SDS confirma punições para PMs que participaram de greve

Secretaria demitiu duas cabos e uma coronel foi reformada. Paralisação em questão ocorreu em 2014, resultando em saques a lojas na RMR

por Jorge Cosme sab, 27/04/2019 - 12:16
Augusto Cataldi/LeiaJáImagens/Arquivo Loja saqueada em Abreu e Lima, no Grande Recife, durante greve da PM Augusto Cataldi/LeiaJáImagens/Arquivo

Portarias da Secretaria de Defesa Social (SDS) publicadas neste sábado (27) confirmaram punições para policiais militares que participaram da greve da categoria realizada em 2014 e que resultaram em saques a lojas na Região Metropolitana do Recife (RMR). Duas cabos foram excluídas e uma coronel foi reformada, seguindo para a aposentadoria.

Sobre a coronel Maria da Conceição Antero Pessoa, o texto, assinado pelo secretário Antônio de Pádua, afirma ter ela proferido discurso inflamado na passeata dos manifestantes, ocorrida em 13 de maio de 2014, convocando os policiais a paralisarem as atividades. A SDS lembra que o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) julgou a paralisação ilegal, determinando o retorno imediato às funções, "o que não ocorreu, ensejando o descumprimento de determinação judicial, além dos prejuízos à população, consoante os registros de 'assaltos' e 'arrastões' em vários bairros do Recife e um verdadeiro caos no município de Abreu e Lima, onde ocorreram protestos na BR-101, onde ônibus foram queimados e lojas e caminhões foram saqueados", assinala.

Já quanto as então cabos Aênia Daniele Feitosa Barbosa e Michelle Adriane de Siqueira, a SDS alega ter comprovado que elas incentivaram, apoiaram e participaram ativamente do movimento paredista de 2014. Conforme a portaria, elas agiram como lideranças atuantes e integrantes de um dos grupos que pretendia assumir o controle da Associação dos Cabos e Soldados (ACS). Elas foram excluídas dos quadros da PM.

O deputado estadual Joel da Harpa (PP), que se destacou como liderança na greve, chamou as punições de perseguição do Governo do Estado. Ele também foi excluído da categoria, mas por alheio ao movimento. Ele também considera a sua demissão injusta. Segundo Joel, a coronel já estava reformada e as cabos, demitidas, e as portarias servem para tornar públicas as penalizações, mas também teriam o objetivo de intimidar os policiais.

"Foi um movimento democrático, de rua, não acho que elas têm que ser penalizadas por terem participado. Assim como elas, milhares de policiais estavam lá. É uma perseguição que o governo vem fazendo aos movimentos de policiais. A corregedoria, orientada pelo Governo do Estado, está levantando esses processos para inibir a tropa, colocar pressão, para que a categoria tenha medo de reivindicar", opina o deputado.

Além de responder a processos na corregedoria, Joel também respondeu a processos da Credimóveis Novolar, por causa de saque ocorrido em uma loja da rede, e da União, devido ao envio das Forças Armadas para Pernambuco. Ele diz ter sido absolvido nos dois casos. Joel agora luta na Justiça para conseguir receber sua aposentadoria de volta, no valor aproximado de R$ 2,5 mil, cortada em meados de novembro do último ano, após sua exclusão. Na época ele já estava aposentado, visto ser uma exigência para seguir a carreira política. "Eles cortaram meus proventos. Tive 18 anos de serviço prestado. Não é um presente do estado. Eu contribuí", critica.

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