Atriz pernambucana diz que foi vítima de estupro conjugal

Julia Konrad relatou o caso na internet

por Paulo Uchôa ter, 30/06/2020 - 15:47
Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo 'Espero que meu relato possa ajudar mulheres', declarou Julia Konrad Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo

A atriz Julia Konrad, que trabalhou nas novelas Geração Brasil, Sete Vidas, Rock Story e o Sétimo Guardião, além de Malhação, fez um desabafo na internet. Nesta terça-feira (30), a pernambucana escreveu uma carta aberta para a revista Claudia, revelando que foi vítima de estupro conjugal. Ela compartilhou os momentos abusivos que viveu ao lado do ex-companheiro, após conhecer ele em uma festa.

"Estava completamente embriagada, e naquele estupor, nos beijamos apaixonadamente na minha sala. De repente, algo mudou. Vi uma mudança no olhar enquanto ele me levava pro quarto. Lembro de ter sido surpreendida pela força. Fui jogada na cama. Tentei beijá-lo para acalmar um pouco aquela afobação toda, mas de nada adiantou. Segundos depois minha roupa já tinha sido arrancada, ele tirava as calças com uma velocidade absurda, e antes que pudesse pensar em reagir, fui penetrada", descreveu Julia, em um dos encontros que teve com o rapaz no início.

Assim que o relacionamento se firmou, a atriz sofreu com as atitudes dele. Julia chegou a ficar afastada dos familiares e amigos, e que ficou endividada com as despesas dos dois, mas que nunca se abria para falar do incômodo que sentia, tanto na hora do sexo como no dia a dia. No relato, ela chegou a pensar que o convívio era basicamente normal.

"Se eu não cumprisse meu dever de mulher, ele me deixaria. Eu cumpriria meu dever de mulher, por medo. Medo de ficar sozinha. E depois da tempestade, do dever cumprido, vinha reconquista. O pedido de desculpas, a explicação dos traumas do relacionamento passado. Presentes, surpresas, declarações públicas de amor", explicou.

Julia enfatizou que só se deu conta que a relação sexual não era normal quando o relacionamento chegou ao fim, depois de muitos anos: "Entender que fui vítima de estupro desde o primeiro encontro com esse homem não foi fácil. Sempre me achei uma mulher forte, esclarecida. Não cabia na minha cabeça a noção de que logo eu, tão ativa na causa feminista, tão estudiosa, não tivesse sido capaz de reconhecer o estupro pelo que ele é".

Ainda na publicação, Julia Konrad disse que as mulheres devem buscar ajuda. "Espero que meu relato possa ajudar mulheres a identificar violências sofridas, e que dessa forma consigam buscar ajuda psicológica e legal", escreveu ela, ao divulgar um trecho do texto da revista na sua conta do Instagram.

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me reconhecer como vítima de violência doméstica não foi um processo fácil. anos atrás, vivi um relacionamento abusivo onde fui vítima de violência psicológica, verbal e sexual. a elaboração desse tipo de trauma muitas vezes leva anos, e comigo não foi diferente. e antes de mais nada, quero deixar aqui minha imensa gratidão a todos que fazem parte desse caminho comigo, me acolhendo, amparando, fortalecendo. vocês sabem quem são <3 hoje, pela primeira vez, trago a público detalhes da minha experiência com um tipo de violência contra a mulher que não é entendida, e muito menos falada abertamente: o estupro conjugal. em uma carta aberta publicada pela @claudiaonline, conto como uma violação sexual pode se dar de forma insidiosa dentro de um relacionamento, até onde entendemos o conceito de consentimento, e como vítimas são incapazes de identificar as violações sofridas. quero deixar claro desde já que meu único objetivo é alertar mulheres para situações abusivas que possam estar vivendo neste momento. durante o isolamento social, temos visto um aumento alarmante no número de casos de violência doméstica, mas ainda existe uma imensa subnotificação. espero que meu relato possa ajudar mulheres a identificar violências sofridas, e que dessa forma consigam buscar ajuda psicológica e legal. a todas que precisam de amparo, o @mapadoacolhimento é fundamental como ponto de partida. obrigada guta pelo espaço, e principalmente, pelo cuidado imenso comigo. deixo o link para a carta na bio. se você, como mulher, se reconhecer no meu relato, saiba que não está sozinha. jamais <3

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