Mostra da artista plástica Adriana Varejão chega ao Recife

Exposição será lançada no próximo dia 28, no MAMAM, área central da capital pernambucana

sex, 21/06/2019 - 09:29
Divulgação Mostra 'Adriana Varejão – Por uma retórica canibal' foi exibida em Salvador, entre abril e junho deste ano Divulgação

A artista plástica Adriana Varejão terá pela primeira vez um conjunto significativo de sua obra exposto no Recife. A mostra "Adriana Varejão – Por uma retórica canibal" foi exibida em Salvador, entre abril e junho deste ano, e agora aporta na capital pernambucana, com abertura agendada para o dia 28 de junho, às 19h, no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM), na Rua da Aurora, centro. A exposição ficará em cartaz, com visitação gratuita, até 8 de setembro, seguindo, posteriormente, para outras cidades fora do eixo Rio-São Paulo. 

Com curadoria de Luisa Duarte, a mostra faz parte de um projeto que pretende descentralizar o acesso à importante produção da artista carioca, exibindo 25 obras dos seus mais de 30 anos de trajetória, realizadas entre 1992 e 2018. Trata-se de um conjunto significativo de sua produção, que inclui trabalhos seminais como Mapa de Lopo Homem II (1992-2004), Quadro Ferido (1992) e Proposta para uma Catequese, em suas Partes I e II (1993).

O recorte curatorial da exposição, que descortina diferentes fases de produção da artista de modo a levar um conjunto relevante de sua obra pela primeira vez ao Recife, busca enfatizar como muito antes dos estudos pós-coloniais estarem no centro do debate da arte contemporânea, Adriana Varejão já desenvolvia uma pesquisa cuja inflexão está centrada justamente em uma revisão histórica do colonialismo.

Essas questões levantadas pela artista encontram eco na história colonial pernambucana, marcada por sua forte vocação e tradição na monocultura da cana-de-açúcar no período, a presença dos holandeses e a disputa pela terra, e as revoltas insurgentes contra Portugal. O título da exposição faz referência ao vínculo da sua obra com a tradição barroca. A retórica é uma estratégia recorrente do barroco, sendo um procedimento que busca a persuasão. 

 Se o método rendeu obras e discursos suntuosos e exuberantes, a favor da narrativa cristã e do projeto de colonização europeu, a retórica canibal, ao contrário, se apresenta como um contraprograma, uma contracatequese, uma contraconquista. Trata-se de uma ruptura com as formas ocidentais modernas de pensamento e ação, em busca dos saberes locais, como o legado da antropofagi a. Saem de cena o ouro e os anjos (tão presentes em igrejas barrocas no Recife e em Salvador), entram em cena a carne e toda uma cultura marcada por uma miscigenação por vezes violenta. 

A seleção de trabalhos revela ainda a rede de influências que atravessa a obra da artista: do citado barroco à China, da azulejaria à iconografia da colonização, da história da arte à religiosa, do corpo à cerâmica, dos mapas à tatuagem, vasto é o mundo que alimenta a poética de Adriana Varejão. Ao longo da exposição comparecem trabalhos de quase todas a s séries produzidas pela artista, tais como: Proposta para uma Catequese, Línguas e cortes, Ruínas de Charques, Pratos, Azulejões e Terra Incógnita. 

"Desde os anos 1980, quando comecei a pintar e pesquisar sobre o barroco, tomei como referência várias igrejas do Recife. Algumas imagens sempre permaneceram dentro de mim e as carrego até hoje, como o altar da Basílica de Nossa Senhora do Carmo, a azulejaria do Convento de Santo Antônio, ou mesmo o teto da Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares", relembra Adriana.

A mostra vai ocupar todas as salas de exposição do MAMAM. No andar térreo, o público poderá ver a instalação em vídeo Transbarroco (2014). Nos demais andares, as outras obras serão dispostas junto com um conjunto de textos curtos, que descrevem e contextualizam cada uma delas, funcionando como ferramenta de mediação com o visitante. O público também poderá conferir um site specific da artista, que não está na seleção curatorial, mas que faz parte do acervo do museu: Panacea Phantastica (2003).

Serviço

Exposição Adriana Varejão – Por uma retórica canibal

28 de junho (abertura) | 19h às 22h

29 de junho a 8 de setembro (visitação) | De terça a sexta, das 12h às 18h / Sábados e domingos, das 13h às 17h

Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães / MAMAM Rua da Aurora, 265

Entrada gratuita

Informações pelo telefone 3355-6870

*Da assessoria

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