Pernambuco desenvolve teste barato para detecção de zika

O custo estimado do teste é de R$ 1 e o resultado sai em menos de uma hora. Atualmente, o teste de PCR, que é o padrão para diagnóstico molecular da doença, custa R$ 40 com resultado em cinco horas

seg, 18/03/2019 - 09:18
Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas A próxima etapa será a conclusão dos testes com amostras humanas Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas

Uma nova técnica para detecção do vírus zika, mais sensível e barata que a PCR em tempo real, que é o padrão para diagnóstico molecular da doença, se mostrou eficiente nos testes com amostras de mosquitos. O teste foi desenvolvido em uma pesquisa de mestrado com a participação de pesquisadores da Fiocruz Pernambuco. A pesquisa foi publicada na conceituada revista científica Nature.

A tecnologia, denominada amplificação isotérmica medida por alça (RT-Lamp), também tem a vantagem de ser bem mais rápida do que a PCR, diminuindo de cinco horas para menos de uma hora o tempo necessário para obter o resultado. Segundo a Fiocruz, trata-se de uma ferramenta que pode ser utilizada em qualquer lugar, na forma de kit rápido, pois não depende de equipamentos caros e sofisticados, restritos a laboratórios especializados, como é o caso da PCR.

Outra vantagem é o custo de cada teste, de apenas um R$ 1. O PCR tem custo individual de R$ 40. Segundo pesquisador Lindomar Pena, que orientou a pesquisa, a técnica se mostrou 10 mil vezes mais sensível que o PCR e, em alguns casos, foi capaz de detectar carga viral onde a PCR deu negativa. “Trata-se de um exame específico para zika, que não apresentou reação cruzada para outras arboviroses”, relata.

Foram utilizadas 60 amostras de mosquitos Aedes aegypti e Culex quinquefasciatus na pesquisa, infectados naturalmente ou em laboratório com os vírus zika, dengue, febre amarela e chikungunya. A próxima etapa será a conclusão dos testes com amostras humanas.

De acordo com a Fiocruz, na época que o projeto foi lançado, não havia trabalho semelhante. Ao longo do seu desenvolvimento surgiram em torno de 15 projetos nesse campo. O diferencial desse trabalho, conforme a Fiocruz, é o pequeno número de etapas necessárias para a reação, o baixo custo e a simplicidade do teste.

Na sua forma simplificada, o teste consiste em colocar a amostra de mosquito em um tubo com reagente. Após aguardar cerca de 20 a 40 minutos, observa-se a cor da mistura. Se ficar laranja, o resulto é negativo, mas se o líquido se tornar amarelo,  há presença do vírus zika. “A ideia é que se possa coletar, macerar o mosquito em campo – em plena Amazônia, por exemplo - e obter o resultado lá mesmo”, afirma o pesquisador. Com humanos, se poderá coletar saliva ou urina do paciente com suspeita de zika, realizar o teste e obter a resposta na mesma hora.

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