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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou, nesta terça-feira (19), que a representação desigual e distorcida na direção do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial é inaceitável. O chefe do Executivo do Brasil disse que, quando instituições reproduzem desigualdades, elas fazem parte do problema e não da solução.

"No ano passado, o FMI disponibilizou US$ 160 bilhões em direitos especiais de saque para países europeus, e apenas US$ 34 bilhões para países africanos. A representação desigual e distorcida na direção do FMI e do Banco Mundial é inaceitável. Não corrigimos os excessos da desregulação dos mercados e da apologia do Estado mínimo. As bases de uma nova governança econômica não foram lançadas", disse Lula durante a 78ª Sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

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No cenário mundial, Lula avaliou que o protecionismo dos países ganhou força, enquanto a Organização Mundial do Comércio (OMC) permanece paralisada, em especial o seu "sistema de solução de controvérsias".

O presidente afirmou ainda que o Brics - grupo de países emergentes - surgiu justamente na esteira desse "imobilismo" e se transformou em uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre as nações.

"Somos uma força que trabalha em prol de um comércio global mais justo num contexto de grave crise do multilateralismo", avaliou Lula.

Em agenda realizada em Brasília nesta terça-feira (23), a governadora Raquel Lyra dialogou sobre as possibilidades de captação de recursos para o desenvolvimento de Pernambuco. Em encontro com líderes do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), a chefe do Executivo estadual conversou sobre a prospecção de projetos em áreas como segurança hídrica, energia, infraestrutura rodoviária e mobilidade urbana. 

“Estive em Brasília, em conversa com o Banco Mundial, para buscar recursos em projetos capazes de melhorar a condição de vida dos pernambucanos, além de elevar a competitividade do Estado”, destacou a governadora Raquel Lyra. 

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No encontro, a chefe do Executivo também tratou sobre dois projetos já pré-aprovados pelo Banco Mundial. Um deles foi o Programa de Saneamento Rural do Estado de Pernambuco (Prosar), que tem o objetivo de realizar projetos e obras voltadas para o aumento e melhoria do abastecimento de água da população rural de regiões do Estado.

E o outro foi o Pernambuco Agroecológico, que visa transformar os sistemas produtivos dos agricultores familiares do Estado em sistemas agroecológicos e orgânicos.

Acompanharam a governadora na agenda os secretários estaduais Fabrício Marques Santos (Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Regional) e Diogo Bezerra (Projetos Estratégicos). O Banco Mundial esteve presente com a equipe formada por Johannes Zutt, diretor do Brasil para o Banco Mundial; Sophie Naudeau, gerente de Operações; Luis Alberto Andres, líder setorial de Infraestrutura, e Renato Nardello, líder Escorial do desenvolvimento sustentável.

*Da assessoria 

A governadora Raquel Lyra (PSDB) se reuniu, na tarde desta segunda (23), com representantes do Banco Mundial (BID) para reforçar o interesse do Governo de Pernambuco sobre a parceria com a instituição que visa ampliar o abastecimento de água e esgotamento sanitário em localidades rurais do Estado. O encontro aconteceu no Palácio do Campo das Princesas.

O projeto, que já foi aprovado, prevê um montante na ordem de R$ 600 milhões, com contrapartida de 20% do Governo de Pernambuco, e pretende melhorar a condição de vida de quem vive na zona rural. “O desenvolvimento de Pernambuco passa pelo acesso das pessoas à água e muitas vezes é na zona Rural onde enxergamos mais dificuldades.  Queremos melhorar os microssistemas de abastecimento e garantir água, não só para beber, cozinhar e tomar banho, mas também para que os produtores rurais possam empreender”, frisou a governadora.

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O secretário de Recursos Hídricos e Saneamento Almir Cirilo destacou que o projeto também vai ouvir a população. “O objetivo é ampliar o sistema de abastecimento e esgotamento sanitário que cheguem efetivamente à Zona Rural de diversos locais de Pernambuco. Algumas ações já foram iniciadas e serão expandidas com essa parceria com o BID”, explicou.

“O próximo passo será definir o detalhamento do projeto e identificar as áreas que receberão as ações desenvolvidas. A governadora também nos apresentou outras prioridades e outras questões de saneamento que podem contar no futuro com o apoio do Banco Mundial”, completou a especialista sênior de Saneamento do Banco Mundial, Juliana Garrido.

Da assessoria

O mundo não conseguirá erradicar a pobreza extrema em 2030, data estabelecida pela Assembleia Geral da ONU para cumprir com seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável adotados em 2015, estimou o Banco Mundial (BM) em um relatório nesta quarta-feira (5).

O atraso se deve, segundo a instituição financeira, à pandemia de Covid-19, que provocou o maior aumento da pobreza desde 1990, tendência que poderia ser reforçada com a guerra da Ucrânia, segundo seu relatório anual sobre a pobreza.

Cerca de 70 milhões de pessoas caíram na pobreza extrema em 2020, segundo o BM, que estima que quase 720 milhões de pessoas viviam com menos de 2,15 dólares por dia no final desse ano.

Durante a pandemia, a renda dos 40% mais pobres, muitas vezes procedentes da economia informal em muitos países, caiu em média duas vezes mais do que os dos 20% mais ricos, aprofundando as desigualdades.

"Inflação, desvalorizações cambiais e crises sobrepostas" apontam para uma perspectiva sombria, disse o presidente do Banco Mundial, David Malpass, em nota.

"O progresso na redução da pobreza extrema estagnou junto com o crescimento econômico global moderado", acrescentou.

A África Subsaariana concentra 60% dos mais pobres, ou seja, quase 390 milhões de pessoas, com uma taxa de pobreza de 35%.

Para eliminar a pobreza extrema no continente africano para 2030, o Banco Mundial estima que seria necessário um crescimento de 9% por ano em cada país desta região no final da década, "uma marca particularmente alta para países cujo crescimento do PIB per capita foi em média de 1,2% durante a década anterior à pandemia", estima o Banco Mundial.

"Investir em melhores serviços de saúde e educação será crucial para as economias em desenvolvimento na próxima década", disse o economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gill.

Para reverter a tendência, a instituição pede aos governos que direcionem melhor a ajuda para reservá-la para os mais pobres, incentivem o investimento em educação, pesquisa e desenvolvimento e considerem uma tributação que leve mais em consideração as rendas.

O aperto monetário colocado em marcha pelos principais bancos centrais para tentar controlar a alta da inflação pode deflagrar um cenário de recessão global em 2023, alertou o Banco Mundial em relatório divulgado na semana passada. O estudo adverte para o crescente risco de crises financeiras em economias emergentes e em desenvolvimento.

Segundo estimativas da entidade, para controlar a escalada dos preços, os BCs ao redor do mundo terão que subir juros em uma média de 2 pontos porcentuais. Se acompanhado por estresse nos mercados financeiros, esse ritmo desaceleraria o crescimento do PIB do planeta a 0,5% em 2023 e de 0,4% em termos per capita.

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Esse resultado cumpriria os critérios técnicos para definir uma recessão. O documento destaca ainda uma série de evidências que apontariam para um quadro recessivo no horizonte. Segundo a análise, a economia global registra a mais acentuada desaceleração desde os anos 1970.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Banco Mundial anunciou, nesta segunda-feira (8), uma ajuda adicional de 4,5 bilhões de dólares para a Ucrânia, com recursos aportados pelos Estados Unidos, para ajudar o governo a satisfazer as "necessidades urgentes criadas pela guerra".

Este apoio adicional ajudará Kiev a arcar com os gastos sociais, de pensão e de saúde, que são essenciais para aliviar os impactos econômicos da invasão russa, disse o banco em comunicado.

O montante será entregue em quotas ao governo ucraniano, com uma primeira parcela de 3 bilhões de dólares em agosto, segundo outro comunicado do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.

"A Ucrânia precisa de serviços governamentais contínuos, entre eles saúde, educação e proteção social, para evitar uma piora ainda maior das condições de vida e a pobreza", disse o presidente do Banco Mundial, David Malpass, citado em comunicado.

"Somos gratos aos Estados Unidos e a nossos parceiros por seu apoio contínuo [...] e pela generosa doação que será de enorme apoio para o povo da Ucrânia", acrescentou.

Esta nova ajuda eleva para quase US$ 13 bilhões a assistência financeira de emergência que o Banco Mundial concedeu à Ucrânia, dos quais mais de 6,3 bilhões foram desembolsados no fim de julho.

"Esta ajuda financeira é essencial para apoiar o povo ucraniano na defesa de sua democracia contra a guerra russa", disse a secretária do Tesouro de Joe Biden, Janet Yellen, citada no comunicado.

Também hoje, o Pentágono anunciou um novo pacote de ajuda militar avaliado em US$ 1 bilhão, que inclui mais mísseis para os sistemas americanos de artilharia de precisão Himars.

A Ucrânia foi invadida pela Rússia em 24 de fevereiro. Desde então, a guerra afundou o país em uma recessão e levou milhões de ucranianos a deixarem suas casas.

O Banco Mundial (BM) anunciou nesta terça-feira (1º) que está preparando um pacote de ajuda de 3 bilhões de dólares para a Ucrânia, devastada pela guerra, que incluirá pelo menos 350 milhões em recursos imediatos.

A primeira parcela da ajuda "será submetida ao Conselho para aprovação nesta semana, seguida por 200 milhões de dólares em apoio de desembolso rápido para saúde e educação", disse o presidente do BM, David Malpass, em comunicado conjunto com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.

Nos últimos dias, o FMI e o BM prometeram fornecer mais apoio à Ucrânia e agiram rapidamente para colocar essa promessa em prática.

O FMI, que tem um programa de financiamento de 2,2 bilhões de dólares em curso no país até junho, irá avaliar o mais recente pedido de financiamento de emergência do país na próxima semana, disse o comunicado.

"Estamos profundamente chocados e entristecidos com o devastador custo humano e econômico causado pela guerra na Ucrânia", afirmaram as organizações, ressaltando as "repercussões significativas para outros países", incluindo preços mais altos de commodities que "arriscam alimentar ainda mais a inflação".

Além disso, as sanções econômicas impostas à Rússia "também terão um impacto econômico significativo".

Os ministros das Finanças e chefes dos bancos centrais do G7 se reuniram nesta terça-feira e prometeram mobilizar apoio a Kiev enquanto consideram medidas adicionais para isolar ainda mais Moscou.

O preço do petróleo subiu para mais de 106 dólares o barril nesta terça-feira, à medida que os combates se intensificavam e centenas de milhares de pessoas fugiam da Ucrânia.

A desigualdade no mundo vem aumentando em parte por causa das políticas dos bancos centrais de países ricos, afirmou o presidente do Banco Mundial, David Malpass. "A renda mediana por capita para economias avançadas vem crescendo 5% em 2021, mas para países pobres o avanço é apenas de 0,5%", disse ele nesta terça-feira (12) em evento online de perguntas e respostas realizado pela instituição. "É uma diferença de dez vezes, o oposto do que queremos. Para reduzir a desigualdade, é preciso evoluir mais nos países pobres."

De acordo com o executivo, a concentração de renda e riqueza nos países ricos está relacionada à política de bancos centrais dessas nações, que vêm comprando principalmente ativos considerados mais seguros pelas agências de classificação. "Isso dificulta a ida de recursos para países em desenvolvimento", afirmou. "Os BCs pegam emprestado dos bancos para colocar dinheiro nos mais ricos, o oposto do que gostaríamos", completou.

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Malpass lembrou que, em 2020, a dívida de países pobres subiu 12%, alcançando US$ 860 bilhões. "Preferíamos que caísse", afirmou. "É uma reversão que eu acho preocupante para o mundo."

O presidente do Banco Mundial também falou sobre vacinas, dizendo que a chegada de doses a países em desenvolvimento não foi tão bem sucedida quanto ele esperava. "Trabalhamos todos os dias com fabricantes de vacinas, mas também com governos dos países ricos, que controlam a oferta", disse. "É importante eles permitirem entregas para nações em desenvolvimento", completou.

Os líderes mundiais devem assumir um "novo compromisso" para trabalhar por uma distribuição mais equitativa das vacinas contra a Covid-19 em todo o mundo se desejam derrotar a epidemia, afirmaram nesta terça-feira (1º) quatro importantes organizações internacionais em um apelo conjunto.

De acordo com vários analistas, as desigualdades em termos de vacinas entre países ricos e pobres complicam e prolongam uma pandemia que matou mais de 3,5 milhões de pessoas em todo o mundo.

Em um texto publicado na edição de terça-feira do jornal Washington Post, os diretores da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização Mundial do Comércio (OMC), do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial afirmam que as desigualdades favorecem o surgimento de variantes do coronavírus, o que provoco novos surtos nos países em desenvolvimento.

"Está muito claro que não pode haver resistência global à pandemia covid-19 sem acabar com a crise de saúde. O acesso às vacinas é fundamental para ambos", afirma o texto. "Acabar com a pandemia é possível e requer uma ação global hoje".

O manifesto foi assinado pela diretora gerente do FMI, Kristalina Georgieva, o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, o presidente do Banco Mundial, David Malpas, e a diretor geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala.

Todos pedem que o G7, em sua próxima reunião de cúpula no Reino Unido este mês, estabeleça uma "estratégia mais coordenada, respaldada por novos recursos, para vacinar o planeta", e que aceite contribuir com 50 bilhões de dólares para um plano contra a pandemia que já foi proposto pelo FMI.

O sistema Covax, apoiado pela ONU, foi criado para compartilhar vacinas com os países mais pobres. Mas as nações mais ricas assinaram contratos diretos com a indústria farmacêutica e reservaram a maior parte das vacinas disponíveis até o momento.

As agências da ONU Unesco e Unicef, bem como o Banco Mundial, pediram que as escolas permaneçam abertas durante a luta contra a Covid-19, segundo um relatório divulgado nesta quarta-feira, que destaca os danos causados pela pandemia aos alunos de países pobres.

"Priorizar a reabertura das escolas e oferecer as muito necessárias aulas de recuperação é indispensável", afirmou em comunicado Robert Jenkins, responsável pelo departamento de educação do Unicef.

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"Não precisamos ir muito longe para ver os danos que a pandemia causou ao aprendizado de crianças no mundo inteiro. Nos países com rendas baixas e intermediárias, esta devastação se amplificou, uma vez que o acesso limitado ao ensino à distância, o risco aumentado de cortes orçamentários e os atrasos nos planos de reabertura frustraram qualquer chance de normalidade para os alunos", assinalou Jenkins.

Segundo o relatório das três instituições, as crianças dos países pobres perderam mais de quatro meses de aulas desde o começo da pandemia. Com mais acesso à tecnologia, os alunos de países ricos perderam seis semanas, aponta o documento.

Para a Unesco e o Banco Mundial, mais do que esperar, também é essencial que os países invistam financeiramente, agora, nos sistemas escolares, para reduzir o abismo que se aprofunda entre o ensino nos países ricos e pobres em consequência da pandemia.

O relatório foi elaborado com base em dados nacionais colhidos em quase 150 países entre junho e outubro.

O Banco Mundial (BM) reduziu nesta quarta-feira (7) suas perspectivas sobre o efeito da pandemia e anunciou que até 115 milhões de pessoas podem cair na extrema pobreza neste ano devido à crise ocasionada pela covid-19.

Para o Banco Mundial, a pobreza extrema - definida como aquela que vive com menos de US$ 1,9 por dia - pode aumentar, atingindo de 88 milhões a 115 milhões de pessoas no mundo, caso a previsão mais negativa se confirme.

"Em 2020, projeta-se que a pobreza extrema global aumente pela primeira vez em mais de 20 anos como resultado das dificuldades causadas pela pandemia da covid-19", alertaram os economistas da instituição.

As previsões do Banco, com sede em Washington, têm piorado à medida que a pandemia avança e sua duração se prolonga. Desde que foi detectado na China em dezembro, o novo coronavírus matou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo e atingiu fortemente a economia global.

O Banco Mundial estima que a economia tenha uma retração de 5,2% em 2020, a maior queda do PIB em 80 anos.

Em maio, no pior cenário previsto, os economistas estimaram que 60 milhões de pessoas poderiam chegar à extrema pobreza. Já em agosto, a previsão mais pessimista elevou o número para 100 milhões dos que entrariam na condição de miséria.

Se as piores previsões se confirmarem, em 2021 quase 150 milhões de pessoas em todo o mundo podem cair na pobreza extrema.

Sem o impacto da pandemia, os especialistas esperavam que a taxa global de extrema pobreza caísse de 9,2% em 2017 para 7,9% este ano.

Essa condição "provavelmente afetará entre 9,1% e 9,4% da população mundial em 2020", ressaltou o Banco. O presidente do Banco Mundial, David Malpass, também indicou que "evidências preliminares indicam que a crise vai aumentar as desigualdades no mundo".

- Mais de 4,7 milhões de novas pessoas em condição de pobreza na América Latina -

No pior cenário, o estudo projeta que a região do Sul da Ásia será a mais atingida, com quase 57 milhões de pessoas levadas à pobreza, seguida pela África Subsaariana, com 40 milhões.

Na perspectiva mais adversa, na América Latina - região onde vivem mais de 650 milhões de pessoas - a taxa de extrema pobreza passaria de 3,9% em 2017 para 4,4% no final deste ano, e atingiria um total de 28, 6 milhões de pessoas.

Sem a pandemia, especialistas do Banco com sede em Washington previram que a taxa de pobreza na região cairia para 3,7%, afetando 23,9 milhões de latino-americanos. Se a previsão se confirmar, isso significa que a pandemia teria levado 4,7 milhões de latino-americanos para a condição de extrema pobreza em 2020.

De acordo com a pesquisa, a diminuição da renda durante a pandemia resultou rapidamente na diminuição do consumo.

"Em sete países da América Latina e do Caribe, 40% ou mais da população relatou que ficou sem alimentos durante o confinamento", afirmaram os economistas.

Caso se confirme a pior previsão para 2021, o nível de miséria subiria para 4,5% entre os latino-americanos, ou seja, um total de 29,1 milhões de pessoas ficariam na condição de extrema pobreza.

Segundo projeções do Banco Mundial, a extrema pobreza afetará cada vez mais os habitantes das áreas urbanas do mundo. Trata-se de uma novidade, já que a pobreza tradicionalmente afetou mais as áreas rurais.

"A magnitude desse efeito ainda é altamente incerta, mas está claro que a pandemia vai levar ao primeiro aumento da pobreza global desde 1998", observaram os economistas.

Especialistas do Banco Mundial alertaram que os níveis de pobreza serão maiores do que em 1997, já que "o aumento da pobreza é maior em termos absolutos, mas também em termos relativos".

O Banco Mundial (BM) informou nesta quarta-feira que está pronto para mobilizar recursos para o Líbano após as enormes explosões que assolaram Beirute na terça-feira, deixando mais de cem mortos e milhares de feridos.

A organização multilateral disse em comunicado que pode "usar sua experiência para uma rápida avaliação de danos e necessidades, além de desenvolver um plano de reconstrução".

Ele propôs "compartilhar lições e experiências em todo o mundo sobre processos de recuperação e reconstrução de desastres", além de "participar ativamente de uma plataforma com os parceiros do Líbano para mobilizar apoio financeiro público e privado".

O Banco Mundial, que havia concordado em abril com um empréstimo de US$ 120 milhões ao Líbano em apoio ao setor de saúde, disse estar disposto a "reprogramar" esses recursos e "explorar financiamento suplementar".

O Líbano está passando por uma grave crise econômica, marcada por uma depreciação de sua moeda, hiperinflação, demissões em massa e restrições drásticas no setor bancário.

O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub foi confirmado, nessa quinta-feira (30), como diretor executivo do Banco Mundial, que tem sede em Washington (EUA), informou a instituição. Weintraub será representante do grupo de países (constituency) formado por Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Haiti, Panamá, Filipinas, Suriname e Trinidad e Tobago.

"O Sr. Weintraub deve assumir seu cargo na primeira semana de agosto e cumprirá o atual mandato que termina em 31 de outubro de 2020, quando a posição será novamente aberta para eleição. Diretores Executivos não são funcionários do Banco Mundial. Eles são nomeados ou eleitos pelos representantes dos nossos acionistas", diz a nota da instituição.

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O Banco não informou até o momento quais países representados pela diretoria que Weintraub irá ocupar foram favoráveis à nomeação do brasileiro e se houve algum voto contrário.

A confirmação do nome de Weintraub na eleição interna do consórcio de nove países do qual o Brasil faz parte era considerada meramente protocolar. Como o Brasil tem mais de 50% do poder de voto da chamada constituency, o País conseguiria eleger o diretor executivo ainda que os demais se oponham. No cargo, o ex-ministro receberá salário de US$ 21,5 mil mensais (o equivalente a R$ 110 mil).

Weintraub foi indicado em 17 de junho pelo Ministério da Economia para assumir uma diretoria executiva no banco ao deixar o governo Bolsonaro. Integrante da chamada ala ideológica do governo e amigo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, Weintraub acumulou crises nos 14 meses em que esteve à frente do Ministério da Educação, incluindo embates com o governo chinês e com os ministros do Supremo Tribunal Federal, os quais chamou de "vagabundos" em reunião ministerial de abril que teve vídeo divulgado.

O ex-ministro saiu do País rumo aos Estados Unidos às pressas em junho, antes da publicação de sua exoneração do governo. Ele é investigado no chamado inquérito das fake news, que tramita no STF, e também alvo de inquérito no qual é acusado de racismo. Weintraub embarcou aos EUA no mesmo dia em que um senador da Rede protocolou pedido de apreensão do passaporte do ex-ministro, para evitar que ele deixasse o País.

A forma de entrada do ex-ministro nos EUA não foi esclarecida até o momento. Até a oficialização realizada nesta quinta-feira ele não tinha vinculação com o Banco Mundial. O jornal O Globo revelou que o Itamaraty pediu no dia 18 de junho à embaixada americana um visto de entrada para Weintraub com dados do passaporte diplomático ao qual o brasileiro tinha acesso por ser ministro da Educação, no mesmo dia em que ele anunciou a saída do cargo. O ministro embarcou para a Flórida no dia 19 de junho.

Protesto

No final de junho, funcionários do banco protestaram contra a indicação de Weintraub. A Associação de Funcionários do Banco Mundial chegou a pedir que o Comitê de Ética da instituição suspendesse e investigasse a indicação do ex-ministro da Educação do Brasil. A direção do Comitê de Ética do banco afirmou que não exerce influência sobre a seleção dos diretores executivos indicados pelos países que integram o banco e que Weintraub estaria submetido ao código de conduta da instituição apenas após assumir o cargo.

O grupo que representa os trabalhadores do banco afirma que o caso Weintraub expôs uma "falha fundamental na governança" do banco. "É razoável esperar que o Banco Mundial tenha uma opinião sobre as qualificações básicas necessárias para assumir essas posições. Deveria ser bastante razoável esperar que o Banco Mundial tenha uma palavra a dizer quando o candidato nos expõe a um risco de reputação considerável e compromete nossa capacidade de cumprir nossa missão", afirmam os funcionários.

Os funcionários prometeram "comemorar em uma maneira diferente" se Weintraub fosse oficializado como diretor e cobraram do Comitê de Ética uma "palestra severa" para o primeiro dia de trabalho do brasileiro.

O juiz Itagiba Catta Preta Neto, da 4ª Vara Federal Cível do Distrito Federal, julgou extinta uma ação que pedia à Justiça que suspendesse a indicação do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub ao cargo de diretor-executivo no Banco Mundial.

O magistrado entendeu que a ação tinha cunho partidário e ideológico e que seu autor 'pretendia, por ordem judicial, alterar a política de atuação de órgão do Poder Executivo'. "Patrulhamento ideológico não é papel do Poder Judiciário", afirmou Itagiba na decisão.

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O despacho foi proferido nesta terça, 30, no âmbito de ação popular interposta pelo deputado federal Ivan Valente (PSOL) e Marivaldo de Castro Pereira, questionando a indicação feita pelo presidente Jair Bolsonaro. O Banco Mundial recebeu a mesma no dia 19 de junho, um dia após o ex-ministro anunciar sua saída da pasta de Educação do governo Bolsonaro em vídeo publicado no Twitter.

No entanto, ao confirmar o recebimento do nome de Weintraub para o cargo de diretor-executivo, o Banco Mundial apontou que o tempo de seu mandato não passaria de três meses. "Se eleito pelo seu constituency, ele cumprirá o restante do atual mandato que termina em 31 de outubro de 2020", diz a instituição, ressaltando que, daqui a quatro meses, 'será necessária uma nova nomeação e nova eleição'.

A indicação de Weintraub sofre forte oposição de funcionários do Banco Mundial e de intelectuais brasileiros. A associação de funcionários do organismo internacional enviou carta pedindo uma investigação sobre o ex-ministro e pedindo que a nomeação do brasileiro fique suspensa até a conclusão de tais apurações. O motivo do pedido são falas preconceituosas do ministro sobre a China e minorias, além do posicionamento a respeito da prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal.

No entanto, como mostrou o Estadão, apesar da oposição, Weintraub só deve deixar de assumir o cargo no Banco Muncial caso o presidente Jair Bolsonaro mude de ideia. A avaliação de integrantes do órgão e do próprio governo é que, apesar de as manifestações contrárias arranharem a imagem do Brasil, tecnicamente não geram impedimentos para que o ex-ministro seja nomeado.

No dia seguinte ao recebimento de sua indicação pelo órgão internacional, Weintraub desembarcou em Miami, nos Estados Unidos. No Twitter, agradeceu às 'dezenas de pessoas' que o 'ajudaram a chegar em segurança aos EUA'.

O subprocurador-geral do Tribunal de Contas da União (TCU) Lucas Furtado pediu à Corte de Contas que avalie se houve participação do Itamaraty na ida de Weintraub para os Estados Unidos.

A suspeita é que Weintraub tenha usado a sua condição de ministro para desembarcar em Miami no sábado passado e, assim, driblar as restrições de viagens para brasileiros em razão da pandemia de covid-19.

Após o pedido de Furtado, o governo retificou no Diário Oficial da União (DOU) a data de exoneração do ex-ministro. Com a correção, o novo decreto do presidente Jair Bolsonaro informa que Weintraub foi exonerado 'a partir de 19 de junho de 2020', ou seja, sexta-feira, data em que ele embarcou para os EUA.

Segundo o subprocurador-geral, a mudança confirma que houve fraude no processo. "Antes, era ilegal e parecia haver fraude. Agora, confirmou", disse Furtado ao Estadão/Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

A associação de funcionários do Banco Mundial cobrou novamente, nesta quinta-feira (25), o Comitê de Ética da instituição a respeito da indicação do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub para uma diretoria executiva do organismo. Na quarta, os funcionários pediram a abertura de uma investigação sobre Weintraub, mas receberam uma resposta negativa.

A direção do Comitê de Ética do banco afirmou que não exerce influência sobre a seleção dos diretores executivos indicados pelos países que integram o banco e que Weintraub estaria submetido ao código de conduta da instituição apenas após assumir o cargo.

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Nesta quinta-feira, a associação de funcionários subiu o tom. O grupo que representa os trabalhadores do banco afirma que o código de conduta interno prevê recomendações sobre problemas de conduta mesmo em situações prévias ao futuro emprego. "A associação de funcionários pede, portanto, para o Comitê de Ética reconsiderar e usar o poder que tem de acordo com o Código de Conduta e para recomendar ao Conselho uma revisão completa da conduta de Weintraub", diz a nova carta.

Os funcionários alegam ainda que o caso Weintraub expôs uma "falha fundamental na governança" do banco. Por um lado, alegam, os diretores são indicados pelos países para representá-los. Por outro, os nomes indicados se tornam oficiais do Banco Mundial e devem agir de acordo com as regras internas. "Portanto, é razoável esperar que o Banco Mundial tenha uma opinião sobre as qualificações básicas necessárias para assumir essas posições. Deveria ser bastante razoável esperar que o Banco Mundial tenha uma palavra a dizer quando o candidato nos expõe a um risco de reputação considerável e compromete nossa capacidade de cumprir nossa missão", afirmam os funcionários.

No pedido de suspensão e avaliação da nomeação de Weintraub, a mesma associação citou falas preconceituosas do ministro sobre a China e minorias, além do posicionamento a respeito da prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal. Na carta de hoje, o grupo colocou a imagem do tuíte de Weintraub em que usa de personagens da Turma da Mônica para ridicularizar os chineses.

Agora, os funcionários afirmam que se a direção não agir de maneira proativa, o que resta é esperar que Weintraub passe por uma "palestra severa" no seu primeiro dia de trabalho. "Neste dia, os funcionários podem escolher comemorar em uma maneira diferente. Fique sintonizado", diz o e-mail da associação.

Weintraub foi indicado pelo Ministério da Economia para assumir a diretoria executiva que representa o Brasil e mais oito países no banco. Sua confirmação depende de uma eleição interna do grupo, mas é considerada meramente protocolar, já que o Brasil tem mais de 50% do poder de voto e por isso pode emplacar o nome que desejar para a função. Não houve até o momento oposição formal por parte dos outros países que formam o consórcio junto com o Brasil, que são Colômbia, Filipinas, Equador, República Dominicana, Trinidad e Tobago e Suriname. Se eleito, Weintraub vai servir até 31 de outubro de 2020, quando será necessário nova nomeação e eleição.

A Associação de Funcionários do Banco Mundial enviou uma carta, nesta quarta-feira (24), ao Comitê de Ética da instituição pedindo uma investigação sobre o ex-ministro da Educação do Brasil, Abraham Weintraub. O grupo que representa os funcionários do organismo internacional quer que a nomeação do brasileiro para assumir uma diretoria executiva do banco fique suspensa até a conclusão desta investigação. O motivo do pedido são falas preconceituosas do ministro sobre a China e minorias, além do posicionamento a respeito da prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal.

"O Banco Mundial acaba de assumir uma posição moral clara para eliminar o racismo em nossa instituição. Isso significa um compromisso de todos os funcionários e membros do Conselho de expor o racismo onde quer que o vejamos. Confiamos que o Comitê de Ética compartilhe dessa visão e faremos tudo ao alcance para aplicá-lá", afirma a associação de funcionários. O e-mail com o pedido de investigação foi direcionado ao Comitê de Ética do banco e encaminhado a todos os funcionários da instituição nesta quarta-feira.

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Weintraub foi indicado pelo Ministério da Economia para assumir a diretoria executiva que representa o Brasil e mais oito países no banco. Sua confirmação depende de uma eleição interna do grupo, mas é considerada meramente protocolar, já que o País tem mais de 50% do poder de voto e por isso pode emplacar o nome que desejar para a função. Não houve até o momento oposição formal por parte dos outros países que formam o consórcio junto com o Brasil, que são Colômbia, Filipinas, Equador, República Dominicana, Trinidad e Tobago e Suriname.

Na carta, os funcionários afirmam que, "de acordo com múltiplas fontes, o senhor Weintraub publicou um tuíte de carga racial, ridicularizando o sotaque chinês e culpando a China pela Covid-19, e acusando os chineses de 'dominação mundial'; levando a Suprema Corte a abrir uma investigação por crime de racismo". A carta também cita que Weintraub sugeriu que ministros do Supremo Tribunal Federal deveriam ser presos - fala do então ministro da Educação na reunião ministerial de 22 abril cujo vídeo veio à público. A associação de funcionários também alega que ele diz abertamente ser contra a proteção dos direitos de minorias e a promoção de igualdade racial.

"Embora sua indicação tenha sido condenada por vários países clientes, a Associação de Funcionários entende que a escolha deste diretor executivo é do Brasil e somente do Brasil", afirmam os funcionários. Apesar disso, eles argumentam que são exigidos padrões de integridade e ética na conduta pessoal e profissional alinhados com políticas do banco, como a política sobre populações indígenas.

O Banco Mundial prevê, por exemplo, que comunidades indígenas sejam ouvidas quando um projeto de desenvolvimento pode afetar um território indígena. Os projetos financiados pela instituição levam em contas prerrogativas como redução de desigualdades e proteção ambiental.

"Solicitamos formalmente ao Comitê de Ética que reveja os fatos subjacentes às múltiplas alegações, com intenção de (a) colocar sua indicação em espera até que essas alegações possam ser revisadas e (b) garantir que o Sr. Weintraub seja avisado de que o tipo de comportamento pelo qual ele é acusado é totalmente inaceitável nesta instituição", pede a associação. Se eleito, Weintraub vai servir até 31 de outubro de 2020, quando será necessário nova nomeação e eleição.

Viagem para os Estados Unidos

Weintraub desembarcou em Miami, nos Estados Unidos, no sábado (20), dois dias depois anunciar, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, sua saída da Educação. Após a suspeita de que o ex-ministro tenha usado o cargo do qual já havia saído para desembarcar em Miami e, assim, driblar as restrições de viagem impostas pelos EUA aos brasileiros, em decorrência da pandemia do novo coronavírus, o governo retificou ontem, no Diário Oficial, a data de sua exoneração, que passou a valer "a partir de 19 de junho", um dia antes do que constava no decreto anterior.

Na segunda-feira (22), em rede social, Weintraub agrdeceu às "dezenas de pessoas" que o "ajudaram a chegar em segurança aos EUA". O Tribunal de Contas da União (TCU) vai investigar se houve gasto de dinheiro público e participação do Itamaraty na ida do ex-ministro aos Estados Unidos.

A indicação de Abraham Weintraub para o Banco Mundial (Bid) atrapalhou os planos do ministro da Economia, Paulo Guedes, para o cargo e representa a segunda derrota dele no campo internacional nesta semana. O nome foi mal recebido por integrantes do banco e provocou reação no Brasil: uma carta contra a nomeação, com mais de 250 assinaturas de economistas, intelectuais, parlamentares e artistas foi encaminhada ao organismo internacional.

Segundo o Estadão/Broadcast apurou, Guedes queria que o atual diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), Antônio Bevilaqua, acumulasse também a cadeira no Banco Mundial. Isso estava sendo discutido no início do ano, mas a questão acabou sendo colocada em espera por conta da pandemia do coronavírus.

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Na quarta-feira, o governo brasileiro teve de apoiar a indicação, dos Estados Unidos, de um nome para a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O Brasil queria indicar um nome do País para o cargo e vinha tentando o apoio dos EUA para isso, o que não se concretizou.

Agora, a pressão foi doméstica e, apesar de a diretoria executiva do Banco Mundial ser de indicação do ministro da Economia, Guedes teve de aceitar o nome do presidente Jair Bolsonaro. Segundo integrantes da pasta, porém, isso foi acolhido pelo ministro "com tranquilidade".

Reação

Quinze instituições e 257 pessoas assinam o documento contra a indicação de Weintraub, entre elas, o ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero e os economistas Octavio de Barros, José Roberto Afonso e Laura Carvalho. Também subscrevem o cantor Chico Buarque e a socióloga Maria Alice Setubal, além de parlamentares de oposição.

A carta foi enviada para os embaixadores dos países no Brasil que são corepresentados e para a representação do Banco Mundial. O documento foi encaminhado para a representação do Banco Mundial em Brasília e para os embaixadores dos oito países que o Brasil representa no organismo.

"Enviamos essa carta para desaconselhar fortemente a indicação de Weintraub para essa importante posição e para informá-lo do potencial de causar danos irreparáveis à posição do seu País junto ao Banco Mundial", afirma o texto.

Para Ricupero, a indicação de Weintraub é altamente prejudicial aos interesses brasileiros. "O Banco Mundial tem uma agenda comprometida com o meio ambiente, tribos indígenas, têm uma pauta progressista. Não vejo como um sujeito como esse pode trabalhar nesse ambiente", afirmou. "Um homem que se autodefine como militante não vai representar o país imparcialmente".

O ex-vice presidente do Banco Mundial Otaviano Canuto, que também ocupou o cargo de diretor executivo para o qual Weintraub foi indicado, disse ao Estadão que esse é um posto que exige "técnica e diplomacia". "Todas as pessoas que ocuparam esse cargo construíram uma reputação de respeito que permitiu ao Brasil influenciar o banco além dos 4% do capital que essa cadeira representa", afirmou.

Sem citar Weintraub, Canuto disse que o contrário também pode ocorrer: se o ocupante do cargo não for bem-sucedido, o Brasil pode perder influência e cair no ostracismo.

Desde a indicação, o Ministério da Economia vem ressaltando as experiências de Weintraub em bancos - ele foi economista-chefe do Banco Votorantim -, na academia e no setor público. A passagem de Weintraub pelo Votorantim gerou polêmica. Na quinta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse que o ex-ministro da Educação "quebrou o banco", o que Weintraub logo negou nas redes sociais. Em 2009, quando o ex-ministro estava na instituição, o Banco do Brasil comprou 49% do banco da família Ermírio de Moraes, depois do Votorantim ser atingido fortemente pela crise financeira do ano anterior.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nesta sexta-feira (19), o senador Fabiano Contarato (Rede) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o passaporte do ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, seja apreendido para evitar que ele saia do país enquanto durar o inquérito das fake news, no qual ele é investigado. 

Abraham pediu demissão do cargo nesta quinta-feira (18), quando também informou que iria para o Banco Mundial, localizado em Washington, Estados Unidos. No entanto, esses novos voos podem ser impedidos, já que o senador Contarato solicita ao STF uma medida cautelar proibindo Weintraub de fazer viagens ao exterior. 

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Banco Mundial

Já foi oficializada, a indicação de Abraham ao cargo de diretor-executivo para o Banco Mundial, no entanto, depende da aceitação da Colômbia, Equador, República Dominicana, Panamá, Haiti, Suriname, Trinidad e Tobago e Filipinas. 

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Interlocutores do presidente Jair Bolsonaro indicam nas redes sociais que a nomeação de Abraham Weintraub para o Banco Mundial não se trata de um prêmio de consolação, mas de uma estratégia do presidente para tirar o ex-ministro do País e evitar sua prisão pelo Supremo Tribunal Federal. Weintraub é investigado no inquérito das fake news, que tramita na Corte e já determinou a prisão de vários alvos.

Procurado para comentar se o objetivo do presidente de empregar Weintraub no Banco Mundial é apenas mandá-lo para Washington para evitar uma eventual prisão, o Palácio do Planalto ainda não respondeu.

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Nas suas redes sociais, o ex-ministro informou, nesta sexta-feira (19), que precisa sair do País "o quanto antes". Em entrevista à CNN Brasil, revelou o motivo. "A prioridade total é que eu saia do Brasil o quanto antes. Agora é evitar que me prendam, cadeião, e me matem", disse ele.

O youtuber Bernardo Küster, um dos alvos do inquérito das fake news, foi o mais explícito. Num vídeo, afirmou que Weintraub vai exercer um cargo no exterior para "fugir" de ser preso pelo Supremo.

"Estão articulando a prisão desse homem e a vida dele vai se complicar. O Supremo já sinalizou que não vai dar moleza para ele quando o mantiveram no inquérito das fake news. O entendimento de muitos é de que a prisão dele vai acontecer, ou ia acontecer, não sei, mais dia, menos dia, e ele, para preservar sua vida e de sua família, ele vai embora do Brasil para fugir dessa perseguição ditatorial que já se instalou no Brasil", afirmou.

Küster explicitou a preocupação com a perda da prerrogativa de foro de Weintraub. "Imagina se ele perde o foro privilegiado, fica aqui no Brasil, é capaz de ele ser preso, sim. Acontece que ele vai exercer um cargo no exterior e sair do Brasil. Ele sai por causa de um comentário feito privadamente numa reunião ministerial", disse num vídeo gravado pouco antes de a demissão ser anunciada.

O empresário Leandro Ruschel, que também integra a rede bolsonarista, é outro que relacionou a saída do ex-ministro do País ao processo no Supremo. "Vivemos em pleno regime de exceção. Quando um ministro precisa se exilar por algo que ele falou, imagine o que resta ao cidadão comum", disse a seus 410 mil seguidores no Twitter. "Agora o Brasil tem um ministro do governo que precisa buscar exílio para não ser preso por falar o que pensa", afirmou o deputado Luis Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP), um dos mais próximos do presidente.

Sem foro privilegiado

Como ex-ministro, Weintraub perde a prerrogativa de foro no Supremo Tribunal Federal. Com isso, investigações contra ele podem ser enviadas à primeira instância. É o que deve ocorrer com o inquérito em que é investigado por suspeita de racismo. No entanto, ele pode continuar sendo alvo do Supremo, ao menos por enquanto, no inquérito das fake news. Nesse caso, porque há pessoas com foro relacionadas, como deputados federais.

Weintraub é um dos alvos do inquérito das fake news por ter afirmado, em reunião ministerial, que os onze ministros do Supremo deveriam ser presos e se referido a eles como "vagabundos". Dias depois, já investigado, repetiu que "já disse o que pensava desses vagabundos" num ato com apoiadores na Esplanada dos Ministérios. Ao determinar a liberação da gravação da reunião, Celso de Mello apontou para a 'gravíssima aleivosia' feita por Weintraub em 'um discurso contumelioso e aparentemente ofensivo ao patrimônio moral' dos ministros do Supremo. No entendimento do decano, as falas caracterizam possível delito contra a honra (como o crime de injúria).

O ministro tem afirmado que precisava preservar a segurança da sua família como uma das justificativas para deixar o País. A reportagem questionou a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República, e o próprio Weintraub, por meio do Ministério da Educação, e não há informações até o momento de que o ex-ministro tenha pedido investigação sobre ameaças a si e a familiares. A PF e o MEC disseram que só Weintraub poderia responder. A PGR ainda não respondeu.

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) protocolou no Supremo nesta sexta (19), um pedido para que o passaporte do ex-ministro seja apreendido para evitar que ele saia do País enquanto é investigado.

Quando era presidente, Dilma Rousseff também tentou uma manobra para evitar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, ela tentou nomeá-lo como ministro da Casa Civil, mas a medida foi interceptada pela Operação Lava Jato e o Supremo proibiu a nomeação.

Movimentos da sociedade civil enviaram uma carta a integrantes do Banco Mundial contra a nomeação do ministro Abraham Weintraub para o posto de diretor-executivo.

 No documento, os movimentos afirmam ter visto com perplexidade a indicação de Weintraub. A carta foi endereçada ao presidente do conselho de governantes do banco e às embaixadas dos países integrantes.

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Segundo a carta, Weintraub poderia causar "possíveis danos irreparáveis à posição de seu país no Banco Mundial". O texto acrescenta que ele é "a antítese de tudo que o Banco Mundial procura representar na política de desenvolvimento e no multilateralismo."

Os movimentos dizem que o ministro demissionário da Educação não possui qualificações éticas, profissionais e morais mínimas. 

 "Desde que assumiu o cargo, Weintraub sempre respondeu com desprezo, sarcasmo e agressividade a críticas ou mesmo recomendações de cidadãos comuns, jornalistas, legisladores e até juízes da Suprema Corte", relata a carta.

 O Banco Mundial informou em nota ter recebido do governo brasileiro a indicação de Weintraub. A instituição ressaltou que o nome dele terá que ser aprovado por um grupo de países e que o eventual mandato termina em 31 de outubro, quando ocorrerá uma nova nomeação e eleição.

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