Liberdade e declarações de Lula reforçam embate polarizado

Para fortalecer a relação com o eleitorado, o líder petista promove caravanas pelo país, enquanto Jair Bolsonaro criou seu próprio partido

por Victor Gouveia qua, 20/11/2019 - 13:50

Desde a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no último dia 8, a escancarada polarização política ganhou um novo fôlego no país. Ataques feitos pelo líder petista ao que classifica como 'lado podre', em frente a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, repeliram ainda mais as alas opostas e instigou manifestações de bolsonaristas pelo Brasil, no último fim de semana.

Ao passo que a esperança da esquerda foi renovada - percebida na multidão que esteve Festival Lula Livre, ocorrido no Recife, no último domingo (17) -, a liberdade do ex-presidente também efervesceu a insatisfação dos grupos antipetistas. "Você traz um cenário de turbilhão político que só aquece a polarização. O fato de Lula estar livre, traz esperança a uma série de lulistas, mas ao mesmo tempo traz o desgosto a uma série de antipetistas", destacou o cientista político Caio Souza.

O estudioso classifica o bolsonarismo como "um movimento de oposição a esquerda que acaba sendo fragilizado pela própria figura do presidente", e acredita que a ala não sai derrotada com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que resultou na soltura de Lula; visto que, o benefício da prisão após o esgotamento de todos os recursos estende-se a todos, inclusive, a aliados deles.

Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo

O mau do lulismo



Mesmo inelegível para 2022, sem dúvidas, o retorno de Lula fortalece as intenções da esquerda, à princípio para a retomada de prefeituras. Contudo, o destaque exacerbado da sua imagem atrapalha o processo de construção de novas lideranças. "A exaltação da figura dele, personificando a esquerda em uma pessoa é prejudicial para a própria concepção de esquerda", explicou o especialista; que continuou: "querendo ou não, o Lulismo tem esse mau. Ele causa a dependência de uma figura e uma orfandade de outros nomes que podiam se destacar na esquerda".  

Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Possível êxito de Bolsonaro

Após o atrito com os 'amigos' do PSL, o presidente Jair Bolsonaro decidiu abandonar a sigla e estrear seu próprio partido, batizado de Aliança pelo Brasil. Tal movimentação poderia enfraquecer a força do Governo no Congresso, no entanto, ele foi eleito por ser considerado uma solução contra a corrupção do PT.

Na visão do cientista, mesmo com o microfone aberto para falar "atrocidades", Bolsonaro só será enfraquecido caso os indicadores da economia não avancem. "Assim como Lula tem uma série acusações nas costas e muitas pessoas ainda o aplaudem pelos êxitos sociais que teve. Bolsonaro, por mais que as pessoas não gostem, vão aplaudi-lo se ele tiver êxito econômico", ressaltou.

Agora, resta aguardar os próximos passos dos dois líderes, Jair Bolsonaro e Lula, para observar até que ponto esse aquecimento da polarização seguirá no país e como impactará a política.

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