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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva selou acordo com a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (sem partido) para retorno dela ao PT para ser vice na chapa encabeçada por Guilherme Boulos (PSOL-SP) nas eleições municipais de 2024. Ela deixou o partido em 2015, afirmando que a sigla protagonizou "um dos maiores escândalos de corrupção que a nação brasileira já experimentou", em referência aos fatos revelados pela Operação Lava Jato. Não é a primeira vez que o petista se articula com políticos que eram críticos a ele ou à legenda.

Além de Marta, o petista também já costurou alianças com adversários históricos, como Geraldo Alckmin (PSB), com quem disputou as eleições presidenciais de 2006. Hoje ele é seu vice-presidente. Outros destaques são Paulo Maluf, Fernando Collor e Leonel Brizola.

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Segundo o cientista político Thiago Valenciano, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), as alianças feitas por Lula são estratégias para remover adversários ferrenhos da oposição aos candidatos petistas. Ao mesmo tempo, os movimentos buscam garantir bases eleitorais no Legislativo e atrair eleitores mais distantes do programa de governo do PT.

"É o jogo da política. Concessões para obtenção de sucesso no resultado eleitoral, cessão de apoios para partidos políticos quando necessário, inclusive na negociação de cargos comissionados e emendas parlamentares. Lula sabe como conduzir crises políticas e entende a dificuldade que enfrenta em cada eleição. Nesse sentido, ele acaba sendo pragmático e faz as alianças necessárias", afirmou.

Marta Suplicy

A ex-prefeita Marta Suplicy deixou a Secretaria de Relações Internacionais de São Paulo na última terça-feira, 9, após se encontrar com Lula no Palácio da Alvorada e fechar uma aliança com Boulos e o retorno ao PT. Marta fazia parte do secretariado do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que é pré-candidato a reeleição e tem no psolista seu principal adversário. A saída dela foi encarada como uma "traição" por aliados do emedebista, que vai ser apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Marta integrou o PT por 35 anos e, no partido, foi deputada federal (1995-1999), prefeita de São Paulo (2001-2005), ministra do Turismo do segundo mandato de Lula (2006-2007), senadora (2011-2015) e ministra da Cultura de Dilma Rousseff (2012-2014).

Em abril de 2015, Marta entregou uma carta às direções municipal, estadual e nacional do partido em que pediu a desfiliação do PT, afirmando que a sigla era reincidente em casos de desvios éticos. Fora do partido, ela apoiou o impeachment de Dilma em 2016.

Geraldo Alckmin

Nas eleições de 2006, o principal adversário de Lula foi Geraldo Alckmin, que integrou o PSDB por 33 anos e era governador de São Paulo na época. O pleito ocorreu durante as descobertas do escândalo do mensalão, e Alckmin usou a campanha para associar o petista ao esquema de corrupção. Em resposta, o petista atacou o governador, dizendo que ele foi um especialista no "processo de desmonte" das políticas públicas paulistas.

Em 2016, na convenção do PSDB que lançou o empresário João Doria para a Prefeitura, Alckmin atacou o PT e o ex-prefeito e atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad. "Os 13 anos de lulopetismo levaram o País a ser saqueado, literalmente. O PT quer vencer a eleição para se redimir e resolver seus problemas", afirmou.

Em 2017, em outro encontro do PSDB, Alckmin disse que Lula havia "quebrado o Brasil" e que o petista desejava "voltar à cena do crime". Enquanto Lula estava preso em Curitiba, o atual vice-presidente o chamava de "preso condenado por corrupção".

No início de 2022, Alckmin e Lula se aproximaram para criar uma "frente ampla" para enfrentar Jair Bolsonaro (PL) nas eleições. Para isso, o ex-governador deixou o PSDB e se filiou ao PSB.

Alckmin passou a acompanhar o petista em eventos ligados à causa sindicalista e da esquerda. Em um deles, ele exaltou Lula como o "maior líder político" do País. Em outro, Alckmin ouviu e aplaudiu o hino da Internacional Socialista. A chapa composta pelos dois venceu o pleito de 2022 para comandar a Presidência.

Paulo Maluf

Em busca de um maior tempo de televisão para a propaganda eleitoral gratuita de Fernando Haddad nas eleições municipais de 2012 em São Paulo, Lula se aproximou do PP do ex-prefeito Paulo Maluf. Segundo o petista, Maluf exigiu que os dois posassem para jornalistas para que a aliança fosse consolidada.

A relação tensa entre os dois começou antes mesmo de Lula se candidatar ao seu primeiro cargo público. Em 1980, ele foi preso por liderar greves no ABC paulista. Maluf, que era governador de São Paulo na ditadura militar, disse: "Lula é um líder morto. Em seis meses os metalúrgicos o esquecerão".

Nas primeiras eleições diretas depois da redemocratização, em 1989, Maluf e Lula foram adversários e trocaram ataques. Enquanto o PT representava uma proposta de esquerda, o ex-governador era o candidato do PDS, partido que sucedeu à Arena - sigla que deu sustentação à ditadura militar.

Nas vésperas do pleito de 1994, quando o petista se candidatou e perdeu para Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, o ex-prefeito disse: "Quem votar em Lula vai cometer suicídio administrativo". Lula respondeu afirmando que o opositor era "o símbolo da pouca vergonha nacional".

Fernando Collor

Em 1989, Lula foi para o segundo turno contra o ex-presidente Fernando Collor, que então estava no Partido da Reconstrução Nacional (PRN). A disputa foi polarizada e marcada por ataques pessoais. Em um debate televisionado, Collor, que venceu a disputa por 53% a 47%, disse que o petista era um mentiroso e fez insinuações de que ele não sabia ler.

"Aquele codinome de Pinóquio que o deputado (Lula, que ocupou a Câmara entre 1987 e 1991) tenta colocar no programa do partido (PRN), eu acho que cabe muito bem a ele. Ele que é um grande Pinóquio. Eu sabia que o Pinóquio pelo menos lia, mas eu não sei se ele sabe ler", disse Collor.

Em outro momento do debate, Lula provocou Collor com menção a Xuxa Meneghel. "São promessas de um candidato Xuxa: na campanha, dá beijinho, beijinho e, depois de eleito, é tchau, tchau", em referência a um jargão usado pela apresentadora. Quando Collor esteve no Planalto, o petista foi um dos articuladores do processo de impeachment que destituiu o então chefe do Executivo em 1992.

Em 2006, 14 anos depois, o alagoano ensaiava uma volta à política, ao mesmo tempo em que o petista tentava a reeleição na Presidência. Collor se candidatou ao Senado e buscou se aproximar de Lula, conquistando uma cadeira no Legislativo, onde ficou até 2022.

Collor disse que Lula, por ser nordestino, conhecia "nossas raízes e nossas carências e tem agido rápido no atendimento aos pleitos do Nordeste", em entrevista. Em 2009, o petista se encontrou com o ex-presidente em Alagoas e teceu elogios ao novo aliado.

Collor também apoiou as candidaturas de Dilma em 2010 e em 2014, se afastando da petista durante o processo de impeachment de 2016. Nos últimos anos, o ex-presidente se aproximou do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Leonel Brizola

O fim dos anos 80 e a década de 90 foram marcados por uma grande cisão na esquerda, sendo representada pelo PT de Lula e o PDT de Leonel Brizola. Disputando o mesmo segmento do eleitorado em eleições presidenciais, os dois frequentemente trocavam acusações na imprensa. Em uma entrevista ao programa Roda Viva, em 1987, o petista chamou o ex-governador do Rio de "caudilho". O termo que faz referência aos líderes que contavam com forças militares particulares no Sul do País, região onde nasceu Brizola.

Nas eleições de 1989, Brizola afirmava que Lula era despreparado por nunca ter tido uma experiência administrativa e desferia ataques ao PT. Após ficar de fora do segundo turno das eleições, Brizola anunciou que apoiaria Lula. "Não seria fascinante fazer as elites brasileiras engolirem Lula, o sapo barbudo?", afirmou.

Em 1998, buscando vencer FHC, os dois formaram uma chapa de oposição ao tucano. A aliança não funcionou e a dupla Lula-Brizola ficou em segundo lugar, enquanto Fernando Henrique venceu o pleito em primeiro turno.

Logo após o fim da eleição, o petista e o pedetista se distanciaram novamente. Em 2002, quando Lula venceu a primeira disputa presidencial, Brizola apoiou o ex-governador do Ceará Ciro Gomes, que então era filiado ao Partido Popular Socialista (PPS), hoje Cidadania.

O deputado estadual Antonio Coelho (UNIÃO) assumiu a Secretaria de Turismo e Lazer do Recife, conforme a edição do Diário Oficial do município desta quinta (21). A nomeação a convite do prefeito João Campos (PSB) evidencia a disputa por novas alianças para equilibrar os bastidores com o bloco da governadora Raquel Lyra (PSDB) para as eleições do próximo ano.

Sem espaço no governo do estado, a família Coelho passou a negociar com o prefeito do Recife e viu uma boa oportunidade na saída da ex-secretária da pasta Cacau de Paula para assumir o Turismo na gestão de Raquel. Ela é filha do ministro da Pesca e presidente estadual do PSD, André de Paula, que confirmou a entrada no bloco de oposição no cenário municipal.

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LeiaJá também: Eleição 2024 reaproxima adversários recentes em Pernambuco

Quarto deputado mais votado nas últimas eleições, Antonio está em seu segundo mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Ele é filho do ex-líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho, e irmão do ex-concorrente de Raquel em 2022, Miguel Coelho, e do deputado federal Fernando Filho.

Em seu projeto para 2024, João Campos também conseguiu manter o AVANTE ao seu lado. O presidente estadual do partido, Sebastião Oliveira, chegou a ouvir as propostas do grupo de Raque Lyra, mas não foi atraído ao bloco.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, anunciaram uma nova aliança estratégica nesta quinta-feira (8) para se contrapor a Rússia e China, mas ambos ainda estão longe do acordo de livre comércio com o qual os britânicos tanto sonhavam após o Brexit.

"Podemos contar um com o outro com uma confiança absoluta", afirmou Sunak em entrevista coletiva conjunta, na qual Biden assegurou que os Estados Unidos não têm "um aliado mais próximo" do que o Reino Unido.

A "declaração atlântica" firmada na Casa Branca por ambos prevê maior cooperação na indústria de defesa, energia nuclear civil e no abastecimento de metais indispensáveis para a transição energética.

Assim como outros aliados dos Estados Unidos, o Reino Unido está preocupado com as consequências da Lei de Redução da Inflação de Biden, que inclui subsídios milionários à indústria de energia verde, bem como um impulso à indústria nacional e de produtos fabricados nos Estados Unidos.

Sunak, contudo, não saiu de mãos vazias e conseguiu isenções importantes para a indústria britânica.

Em matéria de defesa, o presidente americano prometeu abrir o acesso ao mercado de seu país para industriais britânicos para promover o desenvolvimento de mísseis hipersônicos.

O acordo entre os dois países também abrange inteligência artificial, segurança energética e cadeias de suprimento.

Responde à nova doutrina econômica do governo Biden, para quem as políticas industrial e comercial devem estar sujeitas a considerações de segurança e soberania, rompendo assim com o dogma do livre-comércio.

- 'Aliança indispensável' -

"Países como China e Rússia estão dispostos a manipular e explorar ou roubar nossa propriedade intelectual, usar a tecnologia com fins autoritários e nos privar de recursos cruciais como energia", mas "não terão sucesso", disse Sunak.

Joe Biden criticou o colossal plano chinês de investimento internacional conhecido como as "Novas Rotas da Seda", que classificou de "programa de endividamento e confisco" que "não vai muito longe".

À luz das demonstrações de gentileza, a relação entre os dois países parece bastante mais fluida agora do que na época dos ex-primeiros-ministros britânicos Boris Johnson e Liz Truss.

Sunak até mesmo considerou que convém falar de "aliança indispensável" ao invés de "relação especial", termo geralmente utilizado para descrever os laços entre Londres e Washington.

À falta de um tratado de livre-comércio, Sunak deixa Washington com algum apoio dos Estados Unidos a suas ambições de regulamentar a inteligência artificial.

"Contamos com [o Reino Unido] para liderar os esforços" durante a primeira cúpula internacional sobre o assunto prevista para o segundo semestre, disse Biden. O presidente insistiu que a inteligência artificial "tem o potencial de causar grandes danos se não for controlada".

- Otan e Ucrânia-

O presidente dos Estados Unidos se mostrou mais cauteloso sobre o projeto de Londres de promover o ministro de Defesa Ben Wallace para o cargo de secretário-geral da Otan.

"Talvez" um britânico possa estar à frente da Aliança Atlântica quando terminar o mandato de Jens Stoltenberg em outubro, considerou Biden, mas "teremos que encontrar consenso dentro da Otan".

Joe Biden e Rishi Sunak já tinham se reunido várias vezes, à margem de cúpulas internacionais ou para lançar uma colaboração militar com a Austrália, mas o encontro na Casa Branca é a mais formal de todas elas.

Também nesta ocasião, a guerra na Ucrânia foi tema de discussão.

Biden elogiou o comprometimento do Reino Unido com a Ucrânia diante da invasão russa.

E acrescentou que disponibilizará os "recursos necessários" para apoiar a Ucrânia pelo "tempo que for preciso", apesar das ressalvas de alguns congressistas republicanos.

O ex-presidente e candidato ao cargo de Chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reúne, em torno da sua candidatura, o maior número de alianças políticas desde a primeira disputa ao Planalto, em 1989. Na última convenção, realizada na última sexta-feira (5), Lula contabilizava nove partidos aliados.

Entre as legendas que já oficializaram o apoio ao petista, estão o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido Verde (PV), Partido Socialista Brasileiro (PSB), que culminou com Geraldo Alckmin como vice na chapa presidencial, PSOL, Rede Sustentabilidade, Solidariedade, Avante e Agir, que e o antigo PTC.

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Com o fechamento da janela para a realização de coligações partidárias, o PT finaliza com o quantitativo relevante que refletirá no tempo de propaganda eleitoral da chapa Lula-Alckmin em veículos de comunicação. No entanto, mesmo fora do prazo estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), outras legendas podem engajar nas redes sociais e palanques. 

Na véspera do fim do período das convenções partidárias, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguiu formar o maior bloco partidário na disputa presidencial. Além do PT, Lula tem agora apoio de sete siglas. O presidente Jair Bolsonaro é candidato à reeleição em uma coligação com seu partido, o PL, e mais duas legendas. A representatividade de partidos em uma aliança é importante porque se traduz em maior tempo de propaganda no rádio e na TV e mais fundo eleitoral à disposição do candidato. Também costuma assegurar capilaridade da busca por votos nos Estados.

A candidatura petista terá o apoio de PSB, Solidariedade, PSOL, Rede, Avante, PCdoB e PV. Juntas, as legendas elegeram 130 deputados, 12 senadores e oito governadores em 2018. A bancada na Câmara é o principal critério para a divisão do tempo de propaganda eleitoral na rádio e na TV, o que significa que Lula terá mais exposição midiática que seus concorrentes.

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Nesta quinta (4), o deputado André Janones (Avante-MG) abriu mão de sua candidatura para apoiar Lula. O anúncio ocorreu após reunião entre Janones e o petista em São Paulo. Para receber o apoio, Lula prometeu um novo Bolsa Família no valor de R$ 600, caso seja eleito em outubro - uma pauta defendida por Janones.

Além de acrescentar tempo de TV, Janones é um cabo eleitoral eficiente nas redes sociais. Não à toa, antes mesmo de chamar jornalistas para anunciar sua desistência, o deputado mineiro fez uma live no Facebook, plataforma na qual tem oito milhões de seguidores, para anunciar a adesão ao petista. Lula também pode ter o apoio de um nono partido, o PROS, mas um acordo depende do desfecho de uma disputa judicial que envolve duas alas da legenda que travam uma queda de braço pelo comando partidário.

Ainda que a eleição de 2018 tenha mostrado que tempo de TV e recursos financeiros não garantem que um candidato vença - Geraldo Alckmin ficou em quarto e teve 22 vezes mais tempo que Bolsonaro -, analistas políticos avaliam que o fenômeno não deve se repetir em 2022. "As eleições de 2018 foram marcadas por vários processos, como os protestos de 2013, impeachment de Dilma, Lava Jato, que geraram forte sentimento antipolítica entre o eleitorado", disse o cientista político Bruno Carazza, professor da Fundação Dom Cabral.

O também cientista político e professor do Insper Leandro Consentino avaliou que o principal motivo para os acordos partidários não é ideológico, mas fortalecer o financiamento e a propaganda das candidaturas. "O que norteia esses acordos não é a ideologia, mas um interesse sobretudo de dispor de um tempo de TV maior e o acesso a recursos. Isso é fundamental para os partidos que queiram se apresentar."

Carazza e Consentino consideram que os instrumentos de propaganda e fundo eleitoral vão ter importância. "Dá para dizer que essa lógica sofre um abalo em 2018, com a vitória de Bolsonaro, mas ela não está posta em xeque totalmente", afirmou Consentino.

A campanha de Lula tenta evitar o clima de "já ganhou", mas não esconde o desejo de atrair voto útil de outras candidaturas para vencer no primeiro turno. De acordo com o deputado e presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, a recente negociação de Lula com o PROS e o Avante aumenta a possibilidade de a eleição "terminar no primeiro turno".

No entanto, a cúpula petista não subestima a capacidade eleitoral de Bolsonaro de diminuir a vantagem e levar a disputa para o segundo turno. O partido, inclusive, já chegou a contratar pesquisas para saber o impacto eleitoral do aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 e outros benefícios sociais articulados pelo governo e que começam a ser pagos em agosto.

'Curva'

Bolsonaro conseguiu atrair para sua chapa a adesão do Progressistas e do Republicanos. Em 2018, o PL e as outras duas legendas elegeram 101 deputados, sete senadores e um governador. "A curva é favorável já há algum tempo. Assim que começar a campanha as coisas vão entrar em seu devido lugar", afirmou o líder do PL na Câmara, deputado Altineu Côrtes (RJ).

O prazo para as convenções partidárias termina nesta sexta, 5. Ontem, o Podemos decidiu que vai apoiar a candidata do MDB à Presidência, Simone Tebet (mais informações nesta página). A aliança já conta com PSDB e Cidadania, que indicaram a senadora tucana Mara Gabrilli (SP) para ser candidata a vice. O MDB, o Podemos, o PSDB e o Cidadania elegeram 82 deputados, seis governadores e 11 senadores há quatro anos. Inicialmente, o Podemos pretendia lançar o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro como candidato a presidente, mas ele trocou o partido pelo União Brasil e hoje é candidato ao Senado pelo Paraná.

Solos

Já Ciro Gomes, que está em terceiro lugar nas pesquisas, só tem o PDT. O partido elegeu 28 deputados, dois senadores e um governador em 2018, colocando o cearense em quinto lugar no ranking das alianças partidárias. O ex-governador do Ceará ainda não tem candidatura a vice definida, mas já disse que prefere uma mulher para o posto. De acordo com o presidente do PDT, Carlos Lupi, Suely Vilela, ex-reitora da Universidade de São Paulo (USP), "está no páreo", mas ainda não há uma decisão. "Não temos favorita ainda", disse Lupi.

Soraya Thronicke também conta apenas com o União Brasil. Mas, mesmo sem fechar aliança com nenhum outro partido, sua sigla, resultado da fusão entre PSL e DEM, elegeu 81 deputados, oito senadores e cinco governadores em 2018.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Nacional do PDT, Carlos Lupi, afirmou ao Broadcast Político, que para fortalecer a candidatura de Ciro Gomes ao Planalto, seu partido tem conversado "corriqueiramente" com duas legendas: União Brasil e PSD. Se uma aliança fosse formalizada com as siglas, eles indicariam o vice para chapa do pedetista.

Avaliando que Ciro tem mais chances de se consolidar entre a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), Lupi avaliou que alianças são uma questão de ter paciência.

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"O único nome fora Lula e Bolsonaro que aparece solidificado há algum tempo é o Ciro. Acho que essa conversa vai acontecer naturalmente. A aliança é uma questão de ter paciência e persistência", disse.

União Brasil e PSD ainda não definiram um nome para o Planalto, apesar de as duas legendas terem mostrado interesse em ter um próprio candidato.

O PSD de Gilberto Kassab já passou pelo "plano A", ao sugerir Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e pelo "plano B", com Eduardo Leite (PSDB). Pacheco optou por focar seus esforços no comando do Senado, enquanto Leite não quis deixar o PSDB para aceitar o convite de Kassab.

Já o União Brasil, partido que nasceu da fusão entre DEM e PSL, também tem sinalizado que pode ter um nome próprio à Presidência, com a sugestão de que o deputado Luciano Bivar (PE) pode ser o cabeça de chapa. A legenda também tem negociado junto ao MDB e ao PSDB o lançamento de uma candidatura única para o Planalto, o que dificultaria uma aliança com Ciro.

Rio

Mesmo com um impasse no Rio de Janeiro, Carlos Lupi nega que um aliança entre PSD e PDT no Estado tenha acabado. "Não acabamos com aliança não, continuamos conversando", disse Lupi ao Broadcast Político.

Ambos os partidos pleiteiam a cabeça de chapa no Estado. O PSD, de Eduardo Paes, quer o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Felipe Santa Cruz como pré-candidato, enquanto o PDT defende o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves.

O plano das legendas era escolher o nome mais viável para disputar o Palácio Guanabara, sede do governo carioca, enquanto o outro comporia a chapa majoritária como vice ou candidato ao Senado.

"Ele (Paes) disse que queria ainda insistir com o nome do Felipe e ia dar o recurso para fazer do Filipe um candidato", disse Lupi, ratificando seu apoio a Neves. Sobre uma data para que seja definido um nome, "só o tempo vai dizer", afirmou.

"Estamos aguardando ainda a possibilidade de estarmos com um nome de consenso, mas política é assim, política é evolutiva, nada como um dia atrás o outro", completou. Procurado pela reportagem, Santa Cruz não atendeu aos telefonemas.

Segundo pesquisa Datafolha publicada na última quinta-feira (7), Neves está à frente de Santa Cruz. Enquanto ele tem 7% das intenções de voto, Santa Cruz tem 3%. Lideram a disputa no Rio de Janeiro Marcelo Freixo (PSB), com 22% de intenções de voto, seguido pelo atual governador, Cláudio Castro (PL), com 18%. (Colaborou Mateus Fagundes).

Estratégia ousada para alguns e traição para outros, as novas alianças políticas antecipam o teor das eleições deste ano. A volta de Jair Bolsonaro (PL) ao Centrão, a chapa que se monta com Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSB), e o bloco recém-formado entre União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania comprimem a diversidade do pluralismo político brasileiro e podem trazer prejuízos para a governabilidade. 

“O que acontece é que na política a traição é um fato inexorável. A dúvida é saber quando ela acontecerá e por quem”, adverte o doutor em Ciência Política e coordenador da Universidade Católica do Recife (Unicap) Thales Castro.

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Ele prevê que a conveniência pragmática em unir forças somente pela competitividade pode resultar em uma descaracterização incompatível com a construção dos partidos e fazer com que o eleitor não enxergue mais o programa histórico defendido por determinada sigla.

Fraturas na governabilidade

“Se essas descaracterizações ocorrem de maneira tão gritante, podem dar um efeito negativo e o tiro sair pela culatra, por que acaba se tornando um 'monstrengo' tão grande que o eleitor acaba por não se sentir representado por aquela legenda”, descreveu.

Outro ponto negativo se mostra na inconsistência de liderar com uma chapa tão diversificada e, em determinados casos, distantes historicamente. “A vitória de uma frente tão heterogênea é você ter fraturas no processo governativo, que vão gerar repercussões na capacidade de barganha do Parlamento”, analisou Castro.

Ao  sugerir a federalização com o PSOL, a líder da Rede Marina Silva deixou claro que o intuito era ultrapassar a cláusula de barreira para viabilizar as candidaturas de ambos e que cada legenda defenderia seus interesses próprios no Congresso.

As movimentações prometem aquecer os bastidores até o fim de julho, quando inicia as convenções dos partidos para os lançamentos oficiais das candidaturas. Com a ameaça e a desistência de pré-candidatos, novas mudanças são esperadas em um pleito que tenta contrabalancear a polarização vivida no Brasil.

A cúpula do PT aprovou, nessa quinta-feira (24), uma ampla política de alianças, que ultrapassa as fronteiras de esquerda, para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições. Com isso, até mesmo partidos que apoiaram o impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016, como o MDB, o PSD e o PSDB, poderão integrar as coligações nos Estados.

Na prática, o PT está preocupado com o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas, embora o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja favorito nas intenções de voto. A ordem é evitar o "salto alto" e o clima de "já ganhou". Dirigentes do partido querem que Lula tenha um calendário de atividades nas ruas o quanto antes.

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A decisão sobre a política de alianças foi tomada em reunião do Diretório Nacional do PT um dia depois de o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin se filiar ao PSB, dando o primeiro passo para ser vice naU chapa de Lula.

Não é a primeira vez, porém, que o PT aprova alianças com partidos que votaram a favor do impeachment de Dilma. A estratégia já foi adotada na eleição presidencial de 2018 e na disputa municipal de 2020, quando os petistas diziam ser necessário sair do isolamento e reconquistar o espaço perdido.

Sob o argumento de que para derrotar o bolsonarismo "é preciso dar uma resposta de unidade da sociedade", o PT afirma agora que a candidatura de Lula deverá trazer "a ampliação (...) que se espera das forças de oposição ao governo nesta quadra da história, respeitando os compromissos programáticos antineoliberais".

'Vírus'

A resolução aprovada ontem pelo PT reflete a estratégia já em curso pela campanha de Lula ao pregar a "unidade dos setores democráticos" não apenas em torno da candidatura ao Planalto, mas também de um "movimento político e social" para derrotar o presidente. O documento define o bolsonarismo como "o principal vírus em circulação na política brasileira" desde 2018. "Quem outrora não esteve conosco é mais do que bem-vindo a participar deste movimento que devolverá a cadeira de presidente da República ao povo brasileiro", diz um trecho do texto que passou pelo crivo do Diretório Nacional.

Ao se filiar anteontem ao PSB, Alckmin foi na mesma linha e justificou a aliança, após embates públicos com Lula, dizendo que se trata de um "momento excepcional" no Brasil, com risco à democracia. Na eleição de 2006, quando disputou o segundo turno com Lula, Alckmin acusou o adversário de ter "quebrado o Brasil" e disse que ele queria voltar "à cena do crime", mesma expressão usada agora por Bolsonaro. De lá para cá, o ex-governador mudou totalmente o discurso e afirma hoje que Lula representa a "esperança" do povo.

Partidos

Até agora, o PT só fechou acordo para formar uma federação com o PCdoB e o PV, o que significa que esses partidos deverão estar juntos por, no mínimo, quatro anos nas eleições. O PSB decidiu apoiar Lula, mas sem integrar a federação. O PSOL deve seguir o mesmo caminho, embora queira negociar pontos do programa de governo, como a revogação das reformas trabalhista e da Previdência.

"Nós faremos alianças com os partidos de esquerda e progressistas, assim como buscaremos parcerias com o campo democrático, para garantir o pleno funcionamento das instituições democráticas, que estão sob permanente ataque", disse ao Estadão o deputado Paulo Teixeira (SP), secretário-geral do PT.

No Nordeste, porém, até mesmo partidos do Centrão, como o Progressistas e o Republicanos - que compõem a base de sustentação de Bolsonaro no Congresso - têm alianças com o PT e seus líderes devem aderir à campanha de Lula em Estados como Bahia, Maranhão e Pernambuco. O vice-governador da Bahia, João Leão (Progressistas), por exemplo, rompeu com o PT, mas disse que apoiará Lula, embora seu partido esteja na base de Bolsonaro.

Uma ala do MDB também promete entrar na campanha de Lula ainda no primeiro turno da eleição, mesmo tendo lançado a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MS) ao Planalto. Pelos cálculos do senador Renan Calheiros (MDB-AL), ao menos 13 diretórios endossam essa articulação. Estão na lista seis seções do Nordeste (Alagoas, Pernambuco, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba e Piauí), além de dirigentes em outros Estados, como os ex-senadores Eunício Oliveira (CE) e Romero Jucá (RR).

Uma das grandes surpresas das eleições de 2018, o partido Novo planeja mudar algumas regras internas para tentar sair maior das eleições de 2022. Agora mais pragmática, a legenda quer permitir alianças com outras agremiações e acabar com uma taxa que, nas eleições passadas, foi cobrada para inscrição de candidaturas a cargos eletivos. O objetivo é ampliar a base de candidatos da agremiação pelo Brasil.

As mudanças, que tornam o Novo mais parecido com o modelo que antes criticava, foram uma demanda do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, eleito pelo partido em 2018 com o discurso da "nova política" e candidato à reeleição em 2022. As propostas discutidas internamente são questionadas pelo ex-presidenciável da legenda, João Amoêdo, mas têm o apoio do presidente da sigla, Eduardo Ribeiro, e do presidenciável do partido, o cientista político Felipe d'Avila.

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"O Novo está refinando sua governança. Sou a favor da revisão dessa regra (das alianças). Esse veto fazia sentido no início, para manter a coesão do partido, mas não faz mais", disse d'Ávila ao Estadão (mais informações nesta página).

Em 2018, em sua estreia nacional, o Novo, com a candidatura de Amoêdo, recebeu 2.679.744 votos (2,5%) na disputa presidencial. Elegeu oito deputados federais e um governador. Foi um desempenho surpreendente para uma legenda recém-criada, que nunca tinha disputado uma eleição.

Mas, em 2020, o partido teve um resultado pífio nas eleições municipais. Sem a possibilidade de coligações, com veto a candidaturas em cidades pequenas e um processo seletivo rigoroso e caro, o Novo concorreu em apenas 19 municípios. Elegeu um prefeito, um vice-prefeito e 28 vereadores.

Além de liberar as coligações com partidos da "velha política", o Novo vai acabar com uma cobrança que, segundo Ribeiro, "espantava" muita gente. Trata-se da taxa de inscrição para o processo seletivo dos pré-candidatos, no valor de R$ 650. "Vamos retomar a expansão nos municípios, com regras e incentivos corretos", declarou o presidente do partido ao Estadão.

ROTATIVIDADE

Outro gargalo que o partido tenta resolver é a alta rotatividade de dirigentes estaduais. Como o Novo não aceita receber dinheiro do Fundo Partidário, os braços regionais da agremiação são administrados por voluntários e contam com poucos recursos. Já o diretório nacional do partido tem uma estrutura profissionalizada, com 20 funcionários contratados.

Cada filiado tem de fazer uma contribuição de, no mínimo, R$ 30 por mês. Segundo o balanço patrimonial já disponível para os filiados, o Novo recebeu R$ 7,2 milhões em contribuições voluntárias de seus filiados e apoiadores no ano passado. O partido ainda tem um caixa de R$ 12,1 milhões. A prestação de contas do Novo do exercício do ano passado será entregue apenas em junho deste ano, por isso os valores ainda não estão disponíveis no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"As lideranças regionais não podem mudar tanto. A continuidade é importante. O diretório nacional tinha que rever essa estrutura. Vamos criar uma agência interna de comunicação para os Estados", afirmou Ribeiro. Uma ideia que está em estudo, mas é vista como um "dilema" pelo presidente do partido, é remunerar dirigentes estaduais, mas sem utilizar verba pública.

CRÍTICO

Fundador do Novo e hoje afastado da direção partidária, Amoêdo criticou as mudanças em discussão. "Se o Novo fizer coligação com partidos que usam dinheiro público, então vai usar dinheiro público também", afirmou o ex-presidenciável. "É óbvio que o partido quer crescer, mas é preciso crescer com qualidade. Sempre tivemos preocupação com a marca", disse.

Ainda segundo Amoêdo, "o tiro pode sair pela culatra" com as novas regras. "Nascemos para inovar as práticas políticas. Se o Novo fizer as velhas práticas, corre o risco de virar mais uma legenda."

4 PERGUNTAS PARA FELIPE D'AVILA

1. O Novo vai flexibilizar suas regras para sobreviver à cláusula de barreira?

O partido teve desavenças, brigas e rusgas relacionadas a disputas internas e à questão da flexibilização de regras. O trabalho foi para acalmar isso. O Novo aprendeu as lições e está pronto para as eleições de 2022. O partido está agora muito forte e com nominatas muito bem estabelecidas. Tenho certeza de que vamos ultrapassar a cláusula de barreira. Temos a meta de dobrar a bancada, de oito para 16 deputados.

2. Ser contra coligações é uma posição utópica?

Sou a favor da revisão da regra. Ela fazia sentido no início para manter a coesão no partido, mas o Novo teve sucesso com a eleição do governador (de Minas, Romeu) Zema. Em um país com partidos tão fragmentados não é possível reeleger um governador sem fazer aliança.

3. Já que o Novo não usa o fundo eleitoral, quem vai pagar a sua campanha?

Doações individuais.

4. Vai pagar os custos da campanha do seu bolso?

Sim, mas hoje pode muito pouco. Virou 10% da receita do ano anterior. Não dá mais para fazer uma campanha como a do Henrique Meirelles, que usou muito dinheiro próprio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um jantar no restaurante do Hotel Intercontinental, na Bela Vista, em São Paulo, encerrou o dia de gravações de peças publicitárias do presidenciável do Podemos, Sérgio Moro, em 25 de fevereiro. A refeição no ambiente praticamente vazio, que fez acompanhado apenas da mulher, a advogada Rosângela Moro, simbolizou, em certa medida, a rotina do ex-juiz na pré-campanha - marcada nos últimos meses por eventos pouco concorridos e sem a presença de líderes partidários.

Desde que se filiou e se lançou na corrida ao Palácio do Planalto, Moro permanece na faixa de 10% nas pesquisas de intenção de voto. Sua agenda de pré-campanha também não deslanchou. O ex-juiz tem participado de eventos com público reduzido, nos quais fala, basicamente, para antigos apoiadores e fãs da Lava Jato. E ainda não conseguiu arregimentar apoios relevantes.

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Moro enfrenta desgastes internos no Podemos. Diante dessa situação, ele se cercou de um grupo de confiança, apartado da cúpula do partido. A exemplo do ex-juiz, alguns dos integrantes desse núcleo são novatos em eleições.

O presidenciável tinha delegado a articulação política à presidente do Podemos, Renata Abreu. Além do Movimento Brasil Livre (MBL), composto por entusiastas e correligionários de Moro, nenhum outro acordo relevante foi costurado. "Esses apoios, muitas vezes, são mais relevantes que os partidos", disse o ex-juiz, em evento do banco Credit Suisse. A relação com o MBL, porém, foi abalada pelos áudios vazados de Arthur do Val (Podemos) - o deputado estadual admitiu que fez declarações machistas sobre mulheres ucranianas. Ele rompeu com o parlamentar, que desistiu da pré-candidatura ao governo de São Paulo.

Segundo relatos colhidos pela reportagem com integrantes da pré-campanha e do Podemos, Moro tem resistido a potenciais acordos partidários. Recentemente, se esquivou de um encontro com o presidente do PSD, Gilberto Kassab. A assessoria de Kassab informou que Renata Abreu o teria procurado - como parte de um esforço para falar com vários partidos -, mas a visita não se concretizou.

O PSD filiou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), com o objetivo de lançá-lo à Presidência. Pacheco indica que não vai disputar o Planalto, e Kassab tenta, agora, atrair o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), fazendo dele o candidato presidencial do partido. A legenda, porém, pode abandonar a candidatura própria para se alinhar ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Após um entusiasmo inicial, parte do Podemos passou a ver com reticências a candidatura de Moro. A direção da sigla tem sido pressionada por parlamentares a não destinar altas quantias à campanha presidencial. Líderes regionais e egressos do PHS - que foi incorporado pelo Podemos - preferem eleger deputados e engrossar a fatia da agremiação partido nos fundos partidário e eleitoral.

Renata Abreu chegou a admitir a possibilidade de Moro migrar para o União Brasil. Líderes do União Brasil, como Luciano Bivar, conversaram com o ex-juiz, mas as negociações não avançaram. Na bancada da nova sigla, que terá quase R$ 1 bilhão em recursos públicos para as campanhas, há resistência ao nome de Moro.

A falta de sintonia na pré-campanha estimulou aliados do ex-juiz a iniciar a captação de recursos para custear futuras despesas. Moro se tornou inseparável do advogado Luis Felipe Cunha, de quem é amigo há mais de uma década. Cunha nunca se envolveu com campanhas, mas foi nomeado coordenador da pré-candidatura.

"Eu e Sérgio Moro somos amigos há muitos anos e nos conhecemos por intermédio de amigos em comum", disse o advogado. Especialista em contencioso, ele teve em sua clientela a Petrobras - que esteve no centro da Lava Jato -, o Sesc de Brasília e jogadores de futebol.

Cunha cumpre a tarefa de tentar atrair apoiadores de Moro entre empresários. Ao lado do ex-juiz, o advogado teve encontros com nomes do setor de equipamentos hospitalares. Os dois também se reuniram com o empresário do ramo educacional Wilson Picler. Em 2018, Picler doou R$ 800 mil ao PSL e apoiou a candidatura de Jair Bolsonaro. Cunha ainda tem aproximado Moro de Paulo Marinho, empresário que rompeu com o presidente.

A interlocutores, o advogado tem dito que a meta é arrecadar R$ 25 mil por mês de um universo de aproximadamente 40 empresários. A ideia é ter R$ 1 milhão mensal para a campanha. A investida foi noticiada pelo portal Metrópoles e confirmada ao Estadão por agentes da campanha e do Podemos. Responsável pela comunicação do partido, Fernando Vieira afirmou que a legenda não "separou saldo ou conta apartada". "Existe essa questão proposta pelo Luis Felipe e pelo Moro. A possibilidade da criação de uma linha de doação para a campanha que tivesse um controle diferenciado de acesso à transparência, embora a transparência do Moro seja altíssima", disse Vieira.

Partiram de Cunha as mudanças no marketing eleitoral. Vieira, primeiro marqueteiro a atuar com o ex-juiz, acabou descartado. Seu posto original ficou com Pablo Nobel. Tem se mantido próximo da pré-campanha também Paulo Vasconcelos, que trabalhou para Aécio Neves (PSDB) em 2014 e, depois, foi delatado por executivos da Odebrecht por supostamente receber doações via caixa 2 em 2014 e 2010.

"Posso dizer que ele (Paulo Vasconcelos) foi uma das pessoas que me sugeriram o nome de Pablo Nobel para o marketing da campanha. Pablo e Paulo são amigos de longa data e tiveram experiências profissionais em conjunto.

Hoje, o Paulo está envolvido em um grande projeto no Rio de Janeiro. Mas, como fã do Moro, ele contribui com sugestões para a estrutura de comunicação da campanha", afirmou Cunha.

Integrantes do Podemos se dizem descontentes com as escolhas, uma vez que o partido já contratou marqueteiros. Um dirigente resumiu o atual momento da relação, ao afirmar que a legenda e a pré-campanha de Moro vivem uma "separação de corpos".

O advogado de Vasconcelos, Paulo Crosara, disse que as alegações dos delatores são "improcedentes". "Eles não podem provar o que estão falando, porque não aconteceu, são afirmações para conseguir a delação. Isso será provado na Justiça." A reportagem não conseguiu contato com Paulo Marinho.

Pré-candidato tem eventos esvaziados e sem dirigentes da sigla

O afastamento de Sérgio Moro da cúpula do Podemos se reflete na agenda do presidenciável. Ele tem participado de diversos eventos com pouco público e, às vezes, sem nenhum dirigente partidário. Nem a presidente da sigla, Renata Abreu, comparece a algumas das reuniões.

Em São Paulo, em fevereiro, o ex-juiz esteve em encontro do movimento "Mulheres com Moro", que não é ligado ao partido. O público no Teatro Bibi Ferreira preencheu metade de cinco das 14 fileiras do teatro. O espaço na parte superior ficou vazio. "Minha geração foi enganada", afirmou a líder do movimento, a professora Patrícia Garcia, em meio a falhas no microfone. Moro chegou a ter de falar sem o equipamento, por causa de problemas técnicos no som.

O evento contou com representantes da "República de Curitiba", grupo que acampava na porta da Justiça e do Ministério Público Federal no Paraná para comemorar prisões da Lava Jato. O deputado Junior Bozzella (SP), uma das solitárias vozes no União Brasil que encampa a ida de Moro para o partido, estava ao lado do pré-candidato.

Em Juazeiro do Norte (CE), Moro recebeu o título de cidadão do município em evento com a presença do prefeito, Glêdson Bezerra (Podemos), também esvaziado.

Sobral, a cidade cearense em que o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) fez carreira, representa bem o problema que o PL enfrenta para ter o presidente Jair Bolsonaro filiado. Nas eleições de 2020, a legenda se aliou com o PT e o PSDB para apoiar a candidatura à reeleição do prefeito Ivo Gomes (PDT), irmão de Ciro.

Na quinta maior cidade do Ceará, o Partido Liberal conseguiu se aliar com três dos maiores rivais de Bolsonaro - o ex-presidente Lula (PT), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e Ciro, todos agora pré-candidatos a presidente para 2022. Alianças iguais a essa são encontradas em outras 15 cidades do País.

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Em Sobral, o PL não tem vereadores na Câmara Municipal, dominada por PDT, MDB e PSB, mas seu presidente provisório, Marcio Diego Guimarães, é secretário de Gestão Interna da cidade. Ao Estadão, ele disse que o PL local "só vai se manifestar quando houver posição concreta em relação à filiação de Bolsonaro".

Já no âmbito estadual, o PL tem maior relevância e se divide entre apoiadores e críticos ao governo do petista Camilo Santana, que é próximo dos irmãos Ciro e Cid Gomes. O presidente do PL no Ceará, Acilon Gonçalves, prefeito de Eusébio, na região metropolitana de Fortaleza, também é próximo ao governador. Procurado, ele afirmou que a direção estadual do PL "deu autonomia aos seus diretórios municipais" nas eleições de 2020.

Alianças

Sobral é só uma amostra de um quadro que é nacional. No total, o PL ajudou a eleger prefeitos com PT e PSDB em 517 municípios. Desses, 106 tiveram como candidatos representantes do PL, que somou 352 prefeitos entre 2020 e eleições suplementares.

Somente com o PT foram 212 coligações. Já com o PSDB, 346. Além dos municípios em que os candidatos venceram, o possível futuro partido de Bolsonaro se aliou com tucanos e petistas em outras 392 cidades em diversas regiões, entre elas Joinville (SC), Porto Alegre (RS), Macapá (AP), Manaus (AM), Aracaju (SE), Recife (PE) e Uberaba (MG).

A maior parte das cidades em que o PL se aliou com tucanos fica no Sul e no Sudeste, principalmente em São Paulo (112), Minas Gerais (65), Santa Catarina (56) e Paraná (54). No Rio, os dois partidos foram aliados em 22 das 92 cidades. Em Pernambuco, o PL esteve ao lado do PSDB em Caruaru, Petrolina, Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral.

De olho nas eleições de 2022, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a aliança política para o pleito vai começar a ser formada a partir do início do ano que vem. Segundo ele, até o momento, "não tem compromisso com Estado", mas disse que evita falar isso para não ter problemas dentro do Parlamento. "Preciso aprovar coisas para o bem do Brasil", pontuou.

Em entrevista à Rádio Capital Notícia - Cuiabá/MT, Bolsonaro avaliou que uma aliança na atual situação nacional vai complicar ainda mais a estabilidade. "Trazer para dentro agora desse turbilhão que a gente vive, do problema que a gente vive aqui, a gente complica mais a situação do Brasil", disse.

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Para o pleito, no entanto, o chefe do Executivo permanece sem partido para concorrer. Se dependesse dele, conforme pontua, a escolha já teria sido feita. "Mas o casamento é difícil, sempre tem um problema pela frente, estou correndo atrás", reforçou Bolsonaro. Segundo o presidente, há a possibilidade de ir para o PP, porém, a sigla também "precisa querer".

No último domingo (13), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de um encontro com lideranças do Psol, no Rio de Janeiro. Durante o encontro, foram debatidos temas como segurança pública e precarização dos direitos trabalhistas na cidade, além da importância do diálogo e união entre os partidos de esquerda para a corrida eleitoral de 2022. 

Estiveram no encontro a presidenta do partido na cidade do Rio de Janeiro, Isabel Lessa, a deputada federal Talíria Petrone, a deputada estadual Renata Souza e o vereador Tarcísio Motta. Também participaram da reunião a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o vice-presidente do partido Washington Quaquá, o presidente do PT do Rio, João Maurício de Freitas e o vereador Lindberg Farias.

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Na agenda, eles discutiram o atual momento pelo qual passa a capital carioca, com altos índices de desemprego, violência urbana instensa e precarização dos direitos trabalhistas. Além disso, foi abordada a necessidade de uma união entre os partidos de esquerda para encarar a eleição presidencial em 2022. No Instagram, Lula falou a respeito. “Diálogo e unidade na adversidade para pensar o Brasil e derrotar o governo Bolsonaro”. 

O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), contrariou o discurso de Luiz Inácio Lula da Silva e acredita que o petista será "candidatíssimo" na próxima corrida presidencial. De olho no cargo de chefe de Estado, o pedetista acredita que o distanciamento do ex-presidente é uma estratégia para manter coligações e candidatos da esquerda por perto.

"Lula é especialista em engodo. Se aparecer alguém com mais voto do que o PT, ótimo. Não mudou nada. Ele diz que pode haver outro candidato se houver outro nome com mais voto. Ora, então Lula é candidatíssimo. Essa frase é aperfeiçoamento do engodo", afirmou o presidenciável que foi ministro da Integração Nacional a convite do então presidente Lula.

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A entrada do petista na disputa de 2022 ainda depende da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que avalia a condução do processo pelo ex-juiz Sergio Moro, acusado de parcialidade no julgamento que culminou em sua prisão e na inelegibilidade.

Para Ciro, Lula percebeu a dificuldade do PT nas eleições municipais e precisa reforçar as alianças para evitar a debandada de apoiadores. "Ao fazer isso, está sinalizando para Boulos, Rui Costa, Jaques Wagner, Flávio Dino e eu. São os que têm pretensão e todos estamos caminhando para isolar ele”, frisou, de acordo com a Época.

A presença do ex-presidente no pleito fortalece a reeleição de Bolsonaro (sem partido), acredita Gomes. "A candidatura dele aperfeiçoa o antagonismo que Bolsonaro precisa para se eleger", avaliou antes de minimizar a relevância política e popularidade do atual presidente. "Bolsonaro não sobrevive. Isso é ondinha. Ele permanece com a pior avaliação de todos os presidentes eleitos da redemocratização", concluiu.

Namorando há menos de um mês com Virgínia Fonseca, o cantor Zé Felipe deu um passo no relacionamento. No último sábado (25), ele e a digital influencer surgiram usando alianças. Os dois fizeram questão de brincar com os seguidores. "Vai um cafézinho aí?", escreveu Virgínia, ao postar uma foto com o filho do sertanejo Leonardo.

Embora tenho trocado alianças, a assessoria do artista informou à revista Quem que o casal não noivou. Recentemente, Zé Felipe e Virgínia resolveram intensificar a relação fazendo tatuagens iguais. Antes de engatar o romance com a atual namorada, o rapaz já havia sido noivo sido noivo de Isabella Arantes, bailarina do Domingão do Faustão.

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A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, negou através de suas redes sociais na noite dessa sexta-feira, 7, que a sigla tenha autorizado alianças com PSDB e DEM para as eleições municipais deste ano. "Nossa decisão é contra alianças com PSDB, DEM e partidos da extrema direita", escreveu a deputada federal.

Anteriormente, a assessoria do PT havia previsto alianças pontuais às siglas citadas acima. O objetivo, segundo dirigentes, seria sair do isolamento em que o partido se encontra desde o impeachment de Dilma, em 2016.

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No plano aprovado e divulgado nesta sexta, a prioridade do partidos seria parcerias com outras siglas de esquerda (PSB, PDT, PCdoB, PSOL e PCO), além de coligações "táticas" com opositores ao governo de Jair Bolsonaro e ao "lavajatismo", incluindo o chamado Centrão, bloco formado por PL, PP, DEM, PRB e Solidariedade. Os únicos vetos previstos eram PSL, Novo, Aliança pelo Brasil e setores que tenham hostilizado os ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com o texto original, desmentido nesta madrugada por Gleisi, os adversários históricos, PSDB e DEM, não se encaixariam no espectro bolsonarista proibido pelo Partido dos Trabalhadores.

Na tentativa de reconquistar espaço perdido nas últimas eleições, o PT deve permitir alianças em 2020 até com partidos que votaram a favor do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, como PSDB e DEM. Embora essas parcerias não sejam recomendadas pela direção do partido, elas podem ser autorizadas pontualmente. Reunida no Rio, a Executiva Nacional da legenda aprovou ontem regras que devem ser seguidas na costura de apoio para as eleições municipais.

O objetivo, segundo dirigentes da sigla, é tirar o PT do isolamento em que o partido se encontra desde o impeachment de Dilma, em 2016. Há quatro anos, a legenda viu sua participação em prefeituras cair quase 60%. De 2012 para 2016, o número de administrações municipais comandadas por petistas caiu de 630 para 256. Nas capitais, o partido não tem mais nenhum representante - o prefeito de Rio Branco (AC), Marcus Alexandre, deixou o cargo para tentar o governo do Estado, em 2018, e o cargo foi ocupado pela vice dele, Socorro Neri (PSB).

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O plano aprovado ontem pelo PT prevê dar prioridade a parcerias com os demais partidos de esquerda (PSB, PDT, PCdoB, PSOL e PCO), mas libera coligações "táticas" com siglas de oposição ao governo Jair Bolsonaro e ao "lavajatismo", incluindo o chamado Centrão, bloco formado por PL, PP, DEM, PRB e Solidariedade. Os únicos vetos previstos pelos petistas são a alianças com PSL, Novo, Aliança pelo Brasil, legenda que Bolsonaro pretende criar, e setores que tenham sido hostis a Dilma e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No texto aprovado ontem, o PT separa os adversários históricos DEM e PSDB das siglas bolsonaristas. Democratas e tucanos são tratados como "ultraneoliberais", enquanto Aliança pelo Brasil, Novo e PSL são chamados de "extrema direita". Na prática, segundo a assessoria de imprensa do PT, isso significa que os candidatos a prefeito petistas poderão receber apoio do Centrão, PSDB e DEM. Nas cidades onde o partido não for cabeça de chapa, alianças com tucanos e democratas vão depender de autorização dos diretórios estaduais do PT.

"Nas situações em que o PT não encabeça a chapa e o candidato seja de um partido que não integre o espectro citado acima (da esquerda), somente serão permitidas alianças táticas e pontuais se autorizadas pelo Diretório Estadual, desde que candidato(a) tenha compromisso expresso com a oposição a Bolsonaro e suas políticas e não tenha práticas de hostilidade ao PT e aos presidentes Lula e Dilma", afirma o texto.

A política de alianças aprovada pelo PT é mais ampla do que propostas iniciais discutidas pelo partido. A primeira versão do texto, elaborada por integrantes da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), falava em alianças apenas com PCdoB e PSOL e restringia as coligações a "setores do PDT e PSB".

Nesta semana, Dilma já havia dito, em entrevista à revista alemã DW, que o PT deve dialogar também com setores que defenderam o presidente Jair Bolsonaro e hoje se arrependem.

O PT decidiu ainda "nacionalizar" a campanha municipal como forma de atacar Bolsonaro em 2022. O centro das críticas ao governo será a política econômica do ministro da Economia, Paulo Guedes, e não temas da agenda de costumes e direitos civis.

Frentes

 

Fora do campo eleitoral, o PT também definiu regras para a participação em frentes políticas mais amplas. O partido não deve integrar formalmente grupos que tenham entre seus participantes partidos ou setores que defendam a política econômica de Bolsonaro. Por outro lado, foram liberadas articulações pontuais em temas específicos, como educação e segurança pública.

A Executiva petista tirou da pauta da reunião uma proposta sobre a distribuição dos recursos do fundo eleitoral. A ideia previa a criação de um piso a ser distribuído entre candidatos de todos os municípios, tendo como critério o número de eleitores de cada cidade, e a manutenção de um "colchão" financeiro a ser utilizado conforme as chances de vitória ou importância do município em disputa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Enquanto bolsonaristas e petistas ainda buscam nomes para disputar a Prefeitura de São Paulo em outubro, o prefeito Bruno Covas (PSDB), que tentará a reeleição, já conta com estrategista de campanha e articulou uma aliança com pelo menos cinco partidos, além do PSDB. O acerto pode lhe garantir o maior tempo de exposição na televisão e rádio no horário eleitoral gratuito, que será veiculado entre 28 de agosto e 1º de outubro.

Entre as sessões de quimioterapia no Hospital Sírio Libanês para tratar um câncer na cárdia, o tucano trouxe para seu palanque PSC, Podemos, Cidadania, DEM e PL. Como o cenário eleitoral está indefinido, ainda não é possível calcular exatamente o número de inserções a que Covas terá direito, mas é certo que ele contará com 40% do espaço reservado aos candidatos. O PSDB também está em estágio avançado de conversas com o MDB e negocia com o Republicanos. O tempo de propaganda de cada candidato é estimado com base no tamanho das bancadas que o apoiam.

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Entre os aliados do prefeito, não há conversas sobre um eventual plano B. O PSDB já definiu que o responsável pela comunicação de Covas será Felipe Soutello, o marqueteiro que coordenou a campanha de Márcio França (PSB) ao Palácio dos Bandeirantes em 2018 e fez parte da equipe da campanha presidencial de José Serra (PSDB) em 2010.

O time de campanha de Covas também já está sendo montado. Os principais articuladores políticos são o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, que foi chefe da Casa Civil no governo Geraldo Alckmin, o secretário da Casa Civil, Orlando Faria, e o vereador João Jorge (PSDB). O governador João Doria (PSDB) também tem atuado nos bastidores para fortalecer a candidatura de Covas e incumbiu dois quadros de sua administração para integrar o núcleo duro da campanha: o chefe de gabinete, Wilson Pedroso, e o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, presidente estadual do PSDB.

Caberá a eles a missão de convencer o diretório nacional do partido a priorizar a campanha da capital paulista na distribuição de recursos do Fundo Eleitoral. Os "covistas" esperam receber da sigla o teto previsto para a capital, em torno de R$ 16 milhões.

"Não vejo uma polarização em São Paulo. A direita está rachada e a esquerda não tem representatividade. O Bruno vai ser o ponto de conexão entre os lados", disse o vereador Gilberto Nascimento Jr., presidente municipal do PSC. Em 2018 o partido apoiou Márcio França contra Doria na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, embora esteja presente na máquina municipal.

Para o presidente municipal do PSDB, Fernando Alfredo, o prefeito pode atrair eleitores dos dois campos. "O Bruno dialoga bem com a esquerda, que não tem mais referência. Ele é o candidato do centro que fala com os dois extremos."

Marca

Os aliados de Covas buscam uma marca para apresentar ao eleitorado. Uma das apostas é o programa habitacional Pode Entrar, que cria mecanismos de incentivo à produção de unidades habitacionais populares para famílias com renda bruta de até três salários mínimos e que não têm acesso ao crédito imobiliário.

O tucano vai se apresentar como o prefeito que mais inaugurou unidades habitacionais - 25 mil neste mandato e mais 10 mil nos próximos quatro anos. Um auxiliar próximo a Covas disse, ainda, que em 2020 serão inauguradas obras que começaram em anos anteriores, mas serão capitalizadas pelo tucano.

Outra "vitrine" na campanha será o programa de desestatização da Prefeitura, que cumprirá o papel de atrair o eleitor de direita mais moderado.

Desde a virada do ano, Covas já vem dizendo abertamente que será candidato à reeleição, o que antes evitava. Pelo calendário previsto no seu entorno, a "largada" da pré-campanha será no fim de fevereiro, depois do último ciclo de quimioterapia e dos exames consecutivos.

"Ele faz a oitava sessão (de quimioterapia) na semana que vem. Depois, em um prazo provável de duas semanas, ele repete todos os exames - de sangue, de imagens e endoscopia. Os próximos passos não estão ainda discutidos, dependem do resultado final da quimioterapia. Então isso só acontecerá no final dos oito ciclos", disse o médico David Uip, que coordena o tratamento do prefeito.

Segundo ele, na semana que antecede o carnaval ou logo após o festejo serão tomadas decisões importantes a respeito do tratamento. "Ele não teve qualquer efeito adverso até agora. Teve uma intercorrência, aquele sangramento, que foi superada. Agora, o resultado da efetividade do tratamento você só apura após o final da quimioterapia. O que nós temos até agora é que, até o momento, ele teve uma boa resposta e uma resposta segura, sem efeitos adversos."

Vice

Embora digam que ainda é cedo para se falar em nomes para vice na chapa do tucano, os covistas têm tratado do assunto com partido aliados. Um dos cenários é uma dobradinha com o Republicanos (ex-PRB). Já Doria não esconde que gostaria de ver a deputada Joice Hasselmann (PSL) como companheira de chapa de Covas. Caso as negociações não avancem, uma solução interna seria uma chapa pura, com a senadora Mara Gabrilli (PSDB).

Nos primeiros dias de 2020, dois fatos lançaram o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), ao centro do debate político nacional. O primeiro foi a notícia de um encontro com o apresentador de TV e empresário Luciano Huck, apontado como possível candidato a presidente, que levou a especulações sobre uma chapa Huck/Dino em 2022. O segundo foi a reação do PT, por meio de um de seus vice-presidentes, o deputado Paulo Teixeira (SP), que usou as redes sociais para dizer que, "com Lula ou Haddad, Dino estará na nossa chapa presidencial".

Dias antes, o próprio Lula havia elogiado Dino durante uma feijoada na casa do ex-prefeito Fernando Haddad. Para o ex-presidente, o governador é, atualmente, um dos únicos líderes da esquerda que consegue falar para "fora da bolha".

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Tirar a esquerda do isolamento em que se meteu nos últimos anos tem sido o principal objetivo de Dino no plano nacional. Desde que tomou posse, em 2015, o governador mantém uma coligação de 16 partidos que vai do PCdoB ao DEM, incluiu líderes evangélicos no governo e construiu boas relações com setores distintos, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e a Federação das Indústrias do Maranhão.

Além disso, aprovou em velocidade recorde a reforma da previdência estadual, participou da criação de três consórcios regionais de governadores e abriu diálogo com nomes tão díspares como Lula e o também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidenciável do PSOL em 2018, Guilherme Boulos, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em junho do ano passado, fez uma visita ao arquirrival, o ex-presidente José Sarney (MDB).

"Flávio Dino é um interlocutor político nacional. A agenda com o Huck não foi um ponto fora da curva. Não tem fato novo nisso", disse o deputado federal Márcio Jerry, presidente do PCdoB maranhense, integrante da direção nacional do partido e homem forte do primeiro governo Dino.

O encontro ocorreu na casa do apresentador um dia depois de Dino participar de um seminário na Casa das Garças, 'think tank' que tem entre seus associados expoentes do liberalismo como o ex-ministro Pedro Malan, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco e o presidente do Novo, João Amoêdo, a convite do ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung, um dos articuladores do projeto político de Huck. Antes, os dois haviam conversado pelo menos meia dúzia de vezes por telefone. Não se falou em composição de chapa.

Segundo Hartung, o encontro faz parte de uma série de diálogos que Huck tem mantido com líderes políticos, sem motivações eleitorais. "Não estamos costurando uma frente ampla, mas o diálogo. É um movimento de aproximação de quem defende e valoriza as instituições e que pode evoluir para outros pontos como quem se incomoda com a desigualdade social", disse Hartung.

Reações

O encontro gerou críticas a Dino por parte da esquerda nas redes sociais e questionamentos internos de setores do PCdoB. A decisão de romper a "bolha", no entanto, está de acordo com a orientação partidária. "Os conceitos e valores do atual governo são perigosos, tem risco potencial de produzir danos à democracia. Nesse quadro há que se construir um campo de diálogo democrático. Assim deve ser lido esse tipo de conversa. E precisamos de um degelo, pra superar essa polarização estéril. Fazer a polêmica de mérito nos temas essenciais e exercitar a produção de convergências", afirmou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), líder do partido na Câmara.

Alguns líderes do partido viram como "indelicadeza" a manifestação de Paulo Teixeira por, na avaliação deles, tratar um aliado histórico como força auxiliar. Mas o petista e o governador têm longa relação política estreitada por dramas pessoais em comum - os dois perderam filhos mais ou menos na mesma época. "Eu defendo que as disputas de 2020 e 2022 devem ser feitas com a unidade da esquerda", disse Teixeira.

Desde a eleição do presidente Jair Bolsonaro, Dino participa de tentativas para unificar uma ampla frente de oposição ao governo. No início do ano ele, Haddad, Boulos, a líder indígena Sonia Guajajara e o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB) criaram o Unidade Progressista. Resistência de setores do PT fez o grupo perder força. A prisão de Coutinho por suspeita de corrupção sepultou de vez o projeto.

Ao mesmo tempo, aproveitando-se das características geográficas do Maranhão, Dino ajudou a criar o Consórcio do Nordeste, que reúne os nove Estados da região, e participou dos consórcios da Amazônia e do Brasil Central. Foram realizadas três reuniões em São Luís. Os consórcios servem para driblar a falta de recursos e dificuldades na relação com o governo federal e servem de foro para articulações entre os governadores. Dino ainda esteve em evento do "Direitos Já" que reuniu integrantes de 16 partidos no Tuca, em São Paulo, em oposição a Bolsonaro. Todas essas iniciativas esbarraram no "sectarismo" de setores da esquerda, em especial do PT.

Críticas

As constantes viagens a São Paulo e a Brasília levaram a oposição no Maranhão a acusar Dino de abandonar o Estado em nome de um projeto nacional. "O governador abandonou o Maranhão. Participa de mais eventos fora do Estado do que aqui. Faltam foco e articulação com o governo federal, que sempre mandou muitos recursos para o Estado. Hoje, seu foco é a campanha antecipada pelo Brasil e o contraponto ao presidente", disse o deputado estadual Adriano Sarney (PV), neto do ex-presidente e único integrante do clã, hoje, a ocupar cargo eletivo.

Aliados do governador rebatem dizendo que a agenda de viagens de Dino não sofreu oscilações nos últimos anos e que a maioria das ausências é por motivo de eventos oficiais.

A aproximação com os evangélicos também provocou reações negativas de setores do PT maranhense descontentes por terem sido excluídos da chapa majoritária em 2018 para dar espaço à senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), ligada a igrejas. Além disso, a criação de 36 cargos de capelães da Polícia Militar, a maioria entregue a pastores evangélicos, levou à abertura de processo na Justiça Eleitoral - por uso da máquina pública - ainda não julgado.

Dino também se tornou alvo de opositores por, segundo eles, fazer no Maranhão aquilo que critica em nível federal, ao aprovar uma reforma da previdência estadual de forma relâmpago. O governador foi ainda criticado pela esquerda por ter apoiado o acordo para entrega da base de Alcântara aos EUA firmado pelo governo federal.

A interlocutores, Dino tem dito que considera improvável uma chapa com Huck por motivos ideológicos e políticos, mas que não vai descartar a possibilidade de imediato. Nesta semana, ele estará em São Paulo para participar de um evento do Instituto Lula. Conversas com o ex-presidente sobre as eleições de 2020 e 2022 estão no radar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dias após o primeiro turno no Uruguai, quando Daniel Martínez, da governista Frente Ampla, obteve 39% dos votos e o conservador Luis Lacalle Pou ficou com 29%, forçando o segundo turno, o opositor percebeu que precisava de um plano de longo prazo. Selou uma aliança com o Partido Colorado - o terceiro mais votado, com 12% -, com o Cabildo Abierto - que obteve 11% -, e com os partidos Popular e Independente, ambos com 1%.

Os cinco partidos da coalizão, com ideologias que vão da direita até a centro-esquerda, coordenaram, entre outubro e novembro, ações conjuntas entre seus militantes. Enquanto isso, a Frente Ampla, que agrupa legendas de esquerda, não obteve o apoio de nenhum dos outros dez partidos do Uruguai.

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O resultado desses dois caminhos antagônicos seguidos por Martínez e Lacalle Pou - somado à perda de confiança dos eleitores na coalizão governista em meio ao aumento da criminalidade e à desaceleração do crescimento econômico - foi detectado pelas pesquisas eleitorais.

Na última delas, divulgada três dias antes do segundo turno de domingo, o instituto Cifra previa que Lacalle Pou teria 51,5% dos votos, enquanto Martínez ficaria com 44,5%. A margem de erro era de 3,1 pontos porcentuais.

Após a eleição de domingo, a diferença entre os dois candidatos na votação foi tão pequena que será necessário esperar o Tribunal Eleitoral realizar a recontagem dos votos para anunciar oficialmente o novo presidente. A apuração deu 48,71% dos votos a Lacalle Pou e 47,51% a Martínez.

"A Frente Ampla teve dificuldades para convencer os eleitores de que a continuidade era o caminho certo", disse Gerardo Caetano, professor de história e ciências políticas da Universidade da República, em Montevidéu. "O Uruguai faz parte desse padrão de sociedades irritadas e infelizes que viram um aumento no poder de compra e, em razão desse aumento, começaram a exigir mais", disse Caetano. "As pessoas estão com raiva e se voltaram contra o governo."

Mesmo sem o anúncio oficial, Lacalle Pou tende a ser o novo presidente do Uruguai. A quantidade dos chamados "votos observados" (35.229) - que serão analisados pela Corte Eleitoral - é maior do que a diferença entre os dois candidatos (28.666), mas para Martínez reverter o resultado precisaria que a distribuição fosse diferente da que ocorreu no primeiro turno, quando apenas 27% deles foram para a Frente Ampla. O governista precisaria agora de receber 91% desses votos, que pertencem em geral a eleitores que votaram fora de sua zona eleitoral de origem, especialmente mesários e militares.

Lacalle Pou teria de fazer acordos mais fortes do que os já que conseguiu no Congresso e precisaria construir uma política social com a esquerda.

O resultado apertado de domingo - a eleição foi a mais disputada do país em 25 anos - envia uma mensagem a Lacalle Pou de que é preciso costurar alianças e ceder algum terreno a Martínez, que não ficou tão atrás como mostravam as pesquisas e agora aparece numa posição política de poder de negociação. Resta saber se ele de fato ficará afastado da política, como havia anunciado, ou se fará uma oposição mais atuante.

Lacalle Pou, um advogado de 46 anos, ex-senador do Partido Nacional, foi um crítico feroz do governo de Tabaré Vázquez. Um dos focos de sua campanha foi o aumento da criminalidade, representado pelos 414 homicídios registrados em 2018.

Descendente de uma família de políticos, filho do ex-presidente Luis Alberto Lacalle (1990-1995) e de uma ex-senadora, Lacalle Pou foi candidato presidencial nas eleições de 2014, mas foi derrotado no segundo turno justamente por Tabaré. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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