Narciso Enxovais diz que lençóis não oferecem risco

Segundo a rede de lojas, "contaminação" é um termo técnico da ABNT e significa que o tecido possui algum tipo de sujeira em sua construção

sex, 22/03/2019 - 10:02
Divulgação/Procon Lençóis foram recolhidos por fiscais na quinta-feira (21) Divulgação/Procon

A Narciso Enxovais emitiu uma nota de esclarecimento após fiscalização do Procon e da Vigilância Sanitária apreender lençóis com registro de "contaminação" em uma unidade de Prazeres, Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR), na quinta-feira (21). Segundo a rede de lojas, "contaminação" se trata de um termo técnico e o material apresenta nenhum risco à saúde dos clientes.

Na nota, a Narciso destaca que o termo é utilizado pela indústria têxtil "quando o produto apresenta pequenos defeitos estéticos, conforme classificação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)". A loja menciona as normas que tratam do tema, apontando que "contaminação" é termo usado para tudo que está diferente no tecido em relação ao que foi projetado, a inserção de sujeiras na construção do tecido, provenientes de pó, atrito do fio e sobras de fios de identificação. "Qualquer fio ou sujeiras indevidas são considerados contaminação", conforme a NBR 13378.

Também no texto, a rede diz que o Procon utilizou o termo forma do contexto, fazendo alusão a uma suposta contaminação sanitária. "Importante ressaltar que o produto em questão é totalmente novo e foi produzido por uma das maiores empresas do ramo têxtil do Brasil, responsável por cerca de 20% do consumo nacional de algodão, sediada em Minas Gerais, conforme notas fiscais que serão apresentadas ao Procon", assinalou.

O LeiaJá conversou com a superintendente do Comitê Brasileiro de Têxteis e do Vestuário da ABNT, Maria Adelina, para tirar dúvidas sobre o caso. De acordo com Adelina, contaminação é, de fato, usual na indústria têxtil e confecção, porém, há diversos tipos de causas, como por fibras, resíduo de colheita e corante. Ela acrescenta que, sem a devida análise, não é possível afirmar que as contaminações são totalmente inertes para a saúde. "Não daria para afirmar, pois certos corantes são prejudiciais, a exemplo temos uma norma de corantes carcinogênicos", resumiu. 

O advogado da Narciso, Rodrigo Barbosa, diz que a empresa que produziu os tecidos está sendo procurada para explicar qual a contaminação em questão. "A gente acredita que possa ter sido algo da embalagem de papelão", ele adianta. As unidades também vão ser verificadas para identificar se outros produtos possuem a mesma marcação.  Chamou a atenção o fato de o aviso de item contaminado ser feito com uma uma fita esparadrapo e um "x" vermelho. Adelina, da ABNT, explicou que não há norma estabelecendo uma forma de identificação de defeitos, cabendo a cada empresa decidir como comunica a questão. A comercialização de produtos com defeito também é permitida e lojas costumam vender com valor reduzido para minimizar as perdas.

O Procon Jaboatão também enviou nova nota sobre a fiscalização e salientou que a loja não divulgava aos clientes que havia itens com avaria. "A prática em questão é condenada pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), que exige que informações sobre possíveis avarias sejam exibidas em destaque", assinala na nota. Os produtos apreendidos foram encaminhados ao Instituto de Criminalística (IC), que, agora, irá realizar as análises necessárias para constatar a origem da contaminação. 

Confira a nota da Narciso Enxovais na íntegra:

A Narciso Enxovais, empresa dedicada a venda de produtos para o seu lar, vem a público apresentar esclarecimentos sobre a fiscalização realizada pelo Procon, em conjunto com a Vigilância Sanitária Municipal, na filial de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, neste dia 21/03/2019, manifestando desde já total repúdio à forma como o termo técnico “contaminação”1 foi utilizado fora de contexto e sem qualquer cuidado por parte do PROCON e, indevidamente, replicado pela imprensa.

Ademais, desde já, a Narciso informa que o produto objeto da repercussão não apresenta NENHUM risco à saúde de seus clientes.

A “contaminação”2 trata-se de um termo técnico utilizado pela indústria têxtil quando o produto apesenta pequenos defeitos estéticos, conforme classificação da própria ABNT (ABNT NBR 13175:1994; define os termos utilizados na denominação dos defeitos de tecido de malha por trama.), vejamos:

Contaminação de fibras de urdume e contaminação de fibras de trama (ABNT NBR 13378): a contaminação é tudo que está diferente no tecido em relação ao que ele foi projetado.

Tecido contaminado (ABNT NBR 13378): inserção de sujeiras na construção do tecido, provenientes de pó, atrito do fio e sobras de fios de identificação, podendo ocorrer durante todo o processo necessário para passar os fios para serem tecidos. Qualquer fio ou sujeiras indevidas são considerados contaminação.

Ocorre que a divulgação pelo PROCON do termo "contaminação", frise-se, TOTALMENTE FORA DE CONTEXTO, fazendo alusão a uma suposta contaminação sanitária e, PASMEM, analogia com um antigo e abominável episódio de importação para comercialização de “lixo hospitalar” no estado de Pernambuco foi bastante temerário e irresponsável.

Mais grave, os meios de comunicação replicaram tal informação jornalística sem qualquer pedido de esclarecimento por parte da Narciso Enxovais, demonstrando total descompromisso com a ética e com a verdade dos fatos, tampouco zelo com a imagem da Narciso.

Importante ressaltar que o produto em questão é totalmente novo e foi produzido por uma das maiores empresas do ramo têxtil do Brasil, responsável por cerca de 20% do consumo nacional de algodão, sediada em Minas Gerais, conforme notas fiscais que serão apresentadas ao PROCON.

Tais produtos que foram objeto da apreensão possuem pequenos defeitos (falhas) de produção ("contaminação") e, por consequência, são classificados como “contaminados” e comercializados com um preço reduzido em razão dos pequenos defeitos, exclusivamente, estéticos.

Os defeitos são muitas vezes imperceptíveis, tanto que o fabricante indica através de uma marca "x" no produto o local com defeito através da indicação de que está "contaminado", contudo, o PROCON exorbitou de suas competências, quando deixou de simplesmente fiscalizar e apreender o produto e promoveu uma verdadeira pirotecnia midiática, utilizando-se de termo técnico totalmente fora de contexto.

Acrescente-se que a Narciso Enxovais adquire mercadorias de fornecedores sérios e que são parceiros comerciais há mais de 30 anos, de modo que continuará colaborando com as investigações e ficará no aguardo da conclusão do laudo técnico que irá comprovar que o produto não possuía nenhum risco a saúde ou integridade de seus clientes, bem como, irá adotar todas as medidas cabíveis a fim de reparar os danos causados à imagem da empresa.

Sendo o que cumpre esclarecer até o momento, a Narciso Enxovais permanece à disposição para esclarecimentos que porventura se fizerem necessários.

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