Vida saudável evitaria 63 mil mortes por câncer no país

Estudo mostra que 27% do total de diagnósticos da doença e 34% dos óbitos poderiam ter sido evitados com mudanças no estilo de vida

por Nataly Simões qui, 21/03/2019 - 16:52

O estilo de vida não saudável é responsável por mais de 114 mil casos de câncer e 63 mil mortes em decorrência da doença anualmente no Brasil, conforme aponta uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) em parceria com a Universidade de Harvard.

O estudo mostra que 27% do total de diagnósticos da doença e 34% das mortes poderiam ter sido evitadas com a redução de cinco fatores relacionados à hábitos que põem em risco a saúde humana. São eles: tabagismo, consumo de álcool, excesso de peso, alimentação não saudável e falta de atividade física.

Segundo o pesquisador Leandro Rezende, já havia um consenso na literatura científica de que o estilo de vida não saudável estaria associado ao aumento no risco de 20 tipos de câncer. O de laringe, de pulmão, esôfago, orofaringe, cólon e reto, cavidade oral, bexiga, fígado, estômago, colo e corpo do útero, rim, vesícula biliar, mama, pâncreas, leucemia mieloide, mieloma múltiplo, tireoide, ovário e próstata.

Dados da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) mostram que esses tipos de câncer correspondem a aproximadamente 80% de todos os casos diagnosticados no Brasil. No caso da incidência de câncer de pulmão, de laringe, orofaringe, esôfago e cólon e reto, a mudança de hábito reduziria pela metade o número de diagnósticos. Já a mortalidade de 13 dos 20 tipos de câncer analisados cairia 20%.

A eliminação ou redução do tabagismo (67 mil casos e 40 mil mortes), seguido da de excesso de peso (21 mil casos e 13 mil mortes) e do consumo de álcool (16 mil casos e 9 mil mortes) teria maior impacto na prevenção de casos e mortes por câncer no país.

"Uma discussão que poderia ser feita a partir desses dados seria sobre a eficácia das políticas públicas brasileiras que ainda estão voltadas à realização de exames para detecção precoce do câncer, como é o caso da mamografia, para o câncer de mama nas mulheres, e o antígeno prostático específico, para o câncer de próstata nos homens. As novas descobertas sugerem que as políticas devem ser focadas na mudança de estilo de vida das pessoas", explica Rezende.

 

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