Dia Mundial da Água é marcado por enchentes em Belém

Chuvas e maré alta agravam os alagamentos na capital paraense. Pesquisa mostra que 90,4% dos paraenses têm algum tipo de problema de saneamento básico.

sex, 22/03/2019 - 18:45

Em 22 de março é comemorado o Dia Mundial da Água. Visando advertir e sensibilizar a população, a Organização das Nações Unidas (ONU) inaugurou a data em 1992. Em Belém, cidade cercada de rios e canais, o dia sugere mais preocupação que comemoração por cusa da coincidência das chuvas com a maré alta. No vídeo abaixo, veja como ficaram o Ver-o-Peso e o bairro de Val-de-Cães.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90,4% dos paraenses têm algum tipo de problema de saneamento básico, ocupando a quarta posição do Brasil na categoria, atrás de Rondônia (90,8%), Amapá (91,2%) e Piauí (91,8%). Além disso, 88% dos paraenses não têm acesso a esgotamento sanitário e 24% não possuem coleta regular de lixo.

Biatriz Mendes, moradora de um edifício localizado na frente do canal de esgoto da travessa Antônio Baena, na Pedreira, relatou que as pessoas que residem próximo dali têm muitas preocupações e dificuldades, pois a água suja invade as casas, leva móveis e causa diversos danos e doenças. “Fico indignada quando vejo alguém jogando lixo no canal. As pessoas sabem que precisam do meio ambiente, mas continuam o prejudicando. Cuidar da nossa cidade não é um dever apenas da prefeitura, os cidadãos precisam ser mais informados e conscientizados”, reforçou.

De acordo com o professor Leonardo Araújo, coordenador do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UNAMA – Universidade da Amazônia, o saneamento básico envolve quatro diretrizes: abastecimento de água com qualidade; coleta, transporte e tratamento do esgoto; coleta, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos; e drenagem urbana. Ao analisar os quatro objetivos, ele explica que Belém vive uma situação caótica em alguns locais. “Começando pela água, sabemos que a Companhia de Saneamento do Pará – COSANPA consegue fazer o tratamento e a disponibilidade da água dentro dos padrões de potabilidade, porém, como a rede de abastecimento ainda é um pouco antiga, pode resultar na diminuição da qualidade e da quantidade do líquido”, esclareceu.

O professor informou também que tratamento e rede de esgoto são difíceis de serem realizados no Pará, e isso gera sérios problemas para os nossos canais e rios, que recebem materiais extremamente inadequados. “Resíduo sólido é algo problemático. Fica claro que muitos dos itens do saneamento básico envolvem educação ambiental, e em alguns momentos a gente percebe que a educação da nossa população não é das melhores, tanto com relação a resíduos, quanto a desperdício de água”, disse o professor.

Sobre drenagem urbana, Leonardo observa que Belém é uma das capitais do mundo onde mais chove, e por esse motivo temos vários canais, córregos e igarapés que servem para a saída da água, mas um dos grandes problemas é o despejo de lixo, que atrapalha a microdrenagem e muitas vezes faz com que a água da chuva não chegue à macrodrenagem, causando enchentes.

“O saneamento básico é um tipo de prevenção para a sociedade. Se for bem elaborado e executado, ele ajuda a diminuir consideravelmente algo que está sempre ligado ao saneamento ou a ausência dele: a questão das doenças. Existem diversas enfermidades graves que podem ser transmitidas através da água contaminada, dos resíduos sólidos e dos efluentes do esgoto”, declarou o professor.

Para Leonardo, a educação ambiental deve ser implementada nas escolas e universidades, demonstrando a teoria e a prática. “O lixo e o esgoto, quando são bem gerenciados, podem se tornar adubo, água pra irrigação e novos produtos. Mudando a forma de pensar das pessoas, você diminui a poluição. Primeiramente, a educação deve ser fornecida, e após isso será possível perceber um avanço na limpeza e na infraestrutura”, finalizou.

Por Ana Luiza Imbelloni.

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