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O Podcast TrianON recebe, nesta semana, o músico Cannibal, vocalista e baixista da Devotos. Ele falou sobre o novo disco, uma coletânea de músicas da banda com arranjos de reaggae. O álbum Devotos Punk Reggae já está nas plataformas digitais e, em breve, será lançado em vinil.

Cannibal também falou do show que a Devotos fará, em setembro, no Rock in Rio, festival em que se apresentará pela primeira vez. A conversa ainda rendeu debates sobre a nova música que está sendo produzida no Recife e o atual cenário político do país. Confira: 

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Uma homenagem do Governo do Estado de Pernambuco ao falecido músico Chico Science acabou gerando desconforto e motivando críticas nas redes sociais. Nesta quarta (30), a solenidade que marcou a troca do nome do Teatro Guararapes, que agora passa a levar o nome do criador do manguebeat, causou desconforto para os membros da banda Nação Zumbi, da qual Science também foi fundador. O perfil oficial da Nação se manifestou através das redes sociais e deixou expressa sua insatisfação com o ocorrido.

A troca de nomes da sala de espetáculos marca, além das quatro décadas de sua existência, os 25 anos da morte de Chico Science. O artista faleceu nas proximidades do teatro, em fevereiro de 1997, e seu corpo foi velado no pátio do local, no dia seguinte. Estima-se que 10 mil pessoas compareceram à cerimônia para despedir-se do músico e o Governo do Estado decretou luto de três dias à época. 

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A homenagem, no entanto, gerou desconforto e motivou críticas por parte de membros da Nação Zumbi, banda criada por Science na década de 1990. Pelo Twitter, o perfil oficial do grupo reclamou sobre a  ausência de integrantes da Nação durante a solenidade desta quarta (30). “Troca de nome do teatro guararapes para Chico Science  sem a presença de ninguém da banda e sem a presença de Tainá( filha de Chico ), não dá né ?! Sem legitimidade. Pra nós continuará sendo Teatro Guararapes”. 

Reprodução/Twitter

Na cerimônia de troca de nomes do teatro, estiveram presentes o Secretário de Turismo e Lazer de Pernambuco, Rodrigo Novaes, o presidente da Empetur, Antônio Neves Baptista; o irmão de Chico Science, Jefferson França, e alguns músicos e agitadores culturais pernambucanos como Cannibal, Roger de Renor, Paulo André e Gilmar Bolla 8, um dos fundadores e ex-integrante da Nação Zumbi, que acabou deixando a banda após um racha no ano de 2015. Na solenidade, Bolla 8 tocou uma alfaia em memória de Science. 

Segue até a próxima sexta (6), a campanha Aqueça o Jardim de Alguém, promovida pelo festival Jardim Sonante. A ação vem arrecadando agasalhos, cobertores, lençóis e roupas de frio para serem doadas à população em situação de rua, neste período de chuvas e menores temperaturas no estado de Pernambuco. Interessados em colaborar com a iniciativa podem dirigir-se a algum dos cinco pontos de coleta espalhados pela Região Metropolitana do Recife (RMR).

Promovido desde 2016 pelos músicos Cannibal, das bandas Devotos e Café Preto; Fabrício Nunes, da Plugins; junto à fotógrafa e produtora Aline Sales; o Jardim Sonante é um festival de música com foco em artistas independentes em início de carreira. Além de abrir espaço para os grupos autorais, o projeto também tem como um de seus pilares o trabalho social e, a cada edição, promove a arrecadação de alimentos não perecíveis que são destinados à instituições carentes da RMR. 

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Agora, a iniciativa pretende amenizar o frio da população mais vulnerável, que vive em situação de rua, através da arrecadação de roupas, lençóis e cobertores. Cinco pontos de coleta foram disponibilizados para que os interessados em colaborar com a campanha possam fazer suas doações. A Aqueça o Jardim de Alguém recebe os donativos até a próxima sexta (6). Confira onde doar. 

CENTRO SOCIAL DOM JOÃO COSTA

Rua Acaiaca, N 70, Alto José do Pinho, Recife

Horário de funcionamento:

Segunda a sexta 08h às 22h e sábado 08h às 17h 

ESTÚDIO RAÍZES

Rua Manduzinho - 131 - Sancho - Recife

Horário de funcionamento:

Segunda à Sexta de 8h às 22h

LOJA MARROCK

Av. Conde da Boa Vista, n 50, Recife.

Edifício Pessoa de Melo

Horário de funcionamento: Segunda a sexta de 9h às 18h

SESC - CASA AMARELA

Av. Norte Miguel Arraes de Alencar, 4490 - Mangabeira

Horário de funcionamento: Segunda a sexta 8h às 17h

GRAÇA ÓTICA

Rua Maria Adélia Collier, n 639 Camaragibe

Horário de funcionamento:  Aos sábados 9h às 14h

 

 

 

Idealizado pelos músicos Cannibal (Devotos) e Fabrício Nunes (Plugins), o Jardim Sonante vem, desde 2016, promovendo espaço para bandas e artistas autorais da cena musical pernambucana, além de  servir como instrumento para arrecadação de doações de alimentos para entidades beneficentes. Em 2021, o festival migrou para a internet, em virtude da pandemia do novo coronavírus, porém, sem abandonar os  principais pilares com os quais trabalha desde o início de sua história: música e solidariedade. A versão virtual do evento segue até o próximo domingo (28), exibindo apresentações de artistas independentes locais e arrecadando doações para cinco instituições carentes da Região Metropolitana do Recife.

Além de ter sido palco para diversos artistas e bandas pernambucanas, desde 2016, o Jardim Sonante vem promovendo uma corrente de solidariedade desde então. Instituições como Associação Casa do Amor, ONG Mulher Maravilha, Centro Social Dom João Costa e  LarBem Lar Batista Elizabeth Mein, entre outras, já foram beneficiadas com as ações do evento, nesses últimos cinco anos. Agora, em sua versão virtual, o festival vai destinar as doações recebidas pelo QR Code disponível nas exibições para as entidades Cores do amanhã (Totó), Instituto Luiz Sérgio (Camargaibe), Centro Social Dom João Costa (Alto José do Pinho), Ocupação Icauã/ MUST (Caxangá) e Coletivo Nativa  (Pernambuco). O objetivo é ajudar pessoas que estejam em situação de vulnerabilidade por conta da crise sanitária. 

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A edição virtual do Jardim Sonante LAB 2021 abriu sua programação na última quarta (24) e já exibiu cerca de  12 atrações, além de debates sobre o meio cultural, comandados pela fotógrafa Aline Sales. Já passaram pelo palco do evento nomes como Albino Baru, Zaca de Chagas, Mayara Pera, Dani Carmesim e Diablo Angel, entre outros artistas locais. Até o próximo domingo (28), o público ainda poderá conferir os shows de Triinca, Afonjah, Odiosa HC e Ostrajam, entre outros. As doações também poderão ser feitas até o último dia do festival, através do QR Code. Interessado em doar nas próprias instituições podem procurá-las diretamente. 

Serviço

Jardim Sonante Lab 2021

Até domingo (20) - sempre às 20h

YouTube





 

O selo ACRE celebra o Dia da Consciência Negra, nesta sexta (20), com o lançamento de sua nova coleção, Árido Surf, cap.2, a Festa. Para lançar a linha, será realizado um desfile digital, nas redes sociais da marca, à 14h. As imagens foram captadas em bairros periféricos do Recife, como Alto José do Pinho e Beberibe, que serviram como passarela para os modelos. 

O desfile conta, ainda, com participações especiais. O músico Cannibal, das bandas Devotos e Café Preto; a mestra cirandeira e Doutora Honoris Causa, Lia de Itamaracá; e o cantor Afroito também passam pela passarela. Os demais modelos são pessoas comuns que se inscreveram através de uma chamada aberta e sem seleção, pelas redes sociais, para participar do evento.

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Assinada pelo artista visual e estilista Cássio Bomfim, a coleção retoma as inspirações do primeiro capítulo da série Árido Surf, lançado em 2019. Entre elas estão os conceitos de Aquilombamento e Quilombo, abordados por pensadores negros como Abdias Nascimento e Beatriz Nascimento. 

Os interessados nas peças desfiladas poderão encontrá-las à venda no Restaurante Altar Cozinha Ancestral, da chef pernambucana Carmem Virgínia. O estabelecimento fica localizado no bairro de Santo Amaro e as peças estarão disponíveis até o próximo domingo (22). 

Serviço

Desfile Árido Suf, cap. 2, a Festa

Transmissão online pelas redes da ACRE: FACEBOOK e INSTAGRAM

Vendas no Restaurante Altar Cozinha Ancestral, até domingo (22)

Rua Frei Cassimiro, 449, das 12h às 18h.

Nesta sexta-feira (29), os fãs de punk rock têm um encontro marcado aqui no LeiaJá. O portal fará uma live com o músico Cannibal, líder da banda Devotos, um dos grupos mais antigos de Pernambuco. Na conversa, além de música, vamos falar sobre os efeitos da pandemia do novo coronavírus na produção cultural do eatado e sobre o futuro do rock pernambucano. A conversa a partir da 20h30, no perfil de Instagram do portal.

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Estreia nesta sexta (28), na TV Pernambuco, o programa Joinha Lab. Apresentado pelo músico pernambucano China, a atração vai mostrar o processo criativo musical de diversos nomes importantes da cena local. Estreando a temporada, participam a cantora Karina Buhr e o músico Cannibal. 

O Joinha Lab é uma série de documentários que se propõe a revelar o cenário artístico e musical de Pernambuco através de quem faz a música. O registro passa pelo processo criativo do surgimento de uma canção até a sua gravação. No episódio de estreia, Karina Buhr e Cannibal falam sobre a música Cerca de Prédios, gravada no segundo disco da cantora.

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O programa também tem braços nas redes sociais. No Instagram, o público pode acompanhar partes do processo da gravação de cada episódio. Já no site oficial do Joinha Lab, é possível encontrar os episódios, músicas e galeria de fotos.

 

A banda pernambucana Café Preto se prepara para um momento importante em sua carreira. O grupo, liderado por Cannibal Santos - vocalista e baixista da Devotos -, faz o lançamento do seu segundo disco, Oferenda, no palco do Teatro de Santa Isabel, na próxima sexta (25), dentro da programação do Janeiro de Grandes Espetáculos (JGE). Na ocasião, Cannibal também recebe os fãs para uma noite de autógrafos do livro ‘Música para o povo que não ouve’, lançado em 2018.

Pisar no palco do Santa Isabel não é novidade para Cannibal, porém, esta será a primeira vez que o músico apresenta ali um projeto seu. Para ele, artista periférico, esse não será apenas mais um show, mas sim uma oportunidade de, além de alcançar novos públicos, fazer o que tem feito de melhor durante sua trajetória, representar os seus.

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“Tocar num teatro daquele, é pra mim uma satisfação muito forte e grande; é o reconhecimento do nosso trabalho. Eu digo isso como se estivesse mesmo representando minha comunidade, representando não só o Alto (José do Pinho),  mas todos os artistas de comunidade, independente de seu estilo de música”, disse em entrevista exclusiva ao LeiaJá.

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Na lida há pouco mais de 30 anos, juntando o trabalho da Devotos com a Café Preto, o baixista e vocalista entende o que é defender uma arte que enfrenta barreiras grandes para escoar: “A gente sabe a dificuldade que é para as pessoas valorizarem a música da periferia, da comunidade, da Zona da Mata. As pessoas bebem muito da fonte, mas valorizar é muito difícil. É uma resistência, queira ou não; quem faz cultura, música, é uma resistência muito forte, principalmente quando faz música autoral”.

Para o show da próxima sexta (25), a Café Preto promete um verdadeiro espetáculo. A noite conta com convidados especiais, como o Maestro Spok, Flaira Ferro, o poeta Miró, Lucas dos Prazeres e o rapper Zé Brown. Todos (com exceção de Flaira), participam de Oferenda, que já está disponível nas plataformas de streaming e em fevereiro chega na versão vinil. O show também vai virar um DVD, realizado com apoio da TV Viva, Aeso e outros “amigos”. “É uma mistura de amigos que estão afim de apoiar, ajudar para que o negócio saia e fique bem bonitão, e é o que vai ficar”. Bem no estilo da ‘comunidade’, onde geralmente, todos se dão as mãos.

Sessão de autógrafos

Cannibal vai aproveitar a noite de celebração para fazer uma sessão de autógrafos do livro Música para o povo que não ouve, lançado em setembro de 2018. A publicação traz a transcrição das músicas da banda Devotos, primeiro projeto do músico, com comentários e fotos.

Serviço

Café Preto lança ‘Oferenda’

Sexta (25) | 19h

Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n - Santo Antônio)

R$ 40

 

O próximo domingo (30) marca a última edição do ano do projeto Jardim Sonante. Realizado na Torre Malakoff, o evento tem como objetivo abrir espaço para bandas e artistas autorais da cena independente. Os shows começam às 15h.

Produzido por Cannibal, das bandas Devotos e Café Preto; e Fabrício Nunes, da Plugins, o Jardim Sonante foi palco, durante todo o ano de 2018, para artistas iniciantes, com trabalho autoral, e que fazem parte do circuito independente da música pernambucana. Para a última edição, no próximo domingo (30), foram escalados Albino baru, Thamyres Leite, Colt Brothers e Scream. Quem abre a festa é o Sound System, comandado pelo DJ leon Selector.

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Bandas interessadas em se apresentar no Jardim Sonante podem encaminhar seu material, com release, duas fotos e duas músicas, para o e-mail jardimsonante1@gmail.com.

Serviço

Jardim Sonante

Domingo (30) | 15h

Torre Malakoff (Praça do Arsenal, s/n - Bairro do Recife)

Levar 1 kg de alimento não perecível

O cantor Romero Ferro realizará no próximo sábado (29), a partir das 15h, na frente do Paço do Frevo, no Bairro do Recife, um show em comemoração aos dois anos do projeto Frevália. 

Divulgando a canção "Acabar A Brincadeira", lançada no final de novembro, o pernambucano convidou Michelle Mello e Cannibal, entre outras atrações, para dividir os vocais no espetáculo.

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Além das músicas que fazem parte do disco "Arsênico", primeiro álbum de Romero, o repertório de Frevália é recheado de releituras da música pernambucana, como "Frevo de Saudade" e também de sucessos já conhecidos do público, a exemplo de "Banho de Cheiro". A entrada para o show de Romero Ferro é gratuita.

Será no próximo sábado (1º), o lançamento do primeiro livro do músico Cannibal Santos. Música para o povo que não ouve será lançado na comunidade em que foi formada a banda Devotos, da qual Cannibal é vocalista, o Alto José do Pinho, e contará com uma apresentação do grupo.

O livro foi motivado por uma provocação de amigos e fãs, que diziam não entender o que Cannibal cantava nas músicas: "As pessoas chegavam pra mim e diziam: 'Meu irmão, teu som é massa, mas eu não entendo nada do que tu diz'. Aí eu fiquei com isso na cabeça", disse em entrevista ao LeiaJá. A publicação traz uma compilação de todas as letras da banda Devotos, inclusive de algumas inéditas. 

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Serviço

Lançamento do livro Música para o povo que não ouve

Sábado (1º)  | 16h 

Rua Severino Pereira, 228 - Alto José do Pinho

Gratuito

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“Nada irá calar a nossa voz”; assim cantam grandes nomes do mainstream musical brasileiro em uma canção, recém-lançada, que narra alguns problemas sociais e desejos de prosperidade do povo brasileiro. Entretanto, em um dos momentos mais conturbados da história do Brasil, no que muitos já chamam de a maior crise política da nossa história, algumas das vozes que se ouvem nesta música, como Sandy, Thiaguinho, Maria Gadú, Michel Teló e Ivete Sangalo não costumam cantar as mazelas sociais e distúrbios do cotidiano do país. 

Tendo sido a música um forte instrumento de protesto em outros cenários, como nos anos 1980 e 1990, e até mesmo durante a ditadura militar (nos idos de 1960 e 1970), o que terá enfraquecido as ondas sonoras que clamam por dias melhores, justiça social e descortinam o que de pior acontece na sociedade? 

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Muitas lembranças do tempo em que as rádios e TVs disseminavam esse tipo de conteúdo tem Fred Zero Quatro, vocalista da banda Mundo Livre S.A, uma das precursoras do movimento Manguebeat. Em entrevista ao LeiaJá, o músico relembrou o que costumava ouvir naqueles anos: "Eu cresci ouvindo muito rádio e programas de televisão, musicais. Principalmente na década de 1970, foi quando comecei a ouvir mais música brasileira nas FMs. Me lembro de Chico Buarque, Milton Nascimento, Caetano, esse pessoal vivia nas primeiras colocações das paradas de sucesso. E olha que era um tempo que ainda existia censura, ditadura, um governo de generais". 

Fred também menciona as décadas seguintes, de 1980 e 1990, quando se podia ouvir Titãs, Paralamas do Sucesso, o próprio Mundo Livre S.A. e o Planet Hemp, por exemplo, com músicas questionadoras e engajadas. "Agora, o que acontece é que hoje você tem - principalmente depois do golpe de 2016 -, um governo totalmente blindado pela mídia; deliberadamente quer promover uma alienação. Não interessa para uma mídia que manipula milhões de paneleiros para ir bater panela contra o PT, mas não faz nada contra Cunha e Temer, divulgar sons e músicas com mensagens de cunho social. Interessa manter todo mundo no 'aê e ô', 'safada isso', 'baixa cá, baixa de lá'". 

Sobre a atuação da grande mídia, no que diz respeito aos conteúdos oferecidos ao público, Zero Quatro é enfático: "Quando eu falo que existe uma mentalidade política da grande mídia, eu não estou especulando, ou supondo, eu vivi isso na pele". Ele conta que em 2001, sua banda, a Mundo Livre, teve um contrato com a gravadora Deck (antiga Abril) cancelado por conta do engajamento da banda com temas sociais: "Eu tive uma reunião com a diretoria artística da gravadora que falou claramente: uma das questões pelas quais eles não queriam renovar era política.

Desde que o PT assumiu o poder, e que houve sucessivas derrotas da grande mídia para essa narrativa popular de democratização, que a censura passou a ser outra, deixou de ser uma censura prévia, de um regime autoritário, para uma censura branda, sutil, do pensamento único. Depois, com as redes sociais, é uma censura de perseguição mesmo, de tribunal do Facebook”.

 ‘Tipos’ de protesto

É também lembrando de uma música lançada em 2016, com grandes artistas populares cantando sobre a operação Lava Jato, que o produtor Paulo André afirma: "Esse mainstream nem tem legitimidade para falar, salvo um ou outro, mas ninguém quer um envolvimento". Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, Paulo, criador do icônico festival Abril pro rock, indicou pontos que, segundo ele, levam a indústria musical a uma certa apatia: "Você vê, também, uma nova geração equivocada, que deleta Chico Buarque da vida. E uma vez que eles deletam alguma música, é para sempre. Eles não querem mais saber", diz, embasado na experiência de ser pai de filhos adolescentes. 

Entretanto, o produtor vê com otimismo uma nova safra de artistas e grupos que vêm surgindo na atualidade. "Eu acho que tem um tipo de música que pode ser caracterizada como música de protesto, que é essa geração de cantores e cantoras, e outros gêneros, que são homossexualmente assumidos". Paulo cita nomes como Johnny Hooker, Liniker, Linn da Quebrada e As Bahias e a Cozinha Mineira. 

Para o produtor, artistas que assumem sua sexualidade e levam a temática para sua arte estão batendo de frente com uma sociedade que "ainda é muito conservadora". Ele dá como exemplo a repercussão causada pelo protesto feito pelo cantor Johnny Hooker no Festival de Inverno de Garanhuns de 2018, em virtude da proibição da peça O evangelho segundo Jesus Rainha do Céu. "É uma geração que tem uma outra percepção das coisas".  

Colaborando para o otimismo do produtor, está ainda a música produzida nas periferias do país, que, apesar de, em sua maioria, ficar quase que restrita às suas comunidades, encontra na internet um caminho para ser escoada. "Essa possibilidade de postar música empoderou muito as músicas das periferias do Brasil, isso não deixa de ser música de protesto também, porque é uma forma de passar por cima de todo mundo, sem precisar de gravadora, produtor, de ninguém". 

Faça você mesmo

É da periferia, que surge outra voz otimista em relação ao engajamento dos novos músicos do país. Cannibal Santos, vocalista e baixista da banda Devotos, originada na comunidade do Alto José do Pinho, Zona Norte do Recife, garante não sentir falta da dita música de protesto: "O que tá rolando hoje na mídia são músicas que não têm muita preocupação com isso, mas as pessoas que eu conheço, dos grupos alternativos que sempre existiram, continuam fazendo o mesmo tipo de música", disse ao LeiaJá. Ele cita nomes como Cordel do Fogo Encantado, Mundo Livre S.A. e a própria Devotos, com trabalhos recém lançados e bastante politizados. 

Para Cannibal, o que diferencia o atual cenário daquele das décadas de 1970, 1980 e 1990, por exemplo - quando se ligava o rádio e ouvia-se músicas como 'Que país é esse?' -, é a influência da grande mídia: "Hoje é uma outra gurizada que está na mídia, mas que não tem preocupação com a música nem com as letras. Mas, apesar de não serem politizados, é isso o que eles vivem. A diferença daquela época para a de hoje é que era uma geração que se espelhava em outra que foi mais revolucionária, era um povo que tava saindo da ditadura, mais aguerrido. Hoje é uma geração com uma liberdade de expressão muito forte, mas não há uma preocupação social". 

Onde e como?

Sobre chegar na grande mídia, o produtor Paulo André também tem sua observação: "No Brasil, a gente ainda esbarra em alguns filtros. As pessoas comuns, que não frequentam tanto o ambiente cultural mas gostam de música, a maioria dessas pessoas ainda vai pela grande mídia, pela TV aberta, então é isso que, na minha opinião, faz (o cenário) ficar limitado". 

Fred Zero Quatro compartilha pensamento semelhante: “A mídia está comprometida com a manutenção de um status quo que eu chamo, no disco novo da gente, de ‘Situação de Rico’, não é ‘jovens em situação de risco, não’, é ‘situação de rico’. O rico que eu falo é meia dúzia de proprietários de um monopólio das comunicações que mantêm a grande população escravizada por uma mensagem monolítica, em que não há espaço para o pensamento plural. É o pensamento único que comanda a grande mídia. Então, é uma questão de um público muito mais alienado hoje em dia, que não é por acaso”. 

Cannibal complementa a ideia: "Tudo que a mídia propõe, praticamente, a sociedade começa a consumir e quem tá surgindo vai se baseando nisso. É uma coisa muito perigosa porque você começa a dar um direcionamento para a cultura brasileira. Quem vai nos representar em qualquer país não leva a nossa cultura real mas sim o que está na mídia. Eu acho que deveria haver abertura para todo mundo, porque eu não acredito em uma opinião só. A música no Brasil é muito imposta para as pessoas", diz o músico. 

Há música e protesto 

A apatia política demonstrada pelas canções que dominam as paradas de sucesso não é tudo o que o Brasil tem para mostrar. Apesar de quase sempre invisibilizados, os artistas que trazem a crítica social e o protesto existem, e resistem. Por isso, preparamos uma playlist no aplicativo Deezer com algumas canções contemporâneas que vão além de temas 'leves' como baladas e histórias fofas (ou sofridas) de amor. Confira:

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*Fotos: Reprodução/Facebook

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O vocalista e baixista da banda de hardcore pernambucana Devotos, Cannibal, faz sua primeira incursão no mundo da literatura com o livro Música para o povo que não ouve. Com lançamento previsto para o dia 1º de setembro, a obra traz um compilado das letras das canções lançadas pelo grupo nos últimos 30 anos.

A motivação para a publicação veio de uma 'provocação' dos amigos e fãs: "As pessoas chegavam pra mim e diziam: 'Meu irmão, teu som é massa, mas eu não entendo nada do que tu diz'. Aí eu fiquei com isso na cabeça. E, realmente, há uma sonoridade muito forte e quem não é do rock, quem não é fã, realmente fica voando. Eu às vezes, quando tô mixando as músicas, fico sem entender certas palavras que eu digo", disse o músico em entrevista exclusiva ao LeiaJá. 

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A 'brincadeira' instigou Cannibal a reunir todas as letras da Devotos - desde o primeiro disco, Agora tá Valendo, lançado em 1996, até o próximo, que será lançado em setembro, O Fim que Nunca Acaba. "E tem letras, também, de músicas que nunca foram lançadas", revela. Com o livro, além de explicitar as ideias e mensagens da Devotos, Cannibal também quer estimular a nova geração: "Acho que vai dar uma incentivada na galera de fazer mais música, também".  

Lançamento

Para que todos possam ouvir e saber da novidade, o lançamento do livro será feito na rua. Na comunidade de origem da banda Devotos, o Alto José do Pinho, na Zona Norte do Recife, com direito a show do trio que se consagrou como uma das mais importantes bandas de hardcore do Brasil. Os detalhes do evento serão anunciados em breve. 

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Na próxima sexta (10), o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM) recebe um debate sobre a cena undergorund pernambucana. A conversa será promovida pela exposição A arte é um manifesto - 30 anos de Devotos, com curadoria de Neilton e mediação de Cannibal. 

Para debater sobre a cena e o que tem acontecido nela, foram convidados para a roda de diálogo Kira Aderne (Diablo Angel), Julia Claudino (Recife Underground Scene), Fabrício Felipe (Plugins), Marcus ASBarr (BioDiverCidade Produções) e Paulo André Moraes (Abril Pro Rock). A conversa começa às 19h e tem entrada gratuita. 

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A mostra A arte é um Manifesto - 30 anos de Devotos, do multiartista Neilton, foi prorrogada até o dia 26 de agosto. Desde sua abertura, no dia 9 de maio, a exposição que conta parte da trajetória de três décadas da banda Devotos já recebeu mais de 1.700 visitantes. 

Serviço

Bate-papo: A cena underground pernambucana

Sexta (10)  | 19h

Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam) - (Rua da União, 88 - Boa Vista

Gratuito

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Contrariando a possível falta de perspectivas, uma banda de hardcore criada na periferia do Recife, na comunidade do Alto José do Pinho, em 1988, encontrou espaço no cenário da música local, conquistando os mais diversos públicos e consolidando o seu som até tornar-se uma das mais importantes bandas do rock pernambucano, 30 anos depois. O Devotos abriu 2018 celebrando três décadas de trabalho e até o fim do ano continuará desenvolvendo atividades para comemorar, incluindo o lançamento de um disco de inéditas. Este trabalho chegará com a missão de 'zerar o cronômetro' e trazer novas possibilidades para que a banda possa se reinventar e assim dar conta de outros longos anos de hardcore.

Cannibal, Neílton e Celo eram três adolescentes do Alto Zé do Pinho quando se juntaram, no fim da década de 1980, para fazer música rápida e alta na cena punk do Recife. Entre baculejos da polícia e shows que só saberiam que estavam escalados ao se deparar com cartazes que os anunciavam pelos muros da cidade, o então chamado Devotos do Ódio foi percorrendo seu caminho. Nos primeiros nove anos, a banda ficou restrita à cena punk, como relembra o baixista e vocalista Cannibal, mas em 1994 uma noite no antigo Circo Maluco Beleza derrubaria a primeira (falsa) previsão pára a banda.

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A festa, promovida pelo produtor Paulo André (do Abril pro Rock), Rock’n Roll Circus, tinha em seu headline Mundo Livre S.A e Chico Science e Nação Zumbi, além de uma plateia bem diferente daquelas para as quais o Devotos costumava tocar. Entrando meio que “de penetra” no evento, apesar do receio do produtor e do desconhecimento do público, os rapazes transformaram uma participação de três músicas em um minishow com mais de cinco, que teve de ser encerrado para que as bandas escaladas pudessem tocar. Chico Science, ao ouvir o hardcore do grupo “começou a dançar” e, naquele momento, um novo caminho se abriu para o Devotos: “Acho que se a gente não tivesse agradado naquela noite a gente não teria se integrado”, diz Neílton, guitarrista do grupo.

A integração a que ele se refere é o movimento Manguebit, que já chegou com força no início da década de 1990, encabeçado por Chico Science e, pouco mais tarde, tornou-se um dos mais importantes movimentos musicais do século 20, no Brasil. O Devotos vinha de outra cena e fazia um som bem diferente do que se ouvia no Mangue, mas havia algo que os ligava ao novo movimento: “A gente falava exatamente o que Chico falava também, esse foi o elo. A mesma informação que Chico pregava nas músicas dele eram as informações que a gente tinha nas nossas, e ele percebeu isso”, relembra Neílton. A partir daí, a banda punk da periferia passou a se apresentar em eventos mais estruturados, ganhando visibilidade e angariando fãs dos mais diferentes estilos, lugares e classes sociais.

Os anos seguintes foram de consolidação de um trabalho expressivo e forte que derrubou as demais (falsas) previsões para o grupo. O Devotos se desfez do ‘Ódio’ e, com o novo nome, ganhou respeito e credibilidade no meio musical nacional e internacional. Sem deixar sua comunidade e, sobretudo, zelando por ela, a banda conseguiu também valorizá-la e abrir as portas para “as pessoas subirem o Alto Zé do Pinho pra saber o que tava acontecendo lá”, como diz Cannibal. “O que a gente tinha antes era uma mídia sensacionalista que ia para o subúrbio cobrir os crimes e o tráfico, enquanto tinha os movimentos culturais rolando na comunidade e ninguém falava nada. Essa coisa da mídia começar a abraçar e passar a mostrar o que tinha de positivo na comunidade, acho que essa foi uma mudança forte que a gente conseguiu com a nossa música”, completa o vocalista.

Em três décadas de som alto, rápido e pesado, o Devotos conquistou seu lugar e hoje é referência e inspiração para “a pirralhada que está começando”, como diz o baterista Celo. E, apesar de terem alcançado amadurecimento e estabilidade na carreira musical, este trio ainda zera o relógio a cada novo trabalho, criando novas possibilidades e novo gás para continuar na ativa: “Eu acredito que uma banda sobreviva de perspectivas para poder ter continuidade. Devotos tem milhões de planos ainda.”, entrega Celo. É como diz o primeiro disco da banda, ‘Agora tá valendo’.

Comemorações

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A noite da última quinta-feira (21) foi marcada por um show de solidariedade. Jogadores e artistas participaram do Jogo do Bem, evento beneficente com o objetivo de beneficiar quatro organizações sociais do Estado. Toda a renda e alimentos arrecadados serão divididos entre love.fútbol, Além da Cura, Novo Jeito e Unicef. Antes da bola rolar, craques da partida como Wesley Safadão, Hulk, Edmílson, Canibal e Mauro Shampoo falaram com o LeiaJá sobre a expectativa para a partida e a importância de ajudar o próximo.

Confira o vídeo dos bastidores do evento:

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A estátua em homenagem ao cantor, compositor e escritor Lula Côrtes, localizada na beira mar de Candeias, Jaboatão dos Guararapes, foi alvo de vandalismo. A obra é de autoria do artista plástico Júnior Bola e foi inaugurada no dia 11 de março de 2017 durante uma maratona de shows no evento ‘Um Salve Para Lula Côrtes’, que contou com a presença de artistas como Cannibal, Isaar, Allen Jeronimo & Rave de Raiz e outros mais.

"Infelizmente fiquei, muito chateado, mas já esperava. É um tipo de trabalho que você se entrega de corpo e alma, vive tudo aquilo. Sou de Barra de Jangada, portanto conhecia a história dele, e você ter a oportunidade de "eternizar" uma figura daquela através da arte, junto com amigos, como Jadson do Vale (Bactéria) Galo de Souza e toda a galera que idealizou esse evento, galera essa que faz parte desse mundo da arte já um tempo", lamentou Júnior Bola.

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Em uma foto, postada nas redes sociais, nota-se que parte da estrutura foi danificada e o tricórdio, instrumento árabe, que ficava no colo da estátua, foi arrancado e uma pichação foi feita. Na postagem, vários artistas e admiradores do trabalho do músico que fomentou a cena de Candeias mostraram sua indignação. 

"É triste, por isso que as pessoas boas se mudam daqui. Descaso do poder público, e de uma pessoa sem consciência e sem boas atitudes que pixa na arte que homenageia o artista. Pra continuar do mesmo jeito, sabíamos que isso iria acontecer. Mas o nosso amor pela arte não nos para. Agora um pixador desse... Sabemos onde vai para"r, escreveu Galo de Souza.

Ao LeiaJá, o secretário executivo de Cultura, Esportes, Lazer e Juventude de Jaboatão, Jota Barretto, disse que entrou em contato com Júnior Bola para a reconstrução do monumento, mas não há previsão para a reforma acontecer. Ainda de acordo com o secretário, não se tem conhecimento sobre os autores do ato, mas a área passará a ser monitorada.

Jadson Vale, mais conhecido como Bactéria (ex-Mundo Livre), é músico e morador do bairro e lamenta o ocorrido. Ele se diz triste, pois o projeto e o evento foram construídos por músicos em parceria com a Secretaria de Cultura de Jaboatão do Guararapes. "A obra não foi totalmente finalizada, mas tinha a necessidade, por parte da Secretaria, em fazer a inauguração no dia do evento em homenagem a Lula Côrtes" , afirmou ao LeiaJá.

"Deveria-se ter feito uma estrutura que protegesse a obra, já que ela não foi finalizada e o pagamento ao artista plático ainda não foi finalizado. Três meses depois de sua inauguração e ela está desse jeito. A manutenção dela é de responsabilidade da prefeitura do município", ressalta Bactéria.

Lula Côrtes, falecido em 2011, foi o primeiro cantor brasileiro a lançar um disco independente no país, em 1973. Fez parcerias com Zé Ramalho, Alceu Valença e Robertinho do Recife. Gravou grandes discos como o raro Paêbiru (1975) e difundiu a psicodelia em Pernambuco.

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"Punkrock, hardcore, sabe onde é que faz? Lá no Alto Zé do Pinho!". Os versos são da Devotos, banda pernambucana que se diferencia não só pelo peso de seu som, mas por ter conquistado uma carreira sólida - de 28 anos - com a mesma formação de origem e sem sair de sua comunidade, cantada na música que abre esta matéria e em tantas outras de seu repertório. A Devotos mostra a força do seu som em um show, nesta sexta (15), no Estelita. A Plugins também sobe ao palco para completar a noite. 

Apesar de ter sido incluída no rol de bandas 'mangue' de Pernambuco, a Devotos surgiu bem antes do Manguebeat, quando em 1988, Cannibal (vocalista e baixista), Celo (baterista) e Neílton (guitarrista), se juntaram no Alto José do Pinho - comunidade periférica do Recife onde moravam e moram ainda, ou mantém suas raízes - pela vontade de se comunicar através da música. "O Devotos foi uma banda feita para falar sobre seu cotidiano e até hoje é assim. A gente não faz por obrigação", diz o vocalista Cannibal. Influenciados pelo movimento punk de São Paulo, eles fundaram um grupo musical que, anos mais tarde, viria a ser referência na cena underground pernambucana e, sobretudo, na sua própria comunidade.

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Oriundos de um lugar inundado de cultura popular - o Alto é casa de agremiações de maracatu de baque virado, caboclinho e afoxés, entre outros - os caras souberam se colocar neste meio e extrair dele elementos que somaram na sua música e imagem. Para o jornalista Wilfred Gadêlha, especialista nas cenas do metal e punk pernambucanos, este é um dos trunfos da Devotos: "Eles conseguiram uma interação com outras cenas que não só a do punk, souberam interagir muito inteligentemente com o Mangue e foi aí que eles cresceram, conseguindo agregar mais público por conta desse ecletismo".

Outro diferencial da banda é não ter deixado seu Estado de origem para tentar a carreira nos grandes eixos, como é comum de se ver no meio musical local. A Devotos preferiu ficar em casa e fazer disso uma verdadeira bandeira. Eles construíram um caminho de parceria com sua comunidade e o trabalho social fluiu naturalmente. A Rádio comunitária Alto Falante - idealizada por eles e outros músicos da localidade - deu voz à comunidade e às bandas que não param de nascer na periferia. Este movimento mudou a imagem do Alto e acabou por levar pessoas de diferentes lugares e classes até lá. "O devotos consegue provar q você consegue ser da periferia e nao ser taxado de marginal, pra molecada que cresce lá isso é essencial. Eles são um exemplo para a comunidade", afirma Wilfred.

Se não abandonaram as raízes, os Devotos por outro lado expandiram seu horizonte, e o de diversas bandas que se espelharam neles nestas quase três décadas de um som rápido, pesado e contundente. Já foram várias as turnês pelo Brasil e por diversos outros países, onde a banda tem público cativo.


Novo disco

Após um hiato de quatro anos sem lançar discos, a Devotos se prepara para a chegada de um novo trabalho com previsão de lançamento para setembro de 2016. Ainda em estúdio, o CD está sendo composto à medida que as gravações avançam: "É um disco meio caldo de cana", brinca o baterista Celo. O álbum é de inéditas e será lançado nos formatos de CD e vinil, no Brasil e na Europa. No show desta sexta(15), a banda antecipa o que vem por aí e manda duas músicas do novo disco para saciar a curiosidade dos fãs. Assista ao vídeo da entrevista com trio que forma a Devotos. 

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Confira este e outros eventos na Agenda LeiaJá.

Serviço

Devotos

Sexta (15) | 22h

Estelita  (Av. Saturnino de Brito, 385 - Cabanga)

R$ 15

O Clube do Samba do Recife, movimento cultural nascido no Morro da Conceição, está completando um ano de apresentações na Rua da Moeda, no Bairro do Recife. Para comemorar a data, a sambista Karynna Spinelli recebe convidados para a apresentação do Clube neste domingo (25).

O evento acontece dentro da programação do Recife Antigo de Coração e, além de levar ao público muito samba, procura também desenvolver um trabalho social com a arrecadação de alimentos não perecíveis. Na edição comemorativa deste domingo (25), os convidados serão Xico de Assis , Gerlane Gell, Cannibal, Jades Sales,Nena Queiroga, Ylana Queiroga, Rogéria, Roberto Lara, Maria Carol e Afoxé Ogbon Obá.

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Serviço

Clube do Samba do Recife

Domingo (25) | 15h

Rua da Moeda - Bairro do Recife

Gratuito (Contribuição de 1kg de alimento)

No campo artístico há um debate antigo que divide a funcionalidade da arte na sociedade em basicamente dois eixos: a arte engajada e a dita 'arte pela arte'. No Recife, celeiro cultural do Brasil e uma cidade historicamente envolvida em revoluções sociais, o assunto voltou à tona no meio artístico por conta de recentes movimentos, a exemplo do Ocupe Estelita, que fazem uso das intervenções artísticas de forma mais politizada.

Mas o que os artistas da cena pensam a respeito? Se de um lado há quem defenda o uso da arte engajada, do outro existem os que não necessariamente buscam um aspecto politizado para levar seu trabalho adiante.

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Antes de entrar nesta discussão, vale a pena relembrar fatos históricos que contextualizam o assunto. Tatiana Ferraz, professora de História da Arte da Faculdade ASCES, comenta sobre quando se começou a separar a arte através destes eixos. “A divisão de pensamento entre arte engajada e arte pela arte surgiu com força no período das revoluções industriais (XVIII) e das vanguardas modernistas. Uma época na qual os movimentos artísticos buscavam a originalidade e a questão do consumo começou a interferir na própria arte. Neste sentido, pensadores como Ferreira Gullar, Walter Zanini, Adorno e Canclini deram grandes contribuições para este tema”, comenta a professora.

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A dualidade nas artes cênicas

De acordo com o pesquisador Leidson Ferraz, autor de várias obras sobre o teatro pernambucano, essa é uma discussão mais complexa do que parece. “É muito dito que a arte pela arte é algo que não tem engajamento. Eu não entendo dessa forma. Para mim, qualquer arte é uma atitude política, pensada”, opina Leidson Ferraz.

“Por outro lado, no sentido de se ter uma arte mais engajada, na Região Metropolitana do Recife quem começou com essa proposta foi o grupo Ponta de Rua (1978), de Olinda, que tinha uma linguagem atrelada ao teatro de rua. Em 1979, o grupo Teimosinho (1976), de Brasília Teimosa, também passou a atuar no teatro de rua e levava ao público assuntos como habitação e segurança. No ano seguinte, em 1980, surgiu o grupo Vem Cá Vem Ver, de Casa Amarela, com a mesma pegada. Para mim os grupos de teatro de rua é que são dotados dessa linguagem politizadora, pois tratam de assuntos como homoafetividade, igualdade de gênero e trabalho infantil, entre outros”, explica o pesquisador.

Grupo de teatro de rua do Recife, o Boi D’Loucos tem acompanhado os recentes protestos na capital pernambucana, como o Ocupe Estelita e o realizado em prol do Teatro do Parque, mas prefere se manter no silêncio diante do cenário. “Acho que são muito importantes as manifestações culturais nos protestos, mas a gente percebe que tem muitos partidos e políticos que estão se aproveitando dessas histórias. Acho que temos que ter cuidado e é por isso que o Boi D’Loucos está à margem disso. Não queremos servir de trampolim para esse pessoal”, explica Carlos Amorim, ator e representante do grupo teatral.

“Nossa proposta é a arte pela arte, e nossa missão é levar entretenimento para as pessoas. Mas o Boi D’Loucos é engajado politicamente. Participamos de uma associação de bois daqui do Estado, somos ligados às artes cênicas e, no meu caso, sou diretor do conselho fiscal do Sindicato dos Artistas de Pernambuco. Estamos bem antenados”, comenta o ator.

E quanto à música?

O cantor e compositor Cannibal, das bandas Devotos e Café Preto, tem uma opinião que flerta com os dois caminhos da arte. “A parada do Devotos sempre foi fazer música com cunho social. A banda surgiu pra falar da falta de saneamento, segurança e outros descasos no Alto Zé do Pinho por parte do poder público. Já o lance da Café Preto, que é um projeto meu e tem muito do meu sangue, segue um pouco essa linha. A música Oferenda trata disso, quando eu canto ‘Lixo na favela/ Cada esquina uma pedra/ mas tem uma flor”, comenta Cannibal.

No entanto, o músico diz não ter preferência por arte engajada ou aquela preocupada apenas com questões estéticas. “Ninguém é obrigado a misturar cultura com temas sociais, ou ser totalmente engajado. Cada pessoa faz o que quer. Quando eu posso ajudar, eu ajudo. Mas também só faço o que eu estou afim de fazer. O movimento no Ocupe Estelita é parecido com o Alto Zé do Pinho. A gente não tem área de lazer, a segurança é precária, e socialmente falando são duas regiões bem parecidas. Acho que por isso que eu sou envolvido com essa história.”, explica o cantor.

Vocalista do Mundo Livre S/A, banda marcada pelas letras politizadas, Fred 04 acredita que quem faz arte ativista tem que ter mais coragem e talvez mais talento. “É difícil fazer uma canção como Mulheres de Atenas ou Cálice, que atravessaram as gerações sem perder o significado. São músicas feitas num ambiente altamente repressivo. Falo que é preciso coragem porque queira ou não existe um falso consenso de que vivemos uma liberdade, e isso é uma ilusão”, opina o cantor pernambucano.

No entanto, 04 também defende os que fazem a arte puramente estética. “Eu tenho uma formação que vem de um ativismo da época da universidade, e lógico que isso naturalmente estaria presente na minha música. Mas cada um tem a sua verdade. Acho que existem compositores e artistas que tem personalidades mais ativistas e tem outros com tendência natural ao entretenimento. E faz muito bem aquilo, até porque cumpre uma função na sociedade”, comenta o cantor do Mundo Livre S/A.

Nome de destaque da Cena Beto, novo movimento musical do Recife, Juvenil Silva tem uma opinião mais individual sobre o debate acerca do valor artístico. “Acho que a arte não tem que se prender a qualquer coisa. O artista tem que ser um espelho e mostrar a sua vivência, e meu jeito de fazer é assim. Não me prendo a nenhum movimento. Eu simplesmente falo o que vem na minha cabeça. Mas é muito difícil viver de arte aqui no Recife. Não sigo isso de arte pela arte porque tenho que pagar minhas contas e encaro isso como um modo de viver”, declara o músico. 

Arte visual engajada ou estética?

O artista plástico recifense Paulo Bruscky trata das fronteiras entre as linguagens artísticas desde o fim da década de 1960. E aparentemente o assunto sobre a funcionalidade de arte na sociedade chama a sua atenção. Na foto de perfil da fanpage de Bruscky no Facebook, ele aparece segurando um papel com os dizeres ‘o que é a arte? Para que serve?’.

“Acho que o artista expressa o que sente. Você primeiro tem que conhecer sua aldeia para depois conhecer o mundo. Acho que arte é transformação, é expor a fratura exposta da sociedade. A arte é a última esperança. É a denúncia, embora ela seja uma utopia. Não existe arte pela arte apenas. O artista é um ser social e só o fato de o ser é por si só um ato político”, declama Paulo Bruscky.

Também artista plástico do Recife, Raul Córdula, por sua vez, é mais ligado ao diálogo com a arte pop e ao abstracionismo geométrico, mas como crítico de arte ele acredita que o limite entre arte pela arte versus arte engajada não pode ser definido. “Hoje eu tenho a tendência de pensar que 'arte pela arte' é a arte comercial, feita para enfeitar os ambientes. Esta é uma colocação simplista porque a construção artística é não ficar imóvel diante da emoção, e isso não se classifica. O que voga é o que você está fazendo. Não ‘como’, mas ‘o quê’. O artista e seu produto é algo original. Ele cria um pensamento novo. Eu mesmo faço arte engajada. A obra País da Saudade (1981), por exemplo, foi feito em plena ditadura militar e contava a saudade que amigos exilados tinham do Brasil”, diz Córdula.

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Um dos representantes do grafitti pernambucano mundo afora, Derlon Almeida acredita ser difícil julgar uma intervenção artística simplesmente como ‘arte pela arte’. “Eu não venho nenhum trabalho sem engajamento, pois todo o processo criativo passa por uma busca, uma informação a ser passada. Meu trabalho, por exemplo, tem uma referência social indireta, não tão agressiva como uma arte engajada, mas ela surgiu a partir de uma pesquisa que fiz, com referências no grafitti, uma linguagem nascida como forma de protesto. Ou seja, indiretamente e naturalmente ela tem cunho social”, comenta Derlon.

Eles são os Picassos do futuro?

Para ele, o grafitti está intimamente ligado a uma arte mais engajada. “Mesmo que o artista que faz grafitti, no momento da ação, não tenha o intuito de fazer algo engajado, ele mantém viva uma história e a continuidade de um trabalho que não morreu, uma linguagem não autorizada. Só o fato de você ocupar um espaço público com uma forma de comunicação é um ato politicamente engajado”, insiste Derlon.

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