Depois de décadas entravado por escassez de crédito e de políticas específicas, o setor imobiliário apresentou um boom nos últimos anos, a partir de uma combinação de crescimento da renda dos consumidores e crédito subsidiado.
A soma destes dois fatores foi uma explosão no preço do metro quadrado em algumas regiões do Brasil equiparando-se as regiões mais valorizadas do mundo. A incoerência deste processo é evidente, e principalmente depois da bolha imobiliária americana, muito vem se falando da existência de uma “bolha imobiliária no Brasil”.
Alguns economistas e “especialistas” preveem até a data de estouro da bolha, no primeiro semestre deste ano.
No entanto, o que temos de concreto é o preço do metro quadrado das principais cidades brasileiras subindo, elevação de 12,70% em 2013, enquanto que o número de lançamentos caiu no mesmo período. O que parece indicar que o preço elevado dos imóveis é um empecilho para continuidade do processo de crescimento do setor. Parece que vivemos em um período de especulação incomum, no qual vendedores e imobiliárias mesmo sem conseguir vender um imóvel por meses continuam majorando o seu preço.
Mas é esse o estopim da bolha? As profecias a respeito do estouro da bolha, falam de uma crise de capacidade de pagamento, mas o fato é que a inadimplência no segmento é baixa. Logo, ao invés de bolha acredito que deve haver acomodação nos preços, pois a renda média do brasileiro não comporta os preços pretendidos pelos imóveis na conjuntura atual.
Bem como, existe um imenso déficit habitacional do país, mas a oferta parece míope para tal possibilidade de ganho. Tomando por base o exemplo de Recife, há 4 anos as pesquisas de demanda do mercado imobiliário do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau apontam para a incoerência entre o perfil de imóveis lançados na região e o perfil de imóvel que os consumidores potenciais desejam e podem pagar.
Tamanho, Tipo de imóvel, localização, opcionais, etc., são diferentes da demanda do consumidor, assim, ao invés de falar de crise no setor imobiliário brasileiro, percebo a oportunidade de um redirecionamento da oferta forma a atender o grande contingente de brasileiros que desejam adquirir a casa própria.
Porém, para não repetir os erros que levaram a elevação de preços no mercado atual, cabe ao estado desenvolver uma política que garanta tal objetivo, a exemplo da aquisição/desapropriação de áreas para habitação popular, qualificação da mão de obra, bem como favorecer o investimento na indústria de insumos para a construção civil de forma a minimizar pressões sobre os custos.