Tópicos | break

Neste sábado (2), às 10h, o UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau Recife, campus Graças, sedia o Original Rua PE. O festival gratuito é um show de ‘crew’, termo que se refere aos grupos de hip hop. Na quadra da instituição, os participantes competem entre si em batalhas de exibição e a competição servirá de índice para as olimpíadas na França em 2024.  

 Um dos diferenciais do hip hop é o improviso e as “batalhas”, rodas de dança que acontecem em lugares públicos ou em competições oficiais da modalidade. O evento conta com a participação de Dom Pablo, vocalista e compositor da banda Viruz e produtor cultural; B. Girl Wedja, cantora e dançarina de breaking; DJ Phino; Okado do Canal, vencedor do hip hop cult rua 2014; entre outros.  

##RECOMENDA##

 “Receber o Festival Original de Rua PE na nossa Instituição é valorizar a cultura da dança de rua. Além disso, é uma forma de dar visibilidade aos trabalhos de dançarinos pernambucanos e fazer com o que a sociedade conheça essa arte que toma conta das ruas do Recife", afirma Yuri Neiman, reitor da UNINASSAU Recife.

É obrigatório o uso de máscara e apresentação do passaporte de vacina com, pelo menos, duas doses. A entrada será apenas para participantes e convidados. O evento acontece na quadra coberta da UNINASSAU Graças.

Programação

10h - Abertura do evento com rodas de diálogo

14h - Início do festival com as batalhas de crew

Por João Milton do site da UNINASSAU

Segundo médicos e especialistas, dançar traz inúmeros benefícios físicos e emocionais aos indivíduos. Mexer o corpo embalado por alguma melodia, pode aprimorar a saúde cardiovascular, a resistência física, desenvolver a coordenação motora e aumentar o desempenho cognitivo, entre outras outras benesses. Mais: as vantagens não se atém somente ao corpo físico. A movimentação da dança atua, também, na autoestima e pode até ajudar a curar doenças ‘da alma’, como ansiedade e depressão. 

Como se não fosse suficiente, essa expressão artística - que é celebrada mundialmente por apaixonados e profissionais nesta quinta (29), Dia Internacional da Dança - ainda pode ser usada como uma poderosa arma de engajamento e representatividade. Através dos passos de uma coreografia, é possível traduzir discursos contundentes e politizados, dando diferentes formatos à causas relevantes e atuando como ferramenta de pertencimento e inclusão social. 

##RECOMENDA##

Determinadas danças já surgem com um caráter, por assim dizer, contestatório. É o caso do breakdance, um dos elementos da cultura Hip Hop, nascido na década de 1970, no Bronx, Nova Iorque. O breaking foi criado pelas comunidades negra e latina dos Estados Unidos da América, com o propósito de distanciar seus jovens das gangues e da violência urbana. Popularmente chamada de ‘dança de rua’, a modalidade cresceu e perpetuou-se como manifestação identitária da cultura negra e vetor de transformação social. 

Em seu trabalho, Neto Cabuh mistura a dança com outras linguagens como a poesia e o teatro. Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens

O artista multimeios Neto Cabuh descobriu tudo isso muito cedo, aos 15 anos, quando começou a participar de projetos do Escola Aberta, em Pernambuco, quando iniciou sua relação com o breaking.  O então b-boy - como são chamados os dançarinos da modalidade - começou a participar de competições e apresentações, ao passo que dedicava-se ao estudo de outros tipos de dança e expressões artísticas - como o teatro e a poesia -, e profissionalizou-se incorporando ao seu trabalho todo o aprendizado que, muitas vezes, foi conquistado “pedindo”: “Eu era um pidão, porque eu não tinha dinheiro pra pagar as aulas, então para me especializar eu tinha que falar com os professores pra fazer de graça mesmo”, relembra o bailarino em entrevista ao LeiaJá. 

A própria vivência e os fundamentos da dança que Cabuh abraçou como sua imprimem ao trabalho do artista um tom muitas vezes de protesto. Em intervenções como Democracídio e Etnia, assinadas por ele, o dançarino aborda temas como a violência urbana, extermínio da juventude negra e desigualdade social. “Na bagagem do breaking a gente traz muito dos antepassados negros que vieram de África; no continente americano, a gente sofreu tanto a escravidão como, depois de alguns anos, a segregação racial. O breaking dance traz muito da explosão da dança, do corpo que explode pra poder se expressar. Eu vim moldando essa história e fui conseguindo aderir outras danças que conseguissem também expressar quando eu estivesse feliz, mais leve, como o frevo consegue fazer, por exemplo”.

[@#podcast#@]

Misturando os passos de diferentes origens  a outras linguagens, como música, poesia e teatro, Neto converte discurso e engajamento em movimento. Para ele, é possível adequar qualquer tipo de dança a esse propósito colocando o corpo a serviço da comunicação. ‘A tua expressão  fala muito mais do que a própria dança em si. Expressão facial, corporal, o corpo fala, a dança serve pra te guiar, na minha concepção. Se você quiser dançar uma valsa mais triste, eu tenho que estudar como meu corpo vai apresentar isso. Tudo depende da proposta”, explica o artista.

LeiaJá também

--> De 'Nelsão' às batalhas mundiais, o triunfo da dança de rua

Pertencimento

Outra modalidade de dança que se propõe a ir além da expressão corporal é o voguing. Esse estilo surgiu nos Estados Unidos, nos anos 1960, mas popularizou-se apenas duas décadas depois. Um dos maiores ícones da cultura pop, a cantora Madonna, contribuiu para isso a partir de sua música Vogue. Após o lançamento da canção, que chegou acompanhada por um clipe ‘icônico’, o mundo pôde conhecer os movimentos e fundamentos criados e vivenciados pelas comunidades negra e LGBTQI+ de Nova Iorque. 

No Brasil, mais precisamente no Recife, o dançarino, pesquisador, professor e mãe da House of Guerreiras, Edson Vogue, é considerado o pioneiro do estilo em terras pernambucanas. Desde 2018, o artista se dedica a difundir a modalidade bem como estudá-la, sobretudo em suas interseções com o frevo, o chamado frevoguing.

Edson também conheceu o estilo através da música da rainha do pop e foi pagando várias horas nas (quase extintas) lan houses de seu bairro que ele pôde iniciar suas pesquisas a respeito. Em entrevista ao LeiaJá, o dançarino explica sobre o que se trata o voguing. “(Ele) vem da cultura de baile criada por mulheres trans negras, pela urgência da luta contra o racismo e transfobia. Então, é uma dança na qual a comunidade ALGBTTIQ se sente pertencente e é uma forma de organização política para fortalecer o sentimento de pertencimento, valorização da vida e proteção à população ALGBTTIQ”.

Edson Vogue é considerado o precursor do voguing no Recife. Foto: Reprodução/Instagram

Na pista, os voguers, como são chamados os adeptos da modalidade, imitam as poses de modelos que aparecem nas revistas e passarelas de alta costura. Eles podem participar de apresentações ou batalhas, chamadas de balls ou ballrooms, em que são avaliados não só pelas coreografias, mas também pela beleza do desfile e de sua própria figura.

Diretamente ligada às questões de gênero, raça e classe, essa expressão se propõe a fortalecer a autoestima de seus praticantes promovendo o seu empoderamento e senso de liberdade. “As pessoas procuram o voguing e as outras categorias da cultura ballroom para se expressar, ter sentimento de pertencimento e valor. Elas então se tornam multiplicadoras do conhecimento da cultura ballroom e desse sentimento.”, explica Edson.

[@#video#@]

Além disso, os grupos de dançarinos que se formam, as chamadas houses, funcionam como meio de acolhimento e suporte para seus integrantes. Elas atuam como verdadeiras famílias, com ‘pais’ e ‘mães’ que cuidam de seus ‘filhos’ e mantém a organização da comunidade. Essa forma de organizar-se veio da necessidade de dar suporte a muitos dos adeptos do voguing, no início do movimento, que eram expulsos de suas casas e terminavam em situação de vulnerabilidade. 

Edson é a 'mãe' da House of Guerreiras. Foto: Reprodução/Instagram

Edson é a ‘mãe’ da House of Guerreiras, na capital pernambucana, coletivo que conta com sete integrantes, além dele próprio. Na página oficial do grupo no Instagram, eles esclarecem que seu objetivo é unir-se “na luta pelas minorias, porque o vogue além de dança é também um ato político”. O dançarino sintetiza a ‘missão’: “Fazer com que a cena permaneça firme é uma batalha diária que não se faz só, então cada house é tão responsável pela sua casa quanto pela cena no geral, para que possamos sempre contar umas com as outras e dar os suportes necessários para que a cena não só cresça mas possa chegar em mais pessoas”.

O jeito 'durão' de Henrique Fogaça nas avaliações dos pratos no MasterChef Brasil fica apenas nos bastidores da Band. Aproveitando uns dias de descanso, o chef do reality show arrancou risos dos internautas, nesta segunda-feira (9), ao se arriscar na marcação do break.

No vídeo publicado por ele, internautas se divertiram com o que viram. "Ainda bem que tu sabe cozinha", brincou um dos seguidores. "Que massa!!! Nem só de cozinha vive esse chef", comentou outra pessoa. Fogaça legendou o conteúdo com a seguinte mensagem: "Quem nasceu nos anos 70 e 80 vão me entender".

##RECOMENDA##

Confira o vídeo:

[@#video#@]

Em 1929, músicos e dançarinos de cabarés dos EUA perderam seus empregos por conta de uma grave crise econômica. Para não ficarem parados, eles resolveram se apresentar na rua mesmo e a manifestação acabou se tornando um estilo de dança, ou melhor, vários.

Com o passar dos anos, a Dança de Rua foi tomando corpo e assimilando as mais diversas culturas e identidades. No final dos anos 1960, o Soul e o Funk de James Brown enriqueceram ainda mais esse cenário e, nas décadas de 1970 e 1980, a música disco e o rap também contribuíram para o engrandecimento e proliferação dos estilos que compõem o ‘Street Dance’.

##RECOMENDA##

Sobretudo nos anos 1970, a cultura negra se estendeu e encontrou outras manifestações artísticas como a poesia e o grafite, formando o movimento Hip Hop. O break, um dos estilos de dança de rua mais conhecidos do mundo, tornou-se um dos pilares desse movimento e, hoje em dia, rompeu os limites do asfalto e é reconhecido como arte.

‘Dono’ do break nacional

Um dos responsáveis pelo crescimento dessa expressão artística no Brasil é o pernambucano Nelson Triunfo. Considerado o pai do Hip-Hop no país, o dançarino, coreógrafo e educador social é um dos precursores da dança de rua brasileira. Atuando desde 1972, 'Nelsão', como também é conhecido, saiu do sertão de Pernambuco para ganhar o Brasil e o mundo com seu estilo único de dançar e a cabeleira inconfundível que se tornou marca registrada. Triunfo ensinou várias gerações não só a executar os passos do break, mas, sobretudo, a viver a atitude Hip Hop.

Ainda garoto, no início da década de 1970, Nelson já se encantava com o mundo da dança no interior pernambucano, em sua cidade, Triunfo. Seu pai tocava forró e o frevo e os musicais que assistia no Cine Guarany, com bailarinos americanos,  faziam os olhos do garoto brilhar.

Mas foi em Paulo Afonso, na Bahia, já adolescente, que Nelsão começou a fazer sucesso nos bailes. Suas performances chamaram atenção desde o princípio: “Ninguém entendia nada quando via, mas achava legal. Uns admiravam, outros achavam que eu era doidão”, relembra aos risos, em entrevista exclusiva ao LeiaJá. O dançarino também se lembra da “implicância” da polícia, quando o via dançar junto aos amigos.

Mas nada parou Triunfo. Pelo contrário, ele se mudou para São Paulo e deu início a um movimento muito maior que o garoto nascido no sertão de Pernambuco poderia imaginar. Nelson foi um dos responsáveis por disseminar a cultura Hip Hop no Brasil, sobretudo no campo da dança,  e desde então, vem repassando seus ensinamentos: “Influenciei muitos, não só do Hip Hop como de outros segmentos. Sou essa referência, os velhos do meio e os novos gostam muito de mim”.

Porém, o dançarino, na ativa há cinco décadas, não se deixa envaidecer pelo posto de referência: “Pesa. Acho sempre melhor pensar que é uma missão e nunca estive sozinho nela. Penso no coletivo”. E foi pensando coletivamente que Triunfo ensinou incontáveis dançarinos, muitos deles, hoje profissionais da dança e campeões de batalhas. A “missão”, como diz o ‘mestre’,  é levada adiante com muito amor, “sempre em busca de conhecimentos” e novos caminhos: “Sou o mais velho e talvez o mais novo pela maneira de pensar, não como uma determinação mas sempre com possibilidades de mudanças”.

[@#video#@]

Batalhas

Uma das características do break é a competição entre os dançarinos, os B-Boys e B-girls. As batalhas são duelos entre os dançarinos que competem para ver quem tem os melhores passos, muitos deles improvisados, e quem dança com maior criatividade, desenvoltura e técnica.

Existem diversas competições do tipo ao redor do mundo, uma das maiores, a Red Bull BC One, foi criada em 2004 e já foi palco para importantes B-boys e B-girls do segmento, muitos deles brasileiros como Pelezinho e Neguin, o único latino americano a conquistar o cinturão de campeão. Os dois integram hoje o Red Bull BC One All Stars, um time de b-boys, surgido a partir das competições, que reúne os principais nomes da cena. Além dos dois brasileiros, o grupo conta com Cico (Itália), Hong 10 (Coreia do Sul), Lil G (Venezuela), Lilou (França), Ronnie (EUA), Roxrite (EUA), Taisuke (Japão) e Wing (Coreia do Sul).

[@#podcast#@]

Neste domingo (21), o Festival de Dança do Recife encerra sua 23ª edição com um final de semana de Batalha de Hip Hop. Serão 32 equipes batalhando no Ginga B'Boys e B1Girls 2018; além das apresentações dos DJs Stanley e Nildo Rufino e dos MCs GabGirl e Dom Pablo. O grupo Brasil Style Bgirl, do Distrito Federal também é uma das atrações do evento que será realizado no Compaz Eduardo Campos, no Alto de Santa Terezinha; das 10h às 21h.

*Fotos: Reprodução/Instagram

[@#relacionadas#@]

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando