Emoção, dificuldades e esperança marcam volta às aulas

Em Belém, retorno às escolas ocorre com cuidados sanitários e avaliação do nível de aprendizagem dos alunos após período remoto

qua, 08/12/2021 - 12:08

Em março de 2020, o avanço da pandemia da covid-19 obrigou o fechamento das escolas e a suspensão das aulas presenciais em todo o Brasil para conter a propagação do vírus. Um ano e seis meses depois, em setembro de 2021, a vacinação contra o coronavírus permitiu o retorno dos alunos às escolas de Belém. O clima é de emoção e esperança, apesar das dificuldades.

Depois de relatarem a experiência com as aulas remotas, o professor de biologia da rede privada Henac Almeida e o professor de física da rede pública Lauro Santana contam como está sendo o retorno para as aulas presenciais. “Nosso retorno foi tranquilo. Sempre de máscara, com álcool, distanciamento sendo mantido”, disse Henac Almeida.

O professor de biologia conta que as duas escolas particulares onde trabalha estavam prontas para a reabertura. “Tinha álcool à vontade. Foram instaladas diversas pias para ter sempre água e sabão disponível. O cuidado foi bem feito”, declarou.

Henac afirma que, para ele, o retorno ao presencial foi tranquilo, mas os alunos tiveram dificuldades. “Senti eles bem retraídos no início. E senti os alunos com um preparo um pouquinho comprometido”, afirmou.

Para Henac, isso aconteceu porque os estudantes não tiveram um ambiente propício ao estudo durante o período de aulas remotas. “Para que o aluno acompanhe as aulas em casa, é preciso que família e escola se unam de uma maneira maior do que hoje. Para conseguir manter uma rotina tal qual é necessária no colégio. E eu sinto que poucos conseguiram isso”, explicou.

Mesmo com o retorno das aulas presenciais, o professor acredita que o regime on-line ainda fará parte da educação dos alunos. “Nós ainda temos fagulhas de pandemia pelo mundo. Ainda há aquele medo da pandemia reacender. Então acho que muitos pais ainda vão priorizar a aula on-line”, opinou. Diante dessa nova etapa do retorno à normalidade, o professor espera que as famílias e as escolas saiam da pandemia mais unidas na educação dos alunos. “Gosto de pensar de maneira otimista: a pandemia pode ser o grande start para que a gente tenha essa continuidade maior entre escola e família”, concluiu.

Rede pública

Professor do ensino médio em três escolas públicas de Belém, o físico Lauro Santana conta que o retorno das aulas presenciais nas escolas em que trabalha ocorreu de forma gradativa. “O retorno aconteceu começando com 25% dos alunos, posteriormente 50% e finalmente com 100%”, disse. Para Lauro, o retorno foi difícil e necessitou preparo psicológico. “Devido a perdas de amigos que faziam parte do nosso dia a dia. Senti a ausência dessas pessoas, por isso desta vez tivemos que nos preparar também psicologicamente”, relata.

Mesmo com essa dificuldade, Lauro não deixou de cumprir seu papel como educador. “Os alunos estavam retornando trazendo consigo incertezas. Repassamos o mesmo conteúdo para os grupos de uma turma diversas vezes. Assim aconteceu até voltarem as aulas com o número total de alunos por turma”, contou.

O professor também relata que estava com sentimentos mistos de alegria e preocupação. “Alegria por rever os alunos e poder ministrar aulas interagindo no mesmo ambiente com eles. Preocupação pois os alunos não tinham recebido a 1ª dose da vacina contra a covid-19”, declarou.

Após a experiência do ensino remota e de testemunhar as dificuldades dos alunos de participar ou ter acesso as aulas on-line, Lauro tem boas expectativas com o retorno à sala de aula. “Esperança de ter em sala um número expressivo de alunos, já que durante as aulas online a frequência era baixa devido ao não acesso à internet pela maioria dos alunos”, afirmou.

Por Felipe Pinheiro.

 

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