Davi, o menino prodígio do karatê Pernambucano

Com apenas oito anos de idade e seis medalhas em mundial, garoto tem experiência de um atleta de alto nível

por Luan Amaral seg, 11/03/2019 - 11:52

Aos 6 anos de idade a vida de uma criança se resume a estudos e muita brincadeira. Uma fase de conhecimento de um mundo e de muita curiosidade. Mas alguns nascem destinados a vencer e foi assim com Davi Albuquerque, que em 2018 viajou para disputar o mundial de Karatê na Argentina e voltou com nada mais nada menos que oito medalhas na bagagem.

O COMEÇO

Davi começou a praticar Karatê com 2 anos e meio de idade como ele mesmo conta, no início foi apenas curiosidade, mas logo nas primeiras aulas com professor Adilson Sena ele começou a gostar da arte milenar e desde então não tirou mais o quimono.

“Eu pedi para meus pais me deixarem no Karatê. Na minha primeira competição eu ganhei medalha de ouro. Eu já fui para o Chile e para vários outros cantos”, conta.

MUNDIAL NA ARGENTINA

Dedicado, o pequeno atleta se preparou para chegar bem no mundial. Davi surpreendeu a todos com suas apresentações e acabou voltando para casa com 8 medalhas, mas uma medalha em especial encantou a todos no ginásio na Argentina que terminou ovacionando o pequeno Davi.

“Eu lutei na categoria Kata (modalidade com lutador imaginário), Kata com música, Kata em equipe (formado por três atletas), Kumitê (luta real) e várias outras, não lembro tudo de cabeça. Ganhei oito medalhas”, diz.

Na categoria Kata em equipe a medalha de prata foi uma surpresa. Desfalcado, sem a presença dos seus parceiros Lucas Silva e Eduardo Santos que juntos conquistaram o ouro no Sul-americano em 2017, mas acabaram não conseguindo apoio financeiro para custear a ida ao mundial, Davi teve que improvisar com uma nova equipe.

“A gente fez um treino rápido. Eu esperava apenas uma participação, mas a gente conseguiu ganhar uma medalha de prata”, disse Davi. O Professor Adilson Sena ressaltou sobre a participação de Davi no Kata em equipe e contou que apesar de menos graduado, Davi foi o capitão da equipe que contou com um atleta de Sergipe e outro do Distrito Federal.

Mas foi no Kata musical que Davi levantou a plateia. Com a musica praieira de Chico Science, ele fez uma performance perfeita e tirou uma vantagem que parecia impossível diante dos seus adversários que obtiveram notas altas. Mas com a musica que segundo o próprio Davi “já deu muita sorte” ele finalizou na batida correta como manda as regras do Kata musical e levou a nota máxima com homenagem a Pernambuco e medalha de ouro no peito.

“O Davi é uma grande surpresa, mas isso é fruto de muito trabalho e dedicação dele. Por trás de um campeão tem sempre uma grande história, a família apoia não só do David como dos nossos atletas de ponta como nós temos hoje a Vitória, Marha Ysa, Lucas e Eduardo. Isso é um diferencial. A surpresa foi ele ganhar as oitos medalhas, mas que ele ia chegar lá e fazer um grande trabalho e representar bem nosso estado e nosso país nós já tínhamos certeza”, garante Adilson Sena, professor do Davi.

A FALTA DE APOIO

Davi foi iniciado no projeto Karatê sem fronteiras do professor Adilson Sena que além das aulas acumula funções de Presidente da Federação Pernambucana de Artes Marciais e Diretor técnico da Confederação Brasileira de Artes Marciais educativas (CONFAMEB).

O projeto do professor Adilson é repleto de campeões nas suas aulas, como os parceiros de Davi, Lucas Silva e Eduardo dos Santos que além do ouro em equipe no Sul-americano em 2017 conquistaram outras medalhas nos individuais e só não foram ao mundial por falta de apoio. As meninas Tarciany Vitória Araújo de sete anos, e Marha Ysa Araújo de nove anos, que são primas e se sagraram campeãs brasileiras em 2018.

O comum entre todos é a falta de apoio para arcar com custos das competições que não são baratas. O pai de Davi, Ricardo Albuquerque, fala das dificuldades vividas por eles. "A gente até brinca que existe o 'paitrocínio' porque quase exclusivamente somos nós que bancamos. Tem o apoio da escola com uma bolsa que a gente transforma em custos para viagens. Mas é o mínimo que a gente consegue. Viagens, passagens, hospedagem tudo isso fica por conta dos pais. O governo não ajuda", comenta.

Tarciana Araújo, Mãe de Vitória, conta todo seu esforço para arcar com os custos: “A guerra da gente é muito grande. Tanto eu como a mãe de Marha Ysa corremos atrás de patrocínio, mas é muito difícil. Mas aí tenho ajuda dos amigos, faço rifa, bingo e assim vai se ajeitando. Todas viagens têm sido patrocinadas pelos amigos e familiares”, contou.

Mas além dos problemas enfrentados o orgulho fica estampado nos pais dos jovens atletas. No olho do pai de Davi, que acompanha e estimula cada golpe realizado no treino, o orgulho fica estampado. Ricardo se emociona ao falar do seu filho.

"No Kata musical ele homenageou Chico Science um artista da terra, conseguiu bater as primeiras notas de 9.6, 9.9, lutando com mais graduados, faixas pretas, faixas marrons, com pessoas altamente capacitadas e meu filho foi ovacionado pelos mestres. Ficaram perfilados e cumprimentaram meu filho. O estádio parou, eu me lembro e fico arrepiado. Ele foi campeão com essa música e isso tudo deixa a gente muito orgulhoso. Todas as vezes que falo disso me emociono pela garra e determinação dele", concluiu.

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CAMPEONATO NACIONAL

A próxima competição será “dentro de casa”. A equipe do professor Adilson Sena se prepara para O Campeonato Nacional de Artes Marciais Educativas que vai acontecer em Olinda de 17 a 19 de maio. O local ainda será definido. Como envolve artes marciais a competição vai além do Karatê e terá outras modalidades.

O Campeonato também está inserido no calendário internacional e dará vagas para o Open Internacional do México dias 15 e 16 de junho. Open Internacional de Brasília, o Campeonato Pan-americano de Karatê que será realizado em Lima no Peru no dia 30 de junho e o Campeonato Pan-americano de Artes marciais em Cali na Colômbia de 9 a 10 de dezembro.

Davi e seus companheiros de treino Lucas, Eduardo, Marha Ysa Araújo, Vitória Araújo e toda equipe do professor Adilson Sena estará presente competição em busca de mais medalhas e de olho nas competições internacionais do calendário de 2019. Será que vai caber mais medalhas no pescoço de Davi e de toda e equipe? Davi garante que sim.

 

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