China é destaque na avaliação Pisa; Brasil entre os piores

O Brasil aparece entre os 20 piores, segundo esta avaliação da qualidade, igualdade e eficiência da educação básica

ter, 03/12/2019 - 08:50
Cristina Vega Rhor Crianças formam fila na escola Pambilino, em San Jose de Mashpi, Equador, em 31 de outubro Cristina Vega Rhor

A Ásia, e em especial a China, brilha mais uma vez no ranking Pisa da OCDE publicado nesta terça-feira (3), onde o Brasil aparece entre os 20 piores, segundo esta avaliação da qualidade, igualdade e eficiência da educação básica.

Publicado a cada três anos desde 2000 pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), com sede em Paris, o relatório, que avalia competências nas áreas de ciência, matemática e compreensão textual de alunos de 15 anos se tornou uma referência mundial para organismos especializados e governos.

O relatório conclui este ano que um em cada quatro estudantes nos países da OCDE "não pode completar nem as tarefas de leitura mais básicas", o que significa que é provável que tenham dificuldades "para encontrar seu caminho na vida em um mundo digital cada vez mais volátil".

Os exercícios foram apresentados em maio de 2018 a 600.000 jovens de 79 países e territórios, uma amostra que representa 32 milhões de estudantes.

Vários países asiáticos estão entre os mais bem-educados do mundo em leitura, ciência e matemática. Quatro metrópoles e províncias chinesas (Pequim, Xangai, Jiangsu, Zhejiang) lideram o ranking, seguidas por Singapura, Macau (China) e Hong Kong (China), Estônia e Canadá.

"Em muitos países asiáticos, a educação infantil é prioridade número um. Os professores recebem formação de qualidade e há grande investimento nos estabelecimentos em dificuldade", explica Éric Charbonnier, especialista em educação na OCDE.

Os países latino-americanos melhores colocados nessas áreas são Chile (43), Uruguai (48), Costa Rica (49) e México (53). O Brasil figura na 57ª posição, à frente de Colômbia (58), Argentina (63), Peru (64), Panamá (71) e República Dominicana (76).

Na região foram excluídos do estudo a Bolívia, Cuba, El Salvador, Equador, Guatemala, Haiti, Honduras, Nicarágua, Paraguai e Venezuela.

"Sem educação adequada, os jovens vão permanecer à margem da sociedade, incapazes de enfrentar os desafios do mundo do trabalho, e a desigualdade continuará aumentando", disse o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, ao apresentar o relatório em Paris, na abertura de uma conferência de dois dias sobre o futuro da educação.

Segundo o relatório, a maioria dos países, particularmente no mundo desenvolvido, teve poucas melhorias em seu desempenho na última década, embora os gastos com educação tenham aumentado 15% no mesmo período.

"Cada dólar investido em educação gera grandes dividendos em termos de progresso social e econômico e é a base de um futuro inclusivo e próspero para todos", acrescentou Gurría.

Em média, as meninas superam os meninos na leitura nos países da OCDE, enquanto os garotos estão acima em matemática, mas abaixo em ciência.

- O desafio da inteligência artificial -

De acordo com o relatório, as necessidades educacionais dos adolescentes de 15 anos "mudaram de maneira fundamental" com a chegada dos smartphones, que transformaram a maneira como as pessoas leem e trocam informações.

Ao mesmo tempo, a digitalização provocou o surgimento de novas formas de texto.

"No passado, os alunos podiam encontrar respostas claras para suas perguntas em livros aprovados pelo governo em que podiam confiar. Hoje encontram centenas de milhares de respostas on-line, e cabe a eles determinar o que é verdeiro e o que é falso", diz o relatório.

A OCDE também alerta que as disciplinas mais fáceis de ensinar são "igualmente fáceis de digitalizar e automatizar".

"A inteligência artificial amplifica ideias boas e ruins (...) É por isso que a educação no futuro não significa apenas ensinar a população, mas também ajudá-la a desenvolver critérios confiáveis que lhe permita navegar através de um mundo cada vez mais complexo, ambíguo e em mudança", destaca o relatório.

O desafio digital também tem como consequência, alerta o estudo, que "mais estudantes hoje consideram a leitura como um desperdício de tempo (+5 pontos percentuais) e meninos e meninas são menos propensos a ler por diversão (- 5 pontos) do que seus pares em 2009".

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