Bill Gates 'prevê' pandemia mais mortal que a Covid

Filantropo defende criação de fundo internacional e foco no combate à desigualdade na distribuição de vacinas

por Vitória Silva sab, 22/01/2022 - 13:55
Jean-Marc Ferr/ONU Bill Gates Jean-Marc Ferr/ONU

O magnata da tecnologia, Bill Gates, emitiu um alerta de que pandemias muito piores do que a da Covid-19 poderão surgir, ao pedir aos governos que contribuam com bilhões de dólares para se prepararem para o próximo surto global. O fundador da Microsoft é a favor de um fundo internacional, por acreditar que é uma boa “apólice”, já que preveniria grandes e pequenas nações de um colapso sanitário. 

O filantropo disse que, embora as variantes Ômicron e Delta do coronavírus sejam alguns dos vírus mais transmissivos já vistos, o mundo poderia ter que enfrentar um patógeno que causa uma taxa muito maior de fatalidades ou doenças graves. As declarações foram feitas ao jornal Financial Times, no último dia 18. 

A Fundação Bill & Melinda Gates e o Wellcome Trust do Reino Unido estão doando US$ 300 milhões (mais de R$ 1,5 bilhão, na cotação atual) para a Coalition for Epidemic Preparedness Innovations, que ajudou a formar o programa Covax para fornecer vacinas a países de baixa e média renda. O CEPI está tentando arrecadar US$ 3,5 bilhões, pois visa reduzir o tempo necessário para desenvolver uma nova vacina para apenas 100 dias. 

Gates disse que as prioridades do mundo são “estranhas” e que coube a filantropos e governos ricos lidar com a desigualdade nas vacinas. “Quando falamos em gastar bilhões para economizar... trilhões de danos econômicos e dezenas de bilhões de vidas, é uma boa apólice de seguro”, disse Gates. 

Ele acrescentou que grande parte da inovação para se preparar para uma futura pandemia também pode ser útil para enfrentar os problemas de saúde globais existentes, como criar uma vacina para o HIV e melhores vacinas para tuberculose e malária. 

Gates disse que os dois grandes financiadores do desenvolvimento de vacinas durante a pandemia de Covid-19, a CEPI e o governo dos EUA, foram “corajosos” para colocar dinheiro em risco para criar amplos portfólios de vacinas em potencial. Porém, admitiu que é preciso fazer mais para aumentar os suprimentos para vacinar o mundo. 

“Foi o dinheiro em risco que fez com que os testes ocorressem. Portanto, houve um enorme benefício global. Estamos todos muito mais inteligentes agora. E precisamos de mais capacidade para a próxima vez”, disse ele. 

A professora Cherry Gagandeep Kang, membro do conselho do CEPI e virologista do Christian Medical College em Vellore, na Índia, disse que devemos esperar que os países coloquem seus interesses nacionais “na frente e no centro”. 

“O resto do mundo que não pode se dar ao luxo de assumir esses compromissos antecipadamente precisa de alguém do nosso lado. E o CEPI é essa organização”, disse ela. 

 

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