Máscaras dificultam comunicação com surdos que leem lábios

Materiais transparentes na confecção de máscaras são aliados na comunicação

por Junior Coneglian qui, 04/06/2020 - 17:22
Kaspars Misins / Pexels Kaspars Misins / Pexels

A pandemia de coronavírus (Covid-19) trouxe à tona a falta de acessibilidade e a necessária atenção a diferentes grupos que compõem a sociedade. Sendo este um momento de maior atenção, onde a criatividade é útil, a comunicação entre pessoas surdas e não surdas não pode ser comprometida pelo uso de máscaras. "Estamos vivendo uma época onde todos nós precisamos exercitar a empatia, e colocá-la em prática, principalmente, quando nos deparamos com uma pessoa surda", explica a fonoaudióloga e intérprete de Libras Cristiane Calciolari.

A comunicação entre pessoas surdas e não surdas através da Língua Brasileira de Sinais (Libras) depende, prioritariamente, das expressões faciais. O uso obrigatório de máscaras pode dificultar grande parte do entendimento e compreensão em um diálogo. Máscaras que contenham um material transparente na região da boca se mostraram eficazes contra essa barreira que foi criada.

A fonoaudióloga Cristiane Calciolari usa máscara com transparência na região da boca | Foto: Arquivo Pessoal

 

"Com a boca coberta, não entendo nada. Melhora se tiver o visor de plástico transparente, porque aí é possível a comunicação e a socialização e eu consigo me comunicar. Me sinto em paz e independente", diz Bruno Ramos, surdo e pedagogo instrutor de Libras. "Com a máscara comum, se a pessoa abaixar o acessório para falar tem o perigo de contaminação. É muito melhor com o plástico transparente, onde a pessoa quando fala eu consigo ver. A comunicação acontece de forma efetiva e a acessibilidade acontece", complementa.

A fonoaudióloga Cristiane explica que fazer com que os surdos se sintam seguros e independentes para traçar uma comunicação direta e ativa é o principal ponto de partida na comunicação com não surdos. "Ter paciência em tentar estabelecer uma comunicação, seja através de gestos ou mesmo pela escrita, é muito importante para eles, para se sentirem compreendidos e, acima de tudo, pertencentes a sociedade", finaliza.

 

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