Comitê alerta sobre 2ª onda da Covid-19 no Nordeste

Campanha eleitoral e turismo podem contribuir para o aumento da reprodução do vírus

por Jameson Ramos sex, 23/10/2020 - 18:45
Júlio Gomes/LeiaJá Imagens/Arquivo População deve redobrar os cuidados Júlio Gomes/LeiaJá Imagens/Arquivo

Segundo o Comitê Científico do Nordeste, a flexibilização das medidas de isolamento social e as eleições para renovação de Prefeituras e Câmaras municipais marcadas para novembro podem precipitar uma segunda onda de Covid-19 na região nos próximos meses. O fenômeno, que já preocupa países da Europa, pode ter uma influência no recrudescimento da pandemia no Nordeste em função do fluxo de turistas europeus que costumam vir para as praias nordestinas nas festas de fim de ano.

Por conta disso, o Comitê Científico publicou nesta sexta-feira (23), a recomendação de implantação de estandes sanitários em todos os aeroportos. Também está sendo recomendado equipes nesses estandes para aferir a temperatura e kits de testagem rápida de passageiros provenientes do exterior.

Além disso, orienta a adoção de quarentena de 14 dias para os turistas que não apresentarem atestados que comprovem a ausência de infecção pelo Sars-cov-2. “Já passamos por essa situação de ver os acontecimentos primeiro na Europa e depois se reproduzindo aqui. Temos uma oportunidade, desta vez, de não deixar isso se repetir”, alerta Miguel Nicolelis, neurocientista e um dos coordenadores do comitê.

O Boletim 12 mostra através de previsões matemáticas e dados das Secretarias de Saúde que a pandemia atingiu seu pico em todos os Estados do Nordeste. “Isso fez com que, em vários locais, as medidas de isolamento social fossem diminuídas além do necessário, resultando em alta probabilidade de uma possível segunda onda”, constata Sérgio Rezende, ex-ministro da Ciência e Tecnologia e, também, coordenador do Comitê Científico do Nordeste. 

Rezende frisa a “premência de se adotarem as medidas sugeridas pelo Comitê porque uma nova onda de Covid-19, obviamente, poderá trazer sérias consequências econômicas, sanitárias e sociais, complicando ainda mais o cenário delicado que já vimos enfrentando neste ano”.

O comitê destaca que a campanha eleitoral que tem gerado aglomerações em todos os municípios pode contribuir para o aumento da reprodução do vírus. Em geral, as campanhas criam eventos “onde pessoas desprezam todas as normas sanitárias indicadas pela Organização Mundial de Saúde”, diz o boletim. Invariavelmente, nas aglomerações o risco desse tipo de contaminação aumenta consideravelmente, gerando a expectativa de que, no período pós-eleição, possa ocorrer uma segunda onda da epidemia. 

“Infelizmente, a maioria dos candidatos coloca sua eleição como prioridade, desconsiderando a vida de seus eleitores e as suas próprias”, criticam os cientistas. Eles pedem que a sociedade redobre os cuidados, principalmente com o aumento da flexibilização.

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