o crime de homofobia ainda não é tipificado em nosso código penal. De modo que, sobretudo no atual cenário político, é uma temática menos possível, visto que, o fato de não haver uma preocupação efetiva em tipificar o crime minimiza a possibilidade de punição e demonstra uma menor preocupação para com a temática”.

Direitos Humanos – “É sabido, sobretudo a partir de postagens nas redes sociais, o quanto os ‘Direitos Humanos’ não são compreendidos em nosso país, e pior que isso, são desprezados. Falsas informações como: ‘Direitos Humanos só servem para defender bandidos, circulam de várias formas, na internet e fora dela. Embora o aluno não deva desprezar a temática, no processo de construção de seu texto, sob pena de redução da nota, ela sozinha tem menor possibilidade de cair, visto que vai na contramão das políticas públicas pensadas pelo atual presidente da República. Lembrando também que o mesmo instituiu uma comissão para acompanhar a prova, temáticas de cunho social tendem a não ter visibilidade”.

Assédio sexual – “Há várias possíveis justificativas para o assédio não estar entre os temas cotados para o Enem 2019. Dentre elas, o fato de ser um assunto que atinge em maior porcentagem o público feminino, que já foi abordado no Exame, embora a partir de outro viés: ‘A persistência da violência contra a mulher na sociedade contemporânea’. Quando se analisa as temáticas referentes aos anos anteriores, observa-se que não é comum no sistema a repetição de grupos que já tenham sido alvo de discussão”.

E as apostas dos professores?

O LeiaJá também questionou os educadores sobre quais são suas principais apostas para o tema da redação no Enem 2019. “Eu arrisco dizer temas que envolvam desenvolvimento do país, a exemplo da questão educacional como uma forma de desenvolver a economia do Brasil (caiu há não muito tempo a valorização do professor para o PPL, mas com uma abordagem diferente)”, acredita Diogo Xavier.

A professora Josicleide Guilhermino, por outro lado, ainda não decidiu sua principal aposta. Ele aguarda definições sobre a organização da prova para, posteriormente, apontar sua sugestão.

LeiaJá também

--> Humanas: professores comentam possível corte de verbas

--> Ministro dá sinais de como serão as questões do Enem

COMENTÁRIOS dos leitores