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A aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 simboliza os 25 anos do vestibular. Essa marca ressalta a sustentação de uma prova essencial para o país, mas com uma bagagem repleta de mudanças, adaptações e novidades ao longo destas duas décadas e meia.

No Brasil, as provas como processo seletivo em escolas, universidades e concursos já apareciam no início do século XX, segundo pesquisas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os testes continham mais perguntas escritas e orais.

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Em 1998, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do ministro da educação Paulo Renato Souza, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi criado e  mudou a realidade da educação e dos processos seletivos para o ensino superior. 

O começo 

Originalmente, a prova do Enem era resumida a uma avaliação do sistema de ensino brasileiro e foi inspirada na Conferência Mundial da Educação para Todos que aconteceu em Jomtien, na Tailândia, em 1990.

Sua primeira edição teve apenas 157 mil inscritos e a prova foi aplicada em um único dia, em 184 municípios, com 63 questões, além da redação, que, naquele ano, teve o tema “Viver e Aprender”.

A redação devia ter título e tinha apenas um texto motivador, a letra da música “O Que É O Que É” de Gonzaguinha. A parte objetiva do exame era avaliada de 0 a 100, gerando uma nota global, assim como a redação. Em 1998, uma redação poderia ser desconsiderada se houvesse fuga de tema ou de estrutura, se estivesse assinada ou se estivesse personalizada.

Apesar de surgir com intenção de medir o nível de conhecimento dos brasileiros que terminaram a escola, o Enem, em 1999, já era utilizado como seleção, mesmo que parcial, para 93 instituições de ensino. O número cresceu significativamente em 2004, com a sanção do Programa Universidade para Todos (ProUni) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

O Ministério da Educação (MEC) apresentou o programa com a finalidade de conceder “bolsas de estudos integrais e parciais a estudantes de cursos de graduação e de cursos sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior.” As instituições que aderem ao programa também recebem isenção de tributos.

Logo em 2005 o ProUni foi responsável pelo aumento significativo no número de inscritos no vestibular nacional, foram 3 milhões de pessoas, um marco histórico. Foi então em 2009 que o Enem passou pelas maiores transformações, ficando mais próximo do que conhecemos do exame hoje em dia.

Ainda presidente, Lula anunciou, junto com o ministro da educação da época, Fernando Haddad, que o Exame Nacional do Ensino Médio iria ser reestruturado para se tornar um “processo nacional de seleção para ingresso na educação superior e certificação do ensino médio”. 

“Neste ano, mais de 70% dos 4.018.050 inscritos afirmaram que fizeram o Enem para entrar na faculdade ou conseguir pontos para o vestibular. A aplicação em 1.437 municípios foi em 30 de agosto”, documenta o site oficial do Inep.

Após uma década

O ano de 2009 foi decisivo para o exame que conhecemos hoje. O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) foi estruturado e o formato do vestibular mudou. Agora, as 63 questões se tornaram 180, com 45 perguntas para cada área do conhecimento - ciências humanas, ciências da natureza, matemática e linguagens, e redação. Naquele ano, a aplicação também passou a ser em dois dias.

“Além disso, as matrizes de referência são reformuladas com base nas Matrizes de Referência do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). Nesta edição, 4.138.025 pessoas se inscreveram no Enem, aplicado em 5 e 6 de dezembro, em 1.830 cidades”, destaca a página do Inep.

Porém, o ano não foi apenas de boas notícias, a edição de 2009 é sempre lembrada pelo vazamento da prova ainda na gráfica, o que resultou no cancelamento da aplicação e uma nova data foi marcada. O escândalo prejudicou mais de 4,1 milhões de estudantes inscritos.

Na nova data marcada após a turbulência com o Enem, muitos candidatos desistiram de fazer a prova. O momento se tornou um dos maiores índices de abstenção da história do exame, com 37,7% ausentes. Os que fizeram o vestibular tiveram outra dor de cabeça: a divulgação de gabaritos veio com erros e os corretos só foram publicados dias depois.

Os acontecimentos serviram de experiência para a edição de 2010, quando as notas do Enem se tornaram aceitos pelo Financiamento Estudantil (Fies). Foi nesta edição que o Inep começou a coletar dados sobre deficiência ou condição especial dos inscritos. Ao todo, 20.413 candidatos conseguiram recursos de acessibilidade para aplicação do vestibular.

A nota do exame nacional passou a ser mais abrangente nos anos de 2013 e 2014. Quase todas as instituições brasileiras aceitavam o Enem como critério de ingresso e, logo em seguida, as universidades de Coimbra e Algarve, em Portugal, também começaram a receber estudantes pela nota do Enem.

Com o passar do tempo, a aplicação se tornou mais popular e a segurança teve que ser maior. Uso de detectores de metais, como conhecemos hoje, surgiu em 2016 para se juntar à sacola de guardar objetos e garantir que a prova aconteceria sem fraudes.

O Enem

Prestes a completar duas décadas de existência, a edição de 2017 é uma das mais importantes da história do vestibular, pois o governo realizou uma consulta pública com a população para buscar melhorias na sua forma de aplicação.

A mudança mais marcante e que prevalece até hoje são os dias de realização da prova. Antes, os dois dias de provas eram seguidos: sábado e domingo. Após a pesquisa, os dias foram divididos em uma semana: dois domingos seguidos.

As questões também passaram por mudanças. De 2009 a 2016, o primeiro dia contava com perguntas sobre ciências humanas e ciências da natureza, enquanto o segundo dia tinha matemática, linguagens e redação. Agora, o primeiro dia é dedicado para ciências humanas, linguagens e redação, e o segundo dia para matemática e ciências da natureza.

“O exame ficou ainda mais acessível com a estreia da videoprova em Libras para surdos e deficientes auditivos. Outra novidade foi a estreia da prova personalizada com nome e número de inscrição do participante, e a adoção de novo recurso de segurança: identificador de receptor de ponto eletrônico. As mudanças impulsionaram, ainda, a criação de um novo logotipo e um novo Site do Enem. O Inep registrou 6.763.122 inscrições”, ressalta o Instituto.

Hoje, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) completa 25 anos sendo um dos vestibulares mais reconhecidos no mundo, que democratiza a educação e o acesso ao ensino superior. A edição de 2023 teve 3,9 milhões de inscritos e o tema “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.

“Qualquer pessoa que já concluiu o ensino médio ou está concluindo a etapa pode fazer o Enem para acesso à educação superior. Os participantes que ainda não concluíram o ensino médio podem participar como “treineiros” e seus resultados no exame servem somente para autoavaliação de conhecimentos”, documenta o site de apresentação do exame.

A professora de preparatório para o Enem Tereza Albuquerque explica que a principal mudança do Enem nesses anos foi na sua estrutura. As perguntas se tornaram mais interdisciplinares e capilares. Anteriormente, a prova era “mais conteudista e tinha uma segunda fase”. 

“O Enem exige uma prova mais interdisciplinar. Então isso é muito importante, porque o aluno não tem que ter só o conteúdo, ele tem que saber fazer pontes entre a questão que ele está fazendo ali, por exemplo, com outras áreas de conhecimento, como física, química, biologia, língua portuguesa. Então isso é o que o Enem traz de mais especial”, explica a docente.

Albuquerque reforça a oportunidade que o vestibular dá para todos os estudantes em nível nacional, através do SiSU, como uma porta de entrada para a universidade. Para a profissional, em relação ao formato da prova, nestes 25 anos de existência “o Enem está de parabéns”.

O Google está comemorando, nesta quarta-feira (27), seu 25º aniversário com um doodle especial. A Google Inc. foi constituída em 4 de setembro, mas há mais de uma década comemora seu aniversário no dia 27. Nesta data, a multinacional fez um “passeio pela estrada da memória” e exibiu seus diferentes doodles através da história, para marcar a ocasião. O GDoodle de hoje vem com um GIF que transforma "Google” em “G25gle”. A empresa de tecnologia disse que está aproveitando este dia como um “momento para refletir” ao mesmo tempo em que se orienta para o futuro. 

"O Doodle de hoje comemora o 25º ano do Google. E embora aqui no Google estejamos orientados para o futuro, os aniversários também podem ser um momento para refletir. Vamos dar um passeio pela estrada da memória para saber como nascemos há 25 anos", escreveu o Google em seu blog. 

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O buscador foi fundado pelos estudantes de doutorado Sergey Brin e Larry Page, que se conheceram no programa de ciência da computação da Universidade de Stanford no final dos anos 90. Os dois descobriram que partilhavam uma visão semelhante – tornar a World Wide Web um lugar mais acessível. A dupla trabalhou em seus dormitórios para desenvolver um protótipo de mecanismo de busca aprimorado. 

“À medida que avançavam significativamente no projeto, transferiram a operação para o primeiro escritório do Google — uma garagem alugada. Em 27 de setembro de 1998, o Google Inc. nasceu oficialmente. Muita coisa mudou desde 1998 — incluindo o nosso logotipo visto no Doodle de hoje — mas a missão permaneceu a mesma: organizar a informação do mundo e torná-la universalmente acessível e útil. Bilhões de pessoas de todo o mundo usam o Google para pesquisar, conectar-se, trabalhar, jogar e muito mais! Obrigado por evoluir conosco nos últimos 25 anos. Mal podemos esperar para ver aonde o futuro nos levará, juntos”, conclui a empresa em carta aberta aos usuários. 

No próximo dia 22, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) completa 25 anos. Para o professor de Engenharia de Transportes do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Rômulo Orrico, o documento mudou o cenário no trânsito, colocando prioridades muito claras para pedestres, motoristas, ciclistas e motociclistas, ordenando o uso de vias e rodovias. 

“Neste sentido, ele foi um baita de um avanço em relação ao que nós tínhamos”, disse. A criação da pontuação na carteira nacional de habilitação (CNH) foi também muito importante, afirmou o professor para a Agência Brasil.

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A legislação endureceu as penalidades e as multas para motoristas imprudentes e embriagados e ainda os obrigou a fazer curso antes de dirigir. “A regra é muito positiva”, opinou. No interior do país, contudo, e em grandes condomínios de classe econômica alta, ainda são vistas grandes falhas. “É comum encontrar desrespeito ao código. É preciso mudar alguns comportamentos”, sugeriu.

Lei seca

Para Rômulo Orrico, o CTB melhorou a segurança e deu margem, por exemplo, para que fosse criada a lei seca. Em relação ao cinto de segurança, pesquisa feita no âmbito da Coppe, antes da obrigatoriedade do cinto, em 1989, mostrava que apenas 2% a 4% das pessoas usavam o acessório corretamente. 

“Hoje, a gente estranha se alguém está sem cinto”, observou. Advertiu, contudo, que algumas pessoas ainda resistem a cumprir a norma, que estende o uso do equipamento ao banco traseiro dos veículos. “É muito comum o não uso. Acho que hoje depende muito de fazê-lo aplicar, de educar para que as pessoas se conscientizem de que aquilo é uma medida importante para suas vidas”, argumentou.

Em relação às bicicletas, o código estabelece que não devem ser usadas nem na calçada, nem na contramão, ”mas é uma coisa que a gente vê com frequência”. Orrico frisou que se vê um movimento ativista de uso da bicicleta muito importante, com muita ação positiva em termos de redução de velocidade e ciclovias, mas ainda se encontra um comportamento bastante adverso que é usar a bicicleta na contramão e sobre a calçada.

Ele disse que é preciso educar mais a população sobre as regras do trânsito e fazer avançar o cumprimento das leis. A grande maioria dos motociclistas, por exemplo, insiste em andar entre veículos nas ruas e rodovias. 

“É contra a lei. O CTB diz que - para um carro ultrapassar outro - é necessário deixar, no mínimo, um metro de afastamento lateral. Se uma motocicleta passa entre dois carros, ela não consegue botar um metro para cada lado. Isso é grave. Em São Paulo, é perigosíssimo. O curioso é que a velocidade caiu, talvez devido ao aumento da frota em circulação e engarrafamentos, mas o perigo continua e nem sempre é possível anotar a placa das motos. É mais um comportamento temerário do que a velocidade”, salientou.

Mais rigor

O professor da Coppe/UFRJ elencou, ainda, entre os pontos positivos do Código de Trânsito Brasileiro, a questão da segurança no trânsito. Ele acredita que um maior rigor com os condutores contribuiu para reduzir o número de acidentes. 

“Acho que podia ser maior ainda (o rigor), porque existe um comportamento muito egoísta em relação, por exemplo, às infrações cometidas detectadas eletronicamente pelos pardais eletrônicos”. Para ele, o rigor é importante e, se houve infração, “é fazer cumprir a lei”.

O CTB é um processo de educação e de ação pública importante, mas é preciso que a multa chegue rápido, opinou. Estudo feito em Nova York, em 2010, apontou que, naquele ano, houve menos mortes de trânsito na cidade do que há um século. Isso ocorreu devido ao programa de tolerância zero e mudança de engenharia de tráfego, ajustando semáforos e a circulação de veículos, além de educação no trânsito. “Os americanos têm uma lógica muito forte de policiamento e de punição também, um julgamento muito rápido”, justificou.

O professor Orrico propôs a criação eventual de uma justiça de trânsito no Brasil, tendo em vista o aumento da frota de veículos no país, que já alcançou 100 milhões, incluindo motos. “Que não fosse tolerante com mortes no trânsito, com motoristas bêbados. Que julgasse rápido”, disse. Frisou que é preciso ter rapidez nessas questões. “Se a justiça tarda, ela é pouco eficaz”.

Fiscalização

Ele defende a necessidade de retomar as ações de fiscalização e de educação e voltar a ter um controle de velocidade nas estradas brasileiras, para não haver sensação de impunidade. Outro cuidado muito grande que se deve ter é com as motocicletas, tendo em vista o crescimento acentuado da frota, em paralelo ao aumento de acidentes e de mortes, inclusive de pedestres, por motocicletas. Outro problema das motos é a sensação de impunidade, na medida em que a velocidade impede que se anote a placa do veículo.

Para diminuir o problema, ele sugeriu que o Brasil poderia adotar o exemplo da Colômbia, que estabeleceu a política de obrigatoriedade do uso de colete e capacete com as placas escritas para proteção da segurança civil. Isso significa que o motorista e o veículo são identificáveis e podem ser multados. 

A sensação de impunidade fica mais difícil, ponderou. Outro efeito secundário é a diminuição da quantidade de roubos e furtos de motocicletas. “Não zera, mas reduz e inibe”. O Brasil poderia adotar essa medida para a segurança viária, alertou.

Ele disse, a seguir, que as autoridades têm que discutir também como as novas tecnologias podem ajudar a ter um trânsito mais eficiente e mais seguro, e com maior qualidade. Para que as coisas melhorem, é preciso usar tecnologia da informação e engenharia social, além de discutir como essas tecnologias podem ajudar diversas formas de transportes úteis para a sociedade.

Educação

A futura professora do Departamento de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, Marina Baltar, que deve ser nomeada ainda este mês, afirmou que o CTB é bem completo porque pensa tanto na educação da população como na fiscalização do trânsito. 

Para ela, muitas vezes há críticas por ele buscar essa educação somente via punição financeira. “Mas a gente vê que é um resultado positivo quando se pensa em velocidade. O que termina funcionando é quando a gente implanta radar e nota que as pessoas passam a respeitar”, disse.

O CTB é atualizado de forma permanente. Marina apontou mudanças favoráveis, como a implantação da lei seca, que foi algo que veio já com o código em curso e que mudou muito a realidade. Ela acredita que o Rio de Janeiro é um dos lugares em que a lei seca mais funcionou. Houve maior mudança no comportamento das pessoas, principalmente nas cidades. 

Para o futuro, ela acredita que é necessário pensar em segurança viária. Hoje se busca, constantemente, nos estudos e na prática, a redução de mortes no trânsito. É preciso entender melhor o que está levando a essas mortes e buscar legislar em cima disso, sugeriu.

Marina concordou com o professor Orrico no sentido de trazer para o Brasil, na área de motociclistas, a obrigatoriedade de os condutores usarem capacetes e coletes com o número da placa estampado, porque a medida contribuiria para reduzir o número de acidentes e facilitaria a identificação dos motoqueiros e dos veículos. “É uma ideia interessante”, frisou.

Para que o CTB seja cumprido em todos os seus regulamentos, a professora defendeu que o ponto mais crítico é que haja expansão da fiscalização. “A gente tem a lei, mas precisa colocá-la em prática”. 

Nas cidades maiores, até os motociclistas têm o costume de usar capacete, mas, no interior do Brasil, há pouco uso, que se atribui à falta de maior fiscalização, como a que gerou mudança na população com o cinto de segurança. “Foi com muita campanha e muita fiscalização. Hoje, parece que virou costume. A gente precisa conseguir isso agora no banco de trás, para que vire um costume na população”, observou.

Marina Baltar é formada em engenharia civil pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com mestrado e doutorado em engenharia de transportes pela Coppe. De 2012 a 2018, atuou na Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), cuidando do planejamento e execução dos planos de mobilidade dos grandes eventos e grandes obras da cidade, como Copa das Confederações, Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 e obras do BRT Transbrasil.

Novas regras

Entre as novas regras de trânsito que entram em vigor este ano, está a multa por excesso de peso. Os fabricantes de veículos de carga deverão informar na estrutura dos veículos o limite técnico de peso para cada modelo. Quem estiver trafegando com peso acima do permitido receberá multa de R$ 130,16, além de receber quatro pontos na carteira nacional de habilitação.

Para pessoas jurídicas que não identificarem o condutor que cometeu uma infração no veículo de uma empresa, a multa equivalerá ao dobro do valor da multa original. Ou seja, se um condutor cometer uma infração grave, terá multa de R$ 195,23, mas essa multa por não identificação antecipada do motorista pela empresa será o dobro, ou seja, R$ 390,46.

Outra nova regra do CTB diz que a carteira nacional de habilitação não pode ser suspensa ou bloqueada em situações em que o condutor esteja em processo de defesa prévia, por exemplo, durante a suspensão ou cassação. Com isso, o condutor não perde o direito de dirigir até o final do processo.

Outro mecanismo que entrará em vigor este ano é relativo à idade do motorista. A regra estabelece que a validade da carteira nacional de habilitação (CNH) é inversamente proporcional à idade do condutor, ou seja, quanto mais jovem, por mais tempo valerá a CNH. Com isso, condutores com até 49 anos de idade terão a carteira válida por 10 anos, enquanto motoristas entre 50 e 69 anos terão de renovar a CNH a cada 5 anos. Já os condutores com 70 anos ou mais precisarão fazer a renovação a cada três anos.

As aventuras de seu pirata do chapéu de palha conquistaram milhões de fãs em todo o mundo por um quarto de século: o mangá "One Piece" comemora seu 25º aniversário antes de iniciar a reta final de sua intriga sem fim.

Após um hiato de um mês, é hora de dar início ao arco final da obra a partir de 25 de julho na famosa revista semanal Shonen Jump, da editora Shueisha, onde os novos capítulos de "One Piece" são publicados no Japão.

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"Vou começar a apresentar todos os segredos deste mundo que eu mantive escondido", alertou seu autor, Eiichiro Oda, em uma mensagem manuscrita postada no Twitter. "Vai ser divertido. Por favor, apertem o cinto de segurança".

Desde a publicação do volume 1 em 1997, a caça ao One Piece, tesouro cobiçado por todos os piratas e principalmente por Luffy, herói da série, já soma mais de 100 volumes e multiplica recordes de vendas.

Com 490 milhões de cópias vendidas, Eiichiro Oda, de 47 anos, entrou inclusive para o Guinness na categoria de "maior número de cópias de uma mesma história em quadrinhos publicada por um único autor".

Suficiente para fazer seu 25º aniversário, dos Estados Unidos à França, o segundo maior mercado de mangá e animação japonesa, um evento global com ares de consagração.

"'One Piece' é hoje não apenas um dos maiores mangás do mundo, mas uma das maiores obras em escala cultural, todos os setores combinados", estima Chedli Ben Hassine, criador de conteúdo especializado em cultura pop com 1,7 milhão seguidores no TikTok.

- Adaptação na Netflix -

Como explicar tal reconhecimento?

"O que torna este mangá tão especial é acima de tudo o roteiro", diz Ryuji Kochi, presidente da Toei Animation para Europa, Oriente Médio e África, a empresa japonesa que produz a série animada desde 1999.

Industrialização, racismo, escravidão, intrigas geopolíticas... Além dos temas abordados e seus personagens cativantes, o imenso universo de "One Piece" é atravessado por referências culturais e geográficas (Egito antigo, Veneza, Japão medieval...) que lhe dão uma dimensão universal.

"Ao propor universos totalmente diferentes, o autor permite que o leitor nunca se aborreça com a narrativa. Tudo isso faz com que tenhamos uma epopeia que dura muito tempo mas que não podemos dizer que gira em círculos", estima Benoît Huot, gerente editorial de mangá da editora Glénat, por ocasião do lançamento do 100º volume na França no ano passado.

Enquanto a trama ainda promete muitas reviravoltas, o que falta em "One Piece" para atingir um público ainda mais amplo além dos fãs de animação japonesa, como sagas como "Star Wars" ou "Harry Potter"?

"Embora a cultura japonesa seja hoje muito bem exportada, ainda está longe da influência das criações ocidentais, impulsionadas por um mercado muito grande, e por todo o 'soft power' que uma grande máquina como Hollywood coloca em nível industrial", explica à AFP Julien Pillot, economista especializado em indústrias culturais.

O lançamento na Netflix, plataforma de streaming com mais de 200 milhões de assinantes, de uma série adaptada do universo de "One Piece" deve ajudar, acreditam seus produtores.

"A história nos mostrou que Hollywood teve todos os problemas do mundo para adaptar mangás. Todos nós temos em mente o desastre da adaptação de 'Dragon Ball', artística e comercialmente", lembra Pillot.

"Se a Netflix puder fazer um produto de alta qualidade que capture o espírito único de 'One Piece', seria um ótimo começo".

Há 25 anos entrava em vigor o Acordo Internacional sobre Proibição de Armas Químicas. 165 países são signatários do acordo atualmente, como as principais potências militares do mundo  e, em 2013, cerca de 78% do estoque (declarado) de armas químicas do mundo foi destruído. Mas o que são as armas químicas?

A definição atual estipula que armas químicas são substâncias tóxicas que podem levar à morte ou causar lesões permanentes, seja em seres humanos ou animais. O modo de espalhar a substância também é importante para a definição.

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No caso das armas químicas, o poder destrutivo não está relacionado à explosão, como as bombas, mas sim à capacidade de gerar reações em organismos e que podem ser fatais. Mesmo sendo absorvida pela pele, boca e mucosas, o principal modo de envenenamento por armas químicas é a respiração, isso porque essas armas geralmente estão em forma líquida e são pulverizadas para atingir maiores áreas.

As armas químicas estão divididas em cinco categorias:

Agentes neurotóxicos: os agentes neurotóxicos são chamados assim pois atuam no nosso cérebro (sistema nervoso central) e provocam graves efeitos. O principal representante desta categoria é o Sarin (usado na Síria em agosto de 2013 e abril de 2017)

Agentes sufocantes: são substâncias que agem nos pulmões. O principal representante deste grupo é o cloro. A inalação deste gás causa a sensação de queimação nos olhos, nariz e garganta. O cloro aumenta a quantidade dos fluídos no pulmão e a pessoa pode morrer tendo a sensação de estar afogada.

Agentes sanguíneos: são nomeados assim pois o composto é transportado na corrente sanguínea até as células e bloqueia a respiração celular. O principal composto desta categoria é o cianeto. Foi o principal gás usados nas câmaras de gás na 2ª Guerra Mundial (Holocausto).

Agentes vesicantes: este composto ao entrar em contato com a pele provoca bolhas na pele, além de efeitos nos olhos e no sistema respiratório. O principal representante dessa categoria é o conhecido “gás mostarda”, nomeado pelo seu odor característico.

Toxinas: são extraídos de microorganismos. Um dos componentes desta categoria é a ricina, composto extraído da mamona.

Três pontos para entender a proibição das armas químicas

1 - Convenção internacional

A imensa maioria dos países abriu mão de usar armas químicas por um tratado multilateral assinado em 1993, em Paris. A Convenção de Armas Químicas (CAQ) foi assinada por 191 países membros, representando 98% da população mundial.

Apenas quatro países, Coreia do Norte, Angola, Egito e Sudão do Sul não assinaram nem ratificaram a convenção, embora o Sudão do Sul já tenha manifestado interesse em assiná-lo. Israel assinou o acordo em 1993, mas não ratificou o acordo no parlamento.

2 - Mortes indiscriminadas e sofrimento inútil

As armas químicas continuam sendo um tabu principalmente por estarem associadas aos sofrimentos e desastres que sua utilização em massa causou durante a Primeira e Segunda Guerras Mundiais.

Além disso, as armas químicas são consideradas um método que mata indiscriminadamente, pois atingem tanto militares quanto civis. Bombas, morteiros apontam para um alvo em específico, já litros de gás podem se espalhar com o vento por centenas de quilômetros.

3 - Uso desastroso em guerras

As armas químicas foram associadas a experiências desastrosas em guerras. Em abril de 1915, perto de Ypres, na Bélgica, o exército alemão pulverizou uma nuvem de cloro nas linhas inimigas, causando a morte de 15 mil soldados. Já na segunda guerra, os agentes sanguíneos foram usados nas câmaras de gás do regime nazista. Foi preciso esperar os anos 1980 e a utilização de armas químicas por parte do Iraque contra o Irã para se chegar à assinatura da Convenção de Paris (1993) e a proibição total da preparação, fabricação, armazenamento e utilização de armas químicas.

Por Matheus de Maio

Foi em meio a risadas de uma mãe em pleno trabalho de parto que veio ao mundo aquele que, para muitos, é o maior dos poetas do rock brasileiro. De tão inusitado, o caso chegou a ser analisado por um comitê de médicos, conforme lembra a própria mãe. “Ninguém acredita, mas eu dei a luz dando risadas, enquanto me dava conta de que o parto seria bem mais fácil do que dizia uma guria que fez curso de pré-natal comigo”, lembra Carmen Manfredini, dona Carminha – a mãe que trouxe ao mundo o pequeno Júnior, mais conhecido como Renato Russo.

Renato Manfredini Júnior morreu há exatos 25 anos, completados neste 11 de outubro. Sua obra, no entanto, continua viva e atemporal para aqueles que tanto se identificam com suas letras e reflexões sobre a “tchurma”, termo que ele costumava usar para o grupo de amigos com quem conviveu a adolescência e a juventude; sobre as cidades onde viveu, em especial, a musa Brasília dos anos 70 e 80; sobre o Brasil; e sobre os sentimentos que fazem, de cada um de nós, humanos.

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Parte das lembranças e memórias deixadas por Junior a sua família e pelo Renato “Manfredo” aos amigos foram contadas com exclusividade à Agência Brasil por familiares, amigos, músicos e profissionais que tiveram o privilégio de conhecer, de perto, a pessoa, o artista e a obra de Renato Russo, líder da Legião Urbana.

Júnior

“Foi uma gravidez e um parto tranquilíssimos, apesar da minha inexperiência. Não tinha a menor ideia de nada sobre isso, motivo pelo qual fiz um curso de pré-natal. E me assustava quando diziam que eu sentiria muita dor e que seria necessário fazer muita força para o bebê nascer. No entanto, bastaram três ou quatro contrações para ele pular fora. Em meio às contrações, eu não parava de rir ao lembrar disso. Foi uma sensação muito boa”, conta dona Carminha ao recordar o marcante 27 de março de 1960.

A mãe do poeta que acabara de nascer diz que seu filho sempre foi “um menino fora de série”, que “não criava caso com nada”, a ponto de sequer precisar de babás ou empregadas. “Era um menino exemplar, excepcional no colégio, alegre, comunicativo e brincalhão, principalmente com os primos e com a irmã”, acrescenta. “E assim foi até entrar no bendito rock”, complementa em tom de brincadeira, uma vez que, até o final da vida, Renato continuava sendo, para a mãe, “o rapaz doce que sempre foi”.

O gosto pela música já se manifestava quando ele tinha seis ou sete meses de idade, ainda dentro do berço onde, entre os brinquedos, havia um pequeno rádio de pilha tocando “as músicas brasileiras de ótima qualidade da Rádio Tupi”.

“Um dia, me deparei com ele em pé, pulando e segurando na grade do berço. Eu fiquei preocupada, mas a cara dele era alegre. Descobri que era por causa da música porque, quando eu tirava o rádio da cama, ele chiava. O rádio foi a melhor babá que podia existir para meu filho”, recorda dona Carminha.

Livros e discos foram objetos muito presentes na vida do Júnior. “O pai [Renato Manfredini] também era intelectual. Aos domingos, ficávamos todos em uma saleta, cada um com um livro na mão. Escutávamos músicas clássicas e músicas americanas que estavam na moda, em uma vitrola baixa daquelas com pé palito”.

Um dia, os Manfredini foram surpreendidos ao verem o Júnior, aos 2 anos, tirando um disco da vitrola e, com todo cuidado, colocando-o certinho na capa correspondente.

“Não tinha nada na capa. Só nome de artista. Em seguida, ele pegou outro disco e o colocou na vitrola. Ficamos muito impressionados porque ele era muito pequenino para fazer aquilo. Dali em diante, sempre que queria ouvir música ele ia lá colocava o que queria. E sempre guardando na capa certa”, detalha dona Carminha.

“Nunca contei isso a ninguém da família porque achava chato esse negócio de historinha bonitinha de filho”, acrescentou.

"Opípero"

Aos 5 anos, o pequeno Renato escreveu seu primeiro livro. “Um livrinho com ilustração e índice. Era a história de um príncipe que tinha ido no castelo para um jantar ‘opípero’. Eu me surpreendi porque não conhecia essa palavra. O pai então me explicou que era um ‘jantar grandioso, com muita comida’. Aprendi essa palavra com meu filho”.

Uma outra pessoa que aprendeu muita coisa com o Júnior foi a irmã, Carmen Teresa. “A coisa mais marcante que tenho do meu irmão é o fato de ele gostar de me explicar as coisas. Principalmente a parte cultural: literatura, música, arte, teatro, cinema. Aprendi quase tudo com ele. E também as preocupações que ele tinha com relação à carreira que eu iria escolher. Aquela história do ‘o que você vai ser quando você crescer?’. Ele era muito atento ao que me interessava”, lembra Carmen Teresa que, hoje, é professora de inglês e cantora.

As primeiras lembranças que tem do irmão são de cuidados, proteções e as manifestações de afeto e carinho tanto com ela quanto com a mãe. “Mas ele sempre foi muito generoso com todas as pessoas. Tinha uma empatia fora do comum. Era uma pessoa boa, honesta e muito espiritualizada. Ouvia e seguia a própria consciência como ninguém. Inclusive com relação à música. Ele jamais faria música por dinheiro”.

Ainda é cedo, Mônica!

Essa personalidade “doce” se manifestava também na vida amorosa, principalmente com as namoradas. “Sim, ele namorou muito com mulheres, e sempre de uma forma muito respeitosa”, diz a irmã. Segundo Carmen Teresa, Renato tinha uma predileção por mulheres de personalidade forte, a exemplo da personagem Mônica, da música Eduardo e Mônica, e da personagem cantada na música Ainda é Cedo.

“Ele não se sentia atraído por mulheres submissas ou dependentes, e isso também pode ser percebido na música Submissa, dos tempos de Aborto Elétrico, quando ele usa a palavra ‘submissa’ até em tom depreciativo. As amigas e namoradas dele, em geral, eram mais velhas e inteligentes, já com personalidade e carreira própria”.

Na opinião da irmã, Renato gostava de se relacionar tanto com homens quanto com mulheres. “Meu irmão era, na verdade, bissexual. Essa impressão foi inclusive corroborada pelo psiquiatra dele, de que o Renato queria, até do ponto de vista artístico, levantar a bandeira em favor da liberdade de as pessoas serem o que quiserem ser”.

Marcelo Beré, o amigo

Um dos grandes amigos do Renato já dos tempos de Manfredo foi o ator e “palhaço muito sério”, integrante do premiadíssimo Circo Teatro Udi Grudi, Marcelo Beré, que atualmente faz pós-doutorado sobre “excêntricos musicais” na Universidade de Londres.

A exemplo da irmã de Renato, Beré diz que Renato levantava bandeiras que estavam à frente de seu tempo. “Renato sempre falava que era pansexual, e que transava com a natureza, com o rio, com homem e mulher ou com tudo que despertasse nele o tesão pela vida e por estar aqui e agora. Nunca tive problema nenhum com as opções que ele fez da vida. Desde que tivesse algum tipo de prazer ou até mesmo romance, eu acho que fazia bem a ele”.

Uma outra bandeira levantada por Renato foi contra alguns movimentos radicais de jovens que começavam a aparecer na capital do país. “O Renato era extremamente antifascista e sempre foi um lutador de causas antifascistas. Teve muitos problemas com skinheads e neonazistas da época. Era uma posição política que ele sempre teve, e uma clareza que quase anteviu o presente do Brasil. Tudo que está acontecendo hoje faz parte das piores previsões dele”, recorda Beré.

Os dois amigos se conheceram por meio da Léo Coimbra, irmã da Nice com quem Beré era casado à época. As duas irmãs foram, com seus respectivos maridos (Fernando Coimbra e Marcelo Beré), fonte de inspiração para a música Eduardo e Mônica.

Sábio, precoce e culto

A amizade entre Manfredo e Beré nasceu em uma noite conturbada. “Eu estava enamorado com uma mulher que estava em meio a um processo de separação. Estava na casa dela, quando o marido entrou e tive de sair quase como um fantasma. Cheguei no bar Adrenalina e encontrei o Renato. Passamos a noite juntos conversando sobre vida, morte e sobre o risco que eu havia acabado de correr. Falamos também sobre sexualidade, música, poesia. Vimos que tínhamos muito a ver. Foi ali que começou uma amizade que durou a vida inteira”.

Beré descreve o Renato como uma pessoa “extremamente gentil quando queria ser”, além de “sábio, precoce e culto”. “Tinha lido muito, tinha muitas referências e uma imaginação extremamente privilegiada, além de uma forma incrível de entregar e articular ideias. Desde o começo, nossa amizade foi regada a muitos papos cabeça e muitas trocas extremamente interessantes”.

Acrilic on Canvas

Esses “papos cabeça” entre Renato e Beré foram inclusive matéria-prima para alguns dos grandes sucessos da Legião Urbana. Em especial, Acrilic on Canvas, a música predileta da irmã de Renato e um dos grandes hits de Dois, o segundo disco da banda.

“Acrilic on Canvas, ele fez logo depois de uma noitada na minha casa. Eu morava no final da Asa Sul, em uma casa que ele adorava frequentar. Ficava mais lá do que na casa dos pais. A gente fazia comida juntos e ficava por ali a noite inteira. Eu pintava muito nessa época, e tinha vários cavaletes. Minha casa era um ateliê”, lembra o multiartista.

“Passamos a noite inteira conversando sobre a história da arte. Falamos de várias obras e de vários assuntos ao longo da noite inteira, com ele me vendo preparar tintas, têmpera e telas.”

Renato então pegou um táxi no meio da noite e saiu. “No dia seguinte, ele me liga e pede que eu ouça o que ele havia escrito. Leu a letra inteira de Acrilic on Canvas. Eu fiquei impressionado. Disse que ele foi fundo e que tinha pego o lado mais poético do nosso papo”, relata Beré.

Tempos depois, Renato mostrou a melodia colocada em cima da letra. “Eu imaginava que seria um rock pesado ou algo mais punk. Ele, pelo contrário, apresentou uma música extremamente melódica. Fiquei super emocionado porque astralmente havia, ali, uma parceria. Ele era uma esponja. Era capaz de absorver o momento e traduzi-lo em música e poesia”.

Processo de composição

A amizade entre os dois possibilitou a Beré conhecer a fundo o processo de composição de Renato Russo. “Ele pagava um preço muito alto para poder frequentar os abismos mais profundos e trazer à luz [o que vivenciava e sentia]”.

Renato era bastante metódico. Um hábito dele era o de carregar, o tempo todo, um caderninho de anotações. “Ele tinha a genialidade de pegar frases que os amigos falavam, ou o que escutava em uma mesa de bar; ou mesmo o que lia em um livro. Eu o vi compondo Pais e Filhos, no Rio de Janeiro. Ele me chamou para o estúdio, que era em Botafogo. Enquanto o Dado [Villa Lobos, guitarrista] e o Marcelo Bonfá [baterista] ensaiavam ritmos e passavam músicas, o Renato, em um balcão, pegava várias páginas picotadas desses caderninhos e fala assim: ‘quer ver como é que eu faço uma música?’ Foi colocando essas frases uma seguida da outra, quase em um processo dadaísta de construção e composição. Assim nasceu Pais e Filhos. Uma coletânea de anotações do dia a dia”.

Ver a dimensão que as músicas e as poesias do amigo iam ganhando era algo que orgulhava Marcelo Beré. Mas a experiência que ele aponta como a mais emocionante ocorreu em uma atividade coletiva no Centro de Ensino Fundamental Caseb, escola onde Beré dava aula. “Os alunos cantaram Faroeste Caboclo, uma música imensa, inteira. Foi uma das experiências mais emocionantes que já tive porque eu ouvi uma das primeiras vezes que essa música foi cantada, na minha casa”, lembra Beré.

“Renato pegou um violão Gianinni vermelho que eu tinha, de criança e que acabou ficando com ele, e disse que fez uma música estilo Bob Dylan, com mais de 15 minutos. Eu disse que ele nunca ia conseguir gravar a música. Ele então sentou no jardim e começou a cantar. Um monte de vizinho foi chegando e sentando na grama. Ao final, todo mundo ficou pirado. Depois, a primeira vez que apresentou essa música em Brasília foi no teatro da Escola Parque. Quando começou a parte final, que vai esquentando, parecia que a escola ia desmoronar, tamanha comoção”.

Primeiro guitarrista

Primeiro guitarrista e fundador da Legião Urbana, Kadu Lambach – ou Eduardo Paraná, como Renato gostava de chamar, também tem muitas memórias com o parceiro musical e amigo.

Ele acaba de lançar o livro Música Urbana: O Início de uma Legião, onde, com a ajuda do jornalista André Molina, fala sobre o período de fundação da banda, além de apresentar composições e textos inéditos de Renato Russo, “guardados há mais de 30 anos em um baú”.

Entre as pérolas do livro, está a letra daquela que foi a primeira música da Legião Urbana, chamada Provençal das Quadras. Música que, segundo Paraná, só teve sua parte instrumental concluída após a morte do amigo.

O lançamento do livro será transmitido hoje (11) do palco do Hard Rock Cafe em Curitiba, via YouTube, Facebook e Instagram @kadulambachoficial, a partir das 19h30.

Instrumentista como poucos, “Paraná” foi citado nos quadrinhos do encarte do álbum Que País É Este como o "grande ídolo dos anos 70" que teria deixado a Legião "para estudar violão clássico em São Paulo” – e que, por isso, deveria ter "problema em casa".

Sobre a saída, Paraná diz que precisava desenvolver sua musicalidade, mas que, naquela época, não encontrava professores em Brasília e que tinha ouvido falar de um “conservatório muito bacana” em Tatuí.

“Saí da banda porque eu queria tocar uma música chamada O Cachorro, um instrumental muito bom que tinha compasso 6/8 que depois virava um 4/4. Realmente não tinha nada a ver com a estética punk. Musicalmente, eu precisava me desenvolver como artista, mas lembro que, logo depois, já em Tatuí, meu pai enviou uma reportagem enorme falando da Legião Urbana. Ali eu senti que a Legião ia explodir para o Brasil inteiro”.

Influências

A Legião, mesmo com seu minimalismo, influenciou a formação do virtuoso Kadu Lambach. “Vi o Renato chegar em um nível tão alto que eu pensei, comigo, que, como instrumentista, eu preciso chegar também em um nível alto, inclusive para justificar minha saída da banda. Achei muito bacana ele ter colocado o sarrafo lá em cima. Essa foi a maior influência na minha vida”, disse à Agência Brasil o músico que já tocou com Belchior, Tunai, Márcio Montarroyos, Arthur Maia, Jane Duboc e Victor Biglione, entre outros. Uma de suas composições, inclusive, foram gravadas pelo ícone do jazz mundial Stanley Clarke.

As primeiras impressões sobre as músicas do Renato, no entanto, passam longe do aspecto técnico que desde cedo atraíam o musicista – o que, segundo ele, não tornou a experiência menos marcante.

“Conheci o Renato na banda Aborto Elétrico, na peça O Último Rango, na 308 sul. Depois, vi uma apresentação no Colégio Marista, onde eu estudava. Fiquei impressionado porque soava como o Sex Pistols da época. Os músicos não tinham técnica, mas tinham uma energia muito forte e equivalente à da banda inglesa. Lembro de ter ficado muito impactado ao ouvir Que País É Este”, recorda Kadu “Paraná” Lambach.

Dias depois, após uma apresentação no projeto Concertos Lago Norte, veio o convite de Renato, para que o ajudasse a formar uma nova banda. “Ele me chamou em um sábado e, na segunda-feira, já estava montando uma agenda de ensaios super profissional. Achei bacana da parte dele. Fizemos praticamente todos os 25 ensaios previstos, fora os ensaios a dois violões. Gravamos todos os ensaios, e ele não perdia uma ideia. Pegava as ideias, ia para casa e já trazia no outro ensaio as músicas prontas. Essa era a velocidade do Renato”.

Cafofo

Maestro, compositor e arranjador, Rênio Quintas também percebeu inquietude em um garoto que, ainda que de forma silenciosa, frequentava o bar Cafofo, do qual era proprietário. O subsolo era um espaço onde, à noite, havia muitas apresentações musicais. “E todas as tardes fazíamos reuniões de comissões temáticas, como resistência à ditadura”, lembra Quintas referindo-se aos núcleos de cinema, música, literatura, jornalismo, poesia e teatro.

“Eu dava aulas de harmonia e de qualquer assunto que fosse do meu conhecimento. Falávamos muito sobre resistência, agitações e manifestações na Universidade de Brasília, já que o local era muito frequentado por estudantes da UnB”, lembra o então coordenador do núcleo de música.

Rênio notava “um rapaz magrelo de uns 17 anos, tímido, que descia quase diariamente, durante dois ou três meses, ficando sentado, observando sem falar nada”. Era o Renato, que um dia disse ser baixista e que “queria fazer música”.

O jovem pediu para ter uma conversa com Rênio após uma das reuniões. Nela, disse ter observado que o espaço não era utilizado aos domingos, e queria saber se poderia tocar ali com uma banda chamada Aborto Elétrico.

“De imediato eu perguntei se não tinha nome melhor para dar. Renato então disse que era para ‘chocar a burguesia’. Aquela timidez desapareceu quando ele começou a defender as coisas em que acreditava. Eu disse que não tinha problema, se ele se comprometesse a não estourar o equipamento”.

Como Rênio não costumava ir ao Cafofo no domingo, encarregou um funcionário para receber a banda e seus convidados. “Quando voltei, o funcionário disse que muita gente foi ao local; que o evento foi muito agitado e muito legal; e que o som era ‘o maior barato e com muita gente tocando junto’. Foi ali que conheci, de fato, o Renato Russo”, disse Rênio.

O sobrenome artístico adotado por Renato dá uma amostra do quão erudito era aquele menino punk que frequentava as mesas de debate do Cafofo e tanto gostava de conversar sobre arte com Marcelo Beré. Trata-se de uma homenagem ao filósofos Bertrand Russell e Jean-Jacques Rousseau, e ao pintor Henri Rousseau.

Rock Brasília

Mergulhado na cena instrumental da cidade, Rênio Quintas ficou alguns anos sem encontrar Renato. Até que um dia, após uma apresentação no Bom Demais – bar brasiliense conhecido por ser celeiro de vários músicos de primeira linha da capital federal, como Cássia Eller, Zélia Duncan e Adriano Faquini –, o musicista foi abordado pelo “garoto da banda punk de nome esquisito”.

“Referindo-se à minha banda, a Artimanha [banda que tinha, entre seus integrantes, Toninho Maya, instrumentista idolatrado por Renato Russo, falecido em fevereiro de 2021 devido à covid 19], ele disse que nós éramos músicos de verdade, e que ele, Renato, usava a música como plataforma para poesias”.

“Notei então uma fila se formando na nossa frente, e pessoas entregando disco para ele autografar. Perguntei o que estava acontecendo, e ele perguntou se eu não sabia que ele estava fazendo sucesso com a Legião Urbana, após o lançamento de um disco”. Na medida em que a conversa ia se estendendo, a fila foi aumentando a ponto de dobrar a esquina.

O rock produzido em Brasília ganhou o país, a ponto de a cidade passar a ser nacionalmente conhecida como “Capital do Rock”, após o estouro, em uma mesma leva, das bandas Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude, que tinha à frente, nas guitarras, o também amigo do Renato, Philippe Seabra. Atualmente, o “rude plebeu” trabalha como produtor musical de trilhas sonoras.

O primeiro contato dele com Renato foi em um show de bandas locais – Aborto Elétrico, Metralhas e Blitz 64 – na lanchonete Foods, localizada na entre quadra 110/111 Sul. “Eu tinha uns 13 anos e esse show foi minha apresentação ao movimento punk. Achava engraçado aquelas figuras descabeladas, as roupas e a música agressiva e embolada. O som era tosco, mas legal porque a mensagem ressoava.”

Brasília

Se a Brasília recém-nascida fosse uma tela em branco prestes a ser assinada por vários artistas, o nome de Renato Russo estaria entre eles. Afinal foi ele, poeta e músico, o responsável por apresentar, ao Brasil, a efervescência de uma cidade recém-criada, na busca por uma identidade que tinha, como característica, tantos pedaços de Brasil trazidos por aqueles que começavam a povoá-la.

Brasília influenciou Renato, que influenciou Brasília. Essa troca de energia é percebida nas temáticas das letras de Renato, nas legiões de novos poetas e artistas que surgiram a partir da cena e, até mesmo, em monumentos e espaços que têm o artista como referência.

O antigo Teatro Galpão, espaço consagrado das artes na cidade, atualmente se chama Espaço Cultural Renato Russo. O nome do artista foi adotado também por sete brinquedotecas localizada em hospitais públicos da cidade, por meio de uma parceria da ONG Amigos da Vida com o Instituto CNP Brasil.

Além disso, o governo local criou o Rota Brasília Capital do Rock, projeto que colocou 41 placas na cidade, marcando locais que foram referências para a cena roqueira local. O projeto, que tem como curador Philippe Seabra, pode ser visitado também de forma virtual por meio do Google Earth.

“Eu sempre disse ao Renato que nada disso teria acontecido se não fosse Brasília. Claro que se alguém tem o ímpeto artístico, ele vai se manifestar de um jeito ou de outro. Mas por ter sido em Brasília, naquele espaço-tempo, saiu do jeito que saiu, com a força, a verve e a ressonância que teve”, diz o curador e guitarrista da Plebe referindo-se “ao momento e às experiências ímpares” que viveram na adolescência, em uma cidade descrita como “um entreposto burocrático no meio do nada”, com passagens aéreas caríssimas e culturalmente isolada.

Mané Garrincha

O fatídico show no Estádio Mané Garrincha mudou a relação entre a capital federal e Renato Russo, a ponto de fãs revoltados pintarem “Fora Legião” em um muro na frente do prédio onde Renato morava, na 303 Sul, região central da cidade.

Uma série de erros na organização, falhas técnicas e uma polícia que não soube lidar com uma plateia bem maior do que a estimada acabaram por fazer deste show, segundo a irmã do cantor, “uma espécie de Gimme Shelter do Planalto Central”, disse ela, referindo-se ao trágico show da banda Rolling Stones, que resultou no assassinato de um jovem nos EUA, em 1969.

“Não havia, em Brasília, uma cultura de grandes eventos. Sei que meu irmão errou em suas falas também. Enfim, foi um dia desfavorável”, resume Carmen Teresa ao confirmar que, no dia, o irmão “abusou de algumas substâncias”.

Após esse show, em que houve confusão, pessoas se machucaram e que o cantar acabou xingando a plateia e deixando o palco, Renato prometeu nunca mais voltar a fazer espetáculos na cidade. E isso acabou realmente ocorrendo.

Álcool e drogas

O integrante da Plebe Rude classifica Renato como “um cara muito bem versado e muito legal, que quase escondia a erudição porque falava com muita gíria”. “Era um cara bacana, mas nunca o vi como Messias, como as pessoas falam. Era um bom amigo. Um amigo fiel e muito engraçado. Mas, como qualquer bêbado, um bêbado chato quando bebia demais. E ele bebia muito”, disse referindo-se a um histórico problema do amigo: o alcoolismo.

Marcelo Beré também se preocupava com a relação do amigo com o álcool. “Ele sempre foi extremamente compulsivo. Era difícil controlar. Passava dos limites sempre. E eu também, então era duplamente complicado, porque tinha, ainda, a questão das drogas”.

A mãe do artista percebia os riscos que o filho corria. “Ele mudou quando começou a usar drogas de forma mais intensa. Chegava tarde, dormia o dia inteiro e acordava mau humorado. Era outra pessoa. Eu sabia o que estava acontecendo. Recorremos a um psiquiatra, que nos disse que o Renato era um cara inteligente, e que só pararia de fazer uso dessas substâncias caso realmente quisesse. Optamos por não interferir na vida dele e nos limitamos a mostrar as consequências que esse caminho poderia trazer. Mas ele já sabia disso”, lembra dona Carminha.

Filmes e livros

O interesse e a curiosidade por aquele que, para muitos, foi consagrado como mito estimulou a produção de vasto material, em especial livros e filmes. Entre eles, a biografia Renato Russo – O Filho da Revolução, escrito pelo jornalista Carlos Marcelo; O Diário da Turma 1976-1986: A História do Rock de Brasília, de Paulo Marchetti. No cinema, Renê Sampaio, um adolescente na década de 80 e fã do cantor, colocou, na tela, a história de João de Santo Cristo, no filme Faroeste Caboclo. O cineasta está prestes a lançar outro filme inspirado em uma música de Renato Russo: Eduardo e Mônica.

Como milhares de jovens brasileiros da época, Carlos Marcelo foi impactado pela sonoridade da Legião Urbana. “A banda encabeçou um movimento, o que me motivou a dar início aos planos de escrever a biografia do Renato. Eu queria entender um pouco sobre esse personagem que tinha me fascinado na adolescência e que continuava sendo muito marcante para mim e para tantos brasileiros”.

O Filho da Revolução

O livro Renato Russo – O Filho da Revolução entrelaça, segundo o próprio autor, a história do Renato, em Brasília, com a história da cidade e do país. “Como me disse um amigo, a biografia contrabandeia um livro de história porque conta muito sobre a história recente do país. Queria mostrar o crescimento de um jovem brasileiro durante a ditadura militar, e como ele foi influenciado por essa vivência em uma cidade adolescente, sendo que o Renato também era um adolescente. É muito raro ter uma geração de adolescentes tomando conta de uma cidade que também é adolescente”, argumenta.

Esses adolescentes citados por Carlos Marcelo foram também abordados no livro O Diário da Turma, de Paulo Marchetti. O livro apresenta depoimentos de diversos integrantes da cena que tinha, ao centro, o Renato, ainda nos tempos de Manfredo.

Como era também integrante da “tchurma”, Marchetti conviveu com Renato. “Ele sempre falava que um dia a Legião ia terminar, e que ele ia virar escritor. Dizia inclusive que o primeiro livro que ele gostaria de escrever seria sobre a ‘tchurma’, para contar histórias de Brasília”, lembra o escritor que é também diretor de TV.

“Quando o Renato morreu, liguei para alguns integrantes da turma, como o Dinho [vocalista do Capital Inicial], o Bonfá e o André Muller [baixista da Plebe Rude]. Ninguém estava pensando em escrever. Então resolvi escrever, após passar por uma síndrome de pânico que me fez pegar essa missão. Eu achava que o Brasil devia conhecer a história que vai além das bandas famosas”, detalha.

René Sampaio não conheceu pessoalmente Renato Russo. Mas se sente íntimo das obras do artista. “Renato Russo mudou minha vida várias vezes. Quando era moleque, escutando suas músicas, via em cada disco uma mensagem e uma reflexão diferente. Depois, já adulto, fazendo filmes sobre suas músicas. Ele me influenciou pessoalmente e influenciou, também, minha carreira. Mudou o meu rumo para uma grande virada”, diz o diretor de cinema.

Registros fotográficos

Outro que teve a carreira impulsionada pela cena e, em especial, por Renato Russo, foi o fotógrafo Ricardo Junqueira, ou “Bolinha”, como era conhecido na época.

“Após as fotos que fiz para divulgação do primeiro disco da Legião, vi que poderia ganhar dinheiro vivendo de fotografia. No dia seguinte pedi demissão do banco onde trabalhava, porque o que ganhei naquele trabalho era equivalente ao que ganharia em um mês de banco. Só tenho a agradecer à banda, à Fernanda [Vila-Lobos, produtora do primeiro disco] e ao Renato, que me proporcionaram isso”.

Ricardo Junqueira assina, ao lado do também fotógrafo Nick Elmoor, o livro Pós-New Brasília 1981-1989, a Biografia Fotográfica de um Tempo que Não Foi Perdido. Trata-se do maior registro fotográfico já feito das principais bandas brasilienses da época, em especial da Legião Urbana, uma vez que, além de fazer imagens para álbuns, Junqueira foi encarregado de registrar algumas das turnês da banda.

“O fato de estudar publicidade me aproximou do Renato, quando estudava jornalismo. Era bom conversar com ele, que tinha posições muito fortes. Era muito frontal com muita gente. Nunca foi uma pessoa muito simpática ou muito tranquila. Às vezes era até agressivo com algumas pessoas que tinham opinião muito diferente da dele”, lembra o fotógrafo que desde 2012 trabalha em Lisboa.

25 anos sem Renato

As lembranças que Junior (ou Manfredo, para os amigos) deixou àqueles com quem conviveu e o legado artístico de Renato Russo acabam por gerar uma sensação de “equilíbrio distante”, como dizia o artista, e de perda de noção de um tempo que, de fato, não foi perdido.

Após um quarto de século de sua morte, ele continua presente e “vivo” por meio de sua obra. Renato Russo deixa um legado que possibilitará, a várias outras gerações, entender parte do que foi este “nosso próprio tempo”.

Um clássico dos anos 1990, o Tamagotchi, popularmente conhecido como 'bichinho virtual', completa, em 2021, 25 anos. O brinquedo nostálgico chega à maioridade e será relançado em um formato diferente.

Preservando as mesmas funções do produto de outrora, o Tamagotchi Smart vem em formato de relógio aos moldes de um Apple Watch. Além da função de interação com o bichinho virtual através de comandos de voz e toque, o aparelho permite a contagem de passos e ver as horas. 

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Os valores do novo Tamagotchi ainda não foram divulgados e a comercialização em outros países, além do Japão, não tem previsão.

As comemorações do 25º aniversário do Pokémon devem contar com shows e surpresas para os jogadores dos principais jogos da franquia atualmente. Em um comunicado à imprensa, a The Pokémon Company confirmou que, no dia 27 de fevereiro, será transmitido nos canais oficiais dos monstrinhos no YouTube e na Twitch, um show do cantor Post Malone. 

Além disso, várias ativações celebrativas da marca estão prometidas para acontecer durante a semana antes do evento musical virtual. Além do já anunciado Pokémon GO Tour: Kanto no sábado (20), os treinadores devem ganhar um código especial, no dia 25, para adicionarem um Pikachu especial aos jogos Pokémon Sword e Pokémon Shield.

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Na data da celebração, os fãs poderão assistir à uma seleção de episódios sobre música na TV Pokémon, tanto no site quanto no aplicativo, além de mais anúncios surpresa da franquia. O 25º aniversário do Pokémon acontece a partir das 21h,  horário de Brasília, nos canais oficiais da marca. 

No último domingo (1º), Lexa comemorou o seu aniversário de 25 anos de idade no Espaço Jardim Europa, na região do Jardim Paulista, zona oeste de São Paulo. A cantora nasceu no dia 22 de fevereiro, mas não teve tempo de fazer uma grande celebração, já que fez três shows no dia e depois seguiu para o Carnaval. Entretanto, a festa do último fim de semana foi mega especial e teve um tema bem diferente e criativo: Laje da Lexa. 

Diversos amigos e familiares marcaram presença no evento da funkeira. Alguns desses convidados eram pessoas famosas e já amadas pelo público, como Luísa Sonza, Mayra Cardi e Arthur Aguiar, Carla Prara, Compadre Washington, a atriz e influenciadora digital Gabi Lopes, entre outros. O marido de Lexa, MC Guimê, também esteve por lá.

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A comemoração contou com uma decoração urbana e os detalhes da festa homenagearam a aniversariante. As bebidas, por exemplo, levavam o nome de grandes hits da artista, como Chama Ela, Aquecimento, Sapequinha, Só Depois do Carnaval... O bolo também ganhou um toque especial para ficar com a cara da cantora.

Lexa vestia um body transparente e cheio de pedrarias de Kell Mendes, com styling de Pedro Agah. A maquiagem foi feita por Helder Marucci e o cabelo por Caio Bastos.

Há 25 anos era lançado, no Japão, aquele que se tornaria um dos videogames mais importantes da nossa geração. O PlayStation inseriu no mercado os games em CD, chegou a ter uma versão portátil e, atualmente, está prestes a inaugurar uma nova geração de consoles muito mais rápidos do que os que estamos acostumados. Para ajudar você a relembrar essa história, fizemos uma lista com os principais modelos que levaram o nome do dispositivo da Sony ao longo dessas duas décadas e meia de história. 

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O grupo É o Tchan comemora os 25 anos de carreira com show no Recife, no dia 26 de outubro. A apresentação acontecerá na festa Jimi Indoor, no Cabanga Iate Clube, a partir das 15h.

No show, o grupo relembra os maiores sucessos, como os mais antigos “Segura o Tchan” e canções atuais como a atual música de trabalho “Academia do Tchan”. A Jimi Indoor receberá ainda Ramon Schnayder, Omni Boy, Rafa Mesquita e Sambar e Love. 

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Os ingressos custam R$ 80 para sócios do clube e R$ 90 para o público em geral e estão à venda no site da Eventbrite.

Serviço

Festa “Jimi Indoor”

26 de outubro | 15h

Cabanga Iate Clube de Pernambuco (Av. Engenheiro José Estelita, S/N)

R$ 80; R$ 90

Há 25 anos, as primeiras eleições livres na África do Sul encerravam o apartheid, um regime de segregação racial que durou quase meio século.

Duas semanas depois dessas eleições históricas, vencidas pelo Congresso Nacional Africano (ACN), o novo parlamento multirracial sul-africano elegeu um negro, Nelson Mandela, presidente do país.

Separação de raças

Ignorando a maioria negra, a África do Sul contemporânea nasceu "entre brancos" em 1910, da união dos colonos britânicos e dos africânderes ou bôeres, de origem holandesa.

O apartheid ou "desenvolvimento separado de raças" em afrikaner, sistematizou a partir de 1948 a segregação praticada desde o século XVII pelos primeiros colonos holandeses.

O sistema estabelecido pelo Partido Nacional (PN), que dominou a vida política do país de 1948 a 1994, apoiava-se em três pilares: a lei sobre a classificação da população, a lei sobre o habitat separado e a lei sobre a terra.

Os habitantes eram classificados desde o nascimento em quatro categorias: branco, negro, mestiço e índio.

Na vida cotidiana, havia placas para reservar ônibus, restaurantes, bilheterias e até praias para a população branca. Os casamentos mistos e sexo interracial eram proibidos. Os negros tinham acesso à educação e à saúde de menor qualidade.

Quase todo o território (87%) era reservado aos brancos. Cerca de 3,5 milhões de pessoas foram expulsas à força e os negros foram relegados aos "townships", cidades-dormitório e "bantoustans", reservas étnicas.

Até 1986, os negros tinham que viajar com uma carteira de identidade que indicava onde podiam ir, arriscando de outra forma à prisão ou multas.

Resistência

O estabelecimento do apartheid provocou resistência. O Congresso Nacional Africano (ANC) primeiro adotou métodos não violentos, como greves, boicotes e campanhas de desobediência civil.

Em 1960, a polícia abriu fogo contra manifestantes em Sharpeville, matando 69 negros. O ANC e o Partido Comunista foram proibidos e o estado de emergência foi estabelecido.

Na clandestinidade, o ANC optou pela luta armada. Em 1964, seu líder, Nelson Mandela, foi condenado à prisão perpétua por sabotagem. Em 1977, Steve Biko, fundador do Movimento da Consciência Negra, morreu na prisão espancado pela política, tornando-se símbolo da luta contra o apartheid.

As sanções internacionais contra a África do Sul foram se acumulando: exclusão dos Jogos Olímpicos, expulsão dos órgãos da ONU, embargo sobre armas...

Primeiras eleições livres

Em fevereiro de 1990, o presidente Frederik de Klerk, que estava há cinco meses no poder, surpreendeu a todos ao legalizar a oposição negra. Nelson Mandela foi libertado em 11 de fevereiro, após 27 anos de prisão. Um ano e meio depois o apartheid foi abolido.

A transição democrática foi trabalhosa. Foi freada pelos contrários a mudanças no seio dos serviços de segurança brancos e pela sangrenta rivalidade entre os militantes do ANC e do partido zulu Inkhata (IFP).

Pressão também era exercida pelos extremistas brancos (especialmente do Movimento da Resistência Afrikaner) e negros (os africanistas do Exército Popular de Libertação de Azania), que organizavam ataques.

Em abril de 1993, o país esteve à beira de mergulhar em uma guerra civil, quando um defensor da extrema direita branca assassinou Chris Hani, secretário-geral do Partido Comunista, um aliado do ANC.

Em abril de 1994, a África do Sul realizou as primeiras eleições multirraciais, virando a página sobre o apartheid. "Finalmente livres", exclamou Nelson Mandela quando foi eleito presidente.

Neste 7 de abril, Ruanda recorda o 25º aniversário do genocídio que ainda é um trauma ainda vivo, apesar de todos os avanços obtidos em um quarto de século por este pequeno país da região africana dos Grandes Lagos.

Entre abril e julho de 1994, o regime extremista hutu matou ao menos 800.000 pessoas, segundo a ONU, principalmente entre a minoria tutsi e também entre os hutus moderados.

O assassinato em 6 de abril de 1994 do então presidente ruandês, o hutu Juvénal Habyarimana, foi o elemento deflagrador do genocídio. No dia seguinte, as Forças Armadas Ruandesas (FAR) e os milicianos hutus Interahamwe, fanatizados após anos de propaganda contra os tutsis, deram início aos massacres.

Os assassinatos se estenderam a todo país. Incitadas pelas autoridades e pela "mídia do ódio", todas as camadas da população se entregaram à causa. Homens, mulheres e crianças foram exterminados a golpes de machado, inclusive dentro das igrejas onde buscaram refúgio.

O massacre teve fim quando a rebelião tutsi da Frente Patriótica Ruandesa (FPR) conquistou Kigali, em 4 de julho, desencadeando o êxodo de milhares de hutus atemorizados para o vizinho Zaire (atual República Democrática do Congo).

Vinte e cinco anos após o último genocídio do século XX, as terras ruandesas continuam a revelar corpos.

Jornalistas da AFP viram há alguns dias como depositaram no memorial de Nyamata (sul) os ossos de pelo menos 30 pessoas recém-encontrados em uma vala comum.

- Unidade nacional -

Para os mais de 12 milhões de ruandeses, este período anual de recordação é muito sombrio.

"Quanto mais nos aproximamos da data, mais penso nisso. Voltam os sons, as imagens. Não consigo dormir", conta Damien Munyakayanza, um sobrevivente do massacre.

Grupos de discussões e vigílias estão previstos. Os sobreviventes recuperam e voltam a enterrar os ossos das vítimas.

Memoriais também são arrumados, e tudo é tingido de violeta, a cor do luto.

O tema dos atos em memória é "Recordação, unidade e renovação" e, este ano, a ênfase é colocada na juventude, que não viveu o genocídio, mas ainda sofre as consequências.

Em questão de uma geração, Ruanda conseguiu muito, ao se tornar um polo de estabilidade política, transformando um país em ruínas em uma economia robusta com uma certa coesão social.

"Durante os últimos 25 anos, a grande preocupação, ou desafio, de Ruanda foi a reconstrução da unidade nacional", afirmou o secretário-geral da Comissão Nacional para o Combate ao Genocídio, Jean-Damascène Bizimana, em entrevista à AFP.

"Tentamos fazer todos os ruandeses entenderem que compartilhamos o mesmo país, os mesmos direitos", acrescenta.

"A construção de um estado de direito foi um desafio fundamental e capital", disse ainda.

- Obstáculos -

Na busca pela reconciliação, a Justiça desempenhou um papel fundamental. Dezenas dos responsáveis pelo genocídio foram condenados pelo Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR).

E cerca de dois milhões de ruandeses foram julgados por tribunais populares, os "gacaca".

O "gacaca" foi baseado no princípio da confissão. Mas, em alguns casos, a ausência de remorso e o não pagamento das devidas indenizações por propriedades saqueadas, ou destruídas, têm sido um obstáculo para a reconciliação.

Os ruandeses não escondem que seu país ainda tem um bom caminho a percorrer até que recupere totalmente sua tranquilidade.

Para os críticos do governo, o consenso social nada mais é, porém, do que uma fachada, que esconde o controle total do regime sobre a população.

"Assegurada por uma estrutura política e administrativa onipresente, a 'reeducação' autoritária e a 'reconciliação' de um povo dividido e traumatizado pela guerra e pelo genocídio agora prevalecem em todos os domínios de atividade", diz o pesquisador francês André Guichaoua.

Vinte e cinco anos depois do genocídio que exterminou pelo menos 800 mil dos seus 7 milhões de habitantes e na sequência mandou para o exílio parcela considerável de sua força de trabalho, Ruanda vive hoje em ritmo de crescimento acelerado - 8,9% de 2017 para 2018. Por motivos óbvios, tem 60% da população abaixo dos 30 anos e um dos parlamentos mais femininos do mundo (64% de mulheres na Câmara e 40% no Senado). É ainda considerado um dos lugares mais seguros da África e também um dos mais estáveis politicamente.

Reeleito em 2017, o presidente, Paul Kagame, ex-líder rebelde da Frente Patriótica de Ruanda (FPR), está no terceiro mandato e é alvo de críticas de analistas internacionais após um referendo de 2015 tornar possível sua reeleição por mais duas vezes. Com isso, ele pode tentar garantir a permanência no poder até 2034.

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"O renascimento de Ruanda após a tragédia do genocídio espanta o mundo", afirma a escritora Scholastique Mukasonga, que perdeu praticamente toda a família durante os massacres. "Ruanda se tornou modelo para os países africanos. O visitante constata o desenvolvimento econômico, a luta implacável contra a corrupção, o lugar que as mulheres têm. A segurança que reina em Kigali (capital) leva as grandes empresas a estabelecerem lá suas sedes. Ruanda sonha ser a pequena Cingapura africana."

Plano

A transição de um país arrasado para uma potência local, porém, ainda está em curso. Em 6 de abril de 1994, com a derrubada do avião do presidente hutu, Juvénal Habyarimana, o plano de extermínio dos tutsis, etnia minoritária que havia governado o país desde pelo menos o século 18 até 1959, foi colocado em prática. Grupos de assassinos armados com facões e machetes tomaram as ruas, incitados pelo novo governo. Estima-se que três em cada quatro tutsis, entre homens, mulheres e crianças, foram massacrados em cem dias, além de 30 mil hutus moderados.

Relatos e fotos de corpos amontoados em igrejas, escolas e hospitais - ou simplesmente deixados nas ruas - chocaram o mundo, mas não foram suficientes para mover a comunidade internacional. Em vez de intervir, a ONU retirou 90% dos seus 2,5 mil homens do país logo após o início das matanças.

O massacre só acabou em julho de 1994, quando o exército rebelde tutsi comandado por Paul Kagame tomou Ruanda e instituiu novo governo. "Ignorou-se o objetivo político da manutenção do poder pelos hutus, naturalizando o conflito, ao defini-lo como tribal, com raízes de ódios ancestrais e, por isso, quase impossível de ser resolvido", afirma Leila Leite Hernandez, professora de História da África e Diretora do Centro de Estudos Africanos da USP.

Reconstrução. Políticas de reconciliação, em um esforço de reconstrução do país, vigoram até hoje. Desde 1994, é vetada a diferenciação entre hutus e tutsis - carimbada nas cédulas de identidade a partir de 1926 pelos colonizadores belgas - e a Constituição de 2003 proíbe a apologia e a negação do genocídio. Grupos de apoio a assassinos e sobreviventes promoviam, até pouco tempo atrás, sessões públicas de perdão.

Nas escolas, cursos sobre genocídio foram incorporados ao currículo nacional, do ensino secundário à universidade, apesar de não haver uma só família que não tenha vivido os horrores de 1994, de um ou outro lado.

"Pensei muitas e muitas vezes que morreria", lembra a escritora Immaculée Ilibagiza, que passou mais de 90 dias escondida com outras sete mulheres em um banheiro de 1,20 metro por 1 metro. Com exceção de um irmão, perdeu toda a família.

Levar justiça às vítimas também não foi tarefa fácil. Ao fim do genocídio, restavam vivos 5 juízes e cerca de 50 advogados em todo o país. O Poder Judiciário teve de ser reconstruído. Em 2002, o governo reabilitou as cortes "gacaca", instrumento de resolução de conflitos anterior ao colonialismo. De acordo com Jean Damascene Bizimana, secretário executivo da Comissão Nacional de Luta contra o Genocídio, 1,9 milhão de casos foram analisados dessa forma em 10 anos, resultando em 500 mil presos - 10% ainda cumprem pena. "Os tribunais lançaram as bases para a paz, a reconciliação e a unidade de Ruanda", diz.

Os mandantes dos crimes ficaram com o Tribunal Penal Internacional para Ruanda (ICTR, na sigla em inglês), criado pela ONU em novembro de 1994. Em 2015, quando encerrou os trabalhos, havia julgado 93 pessoas e condenado 64. Foi a primeira Corte internacional, desde Nuremberg, a condenar um chefe de Estado por genocídio (o primeiro-ministro Jean Kambanda, sentenciado à prisão perpétua em 1998), o primeiro tribunal a considerar estupro e violência sexual como formas de perpetração de genocídio e também o primeiro a julgar o papel da mídia na incitação das matanças.

"O tribunal trouxe justiça às vítimas e aos sobreviventes, acusando indivíduos e ouvindo os poderosos relatos de mais de 3.500 testemunhas que asseguraram que a comunidade internacional nunca esquecerá o que aconteceu em Ruanda", diz o juiz Vagn Joensen, presidente da Corte internacional de 2007 a 2015 e hoje juiz do Tribunal Residual da ONU.

Todo esse esforço por reconciliação chega renovado às novas gerações. Ruandesa que mora no Brasil desde os 3 anos, Axana Uwimana, de 25, resume: "As pessoas simplesmente são o que são, hutus, tutsis, não tem diferença. Para o ruandês, ele é apenas isso: ruandês".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Há exatos 25 anos, a Polícia Militar paulista entrava no Pavilhão 9 da Casa de Detenção do Carandiru para conter uma rebelião. A operação terminaria horas depois com 111 presos mortos. Considerado o mais grave massacre penitenciário da história do País, o caso ainda assim até agora não teve um desfecho judicial. Em meio a recursos, morosidade do Judiciário e reviravoltas, como a que anulou a condenação de 74 policiais no ano passado, o processo se arrasta sem previsão definitiva de quando será encerrado.

Na semana passada, o Tribunal de Justiça admitiu que o recurso especial do Ministério Público contra a anulação dos júris seja analisado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O próprio MP acredita que o caso poderá levar até dois anos até receber a análise completa do tribunal superior, ainda com possibilidade de que haja recursos ao Supremo Tribunal Federal (STF). Assim, não é descartada a possibilidade de o processo chegar a sua terceira década.

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"Vai ter um desfecho, de um jeito ou de outro. A possibilidade de o crime prescrever não passa pela minha cabeça. Estamos esperançosos porque juridicamente acreditamos na tese da manutenção da decisão dos cinco júris, que foi a de condenação", diz a procuradora de Justiça Sandra Jardim, que atuou no processo em 2ª instância. "Não é possível que o STJ seja tão indiferente a essas condenações."

A polêmica reside na anulação decidida pela 4ª Câmara Criminal do TJ em setembro do ano passado, desconsiderando o resultado de cinco júris realizados de abril de 2013 a dezembro de 2014 e que condenou 74 PMs a penas que chegaram individualmente a 624 anos de prisão. No STJ, o Ministério Público pede que sejam restabelecidas as condenações diante da "decisão arbitrária" de anulação que desconsiderou "a vontade soberana do júri" - tese a qual os advogados de defesa discordam.

Até que o STJ julgue o recurso, que ainda não foi distribuído para algum dos seus ministros, o processo fica parado, decidiu em julho o TJ de São Paulo, acatando o pedido de efeito suspensivo feito tanto pelo MP como pelas defesas.

Professoras da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Maira Rocha Machado e Marta Rodriguez de Assis Machado estudaram as etapas jurídicas e analisaram a morosidade do processo. Para elas, em diversas etapas, a lentidão foi acentuada no Tribunal de Justiça de São Paulo, apontado como "um dos maiores responsáveis pela demora na tramitação do processo". Para sustentar essa afirmação, destacam a demora de oito anos - entre 2002 e 2010 - para a confirmação da pronúncia dos réus, levando-os a júri popular.

"Nunca encaramos de frente o apoio que o Massacre teve e tem de setores da sociedade (inclusive dentro da magistratura). É sintomático que a única resposta que as instituições brasileiras tenham dado tenha sido um processo penal que dura 25 anos e está preso em engrenagens surreais e atrasos deliberados - protegidos pelo sigilo dos autos", escreveram à reportagem.

Na avaliação do procurador federal adjunto dos Direitos do Cidadão, Marlon Weichert, "25 anos é um atestado de que o sistema de Justiça está disfuncional, provocando grandes danos aos familiares das vítimas e à sociedade, reforçando a sensação de incapacidade de resposta do Estado e produzindo impunidade".

'Demora não é nossa culpa', diz coronel

Antonio Chiari é presidente do Clube de Oficiais da Polícia Militar e comandava em 2 de outubro de 1992 as Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Ao todo, 57 homens foram denunciados em 1993 e acusados de matar 92 dos 111 presos. Chiari chegou ao presídio depois que as mortes haviam acontecido.

Para ele, a demora no desfecho judicial é "um problema da Justiça". "Eu recolhi todo o armamento do pessoal envolvido e entreguei o armamento para o presidente do inquérito. E foi colocado à disposição da Justiça para fazer perícia. Minha obrigação foi feita. Agora, se não foi feita a perícia para individualizar as atitudes, eu não sou culpado disso nem meus policiais. Quem tem de ter atitude é o Poder Judiciário", diz.

Chiari diz ser "evidente que pode ter acontecido um monte de coisa errada lá dentro", mas não dá para condenar todos os que atuaram na operação. "Eu quero saber como vão fazer para individualizar responsabilidades. Você condenar por baciada não tem sentido. Se eu fizer isso, vou cometer injustiça. Eu posso condenar assim pessoas que atiraram e mataram? Sim. Mas com certeza vou condenar também quem atirou e não matou ninguém. Como vou penalizar uma pessoa que não matou? Todos agiram no estrito cumprimento do dever legal, pois receberam ordem para entrar."

Falha

A opinião é compartilhada pelo advogado Celso Vendramini, que defende cerca de 30 dos 74 réus. "Você não pode condenar pessoas por falha do Estado. O Estado devia ter comprado aparelho (para exame balístico) para dizer quem atirou em quem. Houve excessos lá? Eu calculo que tenha havido. Mas é preciso saber por parte de quem. O julgamento do Carandiru foi político. Se o Estado falha, a culpa é do Estado."

Segundo ele, parte dos presos havia sido morta pelos próprios presos antes de a PM entrar. "A PM salvou muitos. Não foi 111 que a PM matou. Ficou esse número porque jogaram tudo para cima dos policiais."

Morosidade

A reportagem ouviu o procurador aposentado João Benedito de Azevedo Marques, que comentou sobre a demora para o desfecho judicial do massacre do Carandiru.

O que significam 25 anos para se julgar um caso como o do Carandiru?

Eu fui a Washington para representar o Brasil na Comissão de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos). Eu era secretário do governador Mário Covas e a explicação - e ela era real - era que o governo brasileiro tinha tomado as providências cabíveis, pois abriu investigação criminal, ofereceu denúncia e estava processando os responsáveis. Isso foi em 1995. Nós estamos em 2017 e ainda não subiu o recurso especial para o Superior Tribunal de Justiça (a entrevista foi feita na segunda-feira e o TJ só definiu isso na quarta-feira), o que mostra a morosidade da Justiça penal em um caso gravíssimo.

O senhor na época era da...

Eu era membro da Comissão de Direitos Humanos. Chegando lá, tinha umas 2 mil pessoas na frente da Detenção querendo saber notícia dos familiares, se haviam morrido ou não. Para mim, não sai da minha memória, daí a Ordem fez a investigação no seu prédio, onde foram tomados depoimentos. Fico perplexo que não tenha havido julgamento até hoje. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Comemorando 25 de trajetória, o Circo Imperial da China apresenta espetáculo inédito no Brasil. A trupe traz a Pernambuco ‘As Aventuras dos Guardiões dos Unicórnios’ nos dias 23 e 24 de setembro no Teatro Guararapes. Os valores dos ingressos variam entre R$ 42 e R$ 124 e estão à venda na bilheteria do teatro, nas lojas Ticketfolia e através do site

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O espetáculo conta com produção local da Art Rec Produções. A tour teve início em agosto de 2017 e passará também por Goiânia, Brasília, Curitiba, Londrina, Sorocaba, Joinville, Florianópolis, Salvador, Natal e Fortaleza.

Serviço

As Aventuras dos Guardiões dos Unicórnios

Sábado (23) | 17h30 e 20h

Domingo (24) | 19 h

Teatro Guararapes (Centro de Convenções de Pernambuco - Avenida Professor Andrade Bezerra, S/N, Salgadinho, Olinda)

Plateia Especial: R$ 124 (inteira) e R$ 62 (meia)

Plateia: R$ 104 (inteira) e R$ 52 (meia)

Balcão: R$ 84 (inteira) e R$ 42 (meia)

 

A Comissão Especial da Reforma da Previdência analisa, nesta terça-feira (9), os 12 destaques da proposta de emenda constitucional que estabelece a revisão das regras do setor. Há pouco, o colegiado rejeitou, por 22 votos a 14, o destaque do PCdoB para retirar da proposta o tempo mínimo de contribuição de 25 anos. Atualmente, na aposentadoria por idade, são exigidos 15 anos.

Com a rejeição, fica mantido trecho do texto-base do relator, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), aprovado na semana passada. Durante a votação, ele lembrou que o aumento do tempo mínimo será gradual. Já a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que defendeu o destaque, apontou a exigência de 25 anos de contribuição como um fator que dificulta o acesso à aposentadoria por idade.  De acordo com ela, os trabalhadores "já cumprem com dificuldade os 15 anos atuais".

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Também já foram rejeitados os destaques do PHS, que buscava retirar artigo que proíbe novas isenções ou reduções de alíquotas de contribuições previdenciárias após a promulgação da emenda constitucional, e do PSB, que mantinha a aposentadoria rural com as mesmas regras. 

Após a análise dos destaques, a PEC precisa ser votada em dois turnos pelo Plenário. São necessários pelo menos 308 votos para ser aprovada e encaminhada para análise do Senado.

Acompanhe ao vivo a votação:

O festival pernambucano Abril pro Rock já anunciou alguns nomes que irão comandar a festa nos dias 28 e 29 de abril deste ano. O evento de rock que é considerado tradição em Pernambuco será realizado em edição comemorativa aos 25 anos, com referências a artistas que marcaram o palco em edições anteriores.

O encontro contará com atrações musicais do cenário nacional e internacional, mas em locais distintos em cada dia. Até o momento, a única atração definida para primeiro dia, marcado para acontecer no Armazém 14, no Recife Antigo, é a banda americana Tiger Army. Já no Segundo, o palco do Classic Hall, em Olinda, receberá atrações como Angel Corpse, dos Estados Unidos, Cokcney Rejects, da Inglaterra, Nocturnal, da Alemanha, a pernambucana One Arm Awaya e a brasiliense Violator.

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Além da grade de shows, o evento contará com atividades no Apr Club, que consiste em fornecer oficinas e exposições para o público. As informações sobre o valores dos ingressos e vendas, bem como a programação completa, serão disponibilizadas em breve pela produção.

Confira uma das atrações confirmadas:

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A mortalidade infantil no mundo foi dividida por dois em um quarto de século mas apenas 62 países em 195 conseguiram atingir os objetivos definidos pelas Nações Unidas (ONU) - segundo números divulgados pela ONU nesta quarta-feira.

"A mortalidade global de crianças com menos de cinco anos foi reduzida em 53% nestes últimos 25 anos", mas para vários países a meta estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) não foi estabelecida, segundo estudo publicado nesta quarta-feira na revista médica The Lancet.

A mortalidade infantil mundial passou de 12,7 milhões em 1990 para 5,9 milhões em 2015 (estimativa), segundo estudo estatístico realizado por membros da ONU e suas agências Organização Mundial de Saúde (OMS) e Unicef.

"Progressos notáveis foram realizados a nível mundial para melhorar a expectativa de vida das crianças nos últimos 25 anos", comentaram os autores do trabalho, coordenado por Danzhen You, da Unicef.

Os autores chamaram a atenção para uma tendência "encorajadora" nos últimos anos no leste e no sul do continente africano, e afirmaram que caso a mortalidade infantil continuasse no mesmo nível de 2000, 48 milhões de crianças a mais teriam morrido nos últimos 15 anos.

"Devemos reconhecer que grandes progressos foram feitos globalmente, especialmente desde os anos 2000", reconheceu a diretora-geral adjunta da Unicef, Geeta Rao Gupta.

"Mas muitas crianças continuam a morrer por causas evitáveis antes dos cinco anos", disse a responsável da ONU em comunicado.

- Quase 16 mil mortes diárias -

Quase 16 mil menores de cinco anos morrem diariamente no planeta, e em pouco menos da metade dos casos (45%) o falecimento se dá nos primeiros 28 dias de vida.

As principais causas de mortalidade infantil são nascimento prematuro, complicações no parto e diversas doenças, como pneumonia, diarreia e malária.

"Mas a metade das mortes está associada à desnutrição", que debilita a resistência dos menores, destaca a ONU.

Muitas destas mortes poderiam ter sido evitadas com a concentração de esforços em regiões-chave da África subsaariana e do sudeste da Ásia, onde as taxas de mortalidade infantil são mais elevadas.

No total, 236,3 milhões de crianças menores de cinco anos morreram nestes últimos 25 anos, destaca o relatório, que reflete as diferenças na esperança de vida das crianças de acordo com as regiões do planeta.

Os países da África subsaariana seguem tendo a mais alta taxa de mortalidade infantil do mundo: uma a cada 12 crianças morre antes de fazer cinco anos, mas a situação está mudando para melhor, revela a ONU.

"Progressos rápidos permitiram salvar milhões de crianças desde 2000, mas o esforço deve prosseguir e se acelerar nos países subsaarianos" se queremos atingir novos objetivos para 2030, destaca Wu Hongbo, secretário-geral adjunto das Nações Unidas para assuntos econômicos e sociais.

Novos objetivos, denominados "Objetivos de Desenvolvimento Sustentável", acabam de ser adotados para 2030 e buscam reduzir a mortalidade infantil a 25 óbitos por cada mil nascimentos no planeta, contra as atuais 42,5 mortes por mil.

A primeira saída do Trem do Forró deste ano será realizada neste sábado (6). Com capacidade para 10 mil pessoas distribuídas em 10 vagões, os passageiros vão aproveitar a viagem ao som do forro pé de serra.  Ao todo serão 12 passeios, sendo sete partindo do Recife ao Cabo de Santo Agostinho e em comemoração aos 25 anos do evento, cinco passeios serão percorridos de João Pessoa até Cabedelo.   

No Recife, as saídas acontecem durante os finais de semana a partir de sábado até o dia 27 de junho, às 15, com embarque no Pátio da Trasnordestina, ao lado do Bar Catamaran e do Forte das Cinco Pontas.  No local, os passageiros vão entrar no clima de São João com muito arrasta-pé, barraquinhas de comidas típicas e feira de artesanato. O percurso de 84 km é feito em 5 horas. O clima junino segue até o Cabo de Santo Agostinho, onde o público é encaminhado para o Pátio de Lazer, localizado ao lado da estação central do Cabo.

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Na capital paraibana, a estreia será no dia próximo dia 13 e segue por todos os finais de semana do mês. O percurso será de 60 km, a concentração tem início a partir das 15h, na Estação Central de João Pessoa, ao lado da Praça Napoleão Laureano, no centro da cidade. Na chegada a Cabedelo, o público será recebido por uma quadrilha junina na Estação Ferroviária de Cabedelo com barracas de comida e bebida.

São esperados de 16 mil passageiros embarcando nos dois percursos da atração, sendo 30% formado por turistas de várias partes do país. Os grupos mais tradicionais são de estados como Bahia, São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. 

SERVIÇO


Trem do Forró- 25 anos de tradição 

06, 07, 13, 14, 20, 21 e 27 de junho | 15h

Recife- Cabo de Santo Agostinho e João Pessoa - Cabedelo

R$ 90 e R$ 110

(81) 3423.5000 / (83) 3021.9878

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