Recife: População trans muda nome e gênero em documentos

Após situações constrangedoras e batalhas contra preconceito, transexuais e travestis receberam o encaminhamento para que a mudança seja formalizada gratuitamente em cartório

por Victor Gouveia qua, 05/06/2019 - 16:12

Em ação voltada para o empoderamento e garantia de direitos, a população transexual e travesti da Região Metropolitana do Recife (RMR) teve a oportunidade de mudar o nome e o gênero em documentos oficiais de forma gratuita. A intenção do evento, realizado nesta quarta-feira (5), é coibir situações cotidianas de constrangimento e a violação contra a dignidade humana.

"É um sonho. Porque, assim como eu, várias trans lutaram por muitos anos. Isso é uma conquista, para mim está sendo perfeito", declarou Mirella Thalia ao expressar a felicidade em sentir o nome social cada vez mais próximo de ser registrado.

"O nome chega primeiro que a pessoa nos espaços. Ele carrega quem a gente é, e ter esse direito adquirido em um processo simplificado faz a vida da gente melhor. Evita que eu passe por constrangimentos", afirmou Maria Elisa. Ela também foi atendida na sede da Secretária Executiva de Direitos Humanos (SEDH), no Espinheiro, Zona Norte do Recife e conseguiu o encaminhamento facilitado para a formalização em cartório.

Mesmo com a regulamentação da mudança de nome assinada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em junho de 2018, Mirella contou que passou por dificuldades nos cartórios, que não resolveram a demanda e a encaminhava para outros estabelecimentos. Assim como toda população trans, ela passou por situações incômodas por não se sentir representada pelo antigo nome. "No dia que fui resgatar meu chip em uma loja de telefonia, me chamaram pelo 'nome normal' e todo mundo me olhou. Quando o atendente me viu, perguntou pelo titular do cartão. Foi um momento constrangedor", relembrou.

"Para um trans, ser chamado pelo nome social é uma vitória. Ele passou anos sendo chamado por um prenome que não representa ele", explicou Thomas Miguel. Desde o ano passado, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SEDH), em parceria com a Defensoria Pública, encaminhou cerca de 200 pessoas aos cartórios. "Nosso nome é uma extensão da nossa personalidade e garantir a alteração do prenome e gênero contribui para o fim dos constrangimentos que a população trans passa. Nossa ação tem o intuito de pôr fim na LBGTfobia em Pernambuco", finalizou o secretário executivo de Direitos Humanos Diego Barbosa.

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