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Os casos de demência, uma síndrome caracterizada principalmente por uma perda de memória e de raciocínio, estão aumentando no mundo, mas apenas uma pequena minoria de países dispõe de planos para combatê-la, alertou a OMS.

De acordo com um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), a demência, cuja causa mais comum é a doença de Alzheimer, afeta mais de 55 milhões de pessoas em todo o mundo.

Segundo projeções, este número deve aumentar para 78 milhões em 2030 e 139 milhões em 2050, em razão do envelhecimento da população.

A demência, síndrome na qual há uma degradação da capacidade de realizar as atividades diárias, atinge cerca de 90% dos maiores de 65 anos.

No entanto, ela não é uma consequência inevitável do envelhecimento.

Embora não haja tratamento, estudos mostram que 40% dos casos podem ser evitados ou retardados com a prática de exercícios regulares, não fumar, evitar o consumo excessivo de álcool, alimentação saudável e controlar o peso e os níveis de pressão arterial, colesterol e glicemia.

Outros fatores de risco são depressão, baixa escolaridade, isolamento social e inatividade cognitiva.

No entanto, o relatório revela que apenas um quarto (26%) dos Estados-membros da OMS têm um plano de combate à demência, metade deles na Europa, segundo explicou em uma coletiva de imprensa a Dra. Katrin Seeher, do Departamento de Saúde Mental e Consumo de Substâncias Psicoativas da OMS.

Além disso, ela indicou que muitos desses planos estavam prestes a expirar ou já haviam sido finalizados.

"Precisamos que os governos prestem mais atenção à formulação de políticas de luta contra a demência", disse Seeher.

A especialista, porém, reconheceu que é necessário "ser realista e ver que a demência compete com muitos outros problemas de saúde pública", principalmente nos países em desenvolvimento.

Mesmo assim, a OMS incentiva os países desfavorecidos a integrar o problema da demência nas políticas de saúde pública relativas a doenças não transmissíveis ou nas estratégias em termos de políticas para a velhice.

Quase 60% das pessoas com demência vive em países de baixa e média renda.

De acordo com o relatório, os custos globais da demência foram estimados em US $ 1,3 trilhão em 2019. Espera-se que esse número aumente para US $ 2,8 trilhões em 2030.

Qual seria a postura de Jesus Cristo diante de alguns temas sociais da atualidade? Como ele se posicionaria, que lado defenderia? Um teólogo e um padre foram convidados a responder essas perguntas. Em comum, os dois acreditam que Jesus estaria envolvido com as pautas de direitos humanos.

“É impossível ser um seguidor de Jesus Cristo sem um profundo compromisso com os direitos humanos”, avalia Sérgio Vasconcelos, coordenador do departamento de teologia da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).

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 Violência

 De janeiro a setembro deste ano, o Brasil teve mais de 30 mil mortes violentas. Apesar de elevado, há uma queda de 22% no número de homicídios em relação a 2018. As mortes cometidas pela polícia, entretanto, aumentaram, assim como superlotação dos presídios e o número de presos provisórios.

"Existe um desejo nosso quase antropológico do olho por olho, dente por dente. Mas Jesus representa uma outra lógica, do perdão, da misericórdia, de estar disposto a acolher qualquer pessoa em atitude de reconhecimento de culpa. É uma incoerência um cristão que é a favor da pena de morte”, diz o teólogo. 

 Segundo o padre Josenildo Tavares, coordenador arquidiocesano de pastorais, Jesus não estaria do lado do punitivismo, pois teve um estilo de vida de não-violência. “Com o próprio Judas, que o traiu, ele não usou de violência. É inadmissível que da boca de um cristão saiam palavras como essa de 'bandido bom é bandido morto'. Lamentamos muito outras igrejas e até líderes católicos posando com arma na mão, lideranças de comunidades fazendo 'arminhas'”, avalia o religioso.

Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Abriu-o e encontrou o lugar onde está escrito: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor. Então ele fechou o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. Na sinagoga todos tinham os olhos fitos nele; e ele começou a dizer-lhes: ‘Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir’. (Lucas 4:17-21)

 Crise migratória

 O drama de pessoas refugiadas ocorre em todo o planeta. O Brasil tem lidado com refugiados venezuelanos, que fogem da crise instalada em seu país. A Operação Acolhida, criada durante o governo de Michel Temer, já interiorizou mais de 13 mil venezuelanos. Há um temor que o país, principalmente o estado de Roraima, esteja à beira de um colapso social. 

Vasconcelos destaca que, desde o antigo testamento, um dos critérios para salvação é o acolhimento do estrangeiro, do órfão e da viúva. "A gente não pode esquecer que o próprio Jesus também foi estrangeiro. Ele teve que fugir do Egito por causa da perseguição de Herodes.”

"Jesus diria: 'eu também fui imigrante'", diz o padre, fazendo um paralelo com a atualidade. "Eu sou pároco das Graças [no Recife] e lá estamos presente na vida dos venezuelanos. É triste, eles são índios, não falam espanhol, não falam português."

“Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia.” (Mateus 5:7)

Desigualdade social

 O teólogo Sérgio Vasconcelos diz que pobreza, injustiça e exclusão do ser humano são sinais do anti-reino de Deus. "Nesse sentido, diante dessas injustiças, com certeza Jesus teria uma postura profundamente crítica. Jesus se colocaria no centro dessa questão, combateria a opressão."

O padre reforça que Cristo nasceu em um contexto de desigualdade social. "Jesus tinha um vínculo com os marginalizados. Hoje dizem que isso é comunismo, socialismo. A gente lamenta muito que as pessoas polarizem algo que está além do partidarismo". Tavares acrescenta: "Com certeza Jesus estaria do lado dos mais pobres."

 Segundo relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) neste ano, o Brasil é o sétimo país com maior desigualdade de renda, ficando à frente apenas de países do continente africano. Os dados foram coletados em 2017. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) mostrou, também este ano, que apesar da melhora nos índices de desnutrição no país, a parcela que passa fome no Brasil ainda é considerável. 

 “Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram.” (Mateus 25:35-36)

Homofobia

Sobre a homossexualidade, Vasconcelos destaca que não há relatos bíblicos de Jesus se confrontando com essa temática. "Nesse sentido, a gente entra em um terreno imaginativo", salienta o professor. "O que a gente sabe é que ninguém, absolutamente ninguém, hétero ou homo, ou trans, seja que categoria for, é excluído do desejo universal de salvação de Jesus", diz o teólogo.

O padre Tavares é mais cauteloso em sua fala, mas acredita que Jesus estaria do lado das vítimas. "Eu posso dar minha opinião, mas não posso usá-la para lhe agredir. Eu posso discordar, mas não tenho o direito de lhe reduzir a uma coisa. Recife é uma cidade em que já mataram muitos travestis. Em nome de quem? De Deus, de Cristo? Que sacristia é essa que leva a eliminar?", questiona o pároco. "No outro mora Deus, mora o sagrado, é um irmão. Quando a gente acolhe, a gente cresce", completa. 

 No início deste ano, o Grupo Gay da Bahia, entidade que registra dados de violência contra LGBTs há décadas, divulgou o relatório de 2018. Foram registradas no último ano 420 mortes de LGBT, sendo 320 homicídios e 100 suicídios. Segundo os dados, a cada 20 horas um LGBT é morto ou comete suicídio no Brasil.

“Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.” (Mateus 5:9)

Ataque aos direitos humanos

O teólogo Sérgio Vasconcelos diz que, "de forma clara e absoluta", Jesus seria um defensor dos direitos humanos. "Seria impossível a Declaração de Direitos Humanos sem a contribuição da cultura judaica cristã. Mesmo pensadores que são ateus dão esse reconhecimento", salienta o professor.

Segundo o pesquisador, os direitos humanos buscam preservar a dignidade humana, mesmo intuito de Cristo. "Jesus tinha profunda convicção  que o reino de seu pai passa pela dignidade da pessoa humana. Não há um biblista ou teólogo sério que discorde disso."

 O padre Tavares destaca que a sociedade costuma criticar os direitos humanos, mas que essa não seria a postura do filho de Deus. "Não tenho dúvida que ele estaria dando voto de aplauso aos direitos humanos."

Aproveitando o clima das eleições 2018, o canal 'Barba, Cabelo e Bigode' produziu uma paródia contando a história de um casal em que a mulher é uma petista e o homem é um 'bolsominion', tendo base no ritmo da música 'Eduardo e Mônica', da Legião Urbana.

No vídeo, um casal com opiniões políticas opostas se conhece e se apaixona apesar das diferenças, tal qual na música original. Exceto que na paródia as diferenças se dão no campo da política, espelahndo o atual momento de eleições no Brasil.

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A paródia foi publicada no YouTube e no Facebook na última quinta (18), e já possui 4.300 curtidas, mais de 1.800 comentários, 7.639 compartilhamentos e mais de 300 mil vizualizações.

Nos comentários, internautas elogiaram o vídeo. No Facebook, Rafaela Rodrigues Marques comentou: "Meu Deus é exatamente isso!! Muito Bom Hahahaha". Já Thiago Oliveira Araujo afimrou:"Melhor definição da atual situação política do nosso país hoje. KKK".

Confira o vídeo:

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*Por Jhorge Nascimento

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma avaliação contextualizada dentro do panorama social, político e econômico vivido contemporaneamente. Logo, preparar-se para ele é ter certeza da atualização diante desse panorama como forma essencial de conseguir bons resultados. Mesmo sendo realizadas nos dias 4 e 11 de novembro, as provas tiveram preparação finalizada no início do segundo semestre, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Dessa forma, os estudantes devem ficar atentos a alguns detalhes para não serem passados despercebidos, pois, caso contrário, poderão fazê-los estudar assuntos que não devem entrar na cartela de conteúdo do Enem. Ou, ainda mais, deixar para trás atualidades já inseridas em algumas das 180 questões. 

Por isso, o LeiaJa.com trouxe as dicas de dois professores sobre o que deve ou não deve entrar na lista das perguntas de atualidade do Exame Nacional do Ensino Médio.

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Segundo o professor de história Salviano Feitoza, os alunos devem ficar atentos a temas envolvendo a democracia. “Tendo em vista a atual situação mundial, deve ser trabalhada a discussão sobre a cidadania, tratando-se da economia, dos direitos políticos e da liberdade de expressão”, explica o docente. Salviano ainda contempla o aniversário de 30 anos da Constituição de 1988. “Ela toca em assuntos que antes não tinham sido mencionados, como o direito à greve, o direito ao divórcio e a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente. Então, em relação às leis anteriores à Constituição de 88, ela nem se compara em tratando-se de cidadania” explica.

Já o professor de atualidades João Pedro Holanda aposta que datas comemorativas não serão contempladas neste Exame. “O Enem tem mostrado não valorizar aniversários de acontecimentos históricos. Os 100 anos da Revolução Russa e os 50 anos da morte de Martin Luther King não alcançaram a prova ano passado”, lembra Holanda. Por outro lado, a carga de conhecimento histórico deve se manter aliada às atualidades este ano, segundo o professor. “A situação dos países da Primavera Árabe também é algo importante a ser destacado, principalmente a relação da Síria, fazendo um paralelo em como era a situação dela antes em relação a atualmente”, explica João Pedro Holanda.

O docente ainda aponta para a possibilidade de haver o aparecimento das relações internacionais dos Estados Unidos no governo de Donald Trump. “Com a Coreia do Norte, houve um avanço nessas relações. Já com Cuba, os Estados Unidos deram um retrocesso. Em relação à Rússia, pode ser abordada a tensão entre os países”, aponta Holanda. O resultado das eleições brasileiras não devem ser abordado. “A prova será realizada uma semana após o segundo turno das eleições, mais ou menos, mas o resultado não vai cair no Enem porque a prova já foi fechada”, relembra o professor.

Questões governamentais

Segundo o professor João Pedro Holanda, o aluno deve ficar preparado para questões adjetivadas como “estranhas”. “O Enem 2017 foi a prova mais governamental aplicada na história do Exame”, aponta. Holanda explica que algumas decisões tomadas pela atual gestão do País foram alvo de críticas pela população, mas alcançaram as disciplinas adquirindo pontos positivos. “Ano passado houve uma questão estranha no Enem que tratou da criação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, apontando aspectos positivos, mesmo sendo uma medida bastante criticada pela sociedade. O governo Temer é apoiador da construção da Usina”, afirma o docente. “Tendo em vista isso, eu aposto algumas fichas que podem haver questões saudando a Reforma Trabalhista, por exemplo”, completa Holanda.

Segundo o progessor, apontamentos específicos envolvendo corrupção são pouco prováveis. “Questões especificamente sobre a Lava Jato não devem aparecer, pois podem comprometer o governo vigente”, ressalta João Pedro Holanda.

Mesmo com diversas possibilidades de assuntos na prova, é importante que o aluno mantenha-se sempre atento aos acontecimentos da sociedade. Isso faz parte da bagagem de mundo e pode auxiliar na construção de uma boa argumentação. Aliado a isso, o estudante em busca de aprovação no Enem também precisa estar afiado às disciplinas. Para auxiliar quem busca a tão sonhada vaga no ensino superior, o LeiaJa.com produz o Vai Cair no Enem. Confira!

“Nada irá calar a nossa voz”; assim cantam grandes nomes do mainstream musical brasileiro em uma canção, recém-lançada, que narra alguns problemas sociais e desejos de prosperidade do povo brasileiro. Entretanto, em um dos momentos mais conturbados da história do Brasil, no que muitos já chamam de a maior crise política da nossa história, algumas das vozes que se ouvem nesta música, como Sandy, Thiaguinho, Maria Gadú, Michel Teló e Ivete Sangalo não costumam cantar as mazelas sociais e distúrbios do cotidiano do país. 

Tendo sido a música um forte instrumento de protesto em outros cenários, como nos anos 1980 e 1990, e até mesmo durante a ditadura militar (nos idos de 1960 e 1970), o que terá enfraquecido as ondas sonoras que clamam por dias melhores, justiça social e descortinam o que de pior acontece na sociedade? 

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Muitas lembranças do tempo em que as rádios e TVs disseminavam esse tipo de conteúdo tem Fred Zero Quatro, vocalista da banda Mundo Livre S.A, uma das precursoras do movimento Manguebeat. Em entrevista ao LeiaJá, o músico relembrou o que costumava ouvir naqueles anos: "Eu cresci ouvindo muito rádio e programas de televisão, musicais. Principalmente na década de 1970, foi quando comecei a ouvir mais música brasileira nas FMs. Me lembro de Chico Buarque, Milton Nascimento, Caetano, esse pessoal vivia nas primeiras colocações das paradas de sucesso. E olha que era um tempo que ainda existia censura, ditadura, um governo de generais". 

Fred também menciona as décadas seguintes, de 1980 e 1990, quando se podia ouvir Titãs, Paralamas do Sucesso, o próprio Mundo Livre S.A. e o Planet Hemp, por exemplo, com músicas questionadoras e engajadas. "Agora, o que acontece é que hoje você tem - principalmente depois do golpe de 2016 -, um governo totalmente blindado pela mídia; deliberadamente quer promover uma alienação. Não interessa para uma mídia que manipula milhões de paneleiros para ir bater panela contra o PT, mas não faz nada contra Cunha e Temer, divulgar sons e músicas com mensagens de cunho social. Interessa manter todo mundo no 'aê e ô', 'safada isso', 'baixa cá, baixa de lá'". 

Sobre a atuação da grande mídia, no que diz respeito aos conteúdos oferecidos ao público, Zero Quatro é enfático: "Quando eu falo que existe uma mentalidade política da grande mídia, eu não estou especulando, ou supondo, eu vivi isso na pele". Ele conta que em 2001, sua banda, a Mundo Livre, teve um contrato com a gravadora Deck (antiga Abril) cancelado por conta do engajamento da banda com temas sociais: "Eu tive uma reunião com a diretoria artística da gravadora que falou claramente: uma das questões pelas quais eles não queriam renovar era política.

Desde que o PT assumiu o poder, e que houve sucessivas derrotas da grande mídia para essa narrativa popular de democratização, que a censura passou a ser outra, deixou de ser uma censura prévia, de um regime autoritário, para uma censura branda, sutil, do pensamento único. Depois, com as redes sociais, é uma censura de perseguição mesmo, de tribunal do Facebook”.

 ‘Tipos’ de protesto

É também lembrando de uma música lançada em 2016, com grandes artistas populares cantando sobre a operação Lava Jato, que o produtor Paulo André afirma: "Esse mainstream nem tem legitimidade para falar, salvo um ou outro, mas ninguém quer um envolvimento". Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, Paulo, criador do icônico festival Abril pro rock, indicou pontos que, segundo ele, levam a indústria musical a uma certa apatia: "Você vê, também, uma nova geração equivocada, que deleta Chico Buarque da vida. E uma vez que eles deletam alguma música, é para sempre. Eles não querem mais saber", diz, embasado na experiência de ser pai de filhos adolescentes. 

Entretanto, o produtor vê com otimismo uma nova safra de artistas e grupos que vêm surgindo na atualidade. "Eu acho que tem um tipo de música que pode ser caracterizada como música de protesto, que é essa geração de cantores e cantoras, e outros gêneros, que são homossexualmente assumidos". Paulo cita nomes como Johnny Hooker, Liniker, Linn da Quebrada e As Bahias e a Cozinha Mineira. 

Para o produtor, artistas que assumem sua sexualidade e levam a temática para sua arte estão batendo de frente com uma sociedade que "ainda é muito conservadora". Ele dá como exemplo a repercussão causada pelo protesto feito pelo cantor Johnny Hooker no Festival de Inverno de Garanhuns de 2018, em virtude da proibição da peça O evangelho segundo Jesus Rainha do Céu. "É uma geração que tem uma outra percepção das coisas".  

Colaborando para o otimismo do produtor, está ainda a música produzida nas periferias do país, que, apesar de, em sua maioria, ficar quase que restrita às suas comunidades, encontra na internet um caminho para ser escoada. "Essa possibilidade de postar música empoderou muito as músicas das periferias do Brasil, isso não deixa de ser música de protesto também, porque é uma forma de passar por cima de todo mundo, sem precisar de gravadora, produtor, de ninguém". 

Faça você mesmo

É da periferia, que surge outra voz otimista em relação ao engajamento dos novos músicos do país. Cannibal Santos, vocalista e baixista da banda Devotos, originada na comunidade do Alto José do Pinho, Zona Norte do Recife, garante não sentir falta da dita música de protesto: "O que tá rolando hoje na mídia são músicas que não têm muita preocupação com isso, mas as pessoas que eu conheço, dos grupos alternativos que sempre existiram, continuam fazendo o mesmo tipo de música", disse ao LeiaJá. Ele cita nomes como Cordel do Fogo Encantado, Mundo Livre S.A. e a própria Devotos, com trabalhos recém lançados e bastante politizados. 

Para Cannibal, o que diferencia o atual cenário daquele das décadas de 1970, 1980 e 1990, por exemplo - quando se ligava o rádio e ouvia-se músicas como 'Que país é esse?' -, é a influência da grande mídia: "Hoje é uma outra gurizada que está na mídia, mas que não tem preocupação com a música nem com as letras. Mas, apesar de não serem politizados, é isso o que eles vivem. A diferença daquela época para a de hoje é que era uma geração que se espelhava em outra que foi mais revolucionária, era um povo que tava saindo da ditadura, mais aguerrido. Hoje é uma geração com uma liberdade de expressão muito forte, mas não há uma preocupação social". 

Onde e como?

Sobre chegar na grande mídia, o produtor Paulo André também tem sua observação: "No Brasil, a gente ainda esbarra em alguns filtros. As pessoas comuns, que não frequentam tanto o ambiente cultural mas gostam de música, a maioria dessas pessoas ainda vai pela grande mídia, pela TV aberta, então é isso que, na minha opinião, faz (o cenário) ficar limitado". 

Fred Zero Quatro compartilha pensamento semelhante: “A mídia está comprometida com a manutenção de um status quo que eu chamo, no disco novo da gente, de ‘Situação de Rico’, não é ‘jovens em situação de risco, não’, é ‘situação de rico’. O rico que eu falo é meia dúzia de proprietários de um monopólio das comunicações que mantêm a grande população escravizada por uma mensagem monolítica, em que não há espaço para o pensamento plural. É o pensamento único que comanda a grande mídia. Então, é uma questão de um público muito mais alienado hoje em dia, que não é por acaso”. 

Cannibal complementa a ideia: "Tudo que a mídia propõe, praticamente, a sociedade começa a consumir e quem tá surgindo vai se baseando nisso. É uma coisa muito perigosa porque você começa a dar um direcionamento para a cultura brasileira. Quem vai nos representar em qualquer país não leva a nossa cultura real mas sim o que está na mídia. Eu acho que deveria haver abertura para todo mundo, porque eu não acredito em uma opinião só. A música no Brasil é muito imposta para as pessoas", diz o músico. 

Há música e protesto 

A apatia política demonstrada pelas canções que dominam as paradas de sucesso não é tudo o que o Brasil tem para mostrar. Apesar de quase sempre invisibilizados, os artistas que trazem a crítica social e o protesto existem, e resistem. Por isso, preparamos uma playlist no aplicativo Deezer com algumas canções contemporâneas que vão além de temas 'leves' como baladas e histórias fofas (ou sofridas) de amor. Confira:

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*Fotos: Reprodução/Facebook

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— Pessoal, Tota bateu a cassuleta! Ar de espanto. Depois, uma brisa de tristeza atravessou o magote de camumbembe que, todo santo sábado, se reúne em torno da marvada, comes e bebes para celebrar velhas amizades e, o que éde lei, fuxicar.

 

Justo naquele dia, foi feita a aposta: pagaria a conta quem no bate-papo deixasse de dizer, pelo menos, uma palavra do dialeto pernambuquês/nordestinês.

(Dialeto, ensinam os bam-bam-bam no assunto, é uma variação do idioma, jeito de falar de uma região, grupos sociais, profissionais, etários, com palavras próprias, mas que são entendidas por quem fala e por quem ouve. Logo, se no mesmo país a linguagem não éentendida, éo caso de um país com mais de uma língua).

— Ô Vadinho  atalhou Didi, o gigante de Tambaba, apelido dado em homenagem aos seus dotes anatômicos lá vem tu que, além de fuxiqueiro, só traz aperreio.

Aí Beto, Boca de Caçapa, apressou-se em evitar a arenga: - Tava na cara. Tota tinha tudo quanto era quizila: espinhela caída, lombriga, fraqueza de sangue e dos nervos, andava piongo, xoxo, além de zambeta, os cambito fino e tomava, todo dia, uma tuia de cachete

Também – emendou Lu, vulgo azia, vencedor do troféu, O Cabuloso ele aguentou, 40 anos, Jovita, um estrupício, barraqueira, tinha cabelo na venta, sofria de gastura, xanha na canela que virava pereba, tome a mardita e aí ela ficava com a bixiga lixa no couro. Faltou cabra arrochado que lhe desse um cocorote. Tota era uma alma penada. Deus o tenha.

Nelsinho Cabeção, conciliador, ponderou: Lá vem tu com brabeza. Dona Jovita tava longe de ser uma Xamboquiera. Mulher decente. Demorou dez anos pra emprenhar. Pensavam que era Maninha. Na mangação, chamavam Tota de Gala Rala. Nunca teve beliscada, teúda e manteúda que, quando sai da zona, passa a proceder. Jovitadeu dois bruguelos a Tota: Zédo Pão e Maria de Jesus, os nomes são paga de promessa. O macho tátomando conta da bodegasortida de brebote e catrevagem. Um galalau, pirangueiro, mas, orgulhoso, estufa o peito,não sou xexeiro. Se faz de abilolado, pamonha, mas é nócego no negócio, só entra de cum força nas parada. Diferente do pai, é raparigueiro, não pode ver quenga, fica amostrado, cheio de munganga, pantim e com trancelim no pescoço. Nada de amigação, nem casamento. É gasto e apoquentação, diz ele.

Didi, o gigante de Tambaba, reservou-se na prosa pra falar de Maria de Jesus. – Cruz credo, derna de pequena era virada no moi de coentro; foi se pondo mocinha espevitada, empinada pra frente e arrebitada pra trás; virou mulher, ficou quartuda e por onde passava deixava os cabra zaroio. Na dança, era xumbregação medonha. Dona Jovita morria de medo que ele ficasse falada e no caritó. Maria de Jesus gosta do sarro, mas é cabaço; aos vinte e cinco anos deu o primeiro tiro na macaca. Foi um desespero. Dona Jovita haja fazer promessa e simpatia pra Santo Antonio. E Maria de Jesus nemmode coisa. 

Nessa lengalenga, teve um porém: foi inaugurada uma Upa em Casa Amarela, vizinha da casa do finado Tota. Por láchegou um doutor de nome bonito: Roberto Aarão. Bem-apessoado, muito lorde, instruído, clínico e urologista de dedos afiados. Jovita, que vivia enturida de achaque, marcou consulta. Um olho no doutor e já pensando em cortar-jaca para o genro dos sonhos. Foi uma hora de consulta. Nem parecia paciente do SUSpiro derradeiro.

Dia seguinte... Aí Toinho Bocão atravessou-se com a voz estridente de professor alopradoTô por dentro. Foi meu aluno. Dona Jovita levou bolo de bacia com goiabada feita em casa. Feitiço puro. Convidou o tampa da medicina pro lanchinho lá em casa. Maria de Jesus, A sobremesa, tava todemperiquitada. O casório tá marcado.

Ôxe, conversa chata arretada! Berrou Pitta e virou-se pra mim com um tom sarcástico, ô ex-quase tudo, meu apelido, como vai o furdunço da política? Acabou o espaço e priu!

PS. Este artigo é uma singela homenagem a todos os poetas, pesquisadores, cordelistas, repentistas, cantadores e contadores de causos” representados nas pessoas de Zelito Nunes e Jessier Quirino.

Como todos sabem (se não sabem, leiam aqui), empolguei-me bastante com a premiere da nova série de comédia sobre policiais disfuncionais, e numa das raras exceções em que uma estreia se mostra compatível com toda uma temporada, Brooklyn Nine-Nine não me desapontou e fechou um excepcional primeiro ano, sobre o qual discorrerei a fim de que se atentem para este novo show de humor que precisa ser visto.

O nome Brasil tem origem, segundo o protesto indignado de Frei Vicente do Salvador, na madeira (Pau-Brasil) de “cor abrasada e vermelha que tinge o pano”.

 

A natureza rebatizou a “Terra de Santa Cruz”. Sua descoberta fora uma empreitada estatal, militar e religiosa que, na época, eram os ventos poderosos que enfunavam as velas das esquadras portuguesas na aventura dos grandes descobrimentos.

 

Seria a mudança de nome uma vitória da ideologia da natureza exuberante sobre a ideologia religiosa da Ordem de Cristo?

 

Desconfio que não. A madeira refletia a identidade mercantilista do projeto. O Pau-Brasil tinha valor comercial e mercado.

 

De fato, dois olhares coexistiam no ato fundador do Brasil: o olhar renascentista que proclamava a visão edênica do paraíso perdido; o olhar mercantilista que movia o projeto colonial de exploração econômica.

 

Infelizmente, a evolução histórica certificou: o encantamento fora retórico; a ação, predadora.

 

De lá para cá, o “progresso” foi movido a “ferro e fogo” (título do livro de Warren Dean sobre a devastação da Mata Atlântica). O desbravamento de matas e florestas era a palavra de ordem dos senhores do mundo novo que se descortinava como grande provedor das cortes dissolutas e perdulárias do velho mundo.

 

Por um dever de justiça, cabe o registro de lúcidas vozes sobre os efeitos danosos da agressão ao patrimônio florestal brasileiro. Entre elas, é importante destacar o pensamento de José Bonifácio, André Rebouças, Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha, Alberto Torres e o mais recente, assumidamente ecologista avant la lettre, Gilberto Freyre, na fascinante obra sociopoética, Nordeste (1937).

 

Com efeito, estes visionários não tiveram o gosto de ver as questões antecipadas por suas mentes prodigiosas serem assumidas pela humanidade como uma questão central, estratégica para a sobrevivência da vida na Terra, ratificada pela ampliação da consciência universal dos ecocidadãos e incorporada aos marcos legais e institucionais das gestões públicas e privadas.

 

De outra parte, não tiveram o desgosto de testemunhar a devastação que vêm sofrendo os nossos ecossistemas, em especial, a cobertura vegetal que metaboliza a energia solar e torna viável a vida no Planeta Terra. No atacado e no varejo.

 

No atacado, basta olhar o que resta de Mata Atlântica, Floresta Amazônica, Cerrado e Caatinga; no varejo, basta ler a manchete da edição do JC, 02 de fevereiro do corrente ano: “Palmeiras-imperiais são cortadas no Derby”.

 

Cortadas, não! Foram assassinadas! Um assassinato anunciado e que atingiu seres plantados pelas mãos virtuosas do paisagista Burle Max em 1935. Depois de assassinadas, esquartejadas para servir de lenho seco para brincadeiras juninas ou de carvão para animados churrascos. Outras vão morrer asfixiadas pelo pulmão, intestino, estômago, coração, o corpo de uma cidade de cimento, aço, sujeira, violência e desprezo pelo verde, pela história, pela qualidade de vida e sem dar ouvidos aos cientistas que reafirmam a condenação das palmeiras sobreviventes. Mais grave: as autoridades municipais mentem quando alegam que a causa do óbito fora um fungo. Ainda assim, é obrigação municipal tratar preventiva e curativamente a vegetação urbana.

 

Tudo por conta do Corredor Leste-Oeste, obra urbana estúpida que faz-de-conta que serve aos usuários dos ônibus e faz-de-conta que alivia a cidade mergulhada no caos da imobilidade e da imundície.

 

É por essas e outras que, farsantes, Brasil afora, tentam juntar no mesmo saco o que é calamidade natural com calamidade política, matando famílias inteiras e soterrando os sonhos das pessoas. Uma é obra do funcionamento ou cobrança da natureza do que lhe foi tomado; a outra é descaso, irresponsabilidade pública, no caso do Recife, brutalidade prosaica, ao trucidar as palmeiras-imperiais, que, generosas, tudo dão e pedem o mínimo para viver e servir. Mangueiras, jaqueiras, oitizeiros, sapotizeiros, palmeiras, são saudades da refrescante sombra que, outrora, acariciava o cidadão recifense.

 

No Recife, o refrão tem sido assim: são contribuintes otários pagando a crueis sicários para fazer da vida urbana um funesto obituário.

 

E no Brasil contemporâneo, faltaria inspiração ao grande Gonçalves Dias para compor “A canção do exílio” com palmeiras, bosques e sabiás.  Afinal, sem as palmeiras, o exílio é aqui.   

 

* Este artigo foi publicado no JC. 09/02/11. Torna-se atual. Voltam a massacrar as palmeiras e o verde do Recife. Trata-se de um ecocídio em nome da mentira que é o progresso a qualquer preço. 

No programa desta quinta-feira (26), o professor de português, Rogério Costa, indica aos "feras" os possíveis temas de redação que poderão ser cobrados nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio. A série Vai Cair no Enem do Portal LeiaJá vai ao ar às terças e quintas-feiras e traz dicas e respostas para as questões recorrentes nas provas anteriores do exame. Confira.

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Uma pesquisa da União Europeia realizada na região e nas maiores economias do mundo colocou o Brasil como o segundo lugar entre os países com maior tendência para o empreendedorismo. De acordo com os resultados, 63% dos brasileiros preferem trabalhar em um negócio próprio. A pesquisa incluiu os 27 membros da União Europeia e mais 13 nações, entre elas, China, EUA, Rússia, Índia e Japão. O primeiro lugar ficou com a Turquia, com 82%.

Os termos “empreendedor” e “empreendedorismo” têm sido bastante utilizados nos últimos tempos, principalmente para significar o fundador de um novo negócio ou a pessoa “que iniciou um negócio onde antes não havia nenhum”, dando o contexto do novo, do inédito.

Acredito que empreendedorismo é mais que isso. Empreendedorismo é a força do fazer acontecer, em qualquer área e seja de forma inédita ou não. Seguindo esse raciocínio, o empreendedor é a pessoa capaz de gerar bons resultados em qualquer área de atividade, é aquele que motiva ações e cultiva ideias em prol do bem estar comum. 

É de conhecimento comum que o Brasil, assim como outros países do mundo, tem inúmeros problemas, seja de caráter social, educacional, ambiental, econômico ou infraestruturais. Nesse esfera, o empreendedorismo social surge como uma alternativa e forma de contribuição das empresas para a sociedade. Em outras palavras, seria uma forma de devolver à população e ao país onde funciona, todo o sucesso empresarial que foi conquistado.

Aqueles que possuem a visão de empreendedor social são capazes de distinguir tendências e apontar soluções inovadoras para contribuir com a melhoria ou amenização dos problemas sociais e ambientais, por exemplo. O empreendedorismo social, por meio da sua atuação, é capaz de acelerar o processo de mudanças, oferecendo produtos e serviços de qualidade à  população excluída do mercado tradicional, ajudando a combater a pobreza e diminuir a desigualdade.

Ao incentivar o empreendedorismo social, não queremos isentar o Governo de suas obrigações com o povo e nem com o país. Continuamos querendo que a corrupção acabe, que o dinheiro dos impostos receba o direcionamento correto, seja para investimentos em saúde, educação, estradas, enfim. Os gestores têm responsabilidade de fazer o país continuar a se desenvolver, estudando e implantando as melhores formas de atingir tal objetivo. Isso é inegável e indiscutível.

Contudo, todos nós temos responsabilidade com o bem comum. Cada um, da sua maneira, pode e deve contribuir para o desenvolvimento do país em todos os aspectos. Uma vez reconhecido, o empreendedor social é capaz de inspirar cada vez mais representantes a se engajarem em torno de uma causa comum: uma sociedade com oportunidades iguais para todos.

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Com o intuito de ajudar o empresariado pernambucano a se inserir no ambiente virtual, a Federação das Indústrias de Pernambuco - FIEPE, promoveu na noite da quarta-feira (24) às 19h30, no hotel Golden Tulip Recife Palace, duas palestras com tema Redes Sociais - Virtudes e efeitos colaterais da nova comunicação digital. O FIEPE trouxe o Jornalista Marcelo Tas e o social relationship manager do site de compras Peixe Urbano para debater o assunto com o público presente.

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O objetivo do evento foi apresentar aos empresários locais as oportunidades e ganhos que as redes sociais e a comunicação digital podem garantir aos negócios. O jornalista Marcelo Tas discutiu as características das tecnologias disponíveis atualmente e como as pessoas interagem com elas, e contou o seu próprio exemplo. Segundo Tas, o segredo para combinar o mercado com as mídias sociais é saber ouvir. "A mudança não é do mercado e sim do cidadão. Do filho, do empresário, da instituição. É um trabalho de jardinagem. Rede social não começou agora, como diz os raps lá em São Paulo: Já é. E isso provoca mudança na sociedade", declarou Tas.

Pedro Costa abordou na palestra como empregar aspectos regionais da comunicação para se diferenciar no ambiente globalizado. O executivo do Peixe Urbano compartilhou sua experiência de oito anos no desenvolvimento de campanhas em mídia e conteúdo no varejo, nas diversas áreas.

O evento contou com o apoio do Sebrae, do portal Pernambuco.com e do Hotel Beach Class e segue até o final do ano com novas palestras sobre temas de interesse do setor empresarial. A programação completa pode ser conferida no site do FIEPE.

 

O título do artigo não é o que parece. Nada contra a democracia.

 

É o título do livro do professor do Collège de France, Pierre Rosanvallon que, com propriedade e profundidade, analisa situação e as tendências da democracia política na atualidade. 

O autor esclarece: “O que propõe chamar de contrademocracia não é o contrário de democracia; é uma forma de democracia que se contrapõe a outra; é a democracia dos poderes indiretos disseminados no corpo social, a democracia da desconfiança organizada frente à democracia da legitimidade eleitoral”. 

O livro parte da grande contradição do nosso tempo: de um lado, a expansão dos regimes e valores democráticos; de outro, em escala jamais experimentada, a desconfiança com os políticos, o desencanto com a política e a desilusão com a eficácia da democracia em responder as demandas da cidadania.

Neste sentido, o desafio é evitar a degenerescência da democracia e, em lugar da despolitização da sociedade, construir uma “nova era das democracias”.

E o que vem a ser uma “nova era das democracias”?

A propósito, esta “era” está acontecendo diante dos nossos olhos e não é difícil perceber.

No processo de construção da democracia, a primeira e mais visível dimensão foi o direito de escolha dentro do qual se inseria a noção de controle sobre os eleitos; em seguida, a concepção tripartite dos poderes, obra clássica de Montesquieu, consagrava na relação entre os poderes as faculdades de atuar e impedir, ou seja, colocava em prática o princípio liberal de limitar os poderes cuja fonte é a desconfiança e cujo fim é proteger o indivíduo dos abusos do poder.

Entretanto, não parou por aí a estruturação da desconfiança que foi paulatinamente ampliada pela multiplicação dos poderes de sanção e obstrução, consolidando outro tipo de soberania popular que se revela na capacidade de obstruir, de formar coalizões sociais e de fazer ecoar nas ruas e nos meios de comunicação os protestos da coletividade. Nasceu, ao lado do povo-voto, o povo-veto.

Emergem, daí, a política dos governados, a política não-governamental, a política de protesto que significa politizar a despolitização (aparente ou real) da sociedade.

Com efeito, este tipo de “política” passa a constituir o que podemos chamar de “democracia de controle”, exercida mediante mecanismos de vigiar, denunciar e qualificar o poder que atendem a um alerta que data da Revolução Francesa: “o governo representativo logo se converte no mais corrupto dos governos se o povo deixa de inspecionar os seus representantes”.

Perceber e exercer a responsabilidade cidadã do controle significa não permitir o discurso generalizador, demagógico de amaldiçoar e, no extremo da irresponsabilidade, preconizar a eliminação das instituições democráticas. Em outras palavras, significa contribuir para o aperfeiçoamento do regime democrático. 

Desta forma, a abstração teórica e expressão vaga da vontade geral assumem a força concreta, repita-se, de vigiar que é um estado de alerta da cidadania, atenta, mobilizada e pronta para agir; de denunciar que confere força à vigilância sem cair na face perversa da denúncia que é estigmatizar a priori o denunciado; de qualificar o poder que significa avaliar a eficácia da gestão e testar a competência dos governantes.

Em recentes episódios da história contemporânea, os legítimos poderes da contrademocracia têm sido plenamente usados pela cidadania ativa conforme a concepção exposta na excelente obra do professor francês.

Nesta linha de atuação, a cidadania dispõe, hoje, dos mecanismos produzidos pela tecnologia da informação que, ao alterar profundamente noções clássicas de tempo e espaço, afetam as instituições tradicionais da democracia representativa assim como ampliam  enormemente a capacidade de influência e controle da sociedade sobre a atividade política.

Enganam-se, pois, os que subestimam a força dos contrapoderes, revigorada pelos novos elos que vinculam eleitores e eleitos, representantes e representados.  O destino dos recalcitrantes será a lata de lixo da história.

Por fim, é prudente não esquecer a lição premonitória de Tocqueville  e John Stuart Mill sobre os cuidados com a ameaça da “tirania da maioria e da opinião” para o bom exercício da contrademocracia de modo que sejam assegurados o pluralismo político, o equilíbrio dos poderes e a proteção dos direitos individuais.

 

Suspeita-se  de que exista uma cultura institucional no Brasil que responsabiliza fortemente as ações da União. Neste caso, o Brasil só melhora, se o presidente da República agir. Obviamente que presidentes precisam governar bem. Entretanto, o bem-estar do brasileiro não é responsabilidade exclusiva do presidente da República. Este representa mais um instrumento para a oferta do bem-estar.

Pensar estruturadamente as estratégias de desenvolvimento do país não é tarefa fácil, mas é essencial para se encontrarem saídas para a situação complicada em que nos encontramos. Presidentes da República são responsáveis pelas reformas macros do País. Como por exemplo, a reforma do Estado – reformas nos âmbitos fiscais e de gestão. O presidente deve vir a liderar reformas institucionais, que virão a modificar o sistema político - neste caso, a reforma política. Os presidentes são responsáveis pela política econômica. Esta, aliás, nas últimas eleições presidenciais, tem representado o principal incentivo que determina a escolha do eleitor.

O presidente deve também ser um indutor do desenvolvimento econômico através de ações na área de infraestrutura. Mas, ele não é única peça presente nos mecanismos que proporciona tal desenvolvimento. Os prefeitos também são peças fundamentais nestes mecanismos. Esta assertiva parece complexa, mas não é. Presidentes, governadores e prefeitos são peças institucionais que possibilitam, caso ajam corretamente, o desenvolvimento do País. É por este motivo que as administrações municipais têm um papel cada vez mais importante no âmbito local, regional e mundial. 

Neste ano de 2013, os gestores municipais iniciaram os seus mandatos. Os primeiros meses são voltados para organização das administrações. De acordo com notícias advindas da imprensa, várias cidades estão falidas, algumas em razão do descompromisso público dos gestores anteriores, outras em virtude da redução dos recursos federais repassados pela União. Diante deste quadro, o qual parece desolador, o que os novos prefeitos farão? 

Os cidadãos desejam ação. E os prefeitos que não agirem sofrerão consequencias negativas na disputa pela reeleição em 2016. É evidente que qualquer gestão necessita de recursos financeiros, mas diante da ausência deles, urge a criação de instrumentos que permitam que o fluxo de caixa municipal torne-se positivo. Mas para isto ocorrer, três palavras devem passar a fazer parte da mente dos prefeitos: economicidade; prioridade; inovação.

A economia de recursos públicos ocorre com a definição de prioridades. Quantas secretarias o governo deve ter? Quantos cargos comissionados podem ser extintos? Faz-se necessário lembrar que o estado não deve ser encarado como cabide de emprego. As prioridades dos gestores precisam ser a economicidade e as áreas da educação, saúde e manutenção da cidade. Os repasses constitucionais obrigatórios já garantem o bom funcionamento das duas primeiras áreas.

A inovação deve estar presente em cada secretário municipal. Então, regras devem ser instituídas para controlar a atividade dos funcionários. Com isto, a eficiência será instalada na gestão. Parcerias público-privadas precisam ser constituídas para facilitar a realização de obras de infraestrutura. E campanhas institucionais conscientizando os moradores da necessidade de reformas na organização da cidade devem ser realizadas constantemente.

São ações simples, que se realizadas tornam o governo eficiente. Portanto, um país melhor não começa nos presidentes. Mas, começa em cada ação dos gestores municipais.

Telefone celular é uma necessidade para quase todo mundo nos dias atuais. Em contrapartida, ter uma ou mais linhas de celular pode ser uma fonte de problemas. O Brasil encerrou 2012 com mais de 260 milhões de linhas de celular ativas. Desse total, 210 milhões são de celulares pré-pagos, 50 milhões pós-pagos e os usuários de internet 3G totalizam 62,5 milhões, segundo dados divulgados pela Anatel.

A maior parte das linhas continua concentrada em São Paulo - são 63.313.527 ou 151 linhas para cada 100 habitantes, bem acima da média nacional que ficou em 132 linhas a cada 100 habitantes. A Bahia lidera o número de linhas no Nordeste com mais de 17 milhões de linhas ativas, porém a maior média por cada 100 habitantes da região é do Rio Grande do Norte, com 133 linhas. Pernambuco tem quase 12 milhões de linhas ativas e uma média de 130 a cada 100 habitantes. 

Por outro lado, a telefonia fixa se mantém estabilizada em cerca de 40 milhões de linhas, principalmente pelo elevado preço da assinatura básica e pela falta de competitividade entre as empresas para este segmento da telefonia.

Apesar de números tão altos, o serviço de telefonia móvel no Brasil é um problema. Em 2012, a telefonia celular liderou as reclamações nos Procons do País, atingindo 9,17% do total das queixas. Foram mais de 2 milhões de protestos e a falta de cobertura é a principal delas. Seguida por cobranças indevidas, dificuldades de acesso à internet, etc.

Ainda no ano passado, na tentativa de amenizar os problemas e forçar as operadoras a melhorarem o serviço prestado aos consumidores, a Anatel proibiu, por um curto período, que algumas operadoras do País comercializassem novas linhas. Durante a proibição, os usuários perceberam um pouco de melhora nos sinais. Mas, apenas isso. Após a retomada das vendas, os problemas voltaram.

Há alternativas para a crise instalada nas telecomunicações do Brasil? Sim, há muitas. Mas nenhuma com eficiência suficiente para mudar, a curto prazo, o cenário de descrédito que o setor encara atualmente. Pegando novamente o gancho da Copa do Mundo, vale questionar como seremos capazes de oferecer o serviço 4G, se a realidade da cobertura oferecida pelas operadoras ainda não beneficia a transmissão de dados em alta velocidade?

Nosso papel como cidadãos é o de exigir que a Anatal e as operadoras do País tragam soluções, não só para os problemas ligados à tecnologia compatível, mas também para a melhoria do atendimento e da qualidade dos serviços prestados.

Somos mais de 190 milhões de brasileiros, entre esses estão quase 13 milhões de analfabetos. Número reduzido em apenas 1% em três anos. A preocupação é ainda maior quando temos acesso aos dados que colocam a região Nordeste com a maior concentração desses analfabetos, 52,7% ou 6,8 milhões de pessoas.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2011, realizada pelo IBGE, a taxa de analfabetismo das pessoas com 15 anos ou mais reduziu, passando de 9,7% em 2009 para 8,6% em 2011. Apesar dos números gerais não serem favoráveis aos nordestinos, ainda assim fomos a região que registrou maior queda na taxa no período analisado: 1,9 ponto percentual.

Ainda segundo a pesquisa, os estados de Alagoas, Maranhão e Piauí possuem os maiores índices de analfabetismo do país, de 17,3% a 21,8%. As regiões Sul e Sudeste apresentaram taxas de analfabetismo de 4,9% e 4,8%, respectivamente. Na região Centro-Oeste, a taxa foi de 6,3% e no Norte, 10,2%.

Um país alfabetizado cresce em todos os aspectos: econômico, desenvolvimento e inclusão social. Evidente que a ascensão econômica das classes C e D, e a competitividade do mercado de trabalho, contribuíram para a diminuição do número de analfabetos no país. E esse é um dos objetivos. Na concorrência profissional e para ter mais acesso ao mercado de trabalho, as pessoas precisam ter o mínimo de escolaridade e para atingir esse objetivo é preciso dar efetiva atenção à educação básica e ao ensino fundamental.

Tramita no Congresso Nacional uma proposta para elevar o volume de recursos para a educação para 10% do PIB nacional. Hoje, o Brasil investe 5,7% na área — ressaltamos que este é um dos índices mais altos entre os 42 países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a frente de Reino Unido (5,6%), Suíça (5,5%) e Estados Unidos (5,5%), por exemplo. O grande problema está na forma em como esse valor é investido.

O Brasil é a sexta economia mundial. Os trabalhos voltados para a educação de jovens e adultos na última década contribuíram fortemente para a diminuição dos índices de analfabetismo. Aumentar o investimento para 10% não significará, necessariamente, uma melhora no desempenho dos estudantes. O que nos falta é qualidade no ensino básico e fundamental. O Brasil é o 15º que mais investe o PIB na área na lista da OCDE, mas ainda assim, o país se encontra somente em 53º lugar — de um total de 65 — no Pisa, um programa de avaliação da qualidade da educação da mesma organização.

Não há motivos para não incentivar a qualidade da educação. Pessoas mais educadas são mais propensas a votar com consciência e têm atitudes mais favoráveis na busca pela igualdade de direitos das minorias. E dessa forma, todos ganham – o país e o povo.

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