Carne de boi perde protagonismo no churrasco de fim de ano

Alta da proteína fez com que muitos substituíssem cortes nobres por outros mais populares ou até retirassem a carne de boi das opções para a churrasqueira

seg, 30/12/2019 - 12:10







O aumento do preço da carne pôs em risco o churrasco de fim de ano. Enquanto lojistas lamentam a alta e tentam fechar as vendas através de promoções, consumidores apostam na substituição de cortes e proteínas para que a grelha continue movimentada. O LeiaJá visitou açougues, ouviu vendedores e consumidores, e traz algumas dicas que podem te ajudar a manter a tradição do churrasco nas festividades de fim de ano.

O aumento das exportações de proteína animal para o mercado chinês é o motivo da insatisfação dos consumidores. "Tá um absurdo", reclama a auxiliar de cozinha Flávia dos Santos. Para ela, a famosa picanha "é uma carne que tem nome, mas também tem muitas outras boas, é só a pessoas pesquisar".

Amaciar a carne para amaciar o bolso

Acompanhada da amiga de trabalho Priscila Moura, elas sugerem deixar as peças nobres de lado e apostar em cortes como bananinha e alcatra; encontradas no Mercado Público de Afogados, na Zona Oeste do Recife, por R$ 25 o quilo. Outra opção é comprar carnes 'mais duras' e amaciá-las com bebidas alcoólicas, frutas cítricas ou com o próprio amaciante específico.

O açougueiro Fábio Batista, que trabalha há 30 anos com bovinos, apoia as dicas das clientes. Ele afirma que o jeito é propor descontos para fechar as negociações e atrair os consumidores. "Meus clientes são antigos e quando eles pedem [desconto], a gente tem que 'ajeitar', né?", conta. Em seu frigorífico, a costela é vendida por R$ 15; já o preço da chã de dentro gira em torno de R$ 25.

“Eu garanto o churrasco”

"Eles sempre 'choram' um pouquinho e a gente sempre abate uma coisinha", reforça a dona do box frontal. Com uma maior demanda, dona Mirian Ferreira comemora: "a procura tá maravilhosa [...] Tá muito bom, não esperava ser tão bom como está". A explicação é pelo fato do seu comércio 'mexer' apenas com porco e bode, proteínas que serviram como uma fuga para o bolso da clientela. "Eu garanto o churrasco deles", assevera. Ela explica que o quilo do pernil e das costeletas dos animais de menor porte variam entre R$ 15 e R$ 20. 

Contudo, o sorriso no rosto de Cícera Leocardo era nítido. A vendedora de frango e linguiças destacou que "em comparação à carne [bovina], o frango tá melhor pra vender". Entre um atendimento e outro, ela destaca que a procura aumentou e o lucro do período deve atingir sua expectativa. Os itens com mais saída são a coxa -R$8-, a asinha -R$13-, o coração - R$20- e a toscana, que independente do tipo de carne, é vendida por R$ 14 o quilo. Vale lembrar que até a linguiça pode dar vez ao salsichão, com o pacote com 10 unidades vendido a R$ 10.

O mecânico João Barbosa compactua com a troca do boi pelo frango. "O plano B é correr para uma coisa alternativa. Eu mesmo tô levando o frango, no caso a coxa e a sobrecoxa", relatou. Diante do 'Réveillon da substituição', também é interessante se restringir à variedade de cortes e apostar em outros elementos que podem compor o churrasco. Além do vinagrete e da farofa, o pão de alho, a cebola e o abacaxi são um atrativo para satisfazer toda a família. 

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