Músicas tristes são as mais ouvidas durante a pandemia
Canções podem ser um mecanismo facilitador para as pessoas se expressarem, diz psicólogo
Uma recente pesquisa realizada pela DeltaFolha, que coletou dados de 34 países do top 200 do Spotify, mostra que o Brasil é o país que mais consome músicas tristes no mundo durante a pandemia. Sendo este hábito um reflexo do momento que o mundo enfrenta, o psicólogo Reinaldo Braga explica que a música, de qualquer gênero, serve para externalizar sensações que, às vezes, são difíceis de colocar em palavras. "A música, desde tempos muito antigos, é usada pela humanidade para expressar nossos sentimentos, contar histórias e entreter. Muito fácil nos identificarmos com alguma música, principalmente as que remetem a vivências pessoais", explica. "Algumas pesquisas apontam que a música pode ser um mecanismo facilitador para as pessoas se expressarem. Entretanto, tal movimento está vinculado às vivências de cada um, bem como a maneira subjetiva que cada ser lida com situações que geram questões emocionais", complementa.
A estudante de Pedagogia Thainá Santos, 24 anos, conta que a música a ajuda a entender emoções que podem ser confusas. "Sinto que a melodia, assim como a sonoridade, me ajuda a expressar sentimentos. A melodia dita triste, como as do folk e música clássica são as que mais me atraem", conta.
O mesmo acontece com a estudante de Psicologia Giovanna Alves, 22 anos, que afirma ter na música um refúgio. "Gosto de músicas mais lentas, não necessariamente preciso estar mal para ouví-las, mas, com certeza, são meu refúgio, quase uma trilha sonora da minha vida, que reflete meu estado mental. Minha playlist, composta por grunge e rock alternativo é, praticamente, o mapa da minha personalidade", diz.
O estudante de Biologia Vinícius Nunes, 27 anos, afirma que as músicas servem para expressar aquilo que não pode ser dito. "Músicas tristes existem em todos os gêneros: rock, rap, reggae e até eletrônicas. Consigo identificar sons que me atingem de formas diferentes. A música serve para isso", comenta.
O psicólogo Braga afirma que apenas a música não serve de remédio. "É fundamental que possamos conversar com amigos, familiares, profissionais, entre outros. A troca entre o ser humano é muito importante, ainda mais nesse período de quarentena que todos enfrentamos e que, para a população brasileira, dotada de uma intensa aproximação com o próximo, pode ser ainda mais difícil de lidar", finaliza.