Magno Martins

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Política Diária

Perfil:Graduado em Jornalismo pela Unicap e com pós-graduação em Ciências Políticas, possui 30 anos de carreira e já atuou em veículos como O Globo, Correio Braziliense, Jornal de Brasília, Diário de Pernambuco e Folha de Pernambuco. Foi secretário de Imprensa de Pernambuco e presidiu o comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados. É fundador e diretor-presidente do Blog do Magno e do Programa Frente a Frente.

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Bolsonaro e a propaganda nazista

Magno Martins, | sex, 03/11/2017 - 08:39
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O dicionário futebolístico, sobretudo o nordestino, reserva a expressão "pegou na veia" para designar aquele chutaço com efeito, que muitas vezes acaba em gol. Fazendo um paralelo com a comunicação da agitada pré-campanha presidencial de 2018, quem "pegou na veia" e tem feitos "gols" foi o deputado federal Jair Bolsonaro. O presidenciável já figura em segundo lugar na corrida pelo Palácio do Planalto de acordo com as recentes pesquisas. E não para por aí, está subindo. Muito desse desempenho está amplamente relacionado à forma como se ele comunica com seu crescente eleitorado.

Não quero aqui fazer nenhum juízo de valor da figura política de Bolsonaro. Nem se ele é bom ou ruim para o Brasil. Isso caberá ao eleitor fazer, nas urnas, no ano que vem. Eu já tenho as minhas convicções. Minha análise vai se restringir ao aspecto da sua comunicação política, que - os números não mentem! - tem mostrado resultado. De caso pensando ou apenas no "instinto", Bolsonaro bebeu na fonte hitlerista e vem utilizando técnicas da eficiente propaganda nazista a seu favor.

Tal qual o ideário do Partido Nacional dos Trabalhadores Socialistas Alemães (ou simplesmente Partido Nazista), pensado por Adolf Hitler em seu livro Mein Kampf, e operacionalizado brilhantemente pelo seu ministro da Propaganda, Joseph Goebbels, o nosso Jair Bolsonaro mira na direção dos insatisfeitos; neste caso nos descrentes com o Status Quo da classe política nacional. Ele personifica um sentimento de raiva que tende a se generalizar caso não seja freado. Sua base é um discurso patriótico, semelhante ao usado pelos nazistas para ascender ao poder na tentativa de soerguer uma Alemanha devastada e humilhada pelo Tratado de Versalhes.

Como o Führer, Bolsonaro ganha adeptos em uma velocidade alta; acertou o alvo na mosca. Ele soube como poucos escolher seu target e centrar esforços nesse segmento. Um case interessante de segmentação de marketing. Deu certo até agora. Bolsonaro virou o "Bolsomito" de milhares de brasileiros, de várias idades e classes sociais.

A princípio, parece uma propaganda simplista, baseada em exaltar sentimentos comuns à essência humana, como o amor e o ódio. Amor à pátria e ódio aos corruptos (os judeus da vez). Assim como na propaganda nazista, a comunicação de Bolsonaro tem como base a disseminação do ódio. Apela para uma emoção básica das pessoas empunhando a bandeira de um pretenso patriotismo. Nada mais nazista do ponto de vista da linguagem simbólica. Nesse rastro, ele cristalizou-se e se transformou na personificação da própria ideia que defende, soando como a solução; o único capaz de salvar o Brasil, como pregam seus seguidores. O eco observado numa parcela da população mais à direita começa a permear no centro; ocupando um espaço vago de liderança popular que Lula já não traduz com tanta amplitude. Num piscar de olhos, o "Bolsonarismo" pode virar a maioria (nem tão silenciosa) e ascender ao poder democraticamente, assim como o Nazismo. Outra semelhança. E a comunicação mais uma vez tem papel fundamental nessa engrenagem.

Se Hitler fez do rádio seu veículo para atingir o coração das massas, Bolsonaro encontrou terreno fértil nas redes sociais. É seu megafone! Goebbels costumava treinar oradores. Eram os soldados da sua revolução da propaganda. Os oradores de Bolsonaro assimilarem a sua mensagem e já deram início à guerra do convencimento. E estão ganhando terreno. Como Hitler, Bolsonaro é fruto de um vácuo de lideranças políticas consistentes. É o principal artífice do próprio sucesso. É midiático, polêmico, e, sim, é a voz de um segmento da sociedade que pensa e age como ele. Sua comunicação captou isso e utiliza essa ideia como o núcleo central de toda a sua ação. Se essa tática vai levá-lo ao Planalto, eu não posso dizer. Mas que o "chute pegou na veia", pegou.

PUXÃO DE ORELHA - O presidente Michel Temer pediu ao ministro da Justiça, Torquato Jardim, para não dar novas declarações e ficar quieto depois das entrevistas polêmicas em que afirmou, entre outras coisas, que comandantes de batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro são "sócios do crime organizado do Rio". Temer quer aproveitar o feriado para baixar a temperatura do episódio a fim de conseguir ver o quadro desse episódio com maior clareza. Nesta quinta-feira (2), o clima foi de ressaca no Palácio do Jaburu. Com quem conversou, Temer voltou a demonstrar perplexidade com as declarações. Mas não falou em nenhum momento da possibilidade de exonerar o ministro Torquato Jardim.

Saia justa – Uma conversa em que o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Baleia Rossi (SP), reclama com seus colegas da repercussão negativa da viagem de uma comitiva de parlamentares ao exterior foi captada pela Rádio CBN, que teve acesso ao diálogo entre deputados porque ligou para Rossi, que está na comitiva, e após gravar entrevista, o parlamentar não desligou o celular, que captou o áudio. Entre outros pontos, sem saber que estava sendo ouvido, ele afirma com um colega que a divulgação do pagamento de diárias aos deputados pela viagem os deixou “numa saia justa do cão”.

Seca provoca incêndios – Um incêndio de grandes proporções atinge uma área florestal em Ingazeira, no Sertão de Pernambuco, desde ontem. Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo começou no início da tarde e ainda não foi controlado. Ainda de acordo com os Bombeiros, não é possível informar a dimensão territorial das chamas e as causas. Ninguém ficou ferido. Os Bombeiros seguiram para o local para controlar as chamas e acionaram a população para ajudar. Em Iguaracy, anteontem, também houve um incêndio na caatinga de grandes proporções. Tudo isso em função da seca que se alastra na região.

Prisão após segunda instância – A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu, ontem, que o Supremo Tribunal Federal (STF) mantenha a decisão de prisão após segunda instância. Caso a Corte decida rever o tema, segundo Dodge, a pena será a perda de credibilidade nas instituições. “Nossa agenda mais recente deve incluir a luta pelo fim da impunidade. Para isto, é necessário defender no Supremo Tribunal Federal o início da execução da pena quando esgotado o duplo grau de jurisdição, com a condenação do réu pelo Tribunal intermediário”, disse a procuradora-geral.

Perdeu a voz - O ministro das Cidades, Bruno Araújo, estava afônico, devido a maratona de compromissos pelo País, tendo estado em quatro regiões diferentes em um mesmo dia, para inaugurar obras e anunciar novos programas da sua pasta. No próximo domingo, ele terá que estar com as cordas vocais em dia para falar na convenção do PSDB que oficializará seu nome como novo presidente estadual do PSDB, substituindo Antônio Moraes. No comando da legenda tucana, Araújo passa a ter mais mídia estadual com vistas ao seu projeto majoritário para 2018.

CURTAS

QUEM DELATOU? – O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) pediu, ontem, ao Supremo Tribunal Federal que seja revelado o número de telefone utilizado para fazer a denúncia anônima sobre o bunker dos R$ 51 milhões atribuídos a ele. A montanha de dinheiro vivo foi encontrada em malas e caixas em um apartamento na cidade de Salvador.

NO SÃO FRANCISCO – Os diretores dos grupos empresariais SLC Agrícola, do Rio Grande do Sul, e FCK Construções e Incorporações, de Feira de Santana, na Bahia, desembarcaram em Juazeiro, na manhã de ontem, para prospecção de investimentos no segmento agrícola e sucroalcooleiro. A comitiva empresarial, que veio com o vice-governador do estado, João Leão, foi recebida na Agrovale, única indústria do setor no semiárido brasileiro que produz açúcar, etanol e bioeletricidade.

Perguntar não ofende: Quem vai ser o candidato do PMDB a governador – Fernando pai ou Fernando Filho?

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