LUTO: Políticos lamentam um ano do “golpe”

Impeachment que tirou Dilma Rousseff do poder completou um ano nesta quinta (31)

por Taciana Carvalho qui, 31/08/2017 - 18:13
Marcelo Camargo/Agência Brasil Marcelo Camargo/Agência Brasil

Há exatamente um ano, o Senado Federal cassou o mandato da então presidente do Brasil Dilma Rousseff. Desacreditado por muitos que o impeachment pudesse acontecer, a data marcou a história do país. Nesta quinta-feira (31), políticos contra "o golpe" repercutem o assunto. 

O deputado federal Jean Wyllys (PSOL) fez uma extensa crítica ao cenário político atual afirmando que a crise se aprofundou e detonou o presidente Michel Temer (PMDB). “O presidente ilegítimo foi gravado negociando propina e compra do silêncio do seu ex-aliado Cunha (o organizador do golpe, hoje preso por ladrão) em reunião secreta no porão do Palácio do Jaburu, à meia-noite, com um empresário corrupto. Seu aliado Aécio também foi gravado pedindo 2 milhões de reais ao mesmo empresário. As provas da corrupção da quadrilha que está no poder são gigantescas, mas uma presidenta democrática foi derrubada por eles por pedaladas fiscais”, disparou. 

O senador Lindbergh Farias (PT), em vídeo, contou que viveu todo aquele momento ao lado de Dilma e afirmou que todo o processo foi uma fraude. “E ver que isso tudo foi comandado por essa turma: Temer, Aécio, Eduardo Cunha e veja o país de hoje, a destruição. Nós voltamos para o mapa da fome e agora uma nova denúncia que vem contra o Temer. Definitivamente, esse golpe está desmoralizado”, lamentou. 

Ao lado de Lindbgerh, a senadora Gleisi Hoffmann (PT) voltou a falar que há um desmonte do estado brasileiro. “Vocês lembram que eles diziam que tirando a Dilma tudo vai melhorar. Era como se tivesse uma fada que com sua varinha fizesse uma mágica. Eles fizeram tudo ao contrário”, lamentou. “Não estamos comemorando, pelo contrário, nós estamos muito entristecidos por aqueles que comemoram o quanto pior, melhor. Eles fizeram isso”, corroborou Vanessa Grazziotin (PCdoB). 

O senador da bancada pernambucana Humberto Costa (PT) também fez uma crítica e dizendo que, desde aquela data, a democracia ainda não foi restaurada. “Em 31 de agosto de 2016, a primeira mulher eleita para a Presidência da República era deposta por um golpe parlamentar. Dilma Rousseff, levada ao Palácio do Planalto por mais de 54 milhões de votos de brasileiras e brasileiros, foi derrubada numa quartelada civil montada pelos derrotados de 2014. Até hoje, a democracia no Brasil não foi restaurada”.

A deputada estadual Teresa Leitão (PT) se pronunciou remetendo a uma frase proferida por Dilma, que dizia que “a história será implacável com os que hoje se julgam vencedores”. “Um ano passado da consolidação do golpe no Senado brasileiro. Nossa luta pela democracia está mais viva que nunca”, falou a petista. 

Para a deputada federal Luciana Santos (PCdoB) foi um ano de “retrocessos”. “Um ano de (Des)governo marcado por escândalo de corrupção do presidente ilegítimo, cortes na educação, aumento de impostos na gasolina e diesel, privatizações, reforma trabalhista e muito mais. Um ano de retrocessos”.

Impeachment

Dilma Rousseff foi destituída do poder, pelo plenário do Senado Federal, por 61 votos favoráveis e 20 contrários. Ela foi condenada sob a acusação de ter cometido crimes de responsabilidade fiscal – as chamadas "pedaladas fiscais" no Plano Safra e os decretos que geraram gastos sem autorização do Congresso Nacional. No entanto, Dilma pode continuar a se candidatar em funções administrativas públicas, bem como para cargos eletivos. 

Logo após o resultado, em seu discurso Dilma disse que o Senado tinha tomado uma decisão que entrava para a história das grandes injustiças e que os que votaram a favor do impeachment “rasgaram” a Constituição Federal. "Acabam de derrubar a primeira mulher presidenta do Brasil sem que haja qualquer justificativa constitucional para este impeachment, mas o golpe não foi cometido apenas contra mim e contra o meu partido. Isto foi apenas o começo. O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização política progressista e democrática”, chegou a dizer. 

Dilma, em seu pronunciamento, também falou que a história seria implacável com os que se acham vitoriosos. “Travei bons combates. Perdi alguns, venci muitos e, neste momento, me inspiro em Darcy Ribeiro para dizer: não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores. A história será implacável com eles. Neste momento, não direi adeus a vocês. Tenho certeza de que posso dizer “até daqui a pouco”. 

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