Daniel Coelho

Daniel Coelho

Tribuna Livre

Perfil:Nascido no Recife, Daniel Coelho tem 34 anos e cumpre seu primeiro mandato de deputado estadual, pelo PSDB. Antes, foi duas vezes vereador do Recife, pelo PV. Formado em Administração pela UPE, com mestrado na Inglaterra, Daniel foi candidato a prefeito do Recife em 2012, terminando a disputa em segundo lugar, com mais de 245 mil votos recebidos.

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Pernambuco precisa ouvir a voz das ruas

Daniel Coelho, | seg, 05/08/2013 - 16:31
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Semana passada, fiz um discurso na Assembleia Legislativa solicitando ao governo do Estado que repita o que vem sendo feito em outros Estados – e aqui mesmo, na própria Alepe – e reduza em pelo menos 30% o número de cargos comissionados existentes na atual gestão – algo em torno de 3.400. Me causou espanto ver o governo responder que não vai fazer cortes só porque está na moda e que não há o quer cortar.

Todos acompanharam a série de manifestações que tomou conta de todos os Estados da Federação desde o mês de junho. O que era, incialmente, uma luta pela redução no preço de passagens, ganhou uma dimensão maior e se transformou numa batalha pelos direitos e pela moralidade na política.

Muitos Estados entenderam o recado das ruas – um retrato de insatisfação, como ficou claro em praticamente todas as pesquisas de avaliação dos governantes, com uma grande queda de popularidade de todos os políticos que se encontram no poder. Com sua resposta, parece que o governo de Pernambuco não quer ouvir a voz das ruas.

Após os protestos, em São Paulo, o governo anunciou o fim de secretarias e reduziu os cargos de confiança; em Minas Gerais, a mesma decisão foi tomada – cortando-se secretarias e reduzindo-se os comissionados. Diversos municípios do país e Assembleias Legislativas tomaram a mesma decisão. Aqui no Estado, a Alepe, composta em sua ampla maioria por parlamentares governistas, chegou à conclusão de que não se deveria fazer ouvido de mercador com a voz das ruas e reduziu em 30% os comissionados.

Será que só o governo de Pernambuco se acha acima do bem e do mal, acredita que não tem excessos e não vê problemas em manter o absurdo número de cargos comissionados? Repito aqui o pedido feito na semana passada: que o governador Eduardo Campos ouça o apelo popular e reduza em 30% o número de cargos de confiança em seu governo. Não estamos pedindo enquanto oposição. Estamos pedindo enquanto pessoas preocupadas com o futuro do nosso Estado.

Nem tudo é festa na Semana do Meio Ambiente

Daniel Coelho, | qua, 05/06/2013 - 09:09
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O mês de junho começa não apenas com os preparativos para os festejos juninos no Nordeste. Num panorama bem mais amplo, estamos passando pela Semana Mundial do Meio Ambiente, cujo dia se comemora neste dia 5. “Se comemora” é modo de dizer. A data merece, sim, ser lembrada sempre, mas assim como muitas outras, mais para ser refletida do que necessariamente festejada.

Seria preciso muita má vontade para não reconhecer que, nos últimos 20 anos, o Brasil tem evoluído no que se refere ao debate ambiental, às preocupações com a sustentabilidade e que esse tema tem estado muito mais presente no nosso dia a dia. Sim, desde a Rio-92, o País ficou no olho do furacão em relação ao resto do mundo, que passou a observar de forma mais atenta a tudo o que acontece no lugar onde está localizada algumas das maiores áreas verdes do mundo – e onde ocorrem os maiores índices de desmatamento ilegal. E o fato de ser alvo desse olhar externo, elevou o debate ambiental brasileiro.

Um dos pontos que devem ser observados como positivos está justamente na ampliação das discussões. Hoje, o tema da sustentabilidade está presente desde cedo nas escolas. Nas redes sociais, o debate é frequente e as atenções para o mundo político, no que se refere, por exemplo, ao debate acerca do novo Código Florestal mobilizou boa parte da sociedade. Isto é bom, mostra uma diferença em relação ao que se via até o início dos anos 1990, quando falar em meio ambiente era uma preocupação menor.

No entanto, como foi dito acima, é muito pouco para se festejar. Primeiro porque, ao mesmo tempo em que a moda do “politicamente correto” faz com que muita gente entre no debate na internet, mostrando suas “preocupações”, por exemplo, poucas conseguem sair do discurso teórico para abrir mão de um certo “comodismo” existente. Em outras palavras: muitos defendem de forma veemente atitudes sustentáveis. Poucos a utilizam na prática.

Do ponto de vista político-econômico, também temos ainda enormes problemas. A expansão agropecuária e a falta de fiscalização continuam sendo as principais responsáveis pelo alto índice de queimadas no País. O desmatamento, ainda que em queda, continua atingindo patamares preocupantes em alguns Estados – como no Amazonas, que continua em ritmo acelerado. O destino dos resíduos sólidos é outro problema seríssimo, que não apenas é uma das principais fontes de degradação do meio ambiente, como desemboca ainda em outro ponto absolutamente assustador: a poluição nos rios brasileiros.

Os problemas são sérios e muitos. Os entraves, idem. É de fundamental importância para o futuro das pessoas que, politicamente falando, não se fique apenas no debate bem-intencionado do período eleitoral. São necessárias, urgentemente, ações práticas e concretas. Mais que isso: coragem para o enfrentamento dos interesses econômicos que rodeiam a questão ambiental. Caso contrário, num futuro não muito distante, não haverá mais razões para se comemorar o Dia do Meio Ambiente. Porque, provavelmente, ele não existirá.

Quem vai pagar a conta da Arena?

Daniel Coelho, | ter, 21/05/2013 - 11:15
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Nesta quarta-feira, o jogo entre Náutico e Sporting, de Lisboa, marcará um momento histórico para o Estado: a inauguração da Arena Pernambuco, estrutura de primeiro mundo, moderna, capaz de colocar o nível de entretenimento – e não apenas no que se refere ao futebol – em outro patamar para o pernambucano. Em teoria, isto deveria ser motivo para comemoração. Há, no entanto, fatores preocupantes.

Primeiro, no que se refere ao “pacote” que foi vendido juntamente com a Arena Pernambuco para o Estado. É bem verdade que a construção do equipamento traz consigo alguns trunfos, especialmente no que se refere a possibilitar o desenvolvimento de uma área, em São Lourenço da Mata, que dificilmente seria possível se realizar, a curto prazo, qualquer outro tipo de investimento daquele porte. Porém, junto com a Arena, viriam também uma série de obras de mobilidade e acesso que, por ora, ainda não conseguiu se concretizar.

A Arena Pernambuco está sendo entregue a tempo para a Copa das Confederações, que acontece no próximo mês. Mas e as demais promessas? Onde estão, por exemplo, o terminal integrado Cosme e Damião e o Ramal Cidade da Copa, obras fundamentais de acesso ao local dos jogos? E estamos nos referindo apenas às promessas de mobilidade mais próximas do estádio. Num apanhado geral, no entanto, é fato: todas as obras prometidas para a Copa do Mundo estão atrasadas.

Este, porém, não é o único problema que preocupa quando o assunto é a Arena Pernambuco. Existe um outro ponto, contratual, que é ainda mais grave – e que apenas recentemente foi revelado: caso o consórcio comandado pela Odebrecht, que está à frente da Arena Pernambuco, não consiga uma cota de faturamento mínima, estipulada em R$ 35,6 milhões, até junho de 2014, caberá ao governo do Estado arcar com o prejuízo. Sozinho.

Ou seja: ou o consórcio consegue o lucro pretendido, ou quem vai pagar a conta pela mega-estrutura será o consumidor. Mais uma prova das dificuldades do governo do Estado em lidar com parcerias público-privadas. Queremos a Arena Pernambuco. Queremos um equipamento de primeiro mundo que dê orgulho para o pernambucano. Queremos que, junto a ele, novas áreas sejam desenvolvidas. O que não queremos é que o cidadão seja ludibriado e termine por pagar uma conta que só agora veio a público.

O canto de alerta de Gonzagão

Daniel Coelho, | ter, 16/04/2013 - 13:48
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No já distante 1947, 66 anos atrás, o gênio pernambucano Luiz Gonzaga compôs, em parceria com o cearense Humberto Teixeira, um dos mais tristes e belos lamentos da música brasileira: Asa Branca. A canção, entoada lentamente no ritmo que Gonzagão popularizou mundo afora – o baião –, poderia ser apenas (como se fosse pouco) o retrato de uma época de sofrimento e judiação para o sertanejo, fruto da aridez de um clima que maltratava milhões de pessoas no Nordeste. Poderia, mas não é.

Asa Branca, ouvida nos dias atuais, soa como um recado, um aviso muito bem dado por quem conhece de perto a realidade da seca. E que foi solenemente ignorado ao longo dessas quase sete décadas. Basta ler/ouvir/sentir alguns de seus versos para perceber isto:

“Quando olhei a terra ardendo

Qual fogueira de São João

Eu perguntei a Deus do céu, ai

Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornalha

Nem um pé de plantação

Por falta d’água perdi meu gado

Morreu de sede meu alazão”

A terra arde no Nordeste desde sempre. Não há como lutar contra uma realidade climática – ainda que a desordenada ação humana tenha intensificado o aquecimento global, mas esse é outro debate. A terra sempre ardeu e continuaria ardendo. Mas, será que o homem, que foi capaz de ultrapassar as fronteiras do espaço, chegar até a lua, não conseguiria, em 70 anos, encontrar uma solução para minimizar o sofrimento do sertanejo?

Hoje, vemos promessas, como a da Transposição do Rio São Francisco, para se trazer um futuro melhor para quem sofre com os males da seca. A bilionária obra, imaginada inicialmente por D. Pedro II – cem anos antes do canto de Gonzagão –, foi vendida pelo governo federal como a salvação do povo. Passado o período eleitoral e colhidos os frutos das promessas, hoje ela se encontra parada, atrasada, superfaturada.

Sim, existem formas de se resolver o problema da seca para o nordestino – tanto existem que elas são prometidas a cada quatro anos, durante o período eleitoral. Mas, enquanto não houver uma vontade política de se mudar essa situação, lamentavelmente, os sertanejos continuarão a perder seus gados. Seguirão morrendo de sede seus alazões.

O canto de alerta de Gonzagão

Daniel Coelho, | ter, 16/04/2013 - 13:48
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No já distante 1947, 66 anos atrás, o gênio pernambucano Luiz Gonzaga compôs, em parceria com o cearense Humberto Teixeira, um dos mais tristes e belos lamentos da música brasileira: Asa Branca. A canção, entoada lentamente no ritmo que Gonzagão popularizou mundo afora – o baião –, poderia ser apenas (como se fosse pouco) o retrato de uma época de sofrimento e judiação para o sertanejo, fruto da aridez de um clima que maltratava milhões de pessoas no Nordeste. Poderia, mas não é.

Asa Branca, ouvida nos dias atuais, soa como um recado, um aviso muito bem dado por quem conhece de perto a realidade da seca. E que foi solenemente ignorado ao longo dessas quase sete décadas. Basta ler/ouvir/sentir alguns de seus versos para perceber isto:

“Quando olhei a terra ardendo

Qual fogueira de São João

Eu perguntei a Deus do céu, ai

Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornalha

Nem um pé de plantação

Por falta d’água perdi meu gado

Morreu de sede meu alazão”

A terra arde no Nordeste desde sempre. Não há como lutar contra uma realidade climática – ainda que a desordenada ação humana tenha intensificado o aquecimento global, mas esse é outro debate. A terra sempre ardeu e continuaria ardendo. Mas, será que o homem, que foi capaz de ultrapassar as fronteiras do espaço, chegar até a lua, não conseguiria, em 70 anos, encontrar uma solução para minimizar o sofrimento do sertanejo?

Hoje, vemos promessas, como a da Transposição do Rio São Francisco, para se trazer um futuro melhor para quem sofre com os males da seca. A bilionária obra, imaginada inicialmente por D. Pedro II – cem anos antes do canto de Gonzagão –, foi vendida pelo governo federal como a salvação do povo. Passado o período eleitoral e colhidos os frutos das promessas, hoje ela se encontra parada, atrasada, superfaturada.

Sim, existem formas de se resolver o problema da seca para o nordestino – tanto existem que elas são prometidas a cada quatro anos, durante o período eleitoral. Mas, enquanto não houver uma vontade política de se mudar essa situação, lamentavelmente, os sertanejos continuarão a perder seus gados. Seguirão morrendo de sede seus alazões.

Fim da redação no Enem

Daniel Coelho, | ter, 02/04/2013 - 11:09
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Ter uma prova nacional, como parâmetro de comparação e que ajuda na seleção de alunos para universidades brasileiras, conceitualmente, representa um avanço. É importante podermos medir o nível de aprendizado entre estados e cidades da Federação. Como também, uma seleção feita em três etapas, uma a cada ano do ensino médio, premia melhor o aprendizado do que o vestibular feito uma única vez.

Contudo, a incompetência do Ministério da Educação em aplicar o Enem de forma justa e sem fraudes tem sido uma constante nos últimos anos. Depois de vários vazamentos de gabarito, este ano temos a exposição do caso “miojo”, quando um aluno escreveu no meio de sua redação, a receita do macarrão instantâneo e, mesmo assim, foi aprovado no exame.

Não quero, neste artigo, ser mais um a detalhar a incompetência do governo federal em colocar em prática uma boa ideia como o Enem. Isto, muitos já fizeram. Contudo, o que defendo é a exclusão da prova de redação do exame. Não é possível que examinadores de Roraima, Tocantins, São Paulo ou Santa Catarina consigam avaliar uma prova tão subjetiva da mesma maneira. Mesmo respeitando critérios, as chances de injustiças são muito grandes com tantos examinadores envolvidos.

Defendo essa tese não por ignorar a importância da escrita e da redação num processo seletivo, mas, ao contrário, para valorizá-lo. O Enem deve continuar sendo realizado em três etapas, cobrindo as diversas áreas do conhecimento. E as redações deveriam ser aplicadas individualmente por cada universidade. Assim, a nota do Enem seria apenas composta de questões objetivas e as instituições de ensino complementariam a seleção, com suas próprias redações. É mais fácil uma universidade controlar e monitorar seus examinadores do que fazê-lo nacionalmente para todos os secundaristas do Brasil.

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