Em Moreno, espetáculo dá voz às mulheres da vida de Cristo

A 'Paixão de Cristo de Moreno' celebra seus 10 anos de montagem em 2022 retornando à praça pública após a pandemia

ter, 12/04/2022 - 12:23
Divulgação Beto Café e Michelle Melo são os famosos da Paixão do Moreno Divulgação

Uma Paixão de Cristo com foco nas mulheres que contribuíram para que a história de Jesus se tornasse uma das mais conhecidas da cultura ocidental. Esse é o mote da 'Paixão de Cristo do Moreno - Pelos Olhos das Marias', que celebra uma década de existência em 2022 após dois anos sem ser realizada em virtude da pandemia do coronavírus.

O espetáculo, apresentado em praça pública, aberto ao público, coloca ênfase nas mulheres que acompanharam Jesus e ajudaram a disseminar sua palavra. Entre elas, uma que raramente é mencionada, Maria Iscariotes, a mãe de Judas. A montagem estreia sua décima edição nesta quinta (14), em Moreno, com participações especiais do apresentador Beto Café, como Herodes, e da cantora Michelle Melo, como Herodíades.

O LeiaJá conversou com o diretor geral do espetáculo, Roberto Oliveira, que contou um pouco sobre o viés diferenciado da montagem e a expectativa de reencontrar o público após dois anos. Segundo ele, esta não é mais uma Paixão, é a Paixão”. Confira.

LJ - Este ano vocês completam 10 anos de espetáculo, como tem sido essa jornada?

Roberto Oliveira: A montagem de um espetáculo grandioso como esse requer muita dedicação, atenção e muito estudo. Fazer teatro nesse Brasil, no Nordeste, é difícil. Até as pessoas e as empresas acreditarem, a gente pena um bocado. Mas, temos feito, aos trancos e barrancos. Graças a Deus, considerado uma das melhores (Paixões). Teve alguns anos que a gente não pôde fazer, por falta de apoio, mas chegamos à décima edição muito realizados, porque podemos dizer que a nossa Paixão tem uma identidade própria. E a gente fica muito feliz com isso.

O ator Danilo Tácitto interpreta Jesus. Foto: Reprodução/Instagram

LJ - Fala um pouco sobre esse viés do espetáculo de contar essa história a partir do ponto de vista das  Marias.

Roberto Oliveira: A mulher tem voz e vez, como a gente descobriu nos estudos. Na Judéia, quem tinha acesso às casas eram as mulheres, então eram elas quem propagavam a palavra de Jesus. E o nome Maria era muito comum, em uma das leituras, eu peguei esse mote e comecei a pesquisar sobre essas mulheres. Madalena (por exemplo), que pede intercessão de Maria, a mãe de Jesus, para chegar até ele e é ela a propagadora do Evangelho. Maria Madalena sempre acompanhou Jesus nessa missão, assim como outras Marias. Foram mulheres que levantaram essa bandeira e tiveram vez e voz e dentro desse 'vibe' a gente colocou ‘Aos Olhos das Marias’. É muito bonito quando a gente fecha uma cena e a Maria dá um texto amarrando a situação. É a mulher tendo voz e tendo vez. A Paixão deixa de ser machista para ter a presença da mulher, da mãe.

LJ  - Você  não teve medo de que houvesse uma rejeição do público a  esse gancho do espetáculo, por se tratar de uma história tão tradicional?

Roberto Oliveira: Eu não tive medo porque a gente não alterou nada da história. Eu descobri  o nome de Maria Iscariotes, a mãe de Judas, e como sou professor e vi muitas mães perdendo seus filhos para as drogas e em acidentes, assassinatos, e a dor dessa mãe é uma dor que a gente tira por Maria. Depois que Judas morre, uma cena muito forte e que as pessoas gostam muito, a gente coloca Maria Iscariotes, a mãe - ninguém imagina que Judas tem uma mãe -, ela fazendo uma oração a Deus e pedindo força e que Deus acalme aquela dor que é a perda de um filho. A gente apenas afirma, a mulher vem e ela afirma. A mulher tem uma certa presença muito sutil e ao invés de ter medo, tivemos coragem de colocar. E temos novidades para os próximos anos. É muito bonito, cada vez que a gente lê, a gente vê essas mulheres que acompanharam Jesus.

Michelle Melo, no papel de Herodíades, e o apresentador Beto Café, como Herodes. Foto: Divulgação

LJ - Como está a expectativa para retomar o espetáculo após esses anos de pandemia?

Roberto Oliveira: A gente volta feliz, em um momento que as pessoas estão de repente mais abertas e conscientes. A pandemia veio para também dar mais consciência pra gente, principalmente espiritual. É bíblico: "Quem tiver olhos para ver, que veja. Quem tiver ouvidos para ouvir que ouça". A palavra, acho que ela vai chegar com muito mais força para acalmar as pessoas devido às perdas, às situações que cada pessoa passou. A gente procurou deixar esse espetáculo muito mais claro e direto e a expectativa é a melhor possível. Estamos nessa ansiedade, preparando com todo carinho um espetáculo belo de cor, luz e musicalidade. Desde a plástica até às palavras, o sentimento mais forte de amor, solidariedade e reflexão. 

Serviço

Paixão de Cristo do Moreno - Pelos Olhos das Marias

Quinta (14) a Sábado (16) - 20h

Praça da Paixão - Av. Dr. Sonfrônio Portela, Centro - Moreno

Gratuito

















 

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