Saiba o que é desnecessário na elaboração de um currículo

De acordo com especialistas, um dos itens que não agrega em nada no currículo é o autoelogio.

por Marcele Lima qui, 08/08/2019 - 18:11
Pixabay Saiba o que é desnecessário na elaboração de um currículo Pixabay

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem atualmente no Brasil mais de 12 milhões de pessoas desempregadas. Na maioria dos casos, quem está em busca de uma nova oportunidade no mercado de trabalho costuma entregar muitos currículos no decorrer da semana. Ele é o primeiro contato de quem busca uma recolocação com as empresas que oferecem as vagas. No entanto a elaboração do documento não é uma das tarefas mais fáceis para muitos profissionais. Saber exatamente quais informações precisam estar e o que é desnecessário pode ser um diferencial em um mercado de trabalho cada dia mais disputado.

O LeiaJá conversou com especialistas em recursos humanos para listar tópicos que os candidatos devem evitar na confecção de um currículo:

1 - “Detalhista, perfeccionista e prezo pela pontualidade”

Para os recrutadores, características pessoais e de comportamento devem ser evitadas, afinal, não há nenhuma evidência que comprove que a pessoa é de fato o que afirma ser. “A primeira impressão de quem a pessoa é ou não é, as questões atitudinais, o próprio recrutador deve ter espaço para identificar na entrevista. Na verdade, não agrega em nada para o recrutador. É na entrevista que ele vai ter a evidência, os exemplos necessários a partir das perguntas para saber se de fato ele é dinâmico, criativo, enfim. Para algumas pessoas pode parecer algo fora de moda, pode soar arrogância; pode haver mais interpretações em relação a esta escrita, por isso nós não orientamos as pessoas a escrever adjetivos sobre si no currículo”, explica a gestora de Gente e Hospitalidade, Cíntia Tereza. 

2- “Saber trabalhar bem em grupo”

É  cada dia mais difícil fazer algo no mundo corporativo que uma função não dependa da outra. Por isso, ter a habilidade de desenvolver as atividades alinhadas com o trabalho das outras pessoas é um ponto positivo. Contudo, o momento para demonstrar esta capacidade é também na entrevista, ou na dinâmica de grupo, se houver, não no currículo. Mesmo quando há no anúncio da vaga a sinalização para a característica, os candidatos podem tentar fugir dos clichês para conquistar o contratante. 

3 - Autobiografia

Os recrutadores não veem com bons olhos os candidatos que falam mais sobre si do que da trajetória profissional. “Um currículo deve ser muito claro, muito limpo,  ter uma certa objetividade, mas principalmente deve aguçar a curiosidade do recrutador em conhecer a pessoa, por isso tem que ter muito cuidado no que a gente está escrevendo”, lembra a gestora de Gente e Hospitalidade, Cíntia Tereza.

Vale a reiteração de que o autoelogio é uma casca de banana que muita gente acaba caindo na tentativa de se destacar. Vai contar muito mais as experiências bem explicadas, as qualificações e a desenvoltura no momento da seleção. 

4 - Não copie e cole

O currículo deve descrevê-lo de forma concisa e verdadeira, mas sem respostas prontas. “A oportunidade de ser notado pelo recrutador depende da conexão que você conseguirá fazer do seu currículo com a vaga, portanto, analise o anúncio e reestruture o seu currículo se for necessário, mas seja verdadeiro”, ressalta  a Coordenadora de Atração do Grupo Ser Educacional, Syédja Luna. 

5 - Não minta

Um estudo desenvolvido pela empresa de recrutamento e seleção Robert Half entrevistou mais de 300 diretores de empresas no Brasil. De acordo com os dados coletados, cerca de 75% deles disseram que já eliminaram candidatos por  conta de mentiras inseridas no currículo. Um dos temas mais citados é o idioma. Às vezes as pessoas não têm o conhecimento amplo para a ocupação e ainda assim se utilizam da informação para participar da seletiva. É um erro. Então, se não tem como comprovar os conhecimentos, melhor desprezar este item no currículo. Na entrevista, é válido dizer o que sabe relacionado à língua, por exemplo.

6 - Fatores irrelevantes 

“Não é necessário colocar pessoas como referências profissionais, escrever sobre hobbies ou coisas do tipo”, diz Syédja Luna. Mesmo que o posto a ser ocupado peça criatividade, que os concorrentes tenham conhecimentos culturais ou que o pretendente conheça muitas pessoas no ramo de atuação e queira provar isso com os nomes e cargos escritos ali, tais informações são dispensáveis. No final das contas, esses dados não são usados para avaliação curricular.   

7 - Números de documentos pessoais

É extremamente desnecessário incluir numeração de CPF, RG, título de eleitor, carteira de trabalho ou afins. Pode ser que a oferta exija a carteira nacional de habilitação, esta deve ser mencionada, apenas. 

8 -  Fuja da generalização 

Um bom currículo é simples e com informações que de fato resumem a trajetória profissional das pessoas. A Coordenadora de Atração do Grupo Ser Educacional, Syédja Luna, afirma que é preciso detalhar as atividades desempenhadas nas funções que ocupou, já que um auxiliar administrativo em uma empresa pode fazer coisas diferentes em outra, por exemplo. Textos muito genéricos podem fazer aquela oportunidade ser direcionada a um outro candidato que soube dizer o que sabe fazer. "Quem não tem experiências profissionais deve explorar atividades que tenha realizado em cursos técnicos, formação de aprendiz etc. Já os candidatos com muitas experiências em áreas diversas devem construir mais de um modelo de currículo, sempre direcionado à oportunidade pretendida", assegura a coordenadora.

Então, o que não pode faltar no currículo?

Obrigatoriamente, o currículo deve conter os dados pessoais, como nome completo, email, redes sociais, caso o candidato possua. Precisa também fazer parte do documento tópicos referentes à qualificação profissional, a formação escolar, acadêmica, cursos de especialização, profissionalizantes; além da trajetória de trabalho, com os períodos em que ocupou cada cargo em determinadas empresas, com um breve detalhamento das atividades desempenhadas. “É interessante colocar o objetivo, porém direcionando-o para os cargos de interesse, ou que considera que tenha competências para.  Quanto ao tamanho do CV, é importante que não ultrapasse duas páginas para facilitar a análise do recrutador”, reitera Syédja Luna.

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