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Os holandeses poderão nesta sexta-feira (15) consumir cannabis legalmente pela primeira vez em duas cidades do sul do país, no início de um teste de vários anos que descriminaliza a produção e fornecimento desta droga nos famosos "coffeeshops".

Ao contrário da crença popular no exterior, a venda e consumo de haxixe, erva e seus derivados não são legalizados na Holanda, que há décadas atrai usuário de maconha de todo o mundo.

Desde os anos 1970, as drogas leves são "toleradas" e "as autoridades optaram por não perseguir infratores", segundo a página do governo na Internet.

Até agora, tem sido totalmente ilegal cultivar maconha na Holanda, ou fornecê-la aos populares estabelecimentos de venda e consumo.

Por isso, toda a rede de fornecimento de cannabis dos cerca de 570 "coffeeshops" no país tem funcionado na clandestinidade por décadas, enquanto as autoridades locais têm-se queixado da baixa criminalidade e do comportamento antissocial.

O teste de quatro anos, que busca resolver esta "zona cinza" jurídica, começa nesta sexta nas cidades Breda e Tilburgo, no sul, e deve ser ampliado para outras regiões do país.

É um "momento histórico", disse o ministro da Saúde, Ernst Kuipers, enquanto observa a chegada da primeira entrega de cannabis legal ao "coffeeshop" Baron em Breda.

Dez produtores foram escolhidos, e a maconha fornecida aos "coffeeshops" será estritamente controlada.

A iniciativa tem dois objetivos, e seus resultados serão analisados por especialistas: ver se é possível regular a rede de fornecimento e reduzir a pequena criminalidade e comportamento antissocial. Também será analisado o impacto na saúde pública.

"As organizações criminosas tomaram o controle deste mercado ilegal e, por isso, os proprietários dos 'coffeeshops' dependiam" delas, disse o prefeito de Breda, Paul Depla. "Isto tinha que acabar", acrescentou.

- "Produto muito mais seguro" -

"Para mim, é um momento histórico para a cannabis nos Países Baixos", declarou Ashwin Matai, da Hollandse Hoogtes, um dos produtores escolhidos para o teste.

"Será um produto limpo, testado, sem pesticidas, sabemos exatamente o que entra e o que sai. Por isso, o consumidor terá um produto muito mais seguro", assegurou à AFP.

A iniciativa holandesa é fruto de uma tendência global. A vizinha Alemanha aprovou uma lei que legaliza a compra e posse de maconha com fins recreativos. Os adultos podem possuir até 25 gramas e cultivar até três plantas.

A droga está disponível em algumas farmácias da Suíça, que também está debatendo a descriminalização de seu uso recreativo. Nos Estados Unidos, o uso recreativo por adultos é legal em cerca de 20 estados.

A dúvida que pesa sobre esta experiência holandesa é a vitória eleitoral do líder da extrema direita Geert Wilders nas legislativas de novembro.

Seu Partido pela Liberdade quer abandonar definitivamente a política de "tolerância", fechar os "coffeeshops" e impulsionar uma "Holanda sem droga".

O deputado estadual de São Paulo, Eduardo Suplicy (PT), revelou em uma entrevista recente que foi diagnosticado com a doença de Parkinson e que, atualmente, faz tratamento com cannabis medicinal. O petista descobriu a condição no fim de 2022 e disse que os sintomas ainda são leves, por se tratar de um estágio inicial. As informações foram divulgadas na coluna de Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo. 

Desde fevereiro, a cannabis faz parte de sua rotina médica. Suplicy geralmente sente tremores nas mãos e dores musculares na perna esquerda. A medicação natural ajuda a aliviar os sintomas e aumenta a qualidade de vida do parlamentar, que tem 82 anos.  

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“Eu estava com certos tremores nas mãos, especificamente na hora de comer, de segurar os talheres, de tomar uma sopa. Tremia um pouco”, disse o petista na entrevista. “Tinha também dores musculares na perna esquerda.” Ele contou, ainda, ter algum desequilíbrio, que o fazia quase cair ao tropeçar em algum objeto. Para se tratar, Suplicy importa a cannabis industrializada, vendida em potes de vidro de tamanho padrão. O deputado defende a regulamentação da cannabis medicinal no país e participou, esta semana, da Expo Cannabis Brasil, em São Paulo. 

Na entrevista, o deputado afirmou que está tomando cinco gotas do medicamento no café da manhã, cinco gotas à tarde e outras cinco à tarde. Ele também usa o Prolopa, remédio contra o Parkinson. 

Nesta terça-feira (19), Suplicy pretende participar de uma audiência pública na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados. O grupo vai discutir a regulamentação do cultivo e da distribuição da cannabis no país. 

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Em um discreto laboratório em um campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o biólogo molecular Rodrigo Moura Neto realiza experimentos com uma planta de aparência comum que guarda um segredo.

A espécie Trema micrantha Blume, de crescimento rápido, é nativa das Américas, onde é amplamente encontrada e frequentemente considerada uma erva daninha.

No entanto, Moura Neto descobriu recentemente que seus frutos e flores contêm um dos ingredientes ativos da maconha: o canabidiol, ou CBD, que tem se mostrado promissor no tratamento de condições como epilepsia, autismo, ansiedade e dores crônicas.

O pesquisador também descobriu que a planta não contém o ingrediente psicoativo da maconha, o tetrahidrocanabinol, ou THC.

Isso abre a possibilidade de uma revolução: ter uma nova e abundante fonte de CBD, sem as complicações do uso de cannabis, que é ilegal em muitos países.

A descoberta transformou Moura Neto em uma espécie de estrela acadêmica, um homem afável de 66 anos, com cabelos grisalhos, cuja agenda está cheia de reuniões com especialistas em patentes e empresas interessadas em explorar o mercado bilionário de CBD.

"Para mim, foi um prêmio encontrar uma planta (com CBD, mas) que não tivesse THC, porque você se livra de toda a embrulhada do psicotrópico", diz Moura Neto, que passou a maior parte das últimas cinco décadas pesquisando neste pequeno laboratório.

"O potencial é enorme", afirma à AFP.

Sua equipe de 10 pesquisadores recebeu, recentemente, R$ 500 mil em recursos públicos para expandir seu projeto, que agora buscará identificar os melhores métodos para extrair o CBD da Trema e estudar sua eficácia como substituto da maconha para fins medicinais.

- "Planta mágica" -

Muitos dos usos medicinais do CBD ainda estão sendo investigados.

A substância é controversa até mesmo no Brasil, onde muitos pacientes têm recorrido aos tribunais para poder usá-la, ou têm pago preços altos para importá-la.

O cultivo de maconha medicinal é ilegal no país, embora o Congresso esteja analisando um projeto que poderia mudar essa situação.

A demanda por CBD está em alta no mundo: esse mercado alcançou quase US$ 5 bilhões (R$ 24 bilhões) em 2022. E é projetado um crescimento acima de US$ 47 bilhões (R$ 225 bilhões) até 2028, impulsionado principalmente pela saúde e bem-estar.

O interesse pela pesquisa de Moura Neto tem sido "enorme", diz Rosane Silva, diretora de seu laboratório, que fica em um corredor cheio de estudantes e pesquisadores de jalecos brancos.

"Muitas empresas já estão ligando para a gente para fazer colaboração" em um eventual medicamento com CBD, diz Silva, ao lado do que ela chama de "planta mágica".

Membro da família Canabácea, como a cannabis, a Trema pode se transformar em uma árvore de até 20 metros de altura.

Moura Neto está considerando a possibilidade de patentear qualquer inovação para extrair o CBD de seus pequenos frutos e flores, mas acrescenta que não fará isso com a própria planta, porque deseja que a comunidade científica possa pesquisá-la.

"Se eu sonhasse com ser bilionário, não teria seguido a carreira de professor", diz.

- Do laboratório ao mercado? -

Geneticista forense, Moura Neto começou a estudar o CBD para colaborar com a polícia: ele analisava o DNA da maconha apreendida para rastrear sua origem.

Quando ele se deparou com um estudo que identificava a presença de CBD em uma planta na Tailândia, também da família Canabácea, teve a ideia de procurá-lo na Trema.

Segundo Moura Neta, transformar sua descoberta - ainda não publicada em uma revista científica - em um medicamento comercial pode levar de cinco a dez anos. Ele está ciente, no entanto, de que o CBD da Trema também pode não funcionar tão bem, ou nem mesmo funcionar, como o da cannabis.

E descarta fumar a planta para obter um efeito psicoativo. "Não adianta nada", ri.

Pesquisa do Portal Cannabis & Saúde mostra o crescimento de 342,3% nas vendas de produtos à base de cannabis nas farmácias do Brasil desde 2018. A partir da entrada do primeiro produto no mercado até o momento, a receita se expandiu significativamente: apenas de 2021 para 2022, o aumento foi de 156,1%, movimentando R$ 77.008.596,00.

As prescrições cresceram 487,8% no último ano. O número de médicos que prescrevem produtos à base de canabidiol para compra em farmácia passou de 6,3 mil em 2021 para 15,4 mil no ano passado, aumento de 146%.

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Dentre todas as especialidades médicas prescritoras de canabidiol, neurologistas são 33%; psiquiatras, 26%; geriatras, 8%; pediatras, 7%; clínicos gerais, 5% e ortopedistas, 3%. “Essencialmente, essas especialidades representam mais de 80% da importância do volume prescritivo deste mercado”, diz o estudo.

Medicina

Para o clínico geral com certificação internacional em Medicina Endocanabinoide pela WeCann Academy (2021), Tércio Sousa, os números indicam a veracidade da informação de que a cannabis é hoje imprescindível na medicina.

“É um caminho sem volta. Os médicos que só tratam com alopatia muitas vezes não têm sucesso no tratamento e aí começam a perder o paciente para quem está usando a cannabis. A maior parte dos pacientes que hoje procura tratamento com cannabis são pessoas que já estão na luta contra, por exemplo, dor, espasmos e tremor de Parkinson já há muito tempo e não veem resultado”, disse Tércio, médico parceiro da Associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal (Apepi).

Segundo ele, o preço elevado dos produtos ainda é um entrave e a saída consiste na produção nacional de cannabis. “A gente vê hoje as associações, como a Apepi, crescendo e aumentando a produção das plantas e óleos, amparada por decisões judiciais. A Apepi tem capacidade de produção de cinco mil frascos por mês. A partir do momento em que liberarem o plantio nacional está tudo resolvido. Para isso, é preciso mudar a legislação”, ponderou.

Anvisa

Além da aquisição dos produtos de cannabis no mercado nacional, é possível a importação excepcional somente para uso pessoal, mediante cadastro e aprovação prévia junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além de prescrição médica, informou a agência reguladora.

As autorizações concedidas para importação de produtos à base de cannabis aumentaram de 850, em 2015, para 153.671, em 2022. “Esclarecemos que pode haver mais de uma autorização emitida para o mesmo paciente ao longo de um ano, por exemplo”, afirmou a Anvisa.

A agência também esclareceu que, atualmente, existem 25 produtos de cannabis autorizados para venda em farmácias brasileiras e somente um medicamento registrado à base de cannabis, o Mevatyl.

Segundo a Anvisa, os produtos de cannabis constituem uma categoria criada no Brasil em 2019. “Eles não têm indicação pré-aprovada no Brasil, pois não contam com dados conclusivos de eficácia e segurança no nível que se exige para o registro de um medicamento. A indicação e a forma de uso, bem como a população alvo desses produtos, não são aprovadas previamente pela agência, ficando a sua definição sob a responsabilidade do médico assistente do paciente”, afirmou o órgão. 

“Assim, esses produtos podem ser utilizados pela população brasileira sem outras alternativas terapêuticas, conforme orientação e prescrição médica, enquanto os estudos clínicos confirmatórios de sua eficácia são concluídos para que eles possam ser, então, futuramente, registrados como medicamentos. Já o medicamento à base de cannabis possui indicações específicas comprovadas e validadas por meio de estudos clínicos, tal qual qualquer outro medicamento”, acrescentou a Anvisa.

De acordo com Tércio Sousa, a comprovação científica da eficácia e segurança dos produtos requer tempo e investimento. “As principais pesquisas feitas até o momento foram patrocinadas pela própria indústria farmacêutica. Agora é que as instituições de pesquisa, como o Fiocruz, e universidades estão entrando, como a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que conseguiu a liberação para plantio”,  finalizou.

 

O uso da cannabis antes do sexo facilita orgasmos múltiplos, mais intensos, sob o efeito da substância. A substância também aumenta a libido e dá mais prazer durante a masturbação, segundo um novo estudo que investigou a relação do consumo de cannabis com o desempenho sexual. O potencial pode facilitar a experiência dos orgasmos múltiplos, pois a ocorrência é “correlacionada com maior satisfação sexual”, de acordo com os pesquisadores. 

O trabalho foi publicado na revista científica Journal of Cannabis Research e coletou dados de 811 participantes, entre 18 e 85 anos, que utilizaram a substância ao menos uma vez. Não houve um padrão entre os participantes.

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“Os resultados demográficos indicam que as pessoas que usam cannabis são de uma ampla gama de idades, de uma variedade de ocupações e têm diferentes preferências de uso de cannabis”, disse.

Com relação à idade, foi destacado que não houve “diferença no funcionamento sexual e nas pontuações da escala de satisfação”. O fato indica que, apesar da idade, os participantes relataram benefícios sexuais do uso de cannabis. 

A maior parte dos voluntários, ou seja, 73,7%, estava em um relacionamento monogâmico, ou seja, tinha relações sexuais apenas com o parceiro. 

Além disso, mais de 70% dos participantes relataram um aumento do desejo sexual e na intensidade do orgamos depois da cannabis. Dos que se masturbavam após o consumo, 62,5% disse que o efeito melhorou o prazer sentido no ato. Destes, 71,9% dos que responderam à pesquisa que a cannabis melhora a sensação na boca, e 71% no toque. Uma das explicações dos pesquisadores é de que “aqueles que usam cannabis relatam estar mais relaxados, seja mental ou fisicamente, o que melhoraria o funcionamento e o prazer sexual em geral”. 

Os que utilizavam a substância de modo intencional para melhorar o sexo tiveram “pontuações significativamente mais altas na escala” que media a satisfação, em comparação com os que também tiveram benefícios, mas de modo não intencional, disse o estudo. 

“Esses resultados podem ser devido à mentalidade de que o uso de cannabis aumentará o prazer devido às noções afrodisíacas da cannabis, em vez de um verdadeiro efeito fisiológico”, pontuaram. 

Os efeitos positivos foram observados em ambos os sexos, mas de forma mais significativa entre as mulheres. Por isso, os cientistas escrevem que “as implicações médicas deste estudo incluem o possível uso de cannabis para tratar disfunções sexuais”. 

“Mulheres com vaginismo (ou seja, relação sexual dolorosa) podem se beneficiar do relaxamento muscular e aumento do funcionamento sexual resultante do uso de cannabis, enquanto mulheres com diminuição do desejo também podem ver possíveis benefícios”, destacou. 

O governador Paulo Câmara sancionou, nesta quarta-feira (28), a lei sobre o cultivo e a produção de cannabis medicinal em Pernambuco de autoria do deputado estadual João Paulo. A aprovação da matéria se deu no último dia 15 pelos parlamentares em votação na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

Atualmente, devido à necessidade de importação, o preço do produto dificulta o acesso para os pacientes que necessitam de tratamento. A produção no Estado, como já ocorre na Paraíba e no Rio de Janeiro, vai baratear o custo dos medicamentos derivados da planta.

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O projeto assegura o direito de qualquer pessoa ter acesso aos remédios à base de cannabis, desde que apresentando prescrição de um profissional habilitado, observadas as disposições da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre o tema. O acesso também é estendido para uso veterinário.

“Todos nós respeitamos a ciência e sabemos da importância de buscar alternativas para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Que a cannabis, a partir dessa autorização, possa ser utilizada barateando o custo, que hoje é muito caro para quem precisa desse medicamento. Parabenizo a Alepe pela aprovação do projeto e a todas as associações que buscaram, através de uma discussão séria e profissional, fazer com que essa legislação fosse criada e tivesse validade em Pernambuco”, afirmou Paulo Câmara.

Além da produção de fármacos, o projeto também prevê o desenvolvimento de estudos científicos com a finalidade de garantir a padronização e segurança para o tratamento dos pacientes. Essas iniciativas poderão ser feitas por meio de convênios e parcerias com instituições de ensino e pesquisas. “Essa proposta é resultado dos apelos públicos de pacientes, por meio de organizações e especialistas. São pessoas que enfrentam doenças graves, como epilepsia, Mal de Parkinson, autismo e muitos outros casos”, frisou o deputado estadual João Paulo.

Fabrina Juliana tem um filho de 11 anos portador de autismo, que faz uso do óleo da cannabis no tratamento, e destacou o significado dessa conquista para muitas mães pernambucanas.

"Foi uma longa jornada, mas esse reconhecimento é um grande presente e significa uma vitória em nossa luta. Seguiremos em busca da aprovação nacional, para quem precisar ter acesso ao medicamento com baixo custo de fato consiga e para que possamos seguir avançando com esse tratamento tão importante", comemorou.

Da assessoria

Nesta quinta-feira (15), foi aprovado na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o projeto que permite o cultivo da cannabis para fins medicinais, veterinários e científicos. Se sancionada a regra, o plantio será permitido para associações de pacientes, nos casos autorizados pela ANVISA e pela legislação federal.

O autor da proposta, o deputado João Paulo (PT), disse que o Plenário da Assembleia reconheceu que a liberação do cultivo e produção das cannabis medicinal em Pernambuco, é uma questão de saúde pública. Ele acrescentou que esta aprovação permitirá o desenvolvimento de pesquisas em torno das propriedades da planta.

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"Hoje, os milhares de pacientes que necessitam dos derivados da planta, para o tratamento de várias doenças, enfrentam a barreira do alto preço do produto, que é importado. A produção local, como já ocorre em outros estados, vai para baratear a cannabis medicinal”, destacou.

Ainda de acordo com o petista, são comprovados os efeitos positivos da cannabis contra epilepsia, parkinson, alzheimer, autismo, neuropatia, esclerose múltipla, câncer, HIV – AIDS, fibromialgia, insônia, estresse, doença de crohn, ansiedade, dor crônica, espasmos, artrite e anorexia, entre outras doenças.

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A Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ) da Assembleia Legislativa (Alepe) aprovou, nessa segunda-feira (5), o projeto de lei que autoriza as associações de pacientes, nos casos autorizados pela Anvisa e pela legislação federal, a usar a cannabis sativa para fins terapêuticos e de tratamento de variadas doenças. A proposta pode trazer alívio na prática para o bolso dos pacientes, já que seus derivados medicinais deverão ser obtidos com menor custo no estado.   

O projeto tem como autor o deputado João Paulo (PT) e teve a relatoria do deputado Antônio Moraes (PP). Dentre os argumentos usados pelo colegiado para aprovar a matéria está o alto custo para aquisição do medicamento. Os derivados medicinais para o tratamento de diversas doenças são importados, impedindo muitas vezes a aquisição do produto por parte das pessoas de baixa renda. 

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O projeto de João Paulo foi aprovado por unanimidade pela CCJ na forma de substitutivo e seguirá para apreciação de outras comissões da Alepe. Em seguida, será votado em dois turnos no plenário da Casa, para só então ser encaminhado ao Palácio do Campo das Princesas para sanção do governador Paulo Câmara (PSB). 

O petista agradeceu aos colegas de parlamento, ressaltando que a aprovação da proposta “é um avanço no campo da democratização do acesso ao medicamento e representa um alívio para os pacientes que dependem de seu uso medicinal”.   

“Muitas pessoas dependem dessa medicação, mas não têm acesso por falta de recursos. Conversei com alguns companheiros que têm pais já idosos precisando dessa medicação. Essa aprovação representa um grande avanço na Comissão de Justiça. A luta continua para passar nas demais comissões da Casa e ser aprovada também no plenário para virar lei”, ressaltou João Paulo.

Para o presidente da Comissão de Justiça, deputado Waldemar Borges (PSB), o projeto do petista chega numa boa hora. “Parabenizo João Paulo pela importante iniciativa. Por outro lado, quero registrar a minha indignação quando vejo algumas pessoas questionando o uso de um insumo necessário a se produzir medicamentos tão importantes, para a vida de tanta gente”, enfatizou.

Não ao nazismo e à escravidão

Ainda nesta segunda (5), foi aprovado na Comissão de Administração da Alepe, também por unanimidade, o projeto de Lei 3224/2022 que proíbe a Administração Pública do Estado de promover qualquer homenagem ou exaltação ao Golpe Militar de 1964 e ao período da ditadura. O projeto de autoria do coletivo Juntas também proíbe atos ou fatos caracterizados por preconceito ou discriminação racial e insere no rol de vedações de homenagens a escravocratas e a nazistas.  

Também passou pela Comissão de Administração Pública projeto de lei que dispõe sobre a proteção integral aos direitos dos estudantes a fim de ampliar os direitos dos alunos com deficiência, transtornos globais dos movimentos de aprendizagem (dislexia, disgrafia e discalculia), e altas habilidades ou superdotação nas escolas da rede pública e privada do ensino em Pernambuco.   

A proposta foi apresentada originalmente pela ex-deputada Teresa Duere e aprovada na forma de substitutivo da Comissão de Justiça após reapresentação do deputado Gustavo Gouveia (Solidariedade) em parceria com o presidente da Alepe, deputado Eriberto Medeiros (PSB). A iniciativa foi aprovada por unanimidade.

*Da Alepe

Duas pessoas foram presas na província de Manitoba, no Canadá, por distribuírem doces com cannabis no Halloween, informou a polícia nesta quarta-feira(2).

O homem de 63 anos e a mulher de 53 anos supostamente distribuíram doces com THC, o composto psicoativo da cannabis, para mais de dez crianças e jovens de 6 a 16 anos, informou a polícia da cidade de Winnipeg, em Manitoba.

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Produtos comestíveis de cannabis (e maconha) podem ser comprados legalmente de revendedores licenciados no Canadá para uso recreativo, mas apenas para adultos.

Na segunda-feira, na periferia de Vancouver, um menino de 11 anos foi levado ao hospital depois de comer, sem saber, guloseimas de Halloween contendo THC. Nesse caso, a polícia não conseguiu identificar quem entregou o doce à criança.

A discussão sobre Cannabis medicinal e psiquiatria tem várias impropriedades, alertou, em entrevista à Agência Brasil, o diretor da Associação Psiquiátrica do Estado do Rio de Janeiro e filiado à Associação Brasileira de Psiquiatria, Marcelo Allevato. No caso da doença de Alzheimer, que é a forma mais comum de demência neurodegenerativa em pessoas de idade, por exemplo, Allevato descartou que haja relação com a Cannabis medicinal.

“É uma demência, e a Cannabis não tem possibilidade nenhuma de tratar demência. Pode tratar, teoricamente, algumas alterações de comportamento, mas não tem nenhuma evidência consistente disso ainda não. É só uma possibilidade.” 

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Segundo Allevato, existem muitas impropriedades sobre “medicamentos” à base de Cannabis. Ele disse que, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), existe apenas um medicamento à base de Cannabis, mas destacou que há produtos à base da planta, que são registrados com autorização provisória, com duração de cinco anos, que podem ser usados quando se esgotam todas as possibilidades terapêuticas disponíveis no mercado brasileiro. 

Tudo isso está englobado na Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa (RDC 327), que regula os produtos de Cannabis no Brasil. “Então, falar de medicamentos é impropriedade, demonstra desconhecimento do assunto. O que é triste é que muitos médicos desconhecem também e são presas fáceis de mensagens comerciais que não têm a menor consistência, na realidade”, advertiu o médico psiquiatra. 

Desenvolvido em várias fases, da concepção da ideia até os testes clínicos, e depois comercializado, o único medicamento à base de Cannabis existente no Brasil é o Mevatyl, liberado como adjuvante no tratamento de espasticidade na esclerose múltipla, causada por danos ou lesões na parte do sistema nervoso central (cérebro ou medula espinhal) que controla o movimento voluntário. “Este é o único medicamento à base de Cannabis existente no Brasil. Chamar produto à base de Cannabis de medicamento é uma impropriedade”, reiterou o médico.

  Confirmação

A assessoria de imprensa da Anvisa confirmou à Agência Brasil que, até o momento, o único medicamento à base de Cannabis registrado no Brasil tem o nome comercial de Mevatyl.

De acordo com a Anvisa, o Mevaty é um medicamento, pois passou pelos mesmos requisitos técnicos aplicados a todos os demais registrados na agência, o que envolve estudos clínicos e comprovação de segurança e eficácia, entre outras exigências. O Mevatyl foi registrado em 9 de janeiro de 2017 com indicação no tratamento sintomático da espasticidade moderada a grave relacionada à esclerose múltipla. 

Os demais itens regularizados pela Anvisa são categorizados tecnicamente como produtos derivados de Cannabis, um segmento específico criado em 2019 (Resolução RDC 327), que não tem indicação terapêutica específica e cuja análise de benefício deve ser feita pelo médico, de acordo com o caso de cada paciente. 

Segundo a Anvisa, os produtos derivados de Cannabis recebem autorização sanitária, e não registro, para que possam estar à disposição dos pacientes. “Ou seja, a indicação e a forma de uso dos produtos derivados de Cannabis são de responsabilidade do médico que assiste o paciente, que faz tal indicação a partir da avaliação de que seu paciente pode se beneficiar do tratamento, especialmente em casos para os quais não há opções terapêuticas disponíveis”. Atualmente, existem 20 produtos autorizados pela Anvisa. A lista completa pode ser consultada aqui. 

Sem liberação

Allevato afirmou que não há, em lugar algum do mundo, medicamento à base de Cannabis liberado para uso psiquiátrico. Legislações de alguns países permitem o uso de derivados da Cannabis em situações excepcionais, em algumas enfermidades. Isso ocorre, por exemplo, em Israel e na maioria dos estados norte-americanos. “Mas tudo dentro de um controle muito rígido, após se esgotarem as possibilidades terapêuticas”. 

O médico disse que, no Brasil, o que houve foi uma “tentativa de disseminar um uso que é completamente contrário ao que é preconizado. Na verdade, é disseminar um uso de maneira indiscriminada, ou seja, tenho ansiedade, vou tomar canabidiol”. O mesmo se aplica para depressão, insônia, Alzheimer, autismo. O médico sustentou que não há evidência científica sólida para isso. 

Ele admitiu, porém, que, em casos em que o paciente não responde a nada, o médico pode usar esses produtos. É o chamado uso compassivo. 

De acordo com o psiquiatra, uma corrente que defende os produtos derivados da maconha sustenta que a divulgação das supostas propriedades medicinais da Cannabis reduz a percepção de risco recreacional. Para ele, o uso recreativo da Cannabis implica riscos que têm sido cada vez mais avaliados, principalmente em pacientes vulneráveis geneticamente, ou que estão em janelas críticas do desenvolvimento. Nesses casos, a Cannabis pode levar ao desenvolvimento de psicoses, de dependência e gerar alterações no desenvolvimento cerebral, muitas das vezes irreversíveis. 

Momento complicado

Já a presidente da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e Outras Drogas (Abead), Alessandra Diehl, destacou que o mundo vive hoje um momento complicado, em que interesses financeiros muitas vezes se sobrepõem ao interesse individual e coletivo. “Esse lobby de ter algo que funcione para tudo, para mim, já soa como um alerta. Como uma substância vai servir para tantas coisas ou tantas condições assim?”, questionou Alessandra, em entrevista à Agência Brasil. 

Alessandra disse que há uma desinformação crescente, porque se reforça que algo possa servir para tudo, quando, na verdade, sabe-se que tem apenas condições específicas em que existem evidências comprovadas. Não se trata, segundo a psiquiatra, da Cannabis medicinal em si, mas de um componente que seria o canabidiol (CBD). 

A psiquiatra ressaltou que o sistema do canabinoide precisa ser desvendado, porque aí pode estar o segredo do desenvolvimento de medicamentos, até para se saber um pouco mais de determinadas doenças. Segundo Alessandra, não se pode dizer que o canabidiol funciona para tudo, porque ele pulou o caminho do desenvolvimento dos fármacos, que tiveram que passar por regulações que lhe garantem condições de segurança, bioequivalência, biodisponibilidade, qualidade, dose terapêutica. 

Outra visão

Visão diferente tem o médico Nelson Goldenstein, do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Goldenstein disse à Agência Brasil que ficou estarrecido com a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que proíbe médicos de prescrever Cannabis in natura para uso medicinal, bem como quaisquer outros derivados que não o canabidiol. O CFM vedou também a prescrição de canabidiol para indicação terapêutica diversa da prevista na resolução, com exceção de estudos clínicos previamente autorizados pelo sistema formado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e Conselhos de Ética em Pesquisa. 

O psiquiatra afirmou, entretanto, que seguirá a resolução do CFM. Ele admitiu que o uso da Cannabis precisa de regulamentação, mas considerou que voltar no tempo é inadmissível. Goldenstein salientou que há descrições na literatura do uso medicinal da Cannabis na China e na Índia há cerca de 6 mil anos, descrevendo a planta com efeito medicinal polivalente, benéfico e terapêutico para várias condições. 

Tais efeitos foram confirmados no século 19 por médicos da Rainha Vitória, em expedições realizadas nas colônias do Reino Unido, cujas publicações comprovaram o uso terapêutico e polivalente da Cannabis no tratamento de problemas como epilepsia, ansiedade e insônia. Até o início do século 20, não havia proibição alguma para o uso de Cannabis, disse Goldenstein. As farmácias de manipulação, inclusive no Brasil, preparavam as fórmulas prescritas pelos médicos à base de Cannabis. Segundo o médico, o laboratório Lille, dos Estados Unidos, vendia na década de 1920 uma tintura de Cannabis para asma brônquica, diminuição da pressão arterial, insônia e ansiedade. 

Goldenstein destacou que, em 1960, Raphael Mechoulam e sua equipe descreveram os até então inéditos canabidiol e tetrahidrocanabinol (THC), abrindo espaço para que pesquisadores americanos identificassem o sistema endocanabinoide (SEC) na década de 1990. O SEC é considerado um importante aliado da regulação e do equilíbrio de uma série de processos fisiológicos no corpo humano. O sistema oferece as condições naturais para que o organismo se beneficie das propriedades terapêuticas da Cannabis no enfrentamento de uma série de doenças. 

O psiquiatra ressaltou que os perigos do uso indiscriminado e em doses elevadas da maconha já eram falados pelos chineses 3.700 anos A.C. (Antes de Cristo), portanto há 6 mil anos. É um risco que existe também com a anfetamina e a morfina, entre outras substâncias. Para Goldenstein, ser contra evidências de 6 mil anos “é desconhecimento”, o mesmo ocorrendo em relação a estudos efetuados desde os anos de 1960, que atestam o uso polivalente e medicinal da Cannabis.

Investidor do mercado da cannabis nos Estados Unidos, o rapper Snoop Dogg está lançando um salgadinho com infusão de THC, princípio ativo que causa os efeitos alucinógenos da erva. O “Snazzle Os” obviamente só poderá ser comprado na Califórnia (EUA), onde o uso recreativo da droga é liberado.

Descrito como "uma versão THC do lanche favorito do lendário rapper", o salgadinho será lançado em nos sabores cebola e cebola picante.

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"Há muitas opções de comestíveis doces (com maconha) no mercado, então quando criei este produto queria colocar o toque do Dogg nele, e é por isso que estou trazendo estes anéis de cebolas crocantes e picantes para o meu estado da Califórnia", explicou Snoop Dogg à revista Food and Wine, uma das mais importantes do segmento da gastronomia.

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O Japão deve aprovar o uso de medicamentos à base de cannabis, recomendou um think tank do Ministério da Saúde nesta quinta-feira (29), abrindo caminho para uma possível revisão de leis rígidas sobre drogas.

Mas essa mudança não afetaria a política de "tolerância zero" do Japão sobre o uso recreativo da maconha e, em vez disso, o mesmo painel proporia o endurecimento das regras sobre seu uso não médico.

As leis contra a cannabis são particularmente rígidas no Japão, onde estrelas internacionais foram atingidas – incluindo o ex-Beatle Paul McCartney, que passou nove dias na prisão em 1980 depois que encontraram maconha em sua bagagem.

Mas o governo vem discutindo há vários meses a possível aprovação de medicamentos derivados da cannabis, o que muitos países já fizeram para tratar certas doenças, como casos graves de epilepsia.

Na quinta-feira, o grupo de especialistas do Ministério da Saúde do Japão recomendou que o governo revise a legislação para permitir a importação e fabricação de medicamentos que utilizam componentes da cannabis.

Mas também pediu que os textos sejam revisados para deixar claro que o uso recreativo da maconha é um crime grave.

Isso preencheria uma brecha no Japão que torna o uso da cannabis tecnicamente legal, embora a posse de seus brotos, folhas e raízes seja punível com cinco anos de prisão ou até sete no caso de venda com fins lucrativos.

Esse paradoxo decorre de uma medida de longa data para impedir que agricultores sejam presos por inalar fumaça psicoativa ao cultivar cânhamo para fabricar cordas.

As recomendações do grupo de especialistas chegam em um momento em que os produtos que contêm canabidiol (CBD), a molécula não psicotrópica da cannabis, também estão ganhando popularidade no Japão.

O painel também pediu que a atual proibição geral das plantas de cannabis seja substituída pela proibição do THC, sua principal molécula psicoativa.

Isso garantiria que a indústria emergente do CBD não fosse restrita, disse um funcionário do Ministério da Saúde à AFP, observando que "o CBD é legal e é usado em suplementos alimentares e cosméticos".

Essas recomendações serão analisadas pelo governo e as alterações legislativas só poderão ser feitas após a apresentação de um projeto de lei e sua aprovação pelo Parlamento.

A farmacêutica brasileira GreenCare, controlada por um dos maiores fundos globais especializados em negócios de cannabis, o Greenfield Global Opportunities, começou esta semana a vender medicamento de cannabis medicinal no varejo por meio de delivery.

Com autorização sanitária obtida junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que permitiu a empresa ter localmente estoque desses itens, a companhia consegue encurtar de 30 dias para 48 horas o prazo de entrega do medicamento ao paciente. Antes de obter essa autorização, a importação era feita diretamente pelos pacientes e demorava cerca de um mês até ser finalizada.

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"Em 70% do território nacional, vamos conseguir retirar a receita azul (controlada) na casa do cliente em 24 horas após o pedido telefônico e retornamos com o produto no local depois de 24 horas", explica Fábio Furtado, sócio e diretor comercial da empresa.

Ele ressalta que se trata do primeiro delivery de medicamentos à base cannabis do Brasil, um modelo já usado em outros países. Com a estratégia do delivery, feita por meio de call center dedicado, a expectativa da companhia é ampliar em 40% a base de clientes no prazo de um ano, prevê Martim Prado Mattos, presidente da farmacêutica e controlador do fundo. Hoje a empresa atende 20 mil pacientes

Mudança

Quando a farmacêutica começou a desenhar o projeto de venda no varejo, chegou a cogitar a possibilidade de comercializar o produto no balcão da farmácia. No entanto, esse caminho está descartado no momento.

Mattos diz que pesaram para a mudança de estratégia alguns fatores, como o relacionamento que a empresa já mantém com os clientes, muitos deles idosos e com dificuldade de ir até às farmácias. Também com a pandemia, muitos médicos começaram atender remotamente pacientes de outros Estados. "Percebemos a necessidade do cliente receber o produto dentro de casa."

Outro ponto que influenciou a decisão foi que, com o delivery, é possível manter a fidelidade da clientela. "Hoje já temos milhares de pacientes que se relacionam com os nossos canais de vendas e não há por que, neste momento, expô-los junto à concorrência no balcão da farmácia", diz Mattos.

O primeiro produto que começou a ser vendido por meio de delivery é o extrato de cannabis. A companhia planeja disponibilizar duas outras formulações para o varejo em outubro e dezembro. A expectativa é de ter seis novos produtos à base de cannabis no ano que vem.

As entregas serão feitas por uma empresa terceirizada, especializada em logística hospitalar, e o frete será gratuito. No modelo atual, onde o cliente importa diretamente, há o custo de frete.

Nos últimos 10 anos, as pesquisas e o uso legal de cannabis medicinal aumentaram muito no Brasil. Segundo o neurocientista Sidarta Ribeiro, que é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o avanço acompanha a tendência mundial de regulamentação de medicamentos feitos à base da planta, popularmente conhecida como maconha.

“Isso acontece muito pela ação de familiares de pacientes, de pacientes organizados em associações, isso está crescendo muito. São dezenas de milhares de pessoas que fazem tratamento medicinal com cannabis, isso não existia há 10 anos atrás. Tem um monte de gente que tem autorização para importar, que consegue comprar na farmácia, embora seja caríssimo.”

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Ele participou do seminário internacional Cannabis amanhã: um olhar para o futuro, que ocorreu ontem (9) e hoje (10) no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal (Apepi).

Tradição e proibição

Para o professor, a proibição da cannabis no Brasil não cumpriu o que prometeu - diminuir o uso recreativo da substância e a violência envolvida no mercado ilegal da planta - e isso está sendo percebido pela população.

“As pessoas estão se conscientizando de que foram enganadas, de que muita injustiça foi cometida em nome dessa guerra contra a maconha e que, na verdade, se elas precisam, ou se algum familiar, algum amigo precisa dessa substância para lidar com situações de vida ou morte, elas são capazes de romper as amarras desse difamação que a maconha sofreu por muitas décadas.”

Também palestrante no evento, o líder indigenista e ambientalista Ailton Krenak lembra que a cannabis foi introduzida no Brasil pelos povos africanos e, depois incorporada aos rituais de alguns povos indígenas há 300 anos.

“A gente não pode naturalizar a ideia de que a cannabis integra o repertório de conhecimento dos povos originários daqui da América do Sul. Ela não é nativa daqui, ela veio para cá com os povos que vieram da África, né? Tem gente que acha que ela entrou pelo Caribe, pela América Central, tem outros historiadores que dizem que os povos que vieram do Benim, da África, levaram ela para o Maranhão e daí ela entrou na Amazônia.”

Krenak destaca a importância das plantas medicinais no saber tradicional dos povos originários, muitas cantadas em rituais tradicionais e outras integrantes de mitos fundadores desses povos.

“O uso medicinal e o uso ritualístico, ele foi integrado a outras práticas, assim como a jurema. A jurema é daqui, é nativa, os povos indígenas do Nordeste têm os rituais da jurema e assimilaram essa planta que veio da África como uma planta que é parente da jurema”.

Associação

A advogada Margarete Brito, fundadora e diretora da Apepi, explica que a associação foi criada em 2014 para ajudar familiares e pacientes que viram na cannabis medicinal uma grande melhora na qualidade de vida de pessoas com doenças rara e neurológicas, como epilepsia. A família dela foi a primeira a conseguir autorização judicial para plantar a maconha e extrair o óleo medicinal em casa e, depois disso, criou a Apepi para ajudar outros pacientes. Atualmente, a associação fornece o óleo para quase 4 mil pacientes.

Este é o terceiro evento que a associação promove em parceria com a Fiocruz, sendo o primeiro em 2018. De acordo com Brito, os palestrantes apresentaram muitos avanços nas pesquisas, esclarecimento médico e no uso da cannabis medicinal no país.

“Até por relato de participantes, médicos, pesquisadores que estão nessa edição, dizendo o quanto o debate avançou. As associações já estão conseguindo plantar e abrir espaço para pesquisa. Hoje, a Apepi tem parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e com a Unicamp, que faz a dosagem de todos os óleos. No último seminário, em 2019, isso nem existia.”

Ela destaca a importância de se amadurecer o debate em torno da maconha medicinal, até para baratear o acesso aos medicamentos, ainda muito caros. Para a advogada, o preço pode baixar com a aprovação do Projeto de Lei (PL) 399/15, que regulamenta o plantio de Cannabis sativa para fins medicinais e a comercialização de medicamentos que contenham extratos, substratos ou partes da planta. O PL foi aprovado na comissão especial da Câmara dos Deputados no mês passado, mas que teve o trâmite novamente interrompido.

“Ainda é muito caro. Além de melhorar o acesso, você gera riqueza para o país, né? Porque hoje existem inúmeras pessoas que ainda usam o produto que vem lá de fora, pagando em dólar. Como o Sidarta diz, é igual você importar mandioca para fazer farinha.”

Pesquisa

O médico sanitarista e assessor de relações institucionais da Fiocruz, Valcler Rangel, explica que a Fiocruz pretende implantar ações para induzir a pesquisa na área, com o objetivo de possibilitar o uso da cannabis medicinal como um recurso para a saúde pública.

"A gente está formulando uma proposta de indução de pesquisas e estudos amplos nessa área, estudos interdisciplinares, pegando no campo biológico, dos estudos clínicos e também das ciências sociais. A ideia é induzir estudos voltados para essa questão do uso medicinal da cannabis, com a constituição de plataformas de análise e a criação de um grupo de trabalho permanente com o pessoal das universidades e da sociedade civil, que trabalhe uma agenda combinada das instituições para esse enfrentamento das dificuldades do uso da cannabis”.

Um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostrou que canabinoides são eficazes no tratamento de doenças neurológicas.

Estudos indicam parkinson, glaucoma, depressão, autismo e epilepsia. Além disso, há evidências da eficácia dos canabinoides contra dores crônicas, em efeitos antitumorais e também contra enjoos causados pela quimioterapia, além da aplicação no tratamento da espasticidade causada pela esclerose múltipla.

Os canabinoides também demonstraram evidências de que são efetivos para o tratamento da fibromialgia, distúrbios do sono, aumento do apetite e diminuição da perda de peso em pacientes com HIV; melhora nos sintomas de síndrome de Tourette, ansiedade e para a melhora nos sintomas de transtornos pós-traumáticos.

Um legislador opositor apresentou no Parlamento, nesta sexta-feira (10), um projeto para que os turistas possam ter o acesso à maconha legalizado no Uruguai, quase uma década depois de o país se tornar o primeiro do mundo a descriminalizar seu uso recreativo.

"Muitos turistas querem conseguir cannabis quando vêm ao Uruguai. Nós, que vivemos em um local turístico, sabemos", disse à AFP Eduardo Antonini, principal autor do projeto e deputado pelo departamento de Maldonado, ao qual pertencem balneários como Punta del Este.

"Um dono de uma farmácia que vende cannabis na cidade de Maldonado nos contou que os cruzeiros chegavam e muitos turistas pegavam um táxi ali mesmo no porto para chegar a sua farmácia e comprar a famosa maconha legalizada", exemplificou Antonini.

Ao chegar na loja, eram recebidos com a surpresa de que não podiam comprá-la.

Aprovada em 2013, a legislação uruguaia implementou três mecanismos para adquirir maconha: o cultivo próprio, os clubes de cannabis e a compra em farmácias, todos sob regulamentação estatal e restritos a quem reside no país.

A ideia agora é que os visitantes possam usar alguma dessas vias para comprar cannabis durante sua estadia.

O Projeto de Lei sobre Turismo Canábico propõe que "os empreendimentos turísticos credenciados (...) possam se associar aos clubes (...) ou tê-los dentro de suas instalações", segundo o documento.

Negócios como hotéis ou "grow shops", as lojas temáticas de cannabis, poderão oferecer aos turistas uma assinatura temporária em um clube de cannabis ou se registrar para comprar maconha em farmácias, conforme é exigido para os usuários locais, explica Antonini.

A reforma aprofundaria a premissa original de ganhar terreno do narcotráfico. "Cada pedaço que se tire do mercado clandestino é importante", acrescenta o deputado do partido de esquerda Frente Amplio.

Mas o fator econômico é determinante. Antonini vê na abertura do mercado de cannabis ao turismo uma “renda significativa” encorajadora o suficiente para dar luz verde à proposta.

A fórmula é simples: se o turismo cresce, aumentam os gastos, aumentam os postos de trabalho e aumentam os investimentos.

Modelos como a California ilustram bem o potencial desse modelo de negócios, defende o legislador. Nesse estado americano, os circuitos que oferecem visitas às fazendas de cultivos atraíram cinco milhões de turistas em 2019 e geraram dezenas de milhares de vagas de emprego, além de milhões de dólares em imposto para o estado.

O novo projeto de lei é o resultado de um ano de consultas com membros do governo e instituições estatais, além de clubes e "grow shops".

Após sua discussão na comissão de Turismo, da qual Antonini é vice-presidente, a proposta deve ser debatida nas duas câmaras. O processo pode levar meses, mas Antonini se diz optimista.

Mesmo sendo uma planta de uso milenar, a Cannabis, mais conhecida como maconha, está enredada na sua dupla condição de droga psicoativa e planta com propriedades medicinais, sendo esta última representando a qualidade de vida de milhões de pessoas ao redor do mundo que fazem o uso da erva.

Antes proibicionista, Edcleide Marinho, 38 anos, viu suas concepções mudarem quando descobriu as condições de saúde do seu filho Erik Marinho, de 9 anos, que tem crises convulsivas não controladas. Antes de conhecer e fazer o uso medicinal da maconha em Erik, a mãe lembra que o seu pequeno tinha entre 50 a 100 crises convulsivas por dia.

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Para o controle das crises, a criança fazia uso de diversos remédios na tentativa de controlar a sua doença.

"Erik deu início ao tratamento com os alopáticos, que não deram resultado. Deixavam ele sonolento e não proporcionavam a qualidade de vida que ele tem hoje", revela a mãe. Foram dois anos nesse sofrimento. No entanto, há cinco anos essa realidade mudou. 

"Hoje meu filho faz terapia, estuda, coisas que antigamente ele não fazia por conta das crises", lembra. "Depois do óleo ele melhorou 100% porque antes, mesmo fazendo uso dos alopáticos, ele sempre tinha crises, até no sono. Com um mês de uso da medicação ele passou de 100 para 10 convulsões. Depois isso foi diminuindo e Erik chegou a passar de dois a três meses sem ter essas crises. Ele ainda tem, mas não como era antes", assegura Edcleide.

A pernambucana reforça a luta pela legalização do uso medicinal da maconha junto com outras mulheres do estado. Conheça:

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Quem não consegue autorização para o cultivo e desenvolvimento artesanal da Cannabis, esbarra no alto preço do produto, que é importado, e pode chegar a quase R$ 3 mil reais. 

A regulamentação poderia reduzir o valor dos medicamentos e ampliar o acesso de pacientes ao tratamento. Em Pernambuco, o deputado estadual João Paulo (PCdoB), é autor do Projeto de Lei 3098/2022 que busca autorizar associações de pacientes a cultivar e processar a Cannabis sativa no estado.

O texto assegura o direito de qualquer pessoa ao tratamento com produtos à base de Cannabis. Entretanto, isso dependerá de prescrição de profissional habilitado, das regulamentações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de outros requisitos previstos em lei. Também prevê o uso veterinário, desde que autorizado pelo órgão responsável, além de convênios e parcerias para a realização de pesquisas.

De acordo com o deputado, a iniciativa busca atender ao clamor de pessoas que precisam dos derivados da planta, mas têm dificuldades de adquiri-los, tendo que recorrer até a meios ilegais. Ele acredita que o PL, se aprovado, vai baratear os custos dos remédios à base de tetrahidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD), que poderão ser produzidos em Pernambuco. Para o comunista, os preconceitos contra a erva continuam de pé, "especialmente em países como o Brasil, mesmo que tenha havido algum avanço em relação ao uso medicinal”.

No dia 28 de março deste ano, a proposta avançou na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). 

“É lógico que a Comissão de Justiça da Casa discutirá a constitucionalidade, as demais comissões discutirão o mérito, e acredito que não vamos ter dificuldade nenhuma. O importante é que Pernambuco faça esse gesto para a grande maioria dos pernambucanos, em especial os mais carentes, que não têm condições de pagar os altos valores cobrados pelos laboratórios autorizados a fabricar as medicações”, disse João Paulo.

João Pedro e sua mãe, Elaine Cristina. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Aprovação nacional

No ano passado, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 399/2015, que propõe alterar o artigo 2º da Lei de Drogas, justamente para viabilizar o plantio, fabricação e comercialização de medicamentos que contenham o extrato, substratos ou partes da planta em sua formulação.

A proposta foi aprovada em regime de apreciação conclusiva e deveria seguir direto para ser discutida e votada no Senado. No entanto, um grupo de parlamentares recorreu e agora o PL deve ser votado no plenário da Câmara dos Deputados. 

O substitutivo aprovado legaliza o cultivo da Cannabis, mas impõe restrições. O plantio poderá ser feito apenas por pessoas jurídicas (empresas, associações de pacientes ou organizações não governamentais). Não há previsão para o cultivo individual. Seguirão proibidos cigarros, chás e outros itens derivados da planta.

Um estudo realizado no Laboratório de Neuroproteômica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) sugere que os canabinóides podem auxiliar no tratamento de doenças como Alzheimer, esclerose múltipla, depressão e esquizofrenia. Os resultados foram publicados na revista “European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences” na sexta (27) e indicam que essas substâncias podem estimular ou bloquear processos importantes para o funcionamento dos neurônios e de outras partes do sistema nervoso. Isso demonstra um potencial terapêutico dos compostos analisados para abordar quadros neurológicos e psiquiátricos.

O termo canabinóide se refere a diversos componentes que podem ser produzidos no organismo, obtidos sinteticamente ou de plantas do gênero Cannabis. A pesquisa observou o efeito de grupos distintos dessas substâncias em células do sistema nervoso central que participam do suporte aos neurônios, os oligodendrócitos. “Os oligodendrócitos são responsáveis pela formação da bainha de mielina, que serve como um isolante para a transmissão das correntes elétricas nos neurônios”, explica Valéria de Almeida, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo. “A mielina também é importante para fornecer energia para o neurônio e mantê-lo saudável. Quando há defeitos nos oligodendrócitos, vários problemas podem ocorrer no funcionamento dos neurônios e consequentemente do cérebro”, complementa.

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Almeida conta que a ideia do estudo era verificar como esses canabinóides afetam as proteínas dos oligodendrócitos, que funcionam como guias para ativar ou desativar funções importantes no ciclo de vida dessas células. Para isso, os pesquisadores dividiram as células em grupos e expuseram cada amostra a um tipo diferente de canabinóide. O segundo passo foi analisar individualmente cada um dos grupos e comparar os resultados com células que não foram tratadas.

As diferenças no tipo e na quantidade de proteínas produzidas revelam que o tratamento com canabinóides pode alterar mecanismos fundamentais para a produção de energia celular, a formação de novas células, a migração desses componentes para outros locais do cérebro e até mesmo a morte dos mesmos.

O artigo destaca que essas descobertas abrem uma janela de possibilidades para abordar as doenças neurológicas e psiquiátricas. “Modificar a proliferação celular, o ciclo celular e a morte celular pode ser essencial para conferir neuroproteção; modular as vias de migração e diferenciação celular pode influenciar o desenvolvimento de um perfil mais saudável nas células neuronais. Além disso, mudanças no metabolismo energético podem ser investigadas pelo seu potencial de melhorar desregulações vistas em muitas desordens neurodesenvolvimentais e neurológicas”, diz o estudo publicado em inglês.

Valéria de Almeida salienta que, embora ainda seja necessário explorar esses resultados em outros modelos para desenvolver a aplicabilidade terapêutica dos canabinóides, esses dados são um avanço importante para a compreensão de mecanismos alternativos para o tratamento de doenças que afetam o sistema nervoso. “Nossos resultados poderão ser utilizados por outros pesquisadores como direcionamento para procura de novos tratamentos para doenças que apresentam problemas na função de oligodendrócitos ou na mielina”, explica a pesquisadora.

Fonte: Agência Bori

Em resposta à indicação de voto de repúdio recebido na Câmara do Recife nesta segunda-feira (25), pelo vereador Fred Ferreira (PSC), o vereador Ivan Moraes (PSOL) ressaltou defender a legalização da maconha. O pedido de Fred, rejeitado na Casa de José Mariano, foi por conta do outdoor instalado na capital em que Ivan defende a legalização da maconha para fins medicinais. 

“Este é um parlamentar que defende a legalização de uma planta para que milhares de pessoas tenham remédio, trabalho e renda. Para que as pessoas deixem de ir presas. Sou eu que defendo a maconha, sou eu que defendo as famílias que precisam de remédio, sou eu que defendo as famílias que estão com filhos e filhas ameaçados e muitos deles encarceirados”, salientou. 

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Ivan afirmou que “entre cuidar, matar ou prender, eu vou sempre preferir defender que nós cuidemos das pessoas”. Ele também ressaltou: “Não vou dar cartaz a detratores, mas sempre que esse assunto vier à pauta, eu terei todo o prazer de debater. Todas as vezes que eu tiver oportunidade, seja nesse microfone ou nas ruas do Recife, eu vou dizer: legaliza! Trabalho, renda e remédio para todo mundo que precisa”, avisou. 

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A tramitação do projeto de lei que permite o plantio e o processamento da cannabis sativa para fins medicinais, veterinários, científicos e industriais, nos casos autorizados pela Anvisa e pela legislação federal avançou em tramitação na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). 

Em audiência pública realizada na última segunda-feira (28), a proposta de autoria do deputado estadual João Paulo (PT) esteve no centro da discussão que reuniu familiares de pacientes que dependem das substâncias, médicos e defensores públicos. Em comum, todos defenderam o acesso ao medicamento de forma segura e barata. 

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O PL 3098/22 já foi distribuído para análise na Alepe e tem como relator o deputado estadual Isaltino Nascimento (PSB). Para o autor da matéria, deputado João Paulo, a Assembleia tem recebido bem o projeto.  

“É lógico que a Comissão de Justiça da Casa discutirá a constitucionalidade, as demais comissões discutirão o mérito, e acredito que não vamos ter dificuldade nenhuma. O importante é que Pernambuco faça esse gesto para a grande maioria dos pernambucanos, em especial os mais carentes, que não têm condições de pagar os altos valores cobrados pelos laboratórios autorizados a fabricar as medicações”, disse. 

Durante a audiência pública, o professor de medicina e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Rodrigo Cariri, ressaltou que não há mais dúvida na comunidade científica sobre os benefícios da cannabis e que o acesso aos medicamentos “é prejudicado pela proibição do cultivo”.  

 “Hoje temos 15 medicamentos aprovados e disponíveis para aquisição em farmácias do Brasil, alguns produzidos no território nacional. Mas, pasmem: a gente precisa importar. É como se a gente importasse macaxeira para fazer a farinha de tapioca”, disse. 

O defensor público federal André Carneiro Leão informou que a Lei Federal 11.343, que instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, já permite que a União autorize o plantio, a cultura e a colheita da cannabis para fins terapêuticos e científicos. “Paraíba e Rio Grande do Norte já fazem isso. Pernambuco não pode ficar para trás”, argumentou. 

Presidente da Aliança Medicinal, uma organização que luta para conseguir o direito de cultivo da Cannabis e hoje presta assistência a cerca de 50 famílias, Hélida Lacerda também é mãe de um menino que depende do uso de medicamentos derivados da planta.  

“Meu filho chegou a ter 80 crises de convulsão em um dia e desenvolveu ataxia (incapacidade de manter coordenação dos movimentos devido a danos neurológicos). Usou diversas medicações alopáticas sem resultados. Depois que começou a tomar canabidiol (óleo extraído da Cannabis), ele recuperou a musculatura, os movimentos e está tentando falar”, relatou. 

Presidente da Comissão da Justiça da Alepe o deputado Waldemar Borges (PSB) defendeu o projeto, tendo em vista “os efeitos positivos dos medicamentos”. “Não há sentido proibir o cultivo da Cannabis medicinal. Muitas pessoas dependem dela”, opinou. A audiência pública contou ainda com a participação dos deputados Cleiton Collins (PP), Diogo Moraes (PSB), da codeputada Carol Vergolino (Juntas) e de vereadores do Recife.

*Da Alepe

A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) vai promover no próximo dia 28, às 14h30, uma audiência pública para discutir o uso da cannabis sativa em Pernambuco para fins medicinais, veterinários, científicos e industriais nos casos autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela legislação federal. 

O assunto é tema de um Projeto de Lei, o 3098/2022, de autoria do deputado João Paulo (PCdoB). A audiência pública contará com ampla participação da sociedade e será realizada na Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCJ) da Alepe.  

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O autor do projeto explicou a proposta, durante pronunciamento na sessão plenária da terça-feira (8), e pediu apoio dos deputados na apreciação da matéria, reforçando a necessidade de o texto ser analisado “sem qualquer preconceito”. De acordo com ele, a iniciativa tem como objetivo baratear o preço dos medicamentos, ampliar o acesso ao tratamento e incentivar a pesquisa. A proposição visa ainda tratar e amenizar os sintomas de diversas patologias.

“Os pacientes que necessitam hoje dos derivados da planta para várias doenças enfrentam a barreira do alto preço do produto, que é importado, e diante da dificuldade, terminam sem acesso ao tratamento. A regulamentação reduziria bastante o valor dos medicamentos decorrentes da cannabis e ampliaria o acesso de pacientes aos medicamentos. A não produção dos medicamentos tem trazido muito sofrimento para os pacientes que precisam dos fármacos que contém canabidiol (CBD) e/ou tetrahidrocanabinol (THC). Daí a importância da sua aprovação”, reforçou João Paulo. 

Em defesa do projeto, os deputados Waldemar Borges (PSB) e Tereza Leitão (PT) acreditam que a audiência pública ajudará na conscientização da população sobre a eficácia do uso desses medicamentos para as diversas patologias. A petista citou como exemplo uma pessoa de sua família que já faz uso de medicamentos feitos com a cannabis. “O tratamento tem mostrado melhoras extraordinárias”, disse. 

O presidente da CCJ, deputado Waldemar Borges, acrescentou que, diante dos resultados da ciência quanto à comprovação do medicamento, o uso medicinal da cannabis “deve ser levado ao conhecimento público já que se trata de uma questão de saúde”. “Nada mais democrático do que uma audiência onde a comunidade possa participar e conhecer melhor os benefícios terapêuticos do medicamento. Essa discussão é fundamental, pois são muitos os relatos de pessoas com patologias que o medicamento pode beneficiar”, afirmou. 

O projeto de autoria do deputado João Paulo não prevê o cultivo individual nem uso recreativo. “O plantio pode ser feito apenas por associações, com CNPJ, que devem cumprir uma série de exigências de equipamentos e profissionais. As entidades ainda se submetem à fiscalização da Anvisa para garantir uma fabricação segura e com qualidade”, enfatizou. O projeto também prevê o desenvolvimento de pesquisas que poderão ser feitas por meio de convênios e parcerias com instituições de ensino.

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