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Os reguladores dos Estados Unidos aprovaram um plano detalhado de inspeção para permitir que os aviões Boeing 737 MAX voltem a voar, após um pouso de emergência que os manteve em solo desde o início de janeiro, anunciaram autoridades de segurança nesta quarta-feira (24).

Pouco depois de a Administração Federal de Aviação (FAA) anunciar os protocolos de inspeção para os Boeing 737 MAX 9, a United Airlines disse que espera que as aeronaves paradas voltem ao serviço a partir de domingo.

"Só devolveremos cada avião MAX 9 ao serviço uma vez que este processo de inspeção abrangente tenha sido concluído", disse um comunicado de Toby Enqvist, diretor de operações da United.

"Estamos preparando os aviões para voltar ao serviço programado a partir de domingo".

O anúncio da FAA é um passo importante depois que a agência deixou em terra 171 aviões MAX 9 após o incidente em 5 de janeiro em um avião da Alaska Airlines.

Os aviões 737 MAX parados têm a mesma configuração do avião da Alaska Airlines que sofreu a ruptura de um painel da fuselagem, expondo os passageiros ao ar livre e forçando um pouso de emergência.

Ninguém ficou ferido no incidente, mas os inspetores de segurança disseram que poderia ter sido catastrófico.

Sob o processo de "manutenção aprimorada" da FAA, as companhias aéreas realizarão uma inspeção em porcas e acessórios específicos, inspeções visuais detalhadas de plugues e componentes e abordarão "qualquer dano ou condição anormal", disse a FAA.

A inspeção garantirá que as peças "estejam em conformidade com o design original, que é seguro para operar", afirmou a FAA.

"Esta aeronave não será operada até que o processo seja concluído e a conformidade com o design original seja confirmada".

Os acionistas americanos da Boeing fecharam um acordo extrajudicial de US$ 237,5 milhões com os atuais e antigos diretores da fabricante de aviões, no caso de negligência envolvendo a segurança do modelo 737 MAX.

Ainda pendente de validação por um juiz, o acordo foi revelado pelos serviços da Controladoria do Estado de Nova York e da Associação de Bombeiros e Policiais Aposentados do Colorado, e que o Tribunal da Chancelaria de Delaware havia tomado em junho de 2020.

A crítica aos membros do conselho administrativo, incluindo vários ex-executivos da empresa, foi motivada por eles não terem garantido a existência e o bom funcionamento dos instrumentos de controle e informação relacionados à segurança do 737 MAX.

O acordo prevê o pagamento de 237,5 milhões de dólares, que serão desembolsados pelas seguradoras, e não pelos membros do conselho, nem pelos executivos. A Boeing também concordou em contratar um mediador para lidar com as questões internas e nomear um representante do conselho com experiência em segurança aérea.

O 737 MAX protagonizou dois acidentes, um operado pela Lion Air, em outubro de 2018, e outro pela Ethiopian Airlines, em março de 2019. Ambos deixaram, ao todo, 346 mortos. As investigações revelaram que ambos os incidentes estavam relacionados com o sistema de prevenção de acidentes (MCAS, na sigla em inglês).

Baseando-se em documentos internos, os acionistas disseram que os procedimentos de segurança adequados não foram implementados no 737 MAX depois do acidente de 2018, apesar dos relatos da imprensa relacionando a tragédia ao MCAS.

O acordo não inclui o reconhecimento de negligência pelos envolvidos no processo. "Processamos a diretoria da Boeing por não cumprir sua responsabilidade de supervisionar a segurança e proteger a empresa, seus acionistas e seus clientes de práticas comerciais inseguras", explicou o controlador do estado de Nova York, Thomas DiNapoli. "Esperamos que as reformas pactuadas neste acordo ajudem a proteger a Boeing e os passageiros de novas tragédias e comecem a recuperar a reputação da empresa."

Desde os acidentes, a Boeing "deu passos importantes para acentuar e fortalecer seu compromisso com a segurança da aviação", declarou um porta-voz do grupo nesta sexta-feira. As reformas adicionais previstas no acordo "irão impulsionar ainda mais a segurança e a qualidade do nosso trabalho", acrescentou.

A fabricante nomeou em 2021 como membro da diretoria Stayce Harris, que tem mais de 10.000 horas de vôo em aeronaves Boeing, e David Joyce, ex-gerente da fabricante de motores GE Aviation.

Fabricado em 2011 e lançado em 2017, o 737 MAX foi proibido de voar em março de 2019, até voltar a ser declarado seguro em novembro de 2020.

A Agência Europeia de Segurança Aérea (EASA) anunciou, nesta quarta-feira (27), que deu sinal verde oficial para que o Boeing 737 MAX volte a voar nos céus europeus, paralisado em terra durante 22 meses após dois acidentes fatais.

"Depois de uma análise profunda por parte da EASA, determinamos que o 737 MAX pode retomar o serviço em total segurança. Esta avaliação foi realizada com total independência da Boeing, ou da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) e sem qualquer pressão econômica, ou política", garante o diretor-executivo da EASA, Patrick Ky, citado em um comunicado.

A autorização para o 737 MAX voar na Europa significa que a Boeing poderá retomar as entregas de aeronaves ao continente. A companhia pode esperar, portanto, uma recuperação em sua receita, já que os clientes pagam a maior parte da fatura quando recebem o avião.

Os aviões da companhia foram obrigados a permanecerem no solo a partir de março de 2019, após duas tragédias que terminaram em 346 mortes. A primeira envolveu uma aeronave da Lion Air, na Indonésia, ocorrida em outubro de 2018 e com saldo de 189 vítimas fatais. A segunda foi com um avião da Ethiopian Airlines, em março de 2019, na Etiópia, deixando 157 mortos.

Em ambos os casos, o software de controle de voo (MCAS) recebeu informação errada de uma das duas sondas de incidência AOA e perdeu o controle, apesar dos esforços dos pilotos para desativá-lo. Isso colocou a aeronave em posição de descida.

Os aviões devem passar por uma modificação do software MCAS. Também será necessário mudar outros softwares e reposicionar alguns cabos. Além disso, os pilotos terão de voltar a receber treinamento, como exige a EASA.

"Estamos convencidos de que o avião é segura, o que é a condição prévia para nossa aprovação. Mas continuaremos monitorando de perto as operações do 737 MAX, quando o avião voltar a entrar em serviço", explicou Ky.

A FAA deu sinal verde em 18 de novembro passado para o 737 MAX voar novamente, seguido pelo Brasil e pelo Canadá.

A companhia aérea brasileira Gol foi a primeira do mundo a operar novamente com o avião da Boeing entre São Paulo e Porto Alegre, em dia 9 de dezembro. Nos Estados Unidos, o 737 MAX retomou o serviço em 29 de dezembro, com a American Airlines.

Desde sua entrada em serviço, 67 aeronaves MAX foram entregues a clientes europeus, incluindo 19 para a Norwegian Air Shuttle, e 12, para a Turkish Airlines.

Os clientes europeus encomendaram um total de 723 aeronaves, das quais 210 ainda não foram entregues à Ryanair; 92, à Norwegian Air Shuttle; e 63, à Turkish Airlines. Quatorze companhias aéreas e locadoras do Velho Continente encomendaram 737 MAXs.

Os Boeing 737 MAX serão equipados com um sinal de alerta luminoso que avisará sobre qualquer problema de funcionamento do sistema estabilizador MCAS - em xeque após os recentes acidentes aéreos da Lion Air e da Ethiopian Airlines, informou nesta quinta-feira (21) à AFP uma fonte industrial.

Este sinal luminoso, que até agora era opcional, se tornará integrante da aeronave, e trata-se de uma das modificações que a Boeing vai apresentar às autoridades americanas nos próximos dias, informou a mesma fonte sob anonimato.

Segundo ela, nem o avião 737 MAX 8 da Lion Air que explodiu em outubro no mar de Java causando 189 mortes, nem o da Ethiopian Airlines, que se acidentou em 10 de março do sudeste de Adis Abeba matando 157 pessoas, estavam equipados com este sinal luminoso.

Pela segunda vez em menos de seis meses, um Boeing 737 MAX 8 caiu minutos após decolar, matando todos os seus ocupantes, o que gerou novos questionamentos sobre a segurança de um modelo que é crucial para os planos da gigante da aviação americana.

Neste domingo (10), morreram 157 passageiros e tripulantes de um 737 MAX operado pela Ethiopian Airlines. O mesmo modelo caiu na Indonésia em outubro passado, matando seus 189 ocupantes.

Apenas os dados de voo e as caixas-pretas da aeronave poderão indicar o que causou o acidente de hoje, se foram problemas técnicos, erro do piloto ou uma combinação de fatores.

Durante o voo, o piloto do Boeing reportou "dificuldades" e pediu para retornar ao aeroporto internacional de Bole, na capital etíope, disse à imprensa o presidente da companhia aérea, Tewolde GebreMariam.

"O piloto mencionou que tinha dificuldades e que queria regressar", e os controladores "autorizaram-no" a dar meia-volta e retornar para Adis-Abeba, declarou GebreMariam em entrevista coletiva.

As condições climáticas na capital da Etiópia eram boas no momento do voo.

- Coincidência? -

Enquanto o especialista do Teal Group Richard Aboulafia afirmou que "é muito cedo para fazer algum comentário significativo", outro analista destacou as semelhanças entre os dois acidentes.

"Foi o mesmo avião. Assim como o da Lion Air, o acidente da Ethiopian ocorreu logo após a decolagem, e os pilotos reportaram problemas. As semelhanças são claras", assinalou o especialista aeroespacial, que pediu para não ser identificado.

O especialista em aviação Michel Merluzeau apontou que "estas são as únicas semelhanças, e a comparação para aí, já que não temos nenhuma outra informação confiável até o momento".

Desde o acidente da Lion Air, o 737 MAX enfrenta ceticismo por parte da comunidade aeroespacial. O programa apresentou problemas ainda na fase de desenvolvimento.

Em maio de 2017, a Boeing interrompeu os testes de voo dos 737 MAX devido a problemas de qualidade do motor produzido pela CFM International, empresa de propriedade conjunta da Safran Aircraft Engines e GE Aviation.

O último acidente representa um grande golpe para a Boeing, cujos aviões MAX são a última versão do 737, sua aeronave mais vendida de todos os tempos, com mais de 10 mil aparelhos produzidos.

"A MAX é uma linha muito importante para a Boing na próxima década. Representa 64% da produção da empresa até 2032, e tem margens operacionais significativas", assinalou Merluzeau, destacando que as próximas 24 horas serão fundamentais para que a Boeing administre a crise com os viajantes e investidores preocupados com a segurança de seu avião.

A fabricante divulgou estar "profundamente entristecida" com o acidente da Ethiopian Airlines, e acrescentou que uma equipe técnica auxiliará nas investigações.

O especialista que pediu anonimato indicou que a Boeing deverá enfrentar uma reação negativa dos mercados, mas que o prejuízo será limitado para o grupo, concorrente da Airbus.

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