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Foi iniciada nesta quinta-feira (13) a força-tarefa para vacinar mais de 8 mil indígenas que vivem em áreas de difícil acesso. A ação começará pelo município de São Gabriel da Cachoeira (AM), na região do Alto Rio Negro. As equipes irão percorrer 11 aldeias pelo período de 20 dias.

Chamada Operação Gota 2023, é uma parceria entre os ministérios da Saúde e da Defesa e deve durar até outubro, com imunização de comunidades do Médio Rio Solimões e Afluentes, Vale do Javari, Alto Rio Juruá, Alto Rio Purus, Amapá, norte do Pará e Médio Rio Purus.

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De acordo com o Ministério da Saúde, as áreas foram selecionadas a partir dos seguintes critérios: sem acesso por rodovia ou hidrovia, mais de cinco dias de viagem para chegar ao local, área sem visitação ou entrada por mais de seis meses no ano, barreiras geográficas e região de floresta que exige permanência de um profissional por mais de quatro dias sem comunicação.

“Retomar as altas coberturas vacinais é prioridade do Ministério da Saúde e as ações em territórios indígenas tem o objetivo de recuperar os índices vacinais de todas os imunizantes do Calendário Nacional de Vacinação que sofreram queda nos últimos anos. Desde fevereiro, o Ministério da Saúde está unindo o Brasil no Movimento Nacional pela Vacinação, que começou pelo reforço da imunização contra a Covid-19”, aponta nota da pasta. 

As comunidades indígenas serão vacinadas contra diversas doenças, entre elas covid-19 e influenza. No total, conforme o ministério, serão utilizadas aproximadamente 11 mil doses de mais de 20 tipos de imunobiológicos.

A estratégia é levar ainda vacinação para populações ribeirinhas e quilombolas.

O Brasil tem mais de 400 mil indígenas sem acesso à água potável e 55% das aldeias do país não têm água de qualidade garantida. Por isso, o Ministério da Saúde lançou nesta quinta-feira (10) o Programa Nacional de Acesso à Água Potável em Terras Indígenas. O plano prevê metas para alcançar, em até 20 anos, acesso universal a água tratada nas aldeias de todo país. 

No programa estão previstas a construção de novos sistemas de coleta e tratamento de água ou reforma e ampliação de sistemas já existentes. O ministro Marcelo Queiroga afirmou que o principal objetivo é oferecer aos indígenas acesso à água de qualidade e controlar doenças que causam diarreia, especialmente entre as crianças indígenas.

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“Esse programa é uma política pública que foi planejada com critérios técnicos e foi construída com a comunidade indígena”, disse.

Em uma ilha da Indonésia, uma família posa para uma foto com seus idosos pouco sorridentes. Não é que eles vivam trancados ou estejam zangados com seus descendentes. Os mais velhos estão mortos.

A fotografia faz parte da tradicional cerimônia Manene realizada em duas pequenas aldeias na ilha indonésia de Sulawesi.

Centenas de cadáveres são exumados e vestidos na cidade de Torea como parte de um ritual para honrar seus espíritos e oferecer-lhes oferendas.

"Quando fazemos o Manene, começamos abrindo a câmara funerária e limpando seu interior e arredores", diz Sulle Tosae à AFP.

"Depois secamos os corpos ao sol antes de trocar de roupa", acrescenta o homem.

Os caixões com os corpos de seus parentes são retirados de suas sepulturas cavadas nas montanhas.

"As oferendas são um sinal de gratidão dos filhos e netos para os antepassados", diz o chefe da aldeia de Torea, Rahman Badus.

Eles honram seus espíritos "para que possam sempre abençoar os vivos com segurança, paz e felicidade", acrescenta.

Uma família oferece um cigarro ao seu parente recém-exumado, outra coloca óculos de sol estilosos nele.

Alguns corpos permanecem quase intactos graças a um processo de mumificação, enquanto de outros resta apenas o esqueleto.

- Espírito dos mortos -

O grupo étnico toraja tem um milhão de membros na ilha de Sulawesi.

Eles têm poucos escrúpulos em falar com corpos embalsamados, vesti-los, escovar seus cabelos ou até mesmo tirar fotos com eles.

O calendário da cerimônia depende de cada cidade, mas normalmente o Manene acontece a cada vários anos nos meses de julho e agosto.

Os toraja acreditam que os espíritos dos mortos vagam pelo mundo antes da cerimônia fúnebre e só começarão sua jornada para a terra dos espíritos depois que suas almas forem imortalizadas.

As famílias preservam os corpos até que tenham economizado dinheiro suficiente para um funeral elaborado.

Antes, os mortos eram mumificados por meio de um processo de embalsamamento com remédios naturais, como vinagre azedo e folhas de chá.

Mas agora muitas famílias tomam o atalho de injetar no cadáver uma solução de metanal.

O processo de exumação é uma cena de arrepiar os cabelos para os turistas estrangeiros. No entanto, os moradores estão mais do que felizes em limpar os corpos, tirar fotos e orar por suas almas.

Mas o chefe da aldeia diz que alguns moradores podem ir longe demais.

"Os familiares prestam respeito a seus pais ou ancestrais e o desrespeito tem consequências", explica Badus sem especificar quais comportamentos ele denuncia.

"Os corpos devem ser tratados com o maior respeito no ritual Manene", alerta.

O Ministério Público Federal no Pará informou ter acionado a Polícia Federal após receber denúncias de ameaças de invasão de aldeias Parakanã na terra indígena Apyterewa, localizada entre os municípios de São Félix do Xingu e Altamira. De acordo com o órgão, trata-se de uma das terras indígenas mais invadidas e mais desmatadas do País.

A Procuradoria avisou a superintendência da corporação em Belém e o delegado da PF em Redenção, cidade mais próxima ao suposto local dos ataques. O órgão diz atuar junto aos órgãos de segurança para "evitar violência contra as aldeias".

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O MPF começou a receber relatos de ameaças no domingo, 15, sendo que novas denúncias foram apresentadas à Procuradoria nesta segunda-feira, 16. O órgão diz que "medidas administrativas e judiciais de proteção aos indígenas serão imediatamente intensificadas".

Os procuradores receberam áudios em que indígenas narram que foram avisados da organização, por fazendeiros, de equipes para atacar aldeias recém-abertas. Gravações datadas desta segunda-feira, 16, diziam que os homens teriam cercado uma das aldeias, diz o MPF.

De acordo com a Procuradoria, a terra indígena Apyterewa foi homologada em 2007 e sua desintrusão - retirada dos invasores não indígenas - foi prevista "como uma das condicionantes prioritárias antes das obras da usina de Belo Monte".

"Conflitos com fazendeiros e grileiros são frequentes na área e nos últimos dois anos invasores confrontaram diversas vezes fiscais ambientais e servidores da Funai que trabalhavam na área, chegando a atirar bombas contra eles", diz o órgão.

O Ministério Público Federal chegou a ajuizar ação para obrigar a desintrusão. Em 2009, a Procuradoria ainda pediu à Justiça Federal que multe o governo por não cumprir as decisões judiciais.

Um grande incêndio em uma área arborizada nos arredores de Jerusalém na tarde desta quarta-feira(9) paralisou o tráfego rodoviário e forçou a evacuação de vários vilarejos, enquanto dezenas de bombeiros lutavam para controlá-lo.

A estrada principal que liga Jerusalém a Tel Aviv foi bloqueada, assim como a linha férrea entre as duas principais cidades do país, anunciou a polícia israelense.

O incêndio começou no noroeste de Jerusalém, a cerca de 15 km de distância, em uma floresta próxima a áreas habitadas. Os bombeiros ativaram o estado de alerta.

“Dez aviões de combate a incêndio e 29 equipes de combate a incêndio, com 78 bombeiros, lutam sem conseguir conter” as chamas, segundo nota do corpo de bombeiros.

De uma parte de Jerusalém, era possível perceber a fumaça e seu cheiro.

A polícia anunciou que evacuou os habitantes das aldeias de Maale HaHamisha e Yad Hashmona, nas colinas próximas à cidade.

Não muito longe do incêndio, a cidade de maioria árabe de Abu Gosh não foi evacuada.

No momento, as causas do incêndio eram desconhecidas.

A propagação de fake news é um grande problema no combate à Covid-19 no Brasil. Em vista de minimizar esses impactos, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) desenvolveu um material informativo em formato de áudio para ser distribuído em aldeias indígenas. Os áudios distribuídos em aplicativos de mensagem tem o objetivo de conscientizar a população indígena sobre as notícias falsas e reiterar a importância da vacinação

Ao todo, foram produzidos seis áudios, eles alertam sobre a disseminação de informações falsas e explicam aos nativos como as vacinas funcionam. A ideia é estimular o compartilhamento dos áudios para o máximo de indígenas através dos aplicativos de mensagens. 

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Segundo a FAS, o material destaca os minuciosos testes a que o imunizante é submetido antes de ser disponibilizado à população, de forma segura. E ao final de cada informativo, o convite é o mesmo: faça sua parte, tome a vacina, proteja a si mesmo e toda a comunidade.

Para Samela Sateré Mawé, comunicadora indígena, a vacinação simboliza também a resistência dos povos indígenas. “Nós, povos indígenas, somos resistência. Nós resistimos há mais de 520 anos. A resistência é feita de lutas, é feita de muitas formas. E, hoje, uma das formas mais significativas de resistência é a vacinação, a imunização dos nossos parentes”, afirma.

“Então, parentes, quando a equipe de vacinação chegar na sua aldeia, tome a vacina. Não acredite em fake news, não acredite nessas mentiras que estão sendo enviadas via WhatsApp, via Facebook. É muito importante que nós, povos indígenas, estejamos protegidos dessa doença. Então, vacina parente!”, reiterou a indígena.

Segundo dados das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e do Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam), a taxa de mortalidade pela Covid-19 entre os indígenas da Amazônia Legal é 150% mais alta do que a média nacional. A precariedade nos serviços básicos e no acesso à informação, contribuem para maior vulnerabilidade dos indígenas à pandemia.

Para ajudar a minimizar esses impactos, a FAS criou a Aliança Covid Amazonas, que reúne 120 parceiros, entre prefeituras, ONGs, empresas, instituições internacionais e de pesquisas, além de embaixadas de outros países. Há 11 meses, a iniciativa tem desenvolvido ações como entrega de concentradores de oxigênio para unidades de atenção primária indígenas, doação de testes rápidos, máscaras, termômetros, distribuição de kits de higiene, kits de limpeza e desinfecção, cestas básicas e medicamentos para indígenas em contexto urbano e aldeados.

O cacique Raoni Metuktire, de 89 anos, conhecido internacionalmente pela defesa dos direitos dos povos indígenas, está internado em um hospital no Mato Grosso. Sua saúde começou a ficar mais delicada desde a última quinta (16), quando apresentou hemorragia, diarreia e indisposição e foi levado às pressas de sua aldeia que fica no Parque Nacional do Xingu até o Hospital Santa Inês, na cidade de Colíder, a 648 km de Cuiabá (MT). 

Segundo a equipe médica, o líder indígena não apresenta sintomas de Covid-19. Seu sobrinho-neto, Patxon Metuktire, disse ao jornal Folha de São Paulo que Raoni tem se alimentado mal desde a morte de sua esposa, Bekwyjkà Metuktire, em junho. “Eu estive lá e vi que o meu tio ficou muito triste. A morte dela tem muita relação com esse adoecimento dele”, afirmou.

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O medo da Covid-19 vem assolando as terras indígenas e segundo Patxon também vem atormentando seu tio, que demonstrava grande preocupação e dava indícios de um possível quadro de depressão. “Ele relutou muito em querer vir para o hospital por medo de pegar essa doença”, disse ele. 

O Hospital Santa Inês, onde o cacique está internado, é particular, mas não tem estrutura para exames mais complexos, como os que são necessários no caso de Raoni, segundo o médico Eduardo Massahiro Ono. “O Raoni está sofrendo uma hemorragia digestiva, e só um diagnóstico mais preciso vai apontar onde esse sangramento está localizado. Aqui, não conseguimos fazer esse procedimento”, explicou Ono, contando também que para controlar o quadro de anemia, o líder indígena precisa de transfusão de sangue. 

Inicialmente, Raoni seria levado ao Hospital Regional de Colíder, o que não foi possível, uma vez que a unidade de saúde se tornou um centro de referência em tratamento de pacientes com Covid-19 e o risco de mantê-lo lá seria muito elevado. “Vamos levá-lo de avião ainda hoje para Sinop [cidade da região norte de Mato Grosso com mais estrutura clínica]”, disse seu sobrinho-neto Patxon. à Folha, o próprio Raoni, que está lúcido, afirmou que está “ficando forte novamente”. 

Ataques do governo

O Cacique Raoni é internacionalmente conhecido por sua defesa dos direitos dos povos indígenas há décadas. Ainda em 1989, ele teve um encontro histórico com o cantor britânico Sting (ex-The Police) durante o 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, em Altamira (PA). Em maio de 2019, teve reuniões com o Papa Francisco e com o presidente da França, Emmanuel Macron, em busca de apoio e recursos na Europa para financiar atividades de fiscalização e proteção das terras indígenas caiapós no Brasil. 

As reuniões com lideranças europeias lhe renderam ataques do próprio Bolsonaro, que tem o presidente francês como um desafeto na questão ambiental, apesar da manifesta intenção do cacique de conversar com o mandatário brasileiro, que se recusou a receber o cacique. Em julho, Bolsonaro afirmou que não reconhece o cacique como uma autoridade no Brasil. “Ele é um cidadão, como outro qualquer que nós devemos respeito e consideração. Mas ele não é autoridade", disse o presidente.

Na Assembleia Geral da ONU de setembro de 2019, Bolsonaro elevou o tom. “Muitas vezes alguns desses líderes, como o cacique Raoni, são usados como peças de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informacional para avançar seus interesses na Amazônia." 

Em resposta, o cacique afirmou que Bolsonaro “não tem coração bom", “não tem liderança e tem que sair [do governo]”. Apesar disso, convidou membros do governo a comparecerem ao encontro que presidiu na aldeia Piaraçu, mas nenhum representante foi enviado. 

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O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou duas ações civis públicas, em Belém e Santarém, para obrigar a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a fornecerem cestas básicas e material de higiene para povos indígenas no Pará enquanto durar a pandemia do novo coronavírus. O pedido havia sido feito antes, por meio de recomendações do MPF, mas apesar de reconhecer a necessidade os órgãos do governo federal não entregaram, até hoje, os alimentos e kits de higiene suficientes para atender a todas as comunidades. 

O Pará tem 69.224 casos confirmados de covid-19, segundo a Secretaria de Estado de Saude Pública (Sespa), com 4.201 mortos. Veja o último boletim aqui.

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A ação judicial iniciada em Belém pretende garantir a segurança alimentar e sanitária de povos indígenas nas regiões do Sudeste e Nordeste do Pará, além do povo Kayapó no Sul do Estado. No processo iniciado em Santarém, povos das regiões do Tapajós, Trombetas, Baixo Amazonas e Baixo Tocantins devem ser atendidos. A demora na entrega das cestas pode ser uma das causas para a contaminação em comunidades indígenas.

Sem acesso seguro aos alimentos nas aldeias, muitos indígenas tiveram que se deslocar para as cidades para acessar benefícios sociais e adquirir mantimentos, o que pode ter provocado a contaminação pela covid-19. Nas regiões citadas nos processos do MPF, foram registradas mortes pela doença entre os povos Borari, Xikrin, Kayapó, Assurini, Gavião, Aikewara e Tupinambá. Todos os outros seguem ameaçados de contágio, pela situação de insegurança alimentar.

O risco de disseminação do novo coronavírus dentro de terras indígenas a partir de deslocamentos para as cidades era bem conhecido de todos os órgãos que atuam na questão. Em 2 de abril, o MPF emitiu recomendação à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e à Funai para que tomassem medidas em todo o país para evitar esses deslocamentos e prevenir os contágios. Os dois órgãos reconheceram os riscos em respostas oficiais ao MPF.

A Sesai elaborou um plano em que recomendava aos indígenas que não se deslocassem para os centros urbanos, dada a “reconhecida vulnerabilidade das populações indígenas às doenças respiratórias”. São comuns na história dos povos indígenas os genocídios provocados por epidemias de enfermidades que atacam o sistema respiratório.

“Não é crível que mesmo com recursos orçamentários disponibilizados para tanto e com dispensa de licitação para aquisição de itens para enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente do novo coronavírus (Lei 13.979/2020, art. 4º), as cestas básicas e materiais de higiene, que possuem caráter emergencial, não tenham chegado aos destinatários, por razões de ineficiência administrativa, diz a ação judicial iniciada em Santarém.

Nesse processo, o MPF pede que a Justiça Federal obrigue a Conab e a Funai a apresentarem, no prazo de cinco dias, a contar da decisão, cronograma para fornecimento de alimentos e itens de higiene, com datas específicas para entrega nas aldeias, em todas as aldeias indígenas atendidas pelas coordenações técnicas da Funai em Santarém, Oriximiná, baixo Tapajós e Trombetas de forma que, no máximo até 20 de junho, “utilizando-se todos os meios de transporte cabíveis, incluindo apoio logístico voluntário do Exército brasileiro” todas as comunidades recebam os alimentos. A Funai e a Conab devem manter a entrega de alimentos e materiais de higiene mensalmente para todos os povos, enquanto durar a pandemia do novo coronavírus.

Em Belém, o governo do Estado reservou 50 leitos do Hospital de Campanha do Hangar para indígenas acometidos da covid-19.Com a criação das alas exclusivas para um dos segmentos sociais mais vulneráveis ao novo coronavírus, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), cumpre o compromisso assumido com a Secretaria Especial de Saúde Indígenas (Sesai), os DSEIs e lideranças indígenas, durante uma reunião por videoconferência realizada no último dia 29 de maio.

Do site do MPF, com informações da Sespa.

 

No próximo sábado (26), às 20h, no Espaço O Poste,  estreia em única apresentação o espetáculo Aldeias – Experimentos do Corpo Ancestral, baseado em estudo e histórias do universo ritualístico da cultura ameríndia e afro-brasileira. Em cena, 12 atores-pesquisadores se desafiam a vivenciar o corpo ancestral, rememorando o ser humano primitivo e tribal, em sintonia com o sagrado da religiosidade afrobrasileira e das energias da natureza.

De forma não linear, os rituais e cultos, que envolvem cênica e música, conduzem o público por questionamentos de origem, pertencimento, autoconhecimento e superação. "As aldeias são moradas por onde o ser humano passou. Em cada local, ele construiu a sua", afirma a Agrinez Melo, atriz e diretora do espetáculo. Durante três meses de processo, Agrinez compartilhou parte da pesquisa Dramaturgia dos Orixás, que interliga práticas de Teatro Físico e Antropológico ao imaginário do Candomblé.

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O projeto pioneiro, já utilizado nos espetáculos do grupo O Poste Soluções Luminosas, é replicada agora com outros artistas, trazendo ainda a inserção de expressões da Jurema e da Umbanda. De forma inovadora, a sistematização do método propõe a descoberta do corpo primitivo de cada ator-pesquisador através exercícios, movimentações e vetores compilados pela metodologia, que alicerçam interpretações viscerais e vívidas.

O elenco é composto por Alinho Fonte, Fernanda Spíndola, Gabi do Carmo, Jorge Féo, Kleber Valentim, Lah Euzébio, Le Mer, Maria Costa, Milton Raulino, Rômulo Moraes, Yasmmym Regina e Washington San’s. Os ingressos do espetáculo custam R$ 20 (preço único) e R$ 10 (entrada social + 1kg de alimento não perecível). Mais informações pelo telefone (81) 99505-4201.

Serviço 

Espetáculo Aldeias – Experimentos do Corpo Ancestral

26 de outubro (próximo sábado) | 20h

Espaço O Poste, Rua da Aurora, 529 – Boa Vista

Ingressos: R$20 (preço único) | R$ 10 (entrada social + 1kg de alimento não perecível)

*Da assessoria

Vinte e seis civis foram mortos nesta terça-feira por um grupo armado que atacou dois vilarejos no noroeste da República Centro-Africana - anunciou o chefe da Missão das Nações Unidas local (Minusca).

Trata-se do pior massacre cometido no país desde a assinatura, em 6 de fevereiro, de um acordo de paz entre o governo e 14 grupos armados.

"A Minusca condena nos termos mais fortes os assassinatos ocorridos nos vilarejos de Koundjili e Djoumjoum, com mais de 26 mortos e muitos feridos", tuitou o representante do secretário-geral das Nações Unidas na RCA, Mankeur Ndiaye.

O massacre ocorreu nessas duas aldeias localizadas a cerca de 50 quilômetros de Paoua, perto da fronteira com o Chade.

"Em 21 de maio, membros do grupo armado 3R (Retorno, Reclamações, Reconciliação) organizaram uma reunião com moradores dos vilarejos de Koundjili e Djoumjoum", segundo uma fonte da ONU.

"Quando os moradores apareceram para a reunião, elementos do 3R abriram fogo contra eles de forma indiscriminada, matando 12 civis em Koundjili, e 14, em Djoumjoum", acrescentou.

O grupo 3R assinou o acordo de paz de fevereiro. Em troca, seu líder, Bi Sidi Souleymane (conhecido como Sidiki), foi nomeado em 25 de março "conselheiro especial militar" do primeiro-ministro, responsável pela criação de unidades conjuntas associando membros das Forças Armadas (FACA) e grupos armados.

Preparado desde 2017 pela União Africana, o acordo assinado em fevereiro em Cartum é o oitavo desde o início da crise em 2013, marcada pela derrubada do presidente François Bozizé.

Nenhum dos acordos anteriores levou à estabilidade, em um país onde os grupos armados controlam 80% do território e lutam pelo controle dos recursos naturais.

Quase 25% das 4,5 milhões de pessoas da RCA foram forçadas a fugir de suas casas.

No chão de terra batida, as centenas de cães e gatos abandonados dividem espaço com sacos de lixo, embalagens plásticas usadas, roupas rasgadas, objetos queimados, restos de comida e fezes de animais. Nas travessas e vielas que formam a comunidade, predominam as casas simples, de madeira, sem banheiro privado nem saneamento adequado. Em alguns trechos, o esgoto fica a céu aberto, no mesmo terreno onde crianças brincam. A sujeira e os problemas de pele expostos no rosto e no corpo dos pequenos denunciam os riscos que aquele solo traz à saúde.

A precariedade não é de uma favela ou vilarejo pobre do interior. Retrata, na verdade, as aldeias vizinhas ao Parque Estadual do Jaraguá, na zona norte de capital paulista, onde vivem cerca de 700 índios. O grupo chamou a atenção no último mês ao protestar pela regularização de suas terras. Eles chegaram a subir o Pico do Jaraguá e ocupar o espaço onde ficam as antenas de telecomunicações.

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Mas a luta da comunidade é diária. Sem a demarcação oficial da maior parte do território onde vivem, os guaranis têm dificuldades para ter acesso a serviços básicos e manter práticas típicas da tribo. "Não há espaço para plantios nem atividades culturais. Os jovens ficam sem perspectiva. Metade dos adultos está desempregada, principalmente porque sofremos preconceito no mercado de trabalho", conta Thiago Henrique Karaí Djekupe, de 23 anos, uma das lideranças dos indígenas. Entre os índios desempregados, boa parte sobrevive do Bolsa Família ou da venda de artesanato.

A formação escolar no local é precária. Há uma escola estadual dentro de em uma das quatro aldeias em que os guaranis do Jaraguá estão divididos, responsável por atender perto de 300 crianças e adolescentes. Só há, porém, espaço para duas salas de aula.

A saída encontrada pela comunidade foi improvisar outras quatro salas em uma oca. Um desses espaços foi transformado em dois, com um armário servindo como divisória, para receber duas turmas. "As aulas se misturam porque o que um professor fala de um lado pode ser ouvido do outro", conta uma moradora da aldeia que não quis se identificar.

A Unidade Básica de Saúde (UBS) na terra indígena também opera com espaço físico insuficiente. "Não temos salas para vacinação, curativo e inalação", conta Thiago.

O atendimento recebido pelos indígenas em outros centros de saúde fora da tribo também é alvo de queixas. "Nossas crianças têm imunidade baixa por viverem em um ambiente tão contaminado e nem sempre recebemos cuidado especial quando somos transferidos para alguns hospitais", diz o líder.

Só neste ano, duas crianças morreram por infecções. Uma delas foi a bebê Samantha, de 9 meses. "Ela começou com um resfriado, levamos ao Hospital Municipal de Pirituba (zona norte) quando os sintomas pioraram, mas lá não tinha UTI e ela ficou dois dias esperando abrir vaga para transferência. Mas quando conseguiu, já era tarde demais. Morreu na madrugada seguinte", relata o pai da menina, o professor Jurandir Augusto Martim, de 41 anos.

Na pele

Entre as crianças da tribo, as doenças de pele são comuns. Acostumados a brincar na terra, elas entram em contato com as fezes dos cerca de mil animais que vivem no local. A entrada da aldeia é ponto de abandono de cães e gatos. "Já teve até ação civil do Ministério Público Federal pedindo à Prefeitura a retirada de animais aqui, mas disseram que não havia para onde levá-los", conta Thiago Djekupe.

A maioria dos animais vistos pela reportagem no local estava doente ou debilitada. A reportagem encontrou o corpo de um gato morto há dias rodeado de insetos ao lado de um dos banheiros comunitários da tribo.

Esses espaços são outro problema. Construídos há dez anos pela Secretaria Especial da Saúde Indígena, órgão do Ministério da Saúde, nunca receberam manutenção. Alguns estão com o vaso sanitário ou chuveiro quebrados, além de acumular muita sujeira.

A falta de perspectivas e de políticas públicas mais efetivas traz outros problemas típicos de áreas com alta vulnerabilidade social. O índice de gravidez na adolescência nas aldeias do Jaraguá é alto. "Há aconselhamento, mas não basta. Não há muitas opções de atividades para os adolescentes aqui. E ainda quando as meninas engravidam, nem sempre o pai assume", conta Natalina Jera Veríssimo, de 38 anos, representante das mulheres indígenas. Ela própria tem uma filha que deu à luz aos 15 anos.

O alcoolismo é outro desafio. Pelo menos 18 guaranis fazem tratamento para tentar abandonar o álcool. Além disso, a depressão atinge as aldeias. Neste ano, um adolescente guarani de 13 anos se matou. "Nossos direitos não são respeitados. Essa falta de apoio do Estado acaba sendo uma forma de nos enfraquecer", conclui Thiago. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A 20ª edição do projeto de artes cênicas Palco Giratório chegou a Pernambuco na última terça-feira (4), iniciando uma programação com 36 apresentações de espetáculos, um seminário, uma mostra comemorativa, 13 oficinas, 10 'Pensamentos Giratórios' e três intercâmbios, sendo dois no Recife e um em São Lourenço da Mata. Até novembro, 11 grupos se apresentarão em 17 unidades do Serviço Social do Comércio (Sesc).

Aldeias 

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Funcionando como um braço cultural do palco giratório, as aldeias recebem ações de diferentes linguagens artísticas com o intuito de potencializar a produção artística local. Nesta edição, serão realizadas quaro ações: Aldeia Vale Dançar, de 19 a 29 deste mês, e a Velho Chico de 1 a 12 de agosto em Petrolina, Aldeia Yapoatan de 15 a 24 de setembro em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, e Olho d’Água dos Bredos de 17 a 26 de novembro em Arcoverde.

Circuito Especial 

Nesta edição, o Palco Giratório homenageia a companhia “Oi Nóis Aqui Traveiz”, do Rio Grande do Sul, que passará por 19 cidades ao longo do ano. A companhia estreia seu novo espetáculo - “Caliban – A Tempestade” - no circuito especial. Em Pernambuco, o grupo se apresentará na Aldeia Olho d'Água dos Bredos, em novembro, fechando o seu circuito nacional no Recife. 

Confira a programação completa no site do Palco Giratório.

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