Saiba se órgãos governamentais podem ser criticados na redação

Professoras revelam dicas importantes para o Enem 2021
Estudantes devem praticar bastante antes da redação do Enem - Pixabay

Um dos elementos avaliados em uma redação é se o autor sabe expressar uma opinião com base em argumentos. Na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não é diferente, uma vez que críticas são aceitas, se bem embasadas e coerentes com o tema.

Alguns estudantes, porém, podem questionar se é possível declarar críticas negativas contra órgãos do governo, como o Ministério da Educação (MEC). O Vai Cair No Enem conversou com algumas professoras de redação para esclarecer essa e outras dúvidas sobre o assunto.

A professora Fernanda Bérgamo afirma que é possível opinar de forma negativa, ou positiva, sobre o governo ou órgãos como o MEC, “se o tema for pertinente, e de forma bem contextualizada”.

“É válido todo posicionamento frente ao tema, tratado como problema, que se possa defender com bons argumentos. A redação exige na sua introdução uma compreensão total do tema e quando eu falo total, não é só se se prender ao tema geral, mas sobretudo aos recortes, as chamadas pegadinhas do tema e apresentar essa compreensão no primeiro parágrafo, colocar um repertório sociocultural legal de pano de fundo para essa apresentação e posicionar duas teses frente a esse tema que possam ser desenvolvidas de forma argumentativa”, explica a professora Fernanda Bérgamo.

A professora Beth Andrade, por sua vez, destaca que é importante especificar qual instância governamental é o alvo da opinião expressa no texto. “Se for uma temática com uma ideia ambiental, então traz o Ministério do Meio Ambiente, outros órgãos governamentais também, se for em relação à saúde, Ministério da Saúde. Sempre deve haver essa proposta, não deve só ser colocada a palavra 'governo', porque no governo sabemos que há várias instâncias, várias esferas governamentais, então é imprescindível especificar”, ela comenta.

Para que os candidatos entendam, na prática, como pode ser feita uma crítica a um órgão governamental, a professora Fernanda Bérgamo traz, por exemplo, educação como um assunto inserido em um suposto tema. “A educação é um conteúdo normalmente implícito. O tema pode tratar diretamente da educação ou pode ser a tese. Por exemplo, o não acesso a uma educação de qualidade em nosso país é uma das causas dos inúmeros problemas sociais que vivenciamos. Esses problemas sociais podem vir a ser tema da redação do Enem. Então ,o aluno pode, por exemplo, diante do posicionamento do atual ministro da Educação, que diz que a universidade não é para todos, que diz que o estudante com alguma deficiência atrapalha o rendimento da turma, ele não só pode, como deve se posicionar contra essas citações. Pessoas de bom senso sabem que isso não é cabível em uma educação que deve prezar a inclusão, que deve aceitar a diversidade e que para isso as palavras do ministro são completamente contra o pensamento da educação de qualidade. Então, se posicionar contra isso, com bom senso, com bons argumentos, vai ser a construção de um texto muito bem sucedido”, ela explica.

Ainda de acordo com a professora Beth Andrade, o MEC, por exemplo, poderia ser citado em uma redação, desde que a pasta tivesse relação com o tema proposto. Se a prova cobrar a importância da educação digital, por exemplo, o MEC, no papel de uma entidade pública, deveria investir financeiramente nas escolas para que as unidades de ensino possam oferecer aulas digitais de qualidade, além de cumprir as metas do Plano Nacional de Educação.
 
Outro exemplo é em relação à alfabetização, se fosse uma temática voltada à ideia do letramento. "Então, o MEC poderia ser esse fomentador de políticas públicas de implementação nas escolas tanto públicas quanto privadas”, a docente exemplifica.

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