Tópicos | Adiamento do Enem

Depois que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) negou, nessa quinta-feira (13), um provável adiamento para 2022 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), reportagem do jornal ‘O Globo’ revelou possíveis despachos internos da autarquia que indicavam aplicação da prova nos dias 16 e 23 de janeiro do próximo ano. Segundo a reportagem, os documentos teriam sido repassados a diretores do Instituto no dia 3 de maio. Entretanto, o Ministério da Educação (MEC) argumentou, mais uma vez, que o cronograma do Exame ainda não foi definido.

Em nota de esclarecimento publicada nessa quinta-feira e atualizada às 20h32, o MEC reiterou que está engajado para realizar o Enem 2021 ainda neste ano. Sobre os despachos internos, a pasta rebateu: “Tentar antecipar a divulgação da data de realização do exame com base em documentos preparatórios é desinformar a população".

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“Não há, ainda, confirmação sobre a data de realização das etapas, com exceção do período para solicitação de isenção e justificativa de ausência. Esta fase está prevista em edital publicado separadamente, para facilitar a compreensão das regras específicas de gratuidade e evitar que haja problemas na homologação da inscrição dos interessados em realizar as provas”, acrescentou o Ministério.

A única definição sobre a prova indica que, na próxima segunda-feira (17), começará o período para pedido de isenção da taxa de inscrição. O procedimento deverá ser feito por meio do site do Enem.

Nesta quinta-feira (21), a  juíza federal Marisa Gonçalves Cucio, da 12ª Vara Cível Federal de São Paulo-SP, negou um pedido de adiamento do segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, na versão impressa, marcado para o próximo domingo (24). A magistrada também concedeu a tutela de urgência para determinar a reaplicação da prova realizada no último domingo (17), nos dias 23 e 24 de fevereiro, para todos candidatos que compareceram ao exame, mas não tiveram acesso às salas de prova por lotação superior a 50% da capacidade. 

A ação foi movida pela Defensoria Pública da União (DPU), alegando que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) descumpriu o percentual de alunos por sala que havia determinado. “O ocorrido no último domingo demonstra, com clareza, que a prova não poderia ter sido realizada, já que os protocolos de segurança e prevenção estabelecidos unilateralmente pelos réus não puderam ser cumpridos por eles próprios”, sustentou a DPU, usando como base da alegação a possibilidade de abstenção de participantes ainda mais alta que no primeiro dia, que registrou o recorde de 51,5%. 

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A União Federal e o Inep se defenderam alegando que o planejamento estratégico da prova estava adequado e apresentando medidas sanitárias. Em sua decisão, a juíza Marisa Gonçalves Cucio salientou que o pedido de adiamento do Enem já foi apreciado pela Justiça, com decisão proferida em grau de recurso pelo TRF3. 

Ela também alegou que os fatos novos apresentados pela DPU não foram suficientes para o alterar a decisão no segundo dia de provas, por falta de provas cabais de descumprimento de protocolos durante a realização do exame. “A juntada de duas notícias publicadas na imprensa não pode ser suficiente para o acolhimento do pedido para suspensão da prova à qual se submeterão quase três milhões de candidatos”, disse a juíza em sua decisão.

Cucio também determinou que, caso fique comprovado que o Inep mentiu ao Juízo no que diz respeito à existência de plano de ocupação de 80% da capacidade das salas ao invés dos 50%, haverá penalidades legais por eventual violação ao dever de lealdade processual, que podem ser apuradas até o final do processo. Para mais detalhes, confira a ação na íntegra.

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--> Após Enem, ponto de prova registra aglomeração

Temendo os efeitos oriundos dos aumentos de casos da Covid-19 no Brasil, alguns estudantes protestam, principalmente nas redes sociais, pedindo o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cujas provas impressas estão agendadas para os dias 17 e 24 de janeiro. No entanto, o ministro da Educação Milton Ribeiro, em entrevista ao comunicador Datena nesta sexta-feira (8), na Rádio Bandeirantes, garantiu que o processo seletivo está mantido nas datas definidas.

“O Enem está preparado e vai acontecer agora, no dia 17 de janeiro e dia 24. Nós estamos trabalhando com um grupo grande. Nós prevíamos o pior cenário para a aplicação dessa prova. Nós estabelecemos e gastamos quase R$ 200 milhões a mais. Sabe quanto fica só para aplicar uma prova do Enem? A gente gasta quase R$ 700 milhões. Só que, este ano, vamos gastar quase R$ 200 milhões a mais”, declarou Ribeiro em entrevista à Rádio Bandeirantes, detalhando as ações para combater a propagação do novo coronavírus.

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De acordo com o ministro, entre as medidas adotadas está a ocupação de, no máximo, 50% das salas de aplicação do Enem, para evitar aglomerações. Equipamentos de segurança também serão utilizados por quem trabalhará na realização do Exame, assim como haverá utilização de álcool em gel e máscaras. Para Ribeiro, a não realização do Enem acarretaria sérios prejuízos aos estudantes.

“Se nós deixarmos, como querem alguns poucos, de eventualmente aplicar este Exame, o prejuízo vai ser muito grande. Tem o prejuízo de pessoas que estão estudando durante todo o ano, trancadas em casa, estudando via aula remota. Nós não vamos fazer isso. Claro que respeitamos todas as regras, todas as leis. Se o Enem não acontece, nós perdemos mais de um semestre”, argumentou o ministro da Educação.

Em nota, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) criticam a postura do MEC em relação à organização do Enem em meio à pandemia da Covid-19. As entidades estudantis alegam que não há segurança para a realização da prova, bem como defendem o adiamento do Exame em virtude dos aumentos de casos do novo coronavírus. Confira, a seguir, o posicionamento:

Desde o início da pandemia no Brasil, temos alertado ao governo e às autoridades dos enormes impactos que seriam causados à educação, situação que exigiu, e ainda exige, medidas firmes do poder público, de investimentos à coordenação de ações e estratégias, porém elas não estão acontecendo ou têm sido absolutamente insuficientes.

Assim tem sido também em relação ao ENEM 2020, uma prova de dimensão nacional, que envolve quase 6 milhões de estudantes na maior parte dos municípios do Brasil. Soma-se a isso, o fato de que a ausência de aulas presenciais e a falta de iniciativa do Ministério da Educação em dar condições para que os estudantes pudessem ter o mínimo em redução de impactos, o que prejudica especialmente os jovens mais pobres das escolas públicas e que têm dificuldades de acesso à internet ou piores condições de estudo em suas casas, envolvidos em diversos problemas sociais, econômicos e psicológicos.

Logo, o que se esperava, desde o início, era que o MEC estivesse na linha de frente, propondo e coordenando um Grupo de Trabalho com ações estratégicas e investimentos que buscassem reduzir as desigualdades aprofundadas pela pandemia, seja no decorrer do ano letivo ou na realização da prova do ENEM.

Tanto essas medidas não aconteceram, quanto os números de contaminações e mortes por Covid-19 voltaram a crescer exponencialmente recentemente, o que ocasionou por sua vez o endurecimento em restrições de contato social em diversos estados, com novamente fechamento de estabelecimentos.

Diante da situação atual, mais uma vez, o MEC não dialoga com entidades e com a sociedade sobre a situação do ENEM, e como ela poderá ser realizada em segurança, mesmo sendo cobrado diversas vezes pela UNE e pela UBES. Vale ressaltar ainda que diante da consulta pública feita pelo próprio MEC a escolha dos estudantes para realização da prova foi o mês de Maio, resultado que foi desconsiderado.

Portanto, faltando apenas 12 dias para o Exame, não há respostas sobre as medidas de segurança sanitária que deveriam ser tomadas, nem sequer como os recursos destinados a esse fim teriam sido utilizados.

Essa instabilidade gera não só um impacto emocional elevado aos milhões de jovens e adultos que se preparam para o ENEM, como também coloca em risco a segurança da vida das pessoas com a realização das provas em um ambiente de crescente contaminação (milhões de pessoas em salas de aulas fechadas distribuídas por todo o país e com poucas informações acerca da segurança necessária podem ocasionar em um verdadeiro desastre). Além do fato de que não há confiança por parte de muitos estudantes, seja pelo cuidado com a saúde, muitos em grupo de risco, ou mesmo pelas restrições impostas nos estados e municípios. Para nós, o ENEM e os demais programas de acesso à universidade, são importantes e não podem ser enfraquecidos, se utilizando dessa situação, porém, em um claro posicionamento pela segurança e em defesa da vida e para que não haja ainda mais desigualdade entre os candidatos, acreditamos que a necessidade de adiamento do ENEM é fruto da falta de organização e transparência do MEC, e serviria para a criação de uma estratégia efetiva de garantia da segurança sanitária para realização da prova, sem prejuízos para os instrumentos de seleção como o SISU, PROUNI e FIES.

Os estudantes inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) terão até esta terça-feira (30) para responder à enquete para escolha das datas da prova, adiada devido a pandemia do novo coronavírus. A votação deve ser feita por meio da Página do Participante.

As opções apresentadas aos candidatos são Enem impresso em 6 e 13 de dezembro e Enem Digital em 10 e 17 de janeiro; Enem impresso em 10 e 17 de janeiro e Enem Digital em 24 e 31 de janeiro; ou Enem impresso em 2 e 9 de maio e Enem Digital em 16 e 23 de maio.  Essas três alternativas correspondem ao adiamento em 30, 60 ou 180 dias das datas previstas nos editais. 

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Os inscritos que desejarem contribuir com uma das sugestões deverão seguir o passo a passo abaixo:

--> Acessar a Página do Participante

--> Fazer o login (CPF e senha) no portal gov.br

--> Clicar em "Enquete"

--> Escolher a opção com a data desejada

--> Clicar em "enviar" para confirmar

Finalizado o processo, a contribuição será computada. Segundo o Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o objetivo é dar oportunidade de participação aos interessados no processo de definição do melhor período para a realização das provas e garantir transparência na execução do exame. De acordo com o Inep, há 5,8 milhões de pessoas inscritas no Enem 2020.

Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

Em meio a solicitações para adiar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, lançou uma enquete no Twitter que pergunta se os estudantes podem opinar, ou não, sobre uma nova data para aplicação do Exame. Até o momento, pesquisa soma mais de 28 mil votos.

No texto, ele ainda enfatiza que a decisão deve ser através da ‘democracia direta’, e volta a ressaltar que os estudantes inscritos no Enem 2020 devem escolher - sem intermediários, como entidades estudantis ou parlamentares - “se eles querem fazer o Enem e quando [irão] fazer” as provas. 

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Enquanto alguns internautas questionaram o ministro Weintraub por direcionar a votação do adiamento do Exame apenas para inscritos, outros argumentam que os mesmo estudantes que “militam pela esquerda na internet” podem dizer se querem ou não a realização da prova. Interessados podem realizar as inscrições para o Enem até 22 de maio, através da Página do Participante.

As provas do Exame estão programadas, até então, para novembro. Nos dias 1º e 8 será realiza a versão impressa, enquanto a versão digital será aplicada nos dias 22 e 29. 

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Diante de uma onda de pedidos pelo adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou, na tarde desta terça-feira (19), que será realizada uma consulta com os candidatos inscritos na prova. Em pauta, segundo o ministro, serão feitas as seguintes perguntas: “Vamos manter a data?”; “Adiar por 30 dias?”; “Suspender até o fim da pandemia?”.

"O MEC fará uma consulta, na última semana de junho, a todos os inscritos, através da 'Página do Participante', do @inep_oficial. Vamos manter a data? Adiar por 30 dias? Suspender até o fim da pandemia? O Gov @jairbolsonaro quer saber a opinião dos brasileiros!", postou o ministro da Educação em sua conta no Twitter. 

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Weintraub ainda destacou que 4 milhões de estudantes já se inscreveram no Enem 2020. "As inscrições vão até sexta-feira. Há um debate sobre seu adiamento. Nosso posicionamento é saber a opinião dos principais interessados, perguntando diretamente aos estudantes inscritos", comentou Abraham.

As provas do Enem impresso estão programadas, até o momento, para os dias 1º e 8 de novembro. Já a versão digital está prevista para 22 e 29 do mesmo mês. Para dicas gratuitas sobre o Exame, siga o Instagram @vaicairnoenem.

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--> Senado deve votar hoje projeto que pede adiamento do Enem

Nesta terça-feira (19), no Senado Federal, entrou em pauta a votação do Projeto de Lei 1.277/2020, da senadora Daniella Ribeiro (PP-PB), que pede o adiamento das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), nas versões impressa e digital, enquanto durar o estado de calamidade, em decorrência da pandemia da Covid-19. As seleções estão previstas para 1º e 8 de novembro (modelo tradicional), e 22 e 29 do mesmo mês (avaliação digital).

De acordo com autora do projeto, em entrevista à TV Senado, a manutenção do Exame aprofunda a desigualdade no país. Daniella ressalta que 30% dos estudantes oriundos de zona rural têm mais dificuldade para acessar aulas remotas, além de argumentar que “obrigar alunos sem acesso a aulas, livros e professores a fazer uma prova importante como essa é aprofundar a injustiça social".

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"Nosso intuito não é criticar quem tem condições, mas proporcionar justiça para quem não tem”, enfatizou a senadora. Por observarem os efeitos da pandemia do novo coronavírus que impossibilitam o preparo de muitos estudantes para o Enem, senadores já vêm se manifestando pelo adiamento do Exame. Os parlamentares se mostram otimistas quanto à aprovação da PL 1.277/2020, com votação marcada para esta terça-feira, às 16h.

O relator da matéria, senador Izalci Lucas (PSDB-DF), disse à Agência Senado que está finalizando o parecer do projeto e acredita que a matéria será aprovada sem dificuldades. Em função de pedido de adiamento do Enem deste ano, o Ministério da Educação (MEC), junto ao Instituto  Nacional  de Estudos  e Pesquisas  Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgou uma nota de esclarecimento, afirmando que “a fixação de uma data não a torna imutável”, mas reiterou que, as datas estão mantidas até o momento. 

Estudantes podem realizar as inscrições até 22 de maio, através da Página do Participante. No mesmo endereço eletrônico é possível obter mais detalhes a respeito das provas.

A Universidade de Pernambuco (UPE), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (Ufape), que formam o Consórcio Universitas, emitiram uma nota pública nesta terça-feira (12) pelo adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

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As instituições, que coordenam ações unificadas para a futura retomada das atividades com orientação dos órgãos de saúde, declaram que desaprovam a decisão do MEC pela manutenção do Enem diante do crescimento acelerado nos números de casos e mortes por Covid-19 no Brasil.

“Enquanto pelo menos 14 países na América, Ásia e Europa, continentes mais afetados pelo novo coronavírus, informam que seus exames de acesso ao Ensino Superior serão suspensos ou adiados (a França cancelou o BAC 2020; o SAT nos Estados Unidos e o GAOKAO no China foram adiados, dentre outros), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelo Enem e vinculado ao Ministério da Educação (MEC), insiste numa situação de normalidade inexistente nas escolas brasileiras”, afirma a nota.

Na visão das universidades que integram o consórcio, apesar de escolas privadas estarem implementando esforços para retomar o calendário acadêmico a distância, alunos da rede pública permanecem com aulas paralisadas. “Some-se a isso a situação de vulnerabilidade social da maioria dos estudantes dessas escolas, que lutam pelo cuidado da sua saúde e dos seus familiares, pela continuidade de suas vidas com dignidade no cenário complexo da economia nacional. Diante desses fatos, a manutenção do Enem envolve o risco de agravamento das desigualdades educacionais, uma vez que a rede pública de ensino concentra mais de 80% dos alunos do Ensino Médio e os estudantes mais pobres certamente enfrentam as maiores dificuldades para estudar com as escolas, os programas e projetos de preparação para o Enem suspensos”, diz a nota oficial.

As universidades declaram ainda que “O Enem não “é uma competição”, como anunciado recentemente pelo MEC, ele é uma macroavaliação adotada como seleção para o ingresso no Ensino Superior. E se o fosse, nas atuais circunstâncias, não seria uma competição justa”. Além disso, declaram também que, com a publicação de sua solicitação de adiamento, se juntam a esforços de outros órgãos, como o Tribunal de Contas da União (TCU), Conselho Nacional de Secretários da Educação (Consed), União Nacional dos Estudantes (UNE) e aos dirigentes máximos das Instituições Públicas de Ensino no Estado do Rio de Janeiro no apelo ao MEC e ao Inep.

Confira, a seguir, a nota do Consórcio Universitas na íntegra:

“O Consórcio Pernambuco Universitas, composto pela UPE, UFPE, UFRPE, Univasf, Unicap e Ufape, que planejam, num engajamento conjunto, as ações futuras para o andamento de suas atividades acadêmicas, inclusive o ingresso nas instituições pós relaxamento das condições de isolamento e distanciamento social, baseadas nos decretos estaduais e protocolos de convivência dos órgãos de saúde, desaprovam a decisão de manutenção do calendário do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), principal porta de acesso ao Ensino Superior e Técnico no país.

No período em que o Brasil ultrapassa as marcas de 150 mil contaminados e 11 mil mortos confirmados pela Covid-19, com possibilidade de subnotificação reconhecida pelas autoridades de saúde, com indicativo de progressão geométrica desses números e com todo o ensino presencial suspenso no estado e possivelmente no país, o Edital n°25, de 30 de março de 2020, institui as inscrições para o Enem 2020 a partir de 11 de maio e mantém o calendário de provas para novembro do mesmo ano.

Enquanto pelo menos 14 países na América, Ásia e Europa, continentes mais afetados pelo novo coronavírus, informam que seus exames de acesso ao Ensino Superior serão suspensos ou adiados (a França cancelou o BAC 2020; o SAT nos Estados Unidos e o GAOKAO no China foram adiados, dentre outros), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelo Enem e vinculado ao Ministério da Educação (MEC), insiste numa situação de normalidade inexistente nas escolas brasileiras.

As escolas privadas no estado de Pernambuco, num esforço conjunto e com o emprego de investimentos, retomaram paulatinamente suas aulas de forma remota, porém, as escolas públicas permanecem praticamente com as suas atividades paralisadas por motivos diversos. Some-se a isso a situação de vulnerabilidade social da maioria dos estudantes dessas escolas, que lutam pelo cuidado da sua saúde e dos seus familiares, pela continuidade de suas vidas com dignidade no cenário complexo da economia nacional.

Diante desses fatos, a manutenção do Enem envolve o risco de agravamento das desigualdades educacionais, uma vez que a rede pública de ensino concentra mais de 80% dos alunos do Ensino Médio e os estudantes mais pobres certamente enfrentam as maiores dificuldades para estudar com as escolas, os programas e projetos de preparação para o Enem suspensos. A exemplo dos pré-vestibulares da UPE e da UFRPE, Prevupe e Prepex respectivamente, que atendem estudantes exclusivamente das escolas públicas do estado, que ainda não tiveram suas atividades iniciadas em 2020 em consequência da pandemia do novo coronavírus.

Dados das análises socioeconômicas do Enem 2018, divulgados em janeiro de 2019, evidenciam que um a cada quatro estudantes da classe média triunfa no Enem, enquanto que a proporção dos estudantes das classes C e D é de um a cada 600. Na atual conjuntura de pandemia mundial e isolamento social, com o acirramento das desigualdades sociais, econômicas e educacionais já existentes, essa proporção referente aos segmentos C e D certamente será drasticamente potencializada, inviabilizando o acesso ao Ensino Superior e Técnico por boa parte dos jovens brasileiros que estudam em escolas públicas.

Sobre estas desigualdades, ressaltamos que as premissas que objetivam o desenvolvimento de competências que contemplam a assimilação de informações e o seu uso em contextos adequados, cuja interpretação dos códigos e linguagens adquiridos permite tomada de decisões autônomas, descritas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação ¿ LDB (art. 36), não poderão servir de referências para o processo avaliativo ENEM, visto que muitos estudantes não estão tendo sequer acesso aos conteúdos e experiências necessárias pela impossibilidade de dar continuidade aos estudos, “quando ofertados” em formato de ensino remoto.

Segundo o inciso IV do art. 35, da LDB, uma das finalidades do Ensino Médio é a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada unidade curricular. Portanto, para que este parâmetro possa ser considerado no instrumento avaliativo no Enem, os sistemas de ensino, assim como suas instituições, deverão garantir que tal finalidade se efetive de forma equitativa para seus estudantes, o que está impossibilitado no cenário atual de pandemia.

O Enem não “é uma competição”, como anunciado recentemente pelo MEC, ele é uma macroavaliação adotada como seleção para o ingresso no Ensino Superior. E se o fosse, nas atuais circunstâncias, não seria uma competição justa porque a maioria dos estudantes das escolas públicas e pobres não usufruem, no momento atual, de uma educação remota assim como acontece para os estudantes de escolas particulares. Sabemos que 1/3 dos brasileiros não têm acesso à internet e que 56% dos estudantes brasileiros não tem wi-fi em suas casas. Nesta direção, a Agência Nacional de Telecomunicações evidencia que 55% dos acessos móveis (uso de celulares e smartphones) no Brasil são de contas pré-pagas e, por isso, com acesso limitado.

Repudiamos qualquer tentativa de difusão de uma falsa normalidade na educação brasileira, como a manutenção do cronograma do Exame Nacional do Ensino Médio 2020 o qual, caso mantido, ampliará as desigualdades tendo em vista que esta é a única oportunidade de ingresso numa instituição pública de Ensino Superior ou técnico para milhares de estudantes de escolas públicas brasileiras. Manter o calendário atual do Enem é ignorar as circunstâncias inadequadas que a maioria dos estudantes, principalmente de escolas públicas, se depara nesse momento como a falta de acesso a um ensino com isonomia e qualidade.

Nesta direção, o Consórcio Universitas soma-se às entidades: Conselho Nacional de Secretários da Educação (Consed); União Nacional dos Estudantes (UNE); Tribunal de Contas da União (TCU) e aos dirigentes máximos das Instituições Públicas de Ensino no Estado do Rio de Janeiro e solicitamos ao Ministério da Educação (MEC) que, através do Inep, retifique o calendário do Enem 2020, ampliando o prazo de inscrição e postergando as datas de realização das provas.

Universidade de Pernambuco

Professor Pedro Henrique de Barros Falcão

Universidade Federal de Pernambuco

Professor Alfredo Macedo Gomes

Universidade Federal Rural de Pernambuco

Professor Marcelo Carneiro Leão

Universidade Católica de Pernambuco

Professor Pedro Rubens Ferreira Oliveira

Universidade Federal do Agreste de Pernambuco

Professor Airon Melo”

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As inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 abriram nesta segunda-feira (11). Até então, o cronograma de provas está mantido este ano, segundo o Ministério da Educação (MEC). Um levantamento realizado pelo Instituto Unibanco concluiu que dos 19 países com provas semelhantes, apenas cinco mantiveram os cronogramas para realizar exames de acesso ao ensino superior.

A manutenção do Enem vai na direção contrária do que acontece na maioria dos países do mundo. Com a manutenção das provas, vêm a tona preocupações e agravantes significativos. No Brasil, em que aulas presenciais estão suspensas devido a pandemia, cerca de 80% dos estudantes estão concentrados em escolas da rede pública. 

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Através desse percentual, segundo o Instituto, estudantes mais pobres seriam prejudicados, pois sem a estrutura adequada para receber aulas a desigualdade educacional se mostra mais agressiva. Ou seja, estudantes em condições desfavoráveis teriam menos chance de obter boas notas para acessar o ensino superior. 

Adiamento de provas

Segundo o estudo, dez países com provas similares ao Enem adiaram a aplicação dos Exames. Foram eles: Estados Unidos, Espanha, Irlanda, China, Malásia, Singapura, Gana, Polônia, Rússia e Colômbia. Na França e no Reino Unido, a prova foi substituída por outra forma de avaliação. Na Itália e Finlândia a situação ainda está sendo avaliada.

Os Estados Unidos, por exemplo, mudaram o cronograma do SAT (teste de aptidão escolar) e algumas universidades retiraram a exigência do exame. Na China, o Gaokao – maior exame de admissão do mundo – foi adiado por um mês e será realizado em julho. Já na Rússia a decisão só será avaliada e tomada após o recesso de maio. 

Na Alemanha, Japão e Colômbia (para parte das escolas do sul do país) as provas foram mantidas. Também houve manutenção no Chile e no Egito, mas os exames nesses países serão adaptados para exigir apenas conteúdos de anos anteriores ou já abordados antes da suspensão de aulas.

Brasil

Apesar de cada país ter calendários escolares e panoramas da doenças diferentes, a perda das aulas em sua forma presencial - para evitar a propagação da Covid-19 - tem causado prejuízos objetivos [de aprendizagem] e subjetivos [emocional] aos estudantes, afirma o superintendente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, sobre o estudo.  

Desde o início da quarentena, com a suspensão das aulas, e de forma mais incisiva nas últimas semana, pedidos para o adiamento do Enem deste ano vêm crescendo. Em reunião com o senado, na última terça-feira (5), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, se mostrou irredutível - segundo senador Weverton (PDT-MA) - quanto a mudanças no cronograma da prova

O Enem é o principal canal para acessar o ensino superior no Brasil. O cronograma da prova segue mantida, com realização das provas impressas em 1º e 8 de novembro, e com aplicação na forma digital foi adiada para 22 e 28 de novembro. Os vestibulandos poderão realizar a solicitação de isenção durante o período de inscrições no Exame, que começa nesta segunda-feira (11) e vai até 22 de maio.

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