Renan compara cortes de verbas a queima nazista de livros

O emedebista lembrou o episódio de 10 de maio de 1933 e disse que a história se repete como tragédia

qua, 08/05/2019 - 09:21
Moreira Mariz/Agência Senado Senador criticou pesadamente o ministro da Educação do governo Bolsonaro Moreira Mariz/Agência Senado

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) comparou o corte de 30% das verbas para as universidades públicas promovido pelo Ministério da Educação com a queima de livros de intelectuais considerados críticos ao nazismo, na Alemanha. Em discurso no Senado nessa terça-feira (7), o emedebista disse que a história se repetia como “tragédia” e não poupou críticas ao ministro Abraham Weintraub.

“Cabe-nos alertar que a história vai se repetindo, dessa vez como tragédia. Quem esquecerá uma das páginas mais infames da história mundial? No dia 10 de maio de 1933, na Praça da Ópera, em Berlim, há exatamente 86 anos, aconteceu a barbárie da queima de livros em praça pública, festejada pelos nazistas e intolerantes, poucos meses após a chegada de Hitler ao poder”, disse Calheiros.

“Quanta coincidência! Em um rastro de notícias falsas, na linha do que foi colocado aqui pelo Senador Kajuru, o nazismo, depois de perseguir opositores, estimular a denúncia de professores comunistas, banir livros de Filosofia, Sociologia e História, aqueles incômodos ao regime, pilhou as bibliotecas públicas e universidades e fez a famosa fogueira pública de livros. Arderam, por horas, obras de Freud, Thomas Mann, Einstein, entre tantos outros”, acrescentou.

Pouco antes da comparação, em sua fala Renan também disse que o ministro da Educação “entra para a história como exterminador do futuro, como aniquilador de gerações e idólatra da ignorância”.

“Com esse corte ou contingenciamento – não importa, isso é uma mera discussão semântica –, o resultado, como todos sabem, é o desmonte da universidade pública e dos institutos federais. Esse Ministro, com histórico escolar medíocre, deveria se chamar Abraham Trauma e não Weintraub… Condicionar os investimentos à aprovação da reforma tem outro nome: é chantagem”, observou, lembrando que Abraham disse no Senado que a aprovação da reforma da Previdência era condicional para a reposição das verbas cortadas para as universidades.

“Esse delírio vem após esse mesmo Governo anunciar um estrangulamento dos cursos de filosofia e sociologia e de estimular denúncia de professores críticos. Mas os estudantes já começaram a chacoalhar as ruas para pressionar o Governo e entendo que este Congresso deve capitanear uma reação política para desfazer esse desastre”, completou. 

Renan não foi o único senador a criticar o corte de verbas na sessão dessa terça. O líder do PT na Casa Alta, senador Humberto Costa, também disparou diante da ação governista. 

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