Janguiê Diniz

Janguiê Diniz

O mundo em discussão

Perfil:   Mestre e Doutor em Direito, Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Exito de Empreendedorismo

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A inclusão digital no Brasil

Janguiê Diniz, | seg, 05/11/2012 - 15:02
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Nos últimos anos a inclusão digital passou a ser um indicador importante no quadro de desenvolvimento de qualquer país. A partir da segunda metade dos anos 90, a sociedade brasileira assistiu a uma notável expansão do uso da internet e dos telefones celulares. Inclusão digital é a democratização do acesso às tecnologias da informação, visando a inclusão de todos na sociedade da informação. Contudo, inclusão digital é também simplificar as atividades, maximizar o tempo e as suas potencialidades. Um indivíduo incluído digitalmente é aquele que usa desse suporte para melhorar as suas condições de vida.

 

Deixemos claro que, para que a inclusão digital aconteça, é preciso três instrumentos básicos: computador, acesso à internet e domínio dessas ferramentas, já que, não basta apenas o cidadão possuir um computador conectado à internet para ser considerado um incluído digital. Em 2011, a Maplecroft – consultoria voltada a analisar riscos e a reputação de governos e empresas – publicou um estudo que mediu o índice de inclusão digital em 186 países, e classificou o Brasil entre os países com “médio risco”. Isso significa que apenas uma parcela da população brasileira tem acesso aos recursos para inclusão digital. 

A desigualdade na distribuição de renda é, sem dúvidas, um fator decisivo para o Brasil quando comparado com os outros países do mundo. Dentro dessa realidade, o Brasil vem buscando desenvolver ações visando à inclusão digital como parte da visão de sociedade inclusiva, principalmente com os idosos, pessoas com deficiência, população de zonas de difícil acesso.

A grande dificuldade é compreender que a inclusão digital não é somente aumentar as vendas de computadores, ensinar as pessoas a acessarem as redes sociais ou permitir que em cada esquina tenha uma lan house. Claro que isso também faz parte, entretanto, a inclusão digital está ligada a adoção de uma nova cultura na utilização dos computadores e da internet.

Recentemente, o Brasil apareceu na 72ª colocação em um ranking da Fundação Getúlio Vargas que avalia a inclusão digital em 150 países. O estudo mostrou que 51,2% da população brasileira têm computador em casa, telefone celular ou fixo e acesso à internet, mas não necessariamente todos juntos. Esse porcentual está acima da média global dos países avaliados, que foi de 49,1%, nada obstante, esses números não significam que os brasileiros estão incluídos digitalmente.

É preciso incentivar a inclusão digital como oportunidade de crescimento do conhecimento, de criação e exposição de ideias inovadoras, além do incentivo à sustentabilidade, comunicação eficiente entre as pessoas, entre tantas outras possibilidades que até hoje são muito mal exploradas. Os brasileiros precisam entender que o computador e a internet não são apenas ferramentas para acessar sites de bate-papo e visualizar pornografia, mas sim ferramentas capazes de melhorar a qualidade de vida de todos nós, expandindo a visão de mundo e conectando diversas culturas.

Os desafios da educação no Brasil

Janguiê Diniz, | qua, 31/10/2012 - 11:20
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Já dizia Paulo Freire, “A educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Sempre citamos a educação como principal pilar do desenvolvimento de qualquer país, e com o Brasil não é diferente. Recentemente muito tem sido comentado sobre um possível aumento de investimento do PIB na educação, passaríamos de 5,5% para 10%. Sabemos que a porcentagem do PIB brasileiro direcionado para educação está abaixo da média preconizada pela  Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o recomendado é 6,23%. A grande questão está na forma como esse valor é investido. Quais são, de fato, os desafios da educação brasileira?

Os desafios da educação brasileira envolvem aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais, e tantos outros. Em estudo elaborado pelo Banco Mundial, entre os desafios mais importantes para a próxima década, estão a qualidade do ensino secundário, a eficiência do gasto público, a qualidade dos professores e a educação infantil. Sem dúvida, esses são pontos essenciais. A atenção do Brasil com a educação é muito recente. É preciso, além de ampliar os investimentos, direcioná-los e acompanhar sua utilização.

Quando analisamos o quadro da educação infantil, observamos que o País está aumentando rapidamente o ensino pré-escolar e a cobertura das creches, mas é preciso cada vez mais foco na qualidade desses serviços. Entenda-se com foco a qualidade dos currículos, formação e supervisão de monitores e educadores, além do acompanhamento e avaliação de programas oferecidos por essas instituições.

É notório que tivemos importantes melhorias: a ampliação do acesso ao ensino fundamental, a inclusão de programas de educação integral nas escolas públicas e a utilização de avaliações que ajudam a avaliar resultados de aprendizado e estabelecer metas, como o ENEM e o ENADE, foram pontos essenciais para o desenvolvimento de políticas públicas na educação.

É também essencial que as escolas sejam mais seletivas e cuidadosas ao contratar professores. Muitos dos que estão em sala de aula não gostam de ensinar ou não têm preparo para a profissão. Sem falar no salário que é aviltante.  É importante avaliar a competência dos professores e investir também na educação contínua deles. Também é fundamental que as escolas sejam equipadas com computadores, laboratórios e bibliotecas. Esses recursos são imprescindíveis para incentivar o estudo e despertar o interesse intelectual dos alunos.

Mesmo com o aumento dos investimentos, o Brasil ainda tem milhões de crianças fora da escola. Dessas, a grande maioria está concentrada nas regiões Norte e Nordeste e a desigualdade social reflete esses números. Enquanto no estado de Santa Catarina 99% das crianças e adolescentes têm acesso à educação, no Acre, Norte do país, esse percentual cai para 91,3%.

O Brasil fez progressos expressivos na educação nos últimos 10 anos, mas ainda temos um longo caminho para atingir o nível dos países desenvolvidos.

As eleições americanas

Janguiê Diniz, | qua, 24/10/2012 - 21:24
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Além do Brasil, também é ano de eleição nos Estados Unidos. Lá, diferente do nosso país, o presidente não é eleito pelo voto direto – pela contagem dos votos válidos, mas por um colégio eleitoral formado por delegados estaduais. De acordo com a Constituição Americana, a escolha do presidente e do seu vice é feita pelo voto dos delegados estaduais. Os delegados, diferentemente,  são   escolhidos pelos eleitores.

Outra diferença entre Brasil e EUA fica clara no número de partidos e candidatos. Nos EUA são apenas dois: republicanos e democratas. Em 2012, os candidatos à Casa Branca são o atual presidente, democrata e candidato à reeleição, Barack Obama, e seu rival republicano, Mitt Romney. Ambos têm protagonizado uma série de debates antes das eleições e, em cada um deles, têm ficado ainda mais clara as contrastantes visões sobre o papel dos Estados Unidos no mundo.

Os assuntos políticos como Irã, Israel e Síria estão sempre presentes nos debates, porém políticas de recuperação econômica tem sido um foco para ambos os candidatos. Mesmo com o desempenho  no governo, com a melhoria das condições econômicas, como a queda do desemprego e os sinais de recuperação no mercado imobiliário, Obama não mantém uma vantagem segura na corrida eleitoral.

Durante o terceiro debate dos presidenciáveis, realizado em 23 de outubro, Mitt Romney se limitou a fazer promessas inconsistentes com a realidade enfrentada pelos Estados Unidos desde a crise econômica iniciada em 2008 e, principalmente, a apresentar planos de recuperação econômica sem definir como seria possível atingir tais objetivos. Já Obama foi alvo das críticas dos republicanos por não explicar suas propostas e ações, para os próximos anos, na busca pela melhora da enfraquecida economia dos Estados Unidos. Muita troca de farpas.

Tudo continua indefinido faltando apenas duas semanas para a eleição. Vale ressaltar que, ao assumir, Obama recebeu a economia americana fragilizada pelas ações de seu antecessor, George W. Bush, e que ele vem tendo mais sucesso nas pesquisas pela preocupação com os americanos de renda baixa e média, e por ter estabelecido uma liderança entre mulheres e eleitores latinos. Em contrapartida, Romney tem total apoio dos brancos e ricos, demonstrando que ainda há preconceito da nação ao primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos.

Barack Obama se arriscou ao criticar o legado americano de interferir nas políticas de outros países, referindo ao que ele chamou de política de "construir nações". O republicano Romney criticou duramente Obama, acusando-o de diminuir a influência da América no mundo e de não ser suficientemente assertivo em relação ao regime Sírio, mas também não foi suficientemente claro em elucidar o que faria de diferente como presidente.

Finalizando e em concordância com a realidade atual, Obama disse que os Estados Unidos "ditaram" outras nações. Sim, com o verbo conjugado no passado. Apesar de todas as mudanças econômicas mundiais, a disputa eleitoral nos Estados Unidos são extremamente importantes para o mundo e quem sair vitorioso dessa disputa terá muito trabalho pela frente.

O direito à educação II

Janguiê Diniz, | seg, 22/10/2012 - 12:51
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Em artigo anterior abordei o direito à educação no Brasil do ponto de vista constitucional e os números, apresentados em pesquisas recentes, que mostram a realidade negativa que ainda perdura na educação brasileira. Dessa vez vamos abordar os problemas que causam esses resultados.

A legislação sobre educação vigente no Brasil se pauta na concepção da educação como um direito fundamental e assegurado a todas as crianças, adolescentes e adultos, de forma indiscriminada e universal. Além disso, ela se apresenta como dever da família e do Estado. O ensino da primeira à oitava série deve ser oferecido gratuitamente a todo brasileiro, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria.

São inúmeras as dificuldades, problemas e obstáculos no sistema educacional do nosso país. Inúmeros, porém, não insuperáveis. No Brasil, a evasão escolar é um grande desafio para as escolas, pais e para o sistema educacional mantido pelo Estado. Dentre os motivos alegados pelos pais para a evasão dos alunos, são mais frequentes a justificativa de escola distante de casa, falta de transporte escolar, não ter quem leve o estudante até a escola e ainda doenças/dificuldades dos alunos.

De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais, divulgada em 2010 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil tem a maior taxa de abandono escolar no Ensino Médio entre os países do Mercosul. Segundo dados, 1 em cada 10 alunos entre 15 e 17 anos deixa de estudar nessa fase. No Ensino Fundamental os índices de evasão são menores, 3,2%. Embora o índice pareça pequeno, corresponde a mais de 1milhão de alunos. E ainda estamos atrás de outros países da América do Sul como Uruguai e Venezuela, onde as taxas de abandono estão no Ensino Fundamental em 0,3%; e no Médio em 1%, respectivamente. 

Para combater a evasão, faz-se necessário investir em infraestrutura nas escolas, com mais livros, banda larga, dedicação exclusiva dos professores e melhoria na merenda para as crianças. Em relação ao Ensino Médio, temos um bom exemplo do Governo Federal, que tem investido na iniciativa do Programa Ensino Médio Inovador para combater a evasão escolar. Desde 2009, o programa tem o objetivo de tornar o currículo mais atraente para os alunos, incluindo disciplinas optativas e aulas práticas.

Projetos como o citado anteriormente são uma tentativa de modernização das escolas brasileiras, atrasadas em relação ao método de ensino de outros países, e são necessárias para acompanhar os novos tempos baseados na tecnologia e para que não fiquem obsoletas, mas mudar não é fácil. Investir é necessário, mas ainda é preciso garantir a diminuição do trabalho infantil e o atendimento adequado às crianças e aos adolescentes com deficiência. Só através de uma grande mudança – estrutural, curricular e metodológica - será possível assegurar o direito de todos de permanecer estudando, de progredir nos estudos e de concluir a educação básica na idade certa.

O direto à educação

Janguiê Diniz, | qui, 18/10/2012 - 10:27
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Todos os cidadãos têm direito à educação. No Brasil esta frase torna-se ainda mais forte visto que em nosso país há obrigatoriedade para uma etapa de ensino desde 1934. A educação se constitui como direito fundamental e essencial ao ser humano e diversos são os textos normativos  que corroboram com tal afirmação.

A Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, afirma que “é direito de todo ser humano o acesso à educação básica”. Aliado a isso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos institui que “toda pessoa tem direito à educação”. Atualmente, no Brasil, o acesso à educação é obrigatório para a população de 6 a 14 anos e, com a aprovação da Emenda Constitucional nº 59 de 11/11/2009 (EC nº 59), ampliou-se a obrigatoriedade do ensino para a população de 4 a 17 anos com prazo até 2016 para a sua integral implementação.

Apesar do direito garantido por força de lei, o Brasil tem hoje cerca de 3,7 milhões de crianças e adolescentes fora da escola, destes, 42% são jovens com idade entre 15 e 17 anos. Preocupante também, de acordo com as informação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), é a situação das crianças de zero a 4 anos - somente 30,8% delas frequentam creches ou pré-escola.

É importante esclarecer que um país que investe fortemente em educação, contribui para o crescimento econômico e para o desenvolvimento social e cultural tanto do país quanto da sociedade em geral. Através da educação é possível almejar uma vida sem pobreza e ter mais participação na sociedade, através da qualificação para o mercado de trabalho. Quem não tem acesso à educação não tem capacidade de exigir e exercer direitos civis, políticos, econômicos e sociais, prejudicando, inclusive, sua inclusão na sociedade.

Em 2008, o Brasil tinha, de acordo com o indicador divulgado pelo Banco Mundial, o pior índice de acesso à educação na América Latina. Melhoramos muito, mas não satisfatoriamente. Para elevar o nível de escolaridade da população, é preciso melhorar a qualidade do ensino em todos os níveis, desde a educação infantil ao ensino superior. Além disso, é preciso estudar e minimizar as causas da evasão escolar.

Enquanto na região Sudeste, 92,7% das crianças, entre 4 e 17 anos, estão matriculadas na escola, na Norte o porcentual cai para 87,8%. Na região Norte, o grande número de crianças fora da escola se deve a dificuldade no deslocamento dos alunos para as salas de aulas, que na grande maioria ficam distantes das comunidades. Analisando outros dados, enquanto na região Sul, aproximadamente 60% dos jovens concluem os estudos com até 19 anos; no Norte, os alunos nessa situação são apenas 37%; no Sudeste esses números chegam a 59%; no Nordeste, 37%; e no Centro Oeste atingem 49,5%. A inferioridade desses números pode acarretar a descontinuidade dos estudos.

O Brasil tem lutado, sobremaneira, com o objetivo de reduzir as desigualdades sociais e regionais. Este é um passo enorme em relação ao acesso à educação pública e a democratização do ensino público. Infelizmente o ideal está longe de ser alcançado. Entretanto, precisamos continuar investindo e buscando sempre alcançar nossas utopias.

Um ato de retrocesso pelo direito à educação

Janguiê Diniz, | seg, 15/10/2012 - 16:11
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Na última semana fomos surpreendidos pelo atentado contra a vida da menina paquistanesa Malala Yousafzai, de apenas 14 anos. Malala tornou-se conhecida ainda em 2009, quando manteve o blog “Diário de uma estudante paquistanesa” na BBC Urdu, onde comentava os impactos causados pelas medidas do Taleban na comunidade em que vivia, já que naquele ano os extremistas haviam fechado mais de 150 escolas para meninas e explodido outras cinco.

O caso de Malala causou comoção e revolta em todo o mundo e o objetivo maior, neste momento, é salvar a vida da jovem, que foi transferida para o Reino Unido, em estado grave. Caso a paquistanesa sobreviva, a preocupação passa a ser a segurança dela e da família, já que ela continua recebendo ameaças do Taleban, que usa a lei islâmica como justificativa para atos de extrema ignorância e desrespeito ao ser humano.

Os extremistas Taliban já garantiram que, se a jovem sobreviver, irão atacá-la novamente, citando que “qualquer um que faça campanha contra o Islão e a Sharia (lei islâmica) deve ser morto” e que “não é apenas permitido matar uma pessoa assim, mas obrigatório”. Questionamos aqui qual é o direito de se tirar a vida de uma pessoa porque esta quer estudar e ter melhores oportunidades de vida?

O Paquistão é famoso por sua realidade sangrenta e principalmente por tratar o sexo feminino com discriminação ao proibir que as mulheres frequentassem escolas e construir parques exclusivos, cercados por muros e com segurança. Neste contexto, Malala Yousafzai se tornou símbolo da resistência contra os Taliban do país, venceu o “National Peace Award for Youth”, no Paquistão, e foi nomeada para o International Children’s Peace Prize, da Dutch Kids Rights Foundation.

Malala não é uma rebelde. É uma criança com uma visão de mundo e com direitos como toda e qualquer pessoa. É inaceitável que, em pleno século XXI, ainda existem casos chocantes e inacreditáveis como esse. Vivemos em uma comunidade mundial que preza pela igualdade de direitos e onde inúmeras mulheres se destacam, cada vez mais, em postos de comando nos países desenvolvidos e em grandes empresas, mostrando seu empenho, dedicação e competência.

Além disso, no Brasil, o acesso à educação se constitui como direito fundamental e essencial ao ser humano e diversos são os documentos que corroboram com tal afirmação e assim deveria ser em todo o mundo. De acordo com pesquisas realizadas pela Unesco, constatou-se que milhões de pessoas ainda não tem acesso à educação, onde “ (..) mais de 100 milhões de crianças, das quais 60 milhões são meninas, não tem acesso ao ensino primário e (..) o analfabetismo funcional é um problema significativo em todos os países industrializados ou em desenvolvimento.

A educação é um fator diferencial para qualquer país e indivíduo, uma vez que através dela é possível ter maiores chances de conseguir trabalhos qualificados, além de participação ativa na vida democrática, possuindo pleno conhecimento dos seus direitos e deveres e usufruindo dos mesmos. Não podemos permitir situações como as vividas no Paquistão se repitam.

A nova classe média

Janguiê Diniz, | ter, 09/10/2012 - 16:34
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Os investimentos e as políticas econômicas brasileiras tem surtido efeito. Na última década, o perfil socioeconômico do país mudou – e muito. A principal mudança foi o fortalecimento da classe C, que passou a integrar a classe média.

Pelo menos metade das famílias que moram em favelas e em áreas de ocupações no Brasil pertence à nova classe média, segundo dados sobre renda do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 1992, a classe C era composta por 34,96% da população, em 2009 chegou a 50,5% e os dados mais recentes apontam que 53% dos brasileiros estão nessa condição. A classe média é dominante do ponto de vista eleitoral e quando falamos do ponto de vista econômico, ela detém em torno de 46,24% do poder de compra e supera as classes A e B (44,12%) e D e E (9,65%).

A nova classe média representa mais de 100 milhões de brasileiros, um aumento de 37% apenas nos últimos dez anos. Os números indicam ainda que ocorreu uma considerável mobilidade social nos últimos anos, além do avanço da classe média, cerca de 19,3 milhões de pessoas saíram do nível da pobreza. Essa nova classe social cresce cerca de 4% ao ano.

Até pouco tempo atrás, depois de quitar as faturas básicas mensais, essas pessoas não tinham renda para consumir nada além da cesta básica. Hoje, são capazes de comprar sapatos e bolsas, têm acesso à tecnologia e frequentam escolas e faculdades particulares. Tudo graças às mudanças econômicas do país, que elevaram a renda dos brasileiros e injetaram mais R$ 100 bilhões na economia nacional desde 2002.

Vale ressaltar que o crescimento econômico brasileiro beneficiou tanto as classes privilegiadas quanto as populares. A justificativa para essas mudanças está no aumento das oportunidades de emprego e, se falarmos dos trabalhadores já empregados, se justifica nos reajustes nos salários.

Não podemos dizer que o país mudou de perfil da noite para o dia. Essa mudança é resultado de múltiplos fatores, desde a política de estabilização dos preços, passando pelas mudanças demográficas, da educação ao mercado de trabalho. Do ponto educacional, o estudo "Vozes da classe média" elaborado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, apontou que 49% dos jovens filhos que fazem parte dessa nova classe média estudaram mais do que os pais.

São esses mesmos jovens que estão buscando melhorar. Buscam aumentar o grau de escolaridade para garantir melhores salários e desempenhar funções no mercado formal. Aliado a isso, o conhecimento torna esse público mais exigente na hora de consumir. Este é o novo perfil do brasileiro, esforçado, interessado e exigente.

13 milhões de analfabetos

Janguiê Diniz, | qui, 04/10/2012 - 17:44
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Somos mais de 190 milhões de brasileiros, entre esses estão quase 13 milhões de analfabetos. Número reduzido em apenas 1% em três anos. A preocupação é ainda maior quando temos acesso aos dados que colocam a região Nordeste com a maior concentração desses analfabetos, 52,7% ou 6,8 milhões de pessoas.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2011, realizada pelo IBGE, a taxa de analfabetismo das pessoas com 15 anos ou mais reduziu, passando de 9,7% em 2009 para 8,6% em 2011. Apesar dos números gerais não serem favoráveis aos nordestinos, ainda assim fomos a região que registrou maior queda na taxa no período analisado: 1,9 ponto percentual.

Ainda segundo a pesquisa, os estados de Alagoas, Maranhão e Piauí possuem os maiores índices de analfabetismo do país, de 17,3% a 21,8%. As regiões Sul e Sudeste apresentaram taxas de analfabetismo de 4,9% e 4,8%, respectivamente. Na região Centro-Oeste, a taxa foi de 6,3% e no Norte, 10,2%.

Um país alfabetizado cresce em todos os aspectos: econômico, desenvolvimento e inclusão social. Evidente que a ascensão econômica das classes C e D, e a competitividade do mercado de trabalho, contribuíram para a diminuição do número de analfabetos no país. E esse é um dos objetivos. Na concorrência profissional e para ter mais acesso ao mercado de trabalho, as pessoas precisam ter o mínimo de escolaridade e para atingir esse objetivo é preciso dar efetiva atenção à educação básica e ao ensino fundamental.

Tramita no Congresso Nacional uma proposta para elevar o volume de recursos para a educação para 10% do PIB nacional. Hoje, o Brasil investe 5,7% na área — ressaltamos que este é um dos índices mais altos entre os 42 países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a frente de Reino Unido (5,6%), Suíça (5,5%) e Estados Unidos (5,5%), por exemplo. O grande problema está na forma em como esse valor é investido.

O Brasil é a sexta economia mundial. Os trabalhos voltados para a educação de jovens e adultos na última década contribuíram fortemente para a diminuição dos índices de analfabetismo. Aumentar o investimento para 10% não significará, necessariamente, uma melhora no desempenho dos estudantes. O que nos falta é qualidade no ensino básico e fundamental. O Brasil é o 15º que mais investe o PIB na área na lista da OCDE, mas ainda assim, o país se encontra somente em 53º lugar — de um total de 65 — no Pisa, um programa de avaliação da qualidade da educação da mesma organização.

Não há motivos para não incentivar a qualidade da educação. Pessoas mais educadas são mais propensas a votar com consciência e têm atitudes mais favoráveis na busca pela igualdade de direitos das minorias. E dessa forma, todos ganham – o país e o povo.

Quebra de confiança

Janguiê Diniz, | ter, 02/10/2012 - 08:58
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Conquistar o voto do eleitor. Isso é o que move os candidatos aos cargos políticos no período eleitoral. Contudo, a conquista do voto vai muito além da apresentação de propostas em campanhas repletas de músicas e distribuição de santinhos pelas ruas. É preciso conquistar a confiança do eleitor.

O Brasil não tem um histórico de referências positivas na relação de confiança entre político e eleitor. A grande maioria dos candidatos promete as mesmas coisas ao eleitorado: saúde, educação, segurança e infraestrutura, mas depois que acabam as eleições, esquecem do povo e esse mesmo povo, por muitas vezes, esquece em quem votou e assim o ciclo continua, até a chegada do próximo período eleitoral.

Em alguns casos mais graves e conhecidos por todos, a relação entre os já citados sofre com a quebra de confiança e o agravo do quadro resulta no “impeachment”, como no caso do ex-presidente Fernando Collor de Mello e até do ex-primeiro-ministro israelense Ehud Olmert, que foi condenado em julho deste ano por ter, enquanto ministro de Indústria e Comércio, em 2006, beneficiado projetos de amigos íntimos.

Voltando ao Brasil, quando o eleitor decide pelo seu voto, ele está depositando sua confiança no candidato que apresentou as propostas que, de alguma forma, foram mais convincentes ou iriam beneficiar a comunidade do eleitorado. O problema se inicia após as eleições, quando o governante não consegue cumprir as promessas feitas seja porque não há verba suficiente ou simplesmente era inviável.

A confiança não é um sentimento que se conquista da noite para o dia, mas deve ser trabalhada ao longo do tempo e com muita demonstração na atitude diária. É uma construção que precisa de continuidade. Assim foi com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e tem sido com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Ambos fizeram e cumpriram as promessas do período eleitoral, mantendo assim um alto índice de aprovação e contribuindo para o desenvolvimento do país.

Em um país onde a política virou, para muitos, profissão, as relações interpessoais são definitivamente a imagem de quem você é e, logo, ser confiável significa solidez. Atentos leitores, caras leitoras, saibam que a confiança é fundamental para a construção de uma política sólida e eficaz. E neste caso, a velocidade e o tempo para a construção de confiança são inversamente proporcionais a perda desta.

O Brasil é uma república. A palavra república vem do latim “res publica” e significa “coisa pública”, que é de todos. Apesar de ainda engatinharmos na democracia, a confiança é o “coração” do ideal republicano. Infelizmente, o Brasil tem sido alvo constante da corrupção, e o principal prejuízo causado por esta é a quebra de confiança. Seja a confiança de uma pessoa na outra, seja a confiança nas autoridades e nos demais representantes da sociedade.

Prezados, sem confiança não há república. Não podemos permitir que o Brasil seja uma república apenas no nome. E o primeiro passo para isto é votar consciente.

A política e as promessas

Janguiê Diniz, | qui, 27/09/2012 - 16:12
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Ano eleitoral é sempre a mesma coisa, independente da cidade. Centenas de candidatos, muitos concorrendo ao primeiro mandato e fazendo de tudo para ganhar os votos dos eleitores. Prometer faz parte das propostas eleitorais dos candidatos, mas como avaliar quais promessas são viáveis à execução e quais são apenas formas de encantar o eleitor?

Não é novidade que o povo está cansado de ouvir promessas. Porém, é de suma importância que nós, eleitores, tenhamos a mínima noção do que está sendo proposto e do que realmente é permitido a um candidato realizar, afinal só poderemos cobrar aquilo que é possível ser feito.

"Trocando em miúdos", durante as campanhas, inúmeros candidatos prometem que irão fazer coisas, que se cada um deles conhecesse um pouco das suas futuras atribuições, existiria a possibilidade de não iludir os eleitores com promessas  impossíveis de cumprir. Entretanto, essas atribuições são tema para um outro texto.

Desde 2010, é obrigatoriedade dos  candidatos aos cargos do executivo apresentar programas de governo no ato do registro de suas candidaturas na Justiça Eleitoral. Entre as promessas mais comuns estão a redução dos impostos, talvez porque o peso da carga tributária sempre foi - e ainda é - uma das principais reclamações dos brasileiros; melhorias na saúde, que é precária tanto pela falta de profissionais quanto pelas condições estruturais dos hospitais; melhorias no trânsito, superfaturado pela quantidade de veículos inversamente proporcional ao número de vias; e a garantia da segurança publica de qualidade, que dispensa comentários.

E quando questionamos o porquê os políticos brasileiros não cumprem suas promessas de campanha, a resposta é simples: por mais boa vontade que os  eleitos tenham, prometem coisas impossíveis de cumprir, ou seja, é inviável, prometer aquilo  que não podem acontecer num curto espaço de tempo, por exemplo, a construção de 10 hospitais públicos em 4 anos.

Para evitar que promessas de campanha sirvam apenas para preencher o espaço da propaganda eleitoral já foi criado o “Portal Compromisso Público”, onde serão registradas as promessas e os passos dos políticos em todo país. Além deste, um projeto de emenda constitucional foi apresentado pela Rede Nossa São Paulo, que reúne mais de 600 ONGs. Ele exige que os políticos eleitos anunciem, em até 90 dias após a posse, um Programa de Metas e Prioridades para o mandato, além de propor que o cumprimento das promessas políticas seja obrigatório para o presidente, os governadores e os prefeitos.

Para finalizar, temos que ter consciência de que a política partidária não deve ser uma ponte para conseguir emprego e nem de interesses pessoais. Os políticos são representantes do povo – nossos representantes - e devem trabalhar em prol destes. Não podemos pactuar com a falta de bom senso e o despreparo evidente de muitos candidatos. Que prevaleça o bom senso.

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