Holiday: "Estamos esperando ser enxotados feito marginais"

Os moradores ainda se apegam a esperança de que a primeira Câmara de Direito Público defira um agravo de instrumento protocolado pela advogada voluntária Maiza Amaral

por Jorge Cosme qui, 21/03/2019 - 09:38

Após o fim do prazo para desocupação, entre 50 a 60 famílias ainda permanecem no Edifício Holiday, segundo o síndico do histórico prédio do bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Um número elevado de guardas municipais, a presença de um veículo de monitoramento da Secretaria de Defesa Social (SDS), além da informação de que a Polícia Militar está chegando são indícios de que eles deverão ser retirados nesta quinta-feira (21). 

Os moradores ainda se apegam a esperança de que a primeira Câmara de Direito Público defira um agravo de instrumento protocolado pela advogada voluntária Maiza Amaral. "O desembargador relator pode decidir monocraticamente ou passar para a Câmara decidir. Foi apresentado um laudo técnico assinado por engenheiro civil com ART (atestado responsabilidades técnica) do Crea. O que consta nesse laudo é que o prédio não corre risco de desabamento", resume a advogada.

O síndico do prédio, Rufino Neto, disse temer a chegada da polícia militar. "Toda hora isso não sai da nossa cabeça. Estamos esperando ser enxotados feito marginais das nossas próprias residências", lamentou.

A moradora e comerciante Jeane da Silva, que é inquilina no 15° andar, também se mostrou abatida com a saída iminente. "A esperança está se apagando. A gente está com vontade de lutar, mas agora falta pouco tempo. Já acabou o prazo. A gente está no automático agora", diz.

Ela continua: "não é fácil sair assim, como se fosse um bandido. Eu nunca me senti tão humilhada. Como esse povo que não tem para onde ir ou idade para se mudar, eu me sinto um lixo".

Jeane culpa a prefeitura do Recife pela situação. "Do jeito que Geraldo Julio promoveu força-tarefa para jogar as pessoas fora, ele poderia de fato ajudar, fazer força-tarefa para reerguer o quadro de energia. Fico sem entender como eu, que sou pobre, consigo me sensibilizar mais do que quem tem o poder", completa.

As deputadas das Juntas (Psol) estiveram no local e informaram que vão dar entrada hoje com um pedido de tombamento do edifício no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). "É um prédio histórico. Queremos garantir que ele fique de pé", destaca a deputada Carol Virgulino.

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