MST inaugura 1° Armazém do Campo do Nordeste no Recife

É um mercado com 120 produtos oriundos de áreas de assentamento ou agricultura camponesa, além de um café/bar e uma livraria da editora Expressão Popular

por Pedro Oliveira qui, 30/05/2019 - 13:29
Pedro Oliveira/LeiaJá Pedro Oliveira/LeiaJá

Foi inaugurado na manhã desta quinta (30), o primeiro Armazém do Campo do Nordeste. O Recife foi a cidade escolhida para abrigar o estabelecimento idealizado e administrado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O espaço, localizado na Rua do Imperador, no Centro, abriga um mercado com 120 produtos oriundos de áreas de assentamento ou agricultura camponesa, os pequenos produtores. Além disso, um café/bar e uma livraria da editora expressão popular.

Entre os produtos, grãos, farináceos, mel, carne, ovos e tudo de hortifruti. "A questão de alimento orgânico é pouco mais complicado, porque depende de uma patente, que obriga o produtor a obedecer normas técnicas, mas também há produtos com esse selo aqui (arroz, feijão, café e mel). Mas a maioria é agroecológico, que não usa veneno (agrotóxicos), sementes transgênicas e envolve uma discussão sobre economia solidária e mercado justo. E outros em transição para a agroecologia", explicou Ramos Figueiredo, o "Raminho", coordenador do Armazém do Campo do Recife.

Os preços praticados no Armazém são um pouco acima dos achados em supermercados comuns, mas segundo Raminho o lucro não ultrapassa 30% do valor de produção. "Tudo que se vende aqui já foi comprado dos produtores, cujo insumo para produção encarece os produtos. Mas trabalhamos com a margem de lucro entre 15% e 30%. (O arrecadado) serve para manter o estabelecimento em funcionamento e custeia a permanência das sete pessoas que vieram morar no Recife para fazer o Armazém do Campo funcionar, todos ligados à base do MST. Os sete são do interior, foram acampados ou tem parentes acampados ou assentados. Todos são militantes do movimento", afirmou.

Ramos Figueiredo estima em 20 mil reais o custo de funcionamento do Armazém do Campo no Recife, já contando com o aluguel do imóvel. Esse é o valor mínimo que o espaço precisa render para se manter funcionando. Para entender melhor como será o comportamento dos possíveis clientes do negócio, o estabelecimento funcionará em horário especial no primeiro mês. "Vai funcionar 30 dias seguidos. Queremos sentir como será a recepção e precisamos saber quais os horários e dias que serão mais frequentados para formular nosso horário fixo que atenda melhor aos que irão comprar e frequentar o Armazém", disse.

Esta é a quinta loja do Armazém do Campo aberta pelo MST no Brasil. Há 20 anos, a primeira foi aberta em Porto Alegre (RS). Em 2016, foram abertas a de São Paulo e Belo Horizonte. Em 2018, o Rio de Janeiro ganhou sua unidade e neste ano a loja chega ao Nordeste. Além dos Armazéns, as cooperativas de produtores do MST já vendem seus produtos em Pernambuco, por exemplo, para merenda escolar. Segundo o movimento, 60% dos insumos de Caruaru já são fornecidos pelo movimento. No Recife, 30%. Além disso, os Institutos Federais (IFs) no Estado também compram dos trabalhadores assentados.

Alimento da alma - Com o lema "Alimentar-se é um ato político", os Armazéns do Campo não funcionam apenas como espaço de venda de gêneros alimentícios. Há também um espaço para atrações culturais e discussões políticas. Em todas as lojas, há um café/bar e uma livraria com os títulos da editora Expressão Popular, que tem o MST como principal investidor. A música terá seu espaço no ambiente entre as quintas e sábados.

Nesta quinta (30), por exemplo, estão programadas apresentações de Fred Zeroquatro, da banda Mundo Livre S/A, do Som da Rural, de Roger de Renoir e outros artistas. "Temos esse espaço onde as pessoas podem tomar um café produzido nos assentamento, 100% puro e livre de veneno, além de uma cerveja, puro malte, já que não trabalhamos com nada de transgênicos", finalizou Raminho.

Serviço:

Armazém do Campo Recife

Rua do Imperador Pedro II, 387, Santo Antônio, Centro do Recife

Funciona de segunda à quarta, das 9h ás 20h; nas quintas e sextas das 10h à 1h, com atividades culturais; sábados, das 9h até o último cliente; domingos das 11h às 18h.

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