Enem: 10 filmes da Netflix que abordam o racismo

Professores indicam filmes e dão dicas de como as questões abordadas podem ser cobradas nas disciplinas do Enem

por Aurilene Cândida qui, 11/06/2020 - 14:02
Freepik Filmes abordam a questão racial no mundo Freepik

Há diferentes formas de adquirir conhecimentos de maneira mais descontraída. Uma delas é assistindo filmes, séries ou documentários que abordam assuntos que estimulam a reflexão para questões sociais como o racismo. Para isso, o LeiaJá entrou em contato com os  professores Hilton Rosas (história), Felipe Rodrigues (redação) e Cristiane Pantoja (história e sociologia). Os docentes indicam obras presentes na Netflix que abordam essa questão e comentam de que maneira o assunto pode ser cobrado nas disciplinas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). 

O professor de história, Hilton Rosas, indica o filme Moonlight: Sob a luz do luar (2016), que traz em seu enredo a história de um homem que além de sofrer com o racismo e a vulnerabilidade social, também sofre com o preconceito por ser gay. Rosas ainda aponta, em relação ao tema, o documentário A 13º emenda (2016), que reconstrói historicamente como os Estados Unidos trata o racismo por parte das autoridades e a explosão demográfica nas prisões estadunidenses.

Por fim, para ajudar os estudantes a buscarem mais conteúdo para o Enem por meio de filmes, o docente indica uma obra baseada em fatos reais Olhos que Condenam (2019). A minissérie mostra a história de jovens negros que foram acusados injustamente de estuprar uma mulher branca no Central Park e de como enfrentaram a tormenta até serem inocentados e o Estado de Nova York processado. 

"Esses três títulos constroem, em diferentes perspectivas, a prospecção do racismo, assunto que não é de hoje que é abordado, e que para muitos só se trata da escravidão que para os leigos é algo que já passou e com isso o racismo também é sepultado com a abolição dos escravos africanos nos inúmeros países americanos”, explica Hilton Rosas. Ele ainda acrescenta que “existem outras obras como 12 Anos de Escravidão e À Espera de um Milagre, que são clássicos ou comoventes como a meritocracia árdua para os de pele negra, tal como vista no Em Busca da Felicidade, com Will Smith. Porém, classifiquei os três que nos levam a uma compreensão mais ampla do que ocorre especificamente nos EUA como o recente levante por conta do assassinato de George Floyd.

Em relação ao filme 12 Anos de Escravidão (2013), a professora de história e sociologia Cristiane Pantoja diz que o assunto abordado na obra pode ser cobrado no Enem de diversas maneiras. “Pode ser cobrado analisando a sociedade hierárquica, o subjugo dos negros que são feitos de escravos, porque ser escravo é uma condição não é quem a pessoa é, soldada por um sistema escravocrata. Pode cair também sobre o tráfico negreiro, e um dos que eu mais acho importante: a ação do próprio negro em se revelar contra a supremacia branca, então trabalhar as lutas contra a escravidão, na visão deles mesmos. Esses pontos podem ser cobrados nas disciplinas de história e sociologia, analisada de uma condição social”, reforça Pantoja.

 A docente ainda menciona que pode ser cobrado no exame a ideia da mão açucareira ser diferente da mineração. "São obras de mão diferentes, e a questão da imposição da Inglaterra trabalhar a abolição das escravaturas, essas são especificamentes questões históricas”, acrescenta. “Um outro filme que indico para os feras é o Pantera Negra, que traz como protagonista empoderado, tanto o homem, quanto as mulheres, Você tem o rei, mas tem como chefe militar uma mulher, então, é um filme que aborda esse universo de empoderamento negro, e que pode ser cobrada a questão da força entre eles”, diz Pantoja.

Cristiane Pantoja também reforça um documentário importante. "Já em uma visão voltada para o documentário Panteras Negras: Vanguarda da Revolução, pode ser abordado no Enem de forma que menciona as permanências e rupturas da luta negra, que ela continua e é permanente, e que a conquista existe, mas ela acontece em passos lentos e com muitas mortes. Além de formas de combate ao racismo e, principalmente na disciplina de sociologia, racismo e violência, comparando com a violência policial de hoje em dia", finaliza. 

O assunto do racismo não se limita apenas nas disciplinas de história, filosofia e sociologia. Os feras precisam consumir o conteúdo e aplicar em diferentes contextos. Para isso, o professor de redação Felipe Rodrigues mencionou os filmes Corra (2017), O menino que descobriu o vento (2019) e a série Cara gente branca, e exemplificou como as abordagens presentes nas obras podem ser cobrados no Enem, confira:

Corra - “O filme traz o racismo de forma contextualizada, sabiamente, num viés de terror e suspense. É relatado a história de um fotógrafo negro, que se relaciona com uma mulher branca, é escarnecida ao aceitar o convite de um final de semana de apresentação, ilustre, na casa da família de sua namorada. Muitos tópicos são exaltados, desde a erotização do corpo deste protagonista até às funções dos únicos pretos pertences àquele lugar desconfortante, confuso e padronizado. O modo de acolhimento, trazendo a enorme metáfora de inserção numa sociedade racista também deve pontuado à análise crítica”, analisa Felipe.  

O menino que descobriu o vento - “Baseado em fatos reais, traduz e ressignifica o poder da superação e reinvenção da população negra. O protagonista, que sofre os entraves financeiros decorrentes da realidade social a qual vive, é negligenciado até na escola, mas consegue se sobressair à realidade auferida. Emocionante, exemplar. A fome é um dos elementos centrais da narrativa, para além das condições de sobrevivência, um recorte claro que essa população estratificada sofre, em contextos distintos, mas cotidianos”, comenta.

Cara gente branca - “A série, baseada em um filme, conta a história de Sam White e outros jovens, numa universidade paulatinamente branca dos EUA. São diversos temas raciais, caracterizados, cujos são expostos em sequência, a cada episódio. Racismo reverso, solidão, feminismo negro, colorismo, “blackface”, inclusive a realidade que os negros não são os únicos grupos a sofrerem racismo. A importância de ocupar espaços de fala, trabalho e dentre outros é notada, numa narrativa leve e dinâmica”, relata o professor de português. 

Felipe Rodrigues diz que “na disciplina de redação, quando falado em Enem, as temáticas de racismo e intolerância religiosa, uma das ramificações, já foram propostas do Exame. Entretanto, não se deve haver um distanciamento da pauta, ora enraizada em inúmeros temas redacionais”.

Assim, o docente listou temas de redação propícios para abordar o assunto. Confira:

-->  Violência urbana e sistema carcerário;

--> Sistema de cotas raciais;

--> Estratificação social;

--> Saúde mental;

-->  Taxas de mortalidade;

-->  Politização das minorias sociais;

--> Ativismo e juventude;

--> Alteridades e o exercício da empatia.

Veja, abaixo, os trailers das obras:

A 13ª Emenda

12 Anos de Escravidão

Moonlight: Sob a Luz do Luar

Olhos que Condendam

Pantera Negra

Panteras Negras: Vanguardas da Revolução

O Menino que Descobriu o Vento

Corra!

Cara Gente Branca

À Espera de um Milagre

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