Estudo: maior tempo entre doses aumenta eficácia da Pfizer

De acordo com uma pesquisa conduzida pela Universidade de Oxford, o número de anticorpos contra a variante Delta pode ser maior após oito semanas de intervalo entre as doses da vacina

por Kauana Portugal sex, 23/07/2021 - 11:10
Unsplash Uma mão carrega a dose do imunizante Pfizer Unsplash

Um estudo britânico, que pode ajudar a traçar estratégias de vacinação contra a variante Delta da Covid-19, concluiu que um intervalo maior entre as duas doses da vacina da Pfizer proporciona um nível maior de anticorpos que um período mais curto. A pesquisa foi realizada com 503 profissionais da saúde.

Ainda que as duas doses atuem de maneira eficiente no combate ao novo coronavírus, no caso da cepa Delta o nível de anticorpos diminui após a primeira dose do imunizante. “Para o intervalo mais longo de doses, os níveis de anticorpos neutralizantes contra a variante Delta foram induzidos de maneira fraca após uma única dose, e não se mantiveram durante o intervalo até a segunda dose”, apontou um dos autores do estudo, conduzido pela Universidade de Oxford e divulgado pela agência de notícias Reuters.

"Após duas doses da vacina, os níveis de anticorpos neutralizantes eram duas vezes maiores após o intervalo mais longo de doses se comparado com o intervalo mais curto", acrescentou.

Os anticorpos neutralizantes são considerados importantes no papel de construir imunidade contra a Covid-19, mas não agem sozinhos, e sim em conjunto com as células T. Dessa maneira, a pesquisa descobriu que os níveis gerais de células T eram 1,6 vez menor com um intervalo longo se comparados com o cronograma mais curto entre 3 e 4 semanas, mas que uma proporção mais alta era de células T "ajudantes", que fortalecem a memória imunológica.

Apesar da descoberta, os autores enfatizaram ainda que qualquer um dos intervalos produziu uma resposta forte de anticorpos e células T. Na prática, isso pode indicar que embora a segunda dose seja necessária para garantir a proteção total contra a variante Delta, o atraso da segunda vacina pode providenciar imunidade mais duradoura, mesmo se isso significar uma proteção menor a curto prazo.

O Reino Unido, por exemplo, estendeu o intervalo entre as doses de vacinas para 12 semanas em dezembro do ano passado. Naquele período, a Pfizer alertou que não havia evidências que apoiassem a alteração do intervalo original proposto de três semanas. Neste ano, no entanto, o bloco de países europeus passou a recomendar o hiato de 8 semanas entre as duas doses da vacina.

"Eu acho que 8 semanas é o ponto certo", afirmou Susanna Dunachie, pesquisadora que co-liderou o estudo.

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