Músicas tristes são as mais ouvidas durante a pandemia

Canções podem ser um mecanismo facilitador para as pessoas se expressarem, diz psicólogo

por Junior Coneglian seg, 13/07/2020 - 10:19
Julian Oliveira / LeiaJá SP Julian Oliveira / LeiaJá SP

Uma recente pesquisa realizada pela DeltaFolha, que coletou dados de 34 países do top 200 do Spotify, mostra que o Brasil é o país que mais consome músicas tristes no mundo durante a pandemia. Sendo este hábito um reflexo do momento que o mundo enfrenta, o psicólogo Reinaldo Braga explica que a música, de qualquer gênero, serve para externalizar sensações que, às vezes, são difíceis de colocar em palavras. "A música, desde tempos muito antigos, é usada pela humanidade para expressar nossos sentimentos, contar histórias e entreter. Muito fácil nos identificarmos com alguma música, principalmente as que remetem a vivências pessoais", explica. "Algumas pesquisas apontam que a música pode ser um mecanismo facilitador para as pessoas se expressarem. Entretanto, tal movimento está vinculado às vivências de cada um, bem como a maneira subjetiva que cada ser lida com situações que geram questões emocionais", complementa.

A estudante de Pedagogia Thainá Santos, 24 anos, conta que a música a ajuda a entender emoções que podem ser confusas. "Sinto que a melodia, assim como a sonoridade, me ajuda a expressar sentimentos. A melodia dita triste, como as do folk e música clássica são as que mais me atraem", conta.

O mesmo acontece com a estudante de Psicologia Giovanna Alves, 22 anos, que afirma ter na música um refúgio. "Gosto de músicas mais lentas, não necessariamente preciso estar mal para ouví-las, mas, com certeza, são meu refúgio, quase uma trilha sonora da minha vida, que reflete meu estado mental. Minha playlist, composta por grunge e rock alternativo é, praticamente, o mapa da minha personalidade", diz.

O estudante de Biologia Vinícius Nunes, 27 anos, afirma que as músicas servem para expressar aquilo que não pode ser dito. "Músicas tristes existem em todos os gêneros: rock, rap, reggae e até eletrônicas. Consigo identificar sons que me atingem de formas diferentes. A música serve para isso", comenta.  

O psicólogo Braga afirma que apenas a música não serve de remédio. "É fundamental que possamos conversar com amigos, familiares, profissionais, entre outros. A troca entre o ser humano é muito importante, ainda mais nesse período de quarentena que todos enfrentamos e que, para a população brasileira, dotada de uma intensa aproximação com o próximo, pode ser ainda mais difícil de lidar", finaliza.

 

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