#VazaJato: Dodge era 'entrave' para procuradores

Novo vazamento feito pelo The Intercept mostra que procuradores da Operação Lava Jato não tinham tanta afeição pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge

sex, 09/08/2019 - 16:17
Agência Brasil/Arquivo Raquel Dodge é procuradora-geral da República Agência Brasil/Arquivo

O The Intercept publicou nesta sexta-feira (9), por meio do El País, mais um vazamento da série #VazaJato, que vem expondo troca de mensagens entre procuradores da Operação Lava Jato desde o último mês de junho. Desta vez, a protagonista do conteúdo é a procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

O site de responsabilidade do jornalista Glenn Greenwald conseguiu acesso a uma conversa no aplicativo Telegram do dia 11 de março deste ano. Na ocasião, o procurador Januário Paludo falou a seus colegas da Operação Lava Jato que “o barraco tem nome e sobrenome. Raquel Dodge”.

Dodge, que representa o posto mais alto do Ministério Público, é responsável pelo comando do trabalho da força-tarefa e era vista como um entrave pelos procuradores, além de uma espécie de inimiga interna. 

De acordo com informações do Intercept, os procuradores ainda discutiram a possibilidade de repassar, de forma anônima, informações a jornalistas com o objetivo de pressioná-la a liberar ao Supremo Tribunal Federal (STF) delações, entre elas, a de Léo Pinheiro, da construtora OAS - uma testemunha-chave de casos que incriminam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Outro trecho dos vazamentos mostra uma mensagem do procurador Deltan Dallagnol, em 2018, avaliando a relação de Dodge com o ministro do STF, Gilmar Mendes. Segundo ele, Dodge “só não confronta Mendes porque sonha com uma cadeira no Supremo assim que seu mandato na PGR terminar”.

Os procuradores também se queixaram devido ao fato de Dodge ser um obstáculo incontornável “por ser dona da caneta que tanto libera orçamento à força-tarefa como envia ao Supremo os acordos de delações premiadas que envolvem autoridades com foro privilegiado, como a de Léo Pinheiro”. 

O El País procurou a assessoria de imprensa da PGR, que afirmou não se manifestar “acerca de material de origem ilícita" ou sobre acordos de delação, "que possuem caráter sigiloso". A força-tarefa da Lava Jato também disse que não faria comentários. 

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