No Recife, manifestantes pedem fechamento do Carrefour

Grupo chama atenção para o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, espancado até a morte por dois seguranças da rede em Porto Alegre

por Katarina Bandeira sab, 21/11/2020 - 11:46 Atualizado em: sab, 21/11/2020 - 12:47
Katarina Bandeira/LeiaJáImagens Katarina Bandeira/LeiaJáImagens

Cerca de 50 manifestantes se reuniram, na manhã deste sábado (21), em frente ao Carrefour de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, para protestar contra o racismo.  O ato, pacífico, chama atenção para o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, espancado até a morte por dois seguranças da rede, em Porto Alegre.

Aos gritos de 'fecha Carrefour' e 'Carrefour racista' o grupo fechou o trânsito em frente ao supermercado incentivando as pessoas a não consumirem produtos na rede. A manifestação foi convocada pela Anepe (Articulação Negra de Pernambuco), e começou às 11h da manhã.

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"A gente observa que esse perfil que não respeita os direitos humanos é um perfil do Carrefour. Essa não foi a primeira ação de desumanidade que acontece nessas instituições", diz a escritora negra, Odailta Alves, que participa do ato.

 "Essa é uma forma de fortalecer a luta. A luta não é só de quem está no Rio Grande do Sul, mas do povo negro que é violentado o tempo inteiro. Quando você vê uma instituição fazer isso, não foi apenas o policial e o segurança, ele está respaldado por uma chefia que orienta, muitas vezes, a ter mão de ferro com corpos negros. Se fosse um homem branco, de olhos azuis, ele poderia quebrar o Carrefour inteiro que ninguém encostaria nele", reforça.

Por volta das 12h30, os manifestantes se dirigiram para a entrada do Carrefour e chegaram a entrar no estacionamento, mas foram expulsos pela PM e se concentraram na garagem do supermercado. Para o advogado Eliel Silva, que também participa do ato em Boa Viagem, a rede Carrefour precisa ser responsabilizada nacionalmente pelo caso. "Mataram um cliente, um senhor, um homem negro. É uma questão de boicote e judicialização".

Entenda o caso

 Na última quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra, João Alberto, de 40 anos, foi espancado até a morte na porta do supermercado Carrefour de Passo D'Areia, na Zona Norte de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Os responsáveis pela morte do homem foram um segurança terceirizado e um policial militar. Os dois foram presos em flagrante por homicídio qualificado - quando há intenção de matar.

A vítima realizava compras com a esposa e teria se desentendido com uma fiscal de caixa. Ele supostamente ameaçou agredi-la, quando a segurança foi acionada e os suspeitos, de 24 e 30 anos, o levaram para fora do supermercado. Desde a última sexta-feira (20), diversos protestos têm se espalhado em unidades da rede pelo Brasil contra o racismo e a rede Carrefour.

Está não é a primeira vez que a rede de supermercado se envolve em polêmicas. Em 2018, um cachorro foi espancado por um segurança da rede e, em agosto desse ano, um funcionário do Carrefour de Recife teve seu corpo, sem vida, coberto por guarda-sóis, após sofrer um mal súbito durante o expediente.

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